A luz da mesma lampada para recitar em casamentos

A genealogia de Jesus Cristo

(Lc 3.23-38)

São estes os antepassados de Jesus Cristo, descendente do rei David e de Abraão.

2 Os descendentes de Abraão foram sucessivamente Isaque, Jacob, Judá e os seus irmãos. 3 Judá foi pai de Perez e de Zera. Tamar foi a mãe de ambos. Depois de Perez vieram Hezrom, Rão, 4 Aminadabe, Nassom, Salmom, 5 Boaz, cuja mãe foi Raabe, Obede, que teve por mãe Rute, 6 Jessé e o rei David.

Os descendentes de David foram Salomão, cuja mãe tinha sido mulher de Urias, 7 Roboão, Abias, Asa, 8 Jeosafá, Jorão, Uzias, 9 Jotão, Acaz, Ezequias, 10 Manassés, Amom, Josias, 11 Jeconias e seus irmãos, que nasceram quando os judeus foram deportados para a Babilónia.

12 Depois desse exílio, a linha de descendência continuou sucessivamente com Jeconias, Sealtiel, Zorobabel, 13 Abiude, Eliaquim, Azor, 14 Zadoque, Aquim, Eliude, 15 Eleazar, Matã, Jacob 16 e por fim José, marido de Maria, mãe de Jesus, chamado Cristo.

17 São catorze gerações desde Abraão até ao rei David; catorze desde o tempo do rei David até ao exílio na Babilónia; e catorze do exílio até Cristo.

O nascimento de Jesus

18 Eis o que se passou antes do nascimento de Jesus Cristo. Maria, sua mãe, estava noiva de José mas, embora fosse virgem, ficou grávida pelo Espírito Santo. 19 José, o seu noivo, homem justo, decidiu pôr termo à promessa de casamento, querendo porém fazê-lo de modo que ela não ficasse com má fama entre o povo.

20 Estando ele a pensar no caso, teve um sonho em que viu um anjo de pé, ao seu lado, que lhe dizia: “José, filho de David, não tenhas medo de aceitar Maria como tua mulher! A criança que ela traz no ventre foi gerada pelo Espírito Santo. 21 Ela terá um filho a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” 22 Assim se cumpriu a mensagem de Deus através dos seus profetas:

23 “A virgem ficará grávida e dará à luz um filho,
e pôr-lhe-ão o nome de Emanuel.”[a]

Emanuel quer dizer: Deus está connosco.

24 Quando acordou, José fez o que o anjo lhe mandara e levou Maria para casa como sua mulher. 25 Mas ela continuou virgem até nascer o seu filho. José pôs-lhe o nome de Jesus.

A visita dos sábios

Jesus nasceu na cidade de Belém na Judeia, durante o reinado de Herodes. Por aquela altura, chegaram a Jerusalém, vindos de terras do Oriente, uns homens sábios 2 que inquiriram: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela lá no Oriente e viemos para o adorar.”

3 O rei Herodes ficou muito preocupado ao ouvir isto e toda a cidade de Jerusalém também. 4 Então o rei mandou reunir os principais sacerdotes judaicos e os especialistas na Lei[b] e perguntou-lhes onde haveria de nascer o Cristo.

5 “Em Belém”, responderam-lhe, “pois o profeta Miqueias escreveu o seguinte:

6 ‘Tu, Belém, na terra de Judá,
não és de forma alguma a menor
entre as localidades principais de Judá;
porque sairá de ti um governador
para conduzir o meu povo de Israel.’ ”[c]

7 Então Herodes enviou um recado secreto àqueles sábios do Oriente, pedindo que lhe fossem falar; e soube pela boca deles a altura exata em que tinham visto a estrela pela primeira vez. 8 “Vão a Belém e procurem cuidadosamente esse menino. Quando o encontrarem, venham dizer-me, para que também possa ir adorá-lo!”

9 Terminado o encontro, os sábios retomaram o caminho. A estrela que tinham visto no oriente ia adiante deles, parando sobre o lugar em que estava o menino. 10 Ao tornar a ver a estrela, a alegria deles foi grande. 11 Entrando na casa onde estavam o bebé e Maria, sua mãe, inclinaram-se diante dele em adoração e seguidamente ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. 12 Contudo, quando regressaram à sua terra, não passaram por Jerusalém para informar Herodes, visto que Deus os avisara, por meio de um sonho, de que deveriam voltar por outro caminho.

A fuga para o Egito

13 Depois de terem partido, um anjo do Senhor avisou José em sonhos: “Levanta-te e foge para o Egito com o menino e sua mãe, e fica por lá até eu te dizer que voltes, pois o rei Herodes vai procurar matá-lo.” 14 Naquela mesma noite José partiu para o Egito com Maria e o menino, 15 e ficou lá até à morte do rei Herodes, cumprindo-se assim as palavras do profeta: “Do Egito chamei o meu filho.”[d]

16 Herodes ficou furioso ao saber que os sábios o tinham enganado. Mandou então soldados a Belém com ordem para matar todas as crianças até aos dois anos de idade, tanto na cidade como nos arredores, visto terem passado dois anos desde que os sábios tinham dito que a estrela lhes aparecera pela primeira vez. 17 Este ato deu cumprimento à profecia de Jeremias:

18 “Ouve-se em Ramá um clamor,
amargas lamentações e um pranto imenso;
é Raquel chorando pelos seus filhos;
e está absolutamente inconsolável,
porque foram-se definitivamente.”[e]

O regresso a Nazaré

19 Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu de novo em sonhos a José, no Egito: 20 “Levanta-te e leva outra vez a criança e a sua mãe para Israel, pois já morreram aqueles que procuravam a morte do menino.”

21 José voltou então para Israel com Jesus e a mãe. 22 Já a caminho, assustou-se ao saber que o novo rei era Arquelau, filho de Herodes. Contudo, num outro sonho, foi avisado de que não se dirigisse para a Judeia, mas seguisse antes para a Galileia. 23 Ficou a morar em Nazaré e cumpriu-se, assim, a predição dos profetas acerca do Cristo: “Chamar-se-á nazareno.”

João Batista prepara o caminho

(Mc 1.2-8; Lc 3.1-18; Jo 1.19-28)

Por esses dias, apareceu João Batista a pregar no deserto da Judeia: 2 “Arrependam-se! O reino dos céus está próximo!” 3 Já o profeta Isaías tinha anunciado este trabalho de João:

“A voz gritando no deserto:
‘Façam um caminho para o Senhor.
Façam-lhe um caminho direito.’ ”[f]

4 A roupa dele era feita de pelo de camelo tecido, usava um cinto de cabedal e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 5 Gente de Jerusalém e de todo o vale do Jordão, e até de todas as partes da Judeia, iam ao deserto para o ver e ouvir. 6 Confessavam os seus pecados e João batizava-os no rio Jordão.

7 Ao ver muitos fariseus e saduceus que queriam também ser batizados, dizia-lhes: “Raça de víboras! Quem vos avisou para fugir do julgamento de Deus que há de vir? 8 Têm de provar que abandonaram o pecado, praticando obras que mostrem arrependimento.

9 E não pensem que estão em segurança por descenderem de Abraão; isso não basta. Pois digo-vos que até destas pedras do deserto Deus pode fazer nascer filhos de Abraão! 10 O machado do seu julgamento está suspenso sobre as vossas vidas, prestes a cortar as raízes e a derrubar-vos. Sim, toda a árvore que não dá bom fruto será abatida e lançada no fogo.

11 Eu batizo com água quem se arrepende; mas vem aí outro, muito maior do que eu, tão grande que nem sou digno de lhe levar as sandálias. Ele vai batizar-vos com o Espírito Santo e com fogo. 12 Na sua mão tem a pá e limpará a eira. Arrecadará o grão no celeiro; mas queimará a palha com fogo que jamais se apaga.”

O batismo de Jesus

(Mc 1.9-11; Lc 3.21-22; Jo 1.32-34)

13 Jesus veio da Galileia e foi até ao rio Jordão, para que João aí o batizasse. 14 Contudo, João não queria fazê-lo: “Não está certo. Eu é que preciso de ser batizado por ti.”

15 “Aceita teres de me batizar, porque convém que eu faça tudo o que a justiça de Deus manda.” Então, João batizou-o.

16 Depois do seu batismo, logo que Jesus saiu da água, os céus abriram-se e viu o Espírito de Deus descendo sob a forma de uma pomba. 17 E uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado, em quem tenho grande prazer.”

Jesus é tentado

(Mc 1.12-13; Lc 4.1-13)

Depois disto, Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo Diabo. 2 Durante quarenta dias e quarenta noites nada comeu; por fim, sentiu fome. 3 Então o Tentador instigou-o a arranjar alimento, dizendo: “Se és o Filho de Deus, manda a estas pedras que se transformem em pão.”

4 Mas Jesus respondeu: “Não! Porque as Escrituras dizem:

‘Nem só de pão viverá o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.’ ”[g]

5 Depois o Diabo levou-o à cidade santa[h], ao telhado do templo: 6 “Se és o Filho de Deus, salta! Pois, segundo as Escrituras:

‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito.
Eles te susterão com as suas mãos,
para que não tropeces nas pedras do caminho.’ ”[i]

7 Jesus retorquiu-lhe: “Mas as Escrituras também dizem:

‘Não deves provocar o Senhor, teu Deus.’ ”[j]

8 Por fim, o Diabo levou-o a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória: 9 “Tudo isto te darei se te ajoelhares e me adorares.”

10 “Vai-te, Satanás! As Escrituras dizem:

‘Adorarás o Senhor, teu Deus. Só a ele servirás.’ ”[k]

11 Então o Diabo foi-se embora e os anjos vieram e serviam-no.

Jesus começa a pregar

(Mc 1.14-15; Lc 4.14-15)

12 Quando Jesus soube que João tinha sido preso, saiu da Judeia e voltou para casa, em Nazaré na Galileia. 13 Porém, cedo deixou Nazaré e mudou-se para Cafarnaum, junto ao mar da Galileia, perto de Zebulão e Naftali. 14 Assim, cumpriu-se a profecia de Isaías:

15 “A terra de Zebulão e de Naftali,
uma estrada para o mar, além do Jordão,
na Galileia onde vivem tantos gentios,
16 o povo que anda nas trevas viu uma grande luz,
uma luz que brilhou sobre todos os
que vivem na terra da sombra da morte.”[l]

17 Dali em diante, Jesus começou a pregar: “Deixem os vossos pecados e voltem-se para Deus, pois o reino dos céus está próximo.”

A chamada dos primeiros discípulos

(Mc 1.16-20; Lc 5.2-11)

18 Certo dia, caminhando ao longo da costa do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos; Simão, também chamado Pedro, e André, que num barco pescavam com uma rede, pois eram pescadores por ofício. 19 Então chamou-os: “Venham e sigam-me. Farei de vocês pescadores de pessoas!” 20 No mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.

21 Avançando dali, viu na praia outros dois irmãos, Tiago e João, num barco a remendar as redes, na companhia de Zebedeu seu pai. Também chamou estes para o seguirem. 22 Logo pararam o trabalho e, deixando o pai, foram com Jesus.

Jesus cura os enfermos

(Mc 3.7-12; Lc 6.17-19)

23 Jesus andava por toda a Galileia ensinando nas sinagogas e pregando as boas novas do reino dos céus. E curava toda a casta de doenças e enfermidades entre o povo. 24 A fama dos seus milagres espalhou-se para lá dos limites da Galileia, de tal modo que em breve começaram a aparecer muitos enfermos em busca de cura, vindo mesmo de regiões tão distantes como a Síria. Qualquer que fosse a doença ou mal, mesmo os possessos dos demónios, os loucos e os paralíticos, a todos curava. 25 Multidões enormes seguiam-no, vindas da Galileia, das Dez Cidades, de Jerusalém e da Judeia, e até do outro lado do Jordão.

Um dia, enquanto as multidões se reuniam, Jesus subiu a encosta do monte com os discípulos, sentou-se 2 e começou a ensinar-lhes estas coisas:

Como ser feliz

(Lc 6.20-23)

3 “Felizes os que no seu espírito são como pobres,
porque é deles o reino dos céus!
4 Felizes os que se lamentam,
porque serão consolados!
5 Felizes os mansos,
porque herdarão a Terra!
6 Felizes os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos!
7 Felizes os misericordiosos,
porque receberão misericórdia!
8 Felizes aqueles cujo coração é puro,
porque verão a Deus!
9 Felizes aqueles que se esforçam pela paz,
porque serão chamados filhos de Deus!
10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,
porque é deles o reino dos céus!

11 Felizes serão quando forem insultados, perseguidos e quando proferirem todo o mal a vosso respeito, com mentira, por serem meus discípulos! 12 Alegrem-se com isso! Sim, regozijem-se, porque vos espera lá no céu uma enorme recompensa! Lembrem-se que também os profetas de antigamente foram assim perseguidos.

Sal e luz

(Mc 9.50; Lc 11.33; 14.34-35)

13 Vocês são o sal da Terra. Se o sal perder o seu sabor como o recuperará? Será lançado fora e espezinhado como coisa sem valor. 14 Vocês são a luz do mundo. Toda a gente vê uma cidade construída no topo dum monte. 15 Não se acende uma lâmpada para ser colocada debaixo duma caixa, mas num candeeiro, para dar luz a todos quantos estão na casa. 16 Deste modo, não ocultem a vossa luz; deixem que ela brilhe diante de todos. Que as vossas boas obras brilhem também para serem vistas por todos, de tal maneira que glorifiquem o vosso Pai celestial.

O cumprimento da Lei

(Lc 16.17)

17 Não julguem erradamente a razão da minha vinda. Não vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os avisos dos profetas. Vim antes para os cumprir. 18 É realmente como vos digo: nenhuma letra ou acento das Escrituras desaparecerá, enquanto o céu e a Terra durarem. 19 Portanto, quem quebrar um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar outros a fazer o mesmo, esse será indigno do reino dos céus. Mas quem obedecer à Lei e a ensinar será grande no reino dos céus.

20 É como vos digo: a não ser que a vossa justiça ultrapasse a dos especialistas na Lei e dos fariseus, não poderão entrar no reino dos céus!

Assassínio

(Lc 12.58-59)

21 Ouviram que foi dito aos antigos:

‘Não mates; quem matar será sujeito a julgamento.’

22 Mas é realmente como vos digo: basta o sentimento de ira contra alguém para se cair sob julgamento! Se chamarem estúpido a um amigo, correm o risco de serem levados ao conselho judaico para serem julgados. E se o amaldiçoarem, arriscam-se às chamas do inferno.

23 Portanto, se estiveres diante do altar do templo, a oferecer um sacrifício a Deus, e te lembrares de que uma pessoa tem qualquer razão de queixa contra ti, 24 deixa o teu sacrifício sobre o altar, vai e pede-lhe perdão e faz as pazes com ela; depois volta e oferece o teu sacrifício a Deus. 25 Chega depressa a acordo com o teu adversário, antes que seja tarde e te arraste para um tribunal e sejas lançado na cadeia como devedor. 26 É realmente como te digo: ali ficarás até pagares a última moeda.

Adultério

(Mt 18.8-9; Mc 9.43-48)

27 Ouviram o que foi dito:

‘Não adulteres.’[m]

28 Eu, porém, digo: quem olhar para uma mulher com cobiça, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Portanto, se o teu olho direito te leva à cobiça, tira-o e arremessa-o para longe de ti! Melhor é que seja destruída uma parte do teu corpo do que seres lançado todo inteiro no inferno. 30 E se a tua mão, mesmo que seja a direita, te fizer pecar, corta-a e arremessa-a para longe de ti! Mais vale ficares privado de parte do teu corpo do que ires parar inteiro ao inferno.

Divórcio

(Mt 19.9; Mc 10.11-12; Lc 16.18)

31 Também foi dito:

‘Se um homem quiser livrar-se da sua mulher dar-lhe-á uma declaração de divórcio.’[n]

32 Mas eu digo que quem se divorciar da sua mulher, salvo em caso de imoralidade sexual, faz com que ela cometa adultério. E quem com ela casar comete adultério também.

Juramentos

33 Ouviram ainda que foi dito aos antigos:

‘Não faltes aos teus juramentos, antes cumprirás perante o Senhor o que juraste.’

34 Eu, porém, digo: não façam juramentos de espécie alguma. Mesmo dizer, ‘Pelo céu!’ é já um voto sagrado feito a Deus, porque os céus são a sua habitação. 35 E se disserem, ‘Pela Terra!’, também isso é um voto sagrado, porque a Terra é o estrado dos seus pés. E não jurem, ‘Por Jerusalém!’ porque Jerusalém é a capital do grande Rei. 36 Não jurem nem mesmo pela vossa cabeça, porque não podem fazer com que um cabelo fique branco ou preto. 37 Digam simplesmente: ‘Sim!’ ou ‘Não!’ O que passa daí vem do Maligno.

Olho por olho

(Lc 6.29-30)

38 Ouviram o que foi dito:

‘Olho por olho, dente por dente.’[o]

39 Eu, porém, digo: não oponham violência com violência. Se te derem uma bofetada numa das faces, oferece também a outra! 40 Se fores levado a tribunal e te tirarem a camisa, dá-lhes também o casaco. 41 Se um soldado te obrigar a carregar a mochila um quilómetro, leva-a dois quilómetros. 42 Dá a quem te pedir e não fujas de quem te quiser pedir emprestado.

Ama os teus inimigos

(Lc 6.27-28, 32-36)

43 Ouviram o que foi dito:

‘Ama o teu próximo, despreza o teu inimigo.’[p]

44 Eu, porém, digo: Amem os vossos inimigos. Bendigam os que vos maldizem. Façam o bem aos que vos odeiam. Orem por quem vos persegue! 45 Assim procederão como verdadeiros filhos do vosso Pai que está no céu, porque faz brilhar o Sol tanto sobre os maus como sobre os bons e manda a chuva cair tanto sobre justos como injustos. 46 Se amarem só quem vos ama, de que vale isso? Até os cobradores de impostos o fazem. 47 Se forem amigos só dos vossos amigos, em que serão diferentes de qualquer outro? Até os gentios o fazem. 48 Vocês, porém, devem ser perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.”

Dando aos necessitados

“Cuidado, não pratiquem as boas obras com ostentação, só para serem admirados, porque se o fizerem, perderão a recompensa que o vosso Pai que está nos céus vos dá. 2 Quando derem alguma coisa a um pobre, nada de alarde, como fazem os fingidos, tocando trombeta nas sinagogas e nas ruas para serem glorificados pelos homens. É realmente como vos digo: esses já receberam toda a recompensa que poderiam ter. 3 Quando fizerem um favor a alguém, façam-no em segredo, sem dizerem à mão esquerda o que faz a direita. 4 Vosso Pai que conhece todos os segredos vos recompensará.

Oração

(Mc 11.25-26; Lc 11.2-4)

5 Quando orarem, não devem ser como os fingidos que se mostram piedosos, orando publicamente nas esquinas das ruas e nas sinagogas, onde toda a gente os pode observar. É realmente como vos digo: já receberam a sua recompensa. 6 Quando orares, fecha-te em casa e ora secretamente ao teu Pai, e ele que conhece os teus segredos te dará o galardão.

7 Não estejam sempre a recitar a mesma oração como fazem os gentios, julgando que as orações são mais atendidas pela sua repetição constante. 8 Lembrem-se que o vosso Pai bem sabe aquilo de que necessitam ainda antes de lho pedirem! 9 Devem orar assim:

‘Nosso Pai que estás nos céus,
que o teu santo nome seja honrado.
10 Venha o teu reino.
Que a tua vontade seja feita aqui na Terra,
tal como é feita no céu.
11 Dá-nos o pão para o nosso alimento de hoje.
12 Perdoa-nos as nossas ofensas,
assim como perdoamos os que nos ofendem.
13 E não deixes que caiamos em tentação,
mas livra-nos do Maligno.’

14 Pois se perdoarem aos homens as suas transgressões, o vosso Pai celestial também vos perdoará as vossas; 15 mas, se não as perdoarem aos homens, ele não vos perdoará as vossas.

Jejum

16 Quando jejuarem, não o façam publicamente como os fingidos que procuram parecer abatidos para despertar admiração. É realmente como vos digo: é a única recompensa que receberão. 17 Mas, quando jejuarem, unjam a cabeça e lavem o rosto, 18 de modo que ninguém desconfie que não ingeriram alimentos, sabendo-o apenas o vosso Pai que conhece todos os segredos. Ele vos recompensará.

Tesouros no céu

(Lc 11.34-36; 12.33-34; 16.13)

19 Não arrecadem os vossos lucros aqui na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões minam e roubam. 20 Antes, arrecadem-nos no céu, onde a traça e a ferrugem não os destroem e os ladrões não os minam nem roubam. 21 Pois onde estiver o vosso tesouro ali estará também o vosso coração.

22 Os olhos são a luz do teu corpo. Se forem puros, o teu corpo terá luz. 23 Mas se o teu olhar for mau, viverás em trevas. E como essas trevas podem ser profundas!

24 Ninguém pode servir dois patrões: Deus e o dinheiro. Porque, ao desprezar um, acaba por preferir o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.

Não se preocupem

(Lc 12.22-31)

25 Portanto, aconselho-vos que não se preocupem com o ter ou não comida suficiente e roupa para vestir. Não é a vida muito mais do que o comer ou o vestir? 26 Olhem os passarinhos: não se preocupam com o alimento, não precisam de semear, nem de colher ou de armazenar comida, pois o vosso Pai celestial é quem os sustenta. E, para ele, vocês têm muito mais valor do que os passarinhos. 27 As vossas preocupações poderão porventura acrescentar um só momento ao tempo da vossa vida?

28 E para quê preocuparem-se com o vestuário? Olhem os lírios do campo que não têm cuidados com isso! 29 Contudo, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu tão bem como eles. 30 E se Deus veste a erva do campo, que hoje é viçosa e amanhã é lançada no fogo, não acham que vos dará também o necessário, almas com tão pouca fé?

31 Portanto, não se preocupem com a comida e a roupa para vestir. 32 Os gentios é que se afadigam com estas coisas, mas o vosso Pai celestial sabe perfeitamente que precisam de tudo isso. 33 Deem pois prioridade ao reino de Deus e à sua justiça e ele dar-vos-á todas estas coisas. 34 Não se preocupem com o dia de amanhã. O dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal!

Julgar os outros

(Lc 6.37-38, 41-42)

Não julguem e não serão julgados. 2 Porque a maneira como julgarem e a medida que usarem para medir será usada também para vos medir. 3 E porque te hás de preocupar com uma palha no olho do vizinho, quando tens uma tábua no teu próprio olho? 4 Como poderias dizer: ‘Irmão, deixa-me ajudar-te a tirar essa palha do teu olho’ quando, afinal, tu mesmo tens uma trave no teu? 5 Isso é hipocrisia! Liberta-te primeiro do que tens na vista e então poderás ver para ajudar o teu irmão.

6 Não deem aos cães as coisas santas; eles podem virar-se contra vocês. Não deitem pérolas a porcos, porque as desprezarão, pisando-as.

Peça, procure, bata

(Lc 11.9-13; 6.31)

7 Peçam e receberão o que pedirem. Procurem que hão de achar. Batam que a porta há de abrir-se. 8 Porque todo aquele que pede recebe. Quem procura acha. Se baterem, a porta abrir-se-á. 9 Quem de entre vocês, se o seu filho lhe pedir um pão, lhe dará uma pedra? 10 Ou se pedir peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se vocês, que são pecadores, sabem dar coisas boas aos vossos filhos, porventura não dará muito mais o vosso Pai, que está nos céus, coisas boas a quem lhas pedir? 12 Façam aos outros o que querem que vos façam. É isto que ensinam a Lei e os profetas.

Duas portas

(Lc 13.24)

13 Só pela porta estreita se pode entrar no céu. A via para o inferno é larga e a sua porta é suficientemente ampla para as multidões que escolherem esse caminho fácil. 14 Mas a porta da vida é pequena, o seu caminho é estreito e poucos o encontram.

A árvore e os seus frutos

(Lc 6.43-44)

15 Cuidado com os falsos profetas que se disfarçam de ovelhas mansas, mas que afinal são lobos que querem devorar-vos. 16 Vocês reconhecê-los-ão pelos frutos que eles dão. Será que se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos cardos? 17 Assim, toda a árvore boa dá frutos de boa qualidade, e toda a árvore de má qualidade dá frutos maus. 18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore de má qualidade pode dar frutos de boa qualidade! 19 Toda a árvore que não dá bons frutos acaba por ser cortada e lançada no fogo. 20 Sim, é pelos frutos que eles dão que vocês reconhecerão esses falsos profetas.

21 Nem todos os que me chamam ‘Senhor! Senhor!’ entrarão no reino dos céus. Porque o que importa é saber se obedecem ao meu Pai que está nos céus. 22 No dia do juízo muitos me dirão: ‘Senhor! Senhor! Profetizámos em teu nome e servimo-nos do teu nome para expulsar demónios e para operar muitos outros milagres.’ 23 Mas eu responderei: ‘Nunca vos conheci. Afastem-se da minha presença, pois praticam transgressões.’

A casa sobre a rocha

(Lc 6.47-49)

24 Todos os que escutam as minhas palavras e as seguem são sábios, como o homem que constrói a sua casa sobre uma rocha sólida. 25 Pode a chuva cair em bátegas, podem vir enchentes, ventos tempestuosos embater na casa que ela não desabará, porque se encontra edificada sobre a rocha. 26 Mas quem ouve as minhas palavras e as despreza é tão insensato como aquele que constrói a sua casa sobre a areia. 27 Pois quando vierem as chuvas e as enchentes, quando a ventania se abater sobre a sua casa, esta desabará inteiramente.”

28 Quando Jesus acabou de dizer estas coisas, as multidões estavam admiradas com o seu ensino, 29 pois falava com autoridade, ao contrário dos especialistas na Lei.

O leproso

(Mc 1.40-44; Lc 5.12-14)

Enquanto Jesus descia o monte, seguiam-no grandes multidões. 2 Nisto um leproso chegou-se em adoração, rogando-lhe: “Senhor, se quiseres, podes curar-me!”

3 Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe e disse: “Sim, quero, sê curado!” E ficou imediatamente curado da lepra. 4 Jesus disse-lhe: “Presta atenção: não fales com ninguém e vai apresentar-te ao sacerdote. Leva contigo a oferta que Moisés estabeleceu, para que lhes sirva de testemunho.”

A fé do oficial romano

(Lc 7.1-10; 13.28-29)

5 Quando Jesus chegou a Cafarnaum, aproximou-se um oficial romano, suplicando-lhe: 6 “Senhor, o meu servo está de cama, paralítico e cheio de dores.”

7 Jesus respondeu-lhe: “Está bem, irei curá-lo.”

8 O oficial retorquiu: “Senhor, não mereço que entres na minha casa! Se somente disseres: ‘Fica curado’, o meu servo ficará bom! 9 Eu sei, porque também recebo ordens dos meus superiores e mando nos meus soldados. Digo a este: ‘Vai’ e ele vai. E àquele: ‘Vem’ e ele vem. E ao meu servo: ‘Faz isto ou aquilo’ e ele faz.”

10 Ao ouvir estas palavras, Jesus ficou tão impressionado que disse para os que o seguiam: “É realmente como vos digo: ainda não encontrei ninguém na terra de Israel com uma fé assim! 11 E digo-vos que muitos virão do Este e do Oeste e sentar-se-ão no reino dos céus com Abraão, Isaque e Jacob; 12 enquanto aqueles para quem o reino foi preparado serão lançados na escuridão exterior, onde haverá choro e ranger de dentes.”

13 E voltando-se para o oficial romano: “Vai para casa. Aquilo em que tinhas fé já se realizou!” O servo ficou curado naquele momento.

Jesus cura muitos

(Mc 1.29-34; Lc 4.38-41)

14 Quando Jesus chegou a casa de Pedro, encontraram a sogra deste de cama e com febre. 15 Ao tocar-lhe na mão, a febre desapareceu. Então ela levantou-se e foi servi-lo.

16 Ao cair da tarde, trouxeram a Jesus várias pessoas possuídas por demónios. Com uma só palavra expulsou os espíritos e curou todos os que sofriam. 17 Assim se cumpriu a profecia de Isaías:

“Ele levou as nossas enfermidades
e carregou as nossas doenças.”[q]

O custo de ser discípulo

(Lc 9.57-60)

18 Ao reparar que se reunia uma multidão à sua volta, Jesus mandou os discípulos atravessarem para a outra margem do lago. 19 Chegou-se ao pé dele um especialista na Lei que lhe disse: “Mestre, seguir-te-ei aonde quer que fores.” 20 Mas Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e as aves têm ninhos; eu, porém, o Filho do Homem, não possuo lar próprio nem sítio onde repousar a cabeça.”

21 Outro dos seus discípulos disse-lhe: “Senhor, deixa-me primeiro enterrar o meu pai.” 22 Jesus respondeu-lhe: “Segue-me agora! Os mortos de espírito que cuidem dos seus mortos.”

Jesus acalma a tempestade

(Mc 4.36-41; Lc 8.22-25)

23 Depois entrou no barco e começou a atravessar o lago com os discípulos. 24 De repente, levantou-se uma tempestade tão grande no mar que as ondas cobriam o barco. Mas Jesus dormia. 25 Os discípulos foram acordá-lo, gritando: “Senhor, salva-nos, que estamos quase a morrer!”

26 Ele disse-lhes: “Homens de pouca fé, porque estavam com medo?” E levantando-se repreendeu o vento e o mar e fez-se uma grande calma. 27 Os discípulos ficaram admirados e perguntavam: “Que homem é este, a quem os próprios ventos e o mar obedecem?”

A cura dos endemoninhados

(Mc 5.1-17; Lc 8.26-37)

28 Chegados ao outro lado do lago, à região dos Gadarenos, dois homens possuídos por demónios foram ao seu encontro. Viviam num cemitério e eram tão perigosos que ninguém era capaz de passar por ali. 29 Começaram a gritar: “Que queres tu de nós, Filho de Deus? Não tens direito de nos atormentar ainda.” 30 A certa distância, andava uma vara de porcos a pastar 31 e os demónios rogaram-lhe: “Se nos vais expulsar, manda-nos para aquela vara de porcos.”

32 “Está bem, vão!” Eles saíram daqueles homens e entraram nos porcos. Logo a vara inteira se precipitou, caindo no mar por um despenhadeiro e morrendo nas águas. 33 Os porqueiros fugiram para a cidade, espalhando as notícias e o que tinha acontecido aos endemoninhados; 34 toda a cidade se dirigiu ao encontro de Jesus, chegando até a pedir-lhe que se fosse embora da região.

Jesus cura o paralítico

(Mc 2.3-12; Lc 5.18-26)

Depois, Jesus meteu-se num barco e atravessou o lago para Cafarnaum que era a sua cidade. 2 Logo alguns homens lhe trouxeram, numa esteira, um paralítico. Quando Jesus viu a fé de que davam provas, disse ao doente: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!”

3 Alguns dos especialistas na Lei que ali estavam diziam no seu íntimo: “Ele está a blasfemar!”

4 Jesus soube o que eles pensavam: “Porque são tão ruins os vossos pensamentos? 5 O que é mais fácil dizer: ‘os teus pecados são perdoados’ ou ‘levanta-te e anda?’ 6 Portanto, vou provar-vos que o Filho do Homem tem autoridade para perdoar os pecados.” E voltando-se para o paralítico disse-lhe: “Levanta-te, enrola a tua esteira e vai para casa!”

7 O homem pôs-se em pé e foi para casa. 8 Ao ver isto acontecer, um clamor de espanto percorreu a multidão que glorificava Deus por ter dado tal autoridade aos homens.

A chamada de Mateus

(Mc 2.14-17; Lc 5.27-32)

9 Ia Jesus a passar quando viu um cobrador de impostos chamado Mateus, sentado num balcão de cobrança: “Vem comigo e sê meu discípulo!” Mateus levantou-se e seguiu-o.

10 Mais tarde, estava Jesus a comer em casa dele, veio também sentar-se à mesa com ele e os seus discípulos um bom número de cobradores de impostos e outros pecadores. 11 Os fariseus, ao verem aquilo, perguntaram aos discípulos: “Porque come o vosso mestre com cobradores de impostos e outros pecadores?”

12 Ao ouvi-los, Jesus respondeu: “Quem precisa de médico são os doentes, não os que têm saúde! 13 Têm de aprender o que significam estas palavras: ‘Mais do que os vossos sacrifícios, quero a vossa misericórdia.’ Não vim chamar os justos, mas os pecadores.”[r]

Jesus é interrogado sobre jejum

(Mc 2.18-22; Lc 5.33-39)

14 Um dia, os discípulos de João Batista foram ter com Jesus: “Por que razão é que os teus discípulos não jejuam como nós fazemos e como fazem também os fariseus?”

15 Jesus respondeu: “Podem os convidados do noivo ficar tristes enquanto o noivo ainda está com eles? Lá virá o tempo em que lhes será tirado. Então, sim, jejuarão.

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