Câncer de mama com metástase na axila tem cura

  • 28 de outubro de 2020
  • Saúde


As duas doenças possuem origens e incidências diferentes, mas podem atingir o mesmo grupo de linfonodos na região da mama

Apesar de haver a possibilidade dos linfonodos na mama serem atingidos tanto no câncer de mama, quanto no linfoma, essas duas doenças apresentam sintomas, diagnóstico e tratamentos bem diferenciados. Por outro lado, as duas compartilham a importância de serem identificadas nos estágios iniciais para terem maior chance de cura.

Os linfonodos, ou gânglios linfáticos, fazem parte do sistema linfático, que auxilia na defesa do organismo e produz e transporta os glóbulos brancos. Eles são pequenos órgãos que ficam em vários locais estratégicos do corpo humano. Assim eles podem filtrar a linfa daquela região do organismo. Por exemplo, os linfonodos localizados nas axilas são responsáveis por drenar a área da mama e dos braços. Isso acontece por meio de uma série de vasos linfáticos que ligam um grupo de gânglios com a área que deve ser filtrada.

 A linfa, por sua vez, é um líquido transparente que circula pelo corpo por meio dos vasos linfáticos e ajuda na remoção de impurezas. Além disso, também auxilia o sangue no transporte de substâncias, fazendo a comunicação entre ele e as células.

O que quer dizer linfonodos na mama?

Ter um linfonodo na mama é normal, pois, como vimos, ele faz parte dos métodos de defesa do organismo. Entretanto, o sistema linfático também pode estar relacionado com algumas doenças, como o câncer de mama e com o linfoma

No primeiro caso, as células cancerosas utilizam os vasos linfáticos como forma de se disseminarem. Com isso, elas podem chegar até os gânglios axilares, comprometendo-os e aumentando a chance de metástase.

Por outro lado, o linfoma acontece quando uma célula saudável do sistema linfático sofre uma mutação e passa a se multiplicar descontroladamente. 

Ou seja, essa doença acontece no próprio sistema linfático e, conforme vai se espalhando, pode comprometer os linfonodos do corpo. Inclusive, a quantidade de gânglios afetados e quais locais eles estão  (acima ou abaixo do diafragma) definem o estadiamento desse câncer.

Porém, mesmo que os dois tipos de tumores utilizem o mesmo “meio de transporte” eles têm características distintas.

Linfonodos na mama: origem do câncer

“O carcinoma de mama se origina das células da glândula mamária, principalmente dos ductos e dos lóbulos glandulares. Enquanto que os linfomas se originam de uma outra célula, da célula do sistema imunológico que são os linfócitos,” explica a Dra. Heloisa Veasey Rodrigues, oncologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Atualmente, o câncer de mama é a segunda neoplasia mais comum em mulheres, ficando atrás apenas do tumor de pele não melanoma. Enquanto que o linfoma na mama é considerado uma condição extremamente rara.

Diagnóstico de linfonodos na mama

Diagnóstico de câncer de mama

O médico pode suspeitar da doença de duas formas: quando a pessoa procura atendimento por estar com sintomas ou por meio do check-up. Em seguida, realiza-se uma biópsia para confirmar ou não a doença.

O Dr. Luiz Henrique Gebrim, diretor do Hospital Pérola Byington, conta que o diagnóstico pode ser feito clinicamente se a pessoa apresentar alguns dos sintomas de câncer de mama. Por exemplo, presença de um nódulo palpável, retração de pele e saída espontânea de secreção do mamilo.

“Nesses casos, é feita uma biópsia da área que está alterada e uma mamografia ou um ultrassom para orientação. É fundamental ter a biópsia complementada com os exames de mamografia ou ultrassom”, ele diz.

Se não houver sintomas aparentes e o câncer for identificado por meio de um exame de mamografia de rotina, por exemplo, também é preciso biopsiar o local para analisá-lo.

“Pode ser feita uma Core Biopsy, que retira um fragmento da área; uma biópsia à vácuo ou a mamotomia, quando a lesão é muito pequena”, o médico conta.

Diagnóstico de linfoma na mama

Para identificar esse tipo de câncer também pode ser observada a presença de nódulos na mama ou na axila e exames de imagem. 

“Mas esses achados de alteração nos exames de imagem, no caso de um linfoma, não apresentam algumas características que são bastante típicas no câncer de mama, como calcificações ou distorções arquiteturais”, a Drª. Heloisa diferencia.

No caso do linfoma associado à prótese de silicone, os principais sintomas são inflamação e vermelhidão da mama. Isso acontece devido ao acúmulo de líquido em volta da prótese, como um bolsão.

Assim como no câncer de mama, só é possível ter certeza do diagnóstico por meio de biópsia e análise da lesão mamária.

Ter linfonodos na mama é perigoso?

Prognósticos para o câncer de mama

O tumor de mama, quando está nos estágios iniciais, está concentrado em um local do seio. Então, quando a célula doente sai desse lugar e atinge os gânglios axilares significa que a doença está se espalhando pelo organismo. Entretanto, essa condição não quer dizer que a doença é incurável ou que o prognóstico é, substancialmente, desfavorável.

“Na verdade, nós temos que encarar o linfonodo como um filtro sanguíneo de células que se desprendem da mama. Então, nem sempre o fato de um deles estar comprometido significa que a doença se espalhou. Isso é muito importante e nem sempre há a necessidade de uma cirurgia radical”, o Dr. Gebrim fala.

O mais provável, nesse caso, é administração de um tratamento sistêmico constituído por quimioterapia ou hormonioterapia. Dessa forma, é possível destruir as células doentes que podem estar pelo organismo. 

“O prognóstico muda quando três ou mais desses linfonodos estão comprometidos. Aí sim o prognóstico é mais desfavorável”, o doutor ressalta. 

Prognóstico do linfoma na mama

A Drª. Heloisa explica que não há alteração no prognóstico devido ao acometimento dos linfonodos na mama em si. O mais importante é o volume da doença em geral, ou seja, a quantidade de linfonodos atingidos. Além disso, outros fatores que são levados em consideração é a presença dos sintomas de linfoma, como febre e perda de peso, outras alterações laboratoriais e o subtipo da doença.

Tratamento do câncer de mama x linfonodos na mama

Tratamento do câncer de mama 

O método mais indicado depende do estadiamento, tamanho e agressividade do tumor. As intervenções terapêuticas que são mais comumente utilizadas são a cirurgia oncológica, radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia. 

Nos casos considerados como locais, o tumor é retirado por meio da cirurgia e, dependendo do tamanho, é feita a mastectomia parcial ou total. Normalmente, o tratamento é complementado com radioterapia. “Sob o ponto de vista local, isso já é suficiente para erradicar a doença”, o Dr. Gebrim comenta.

Por outro lado, se as células doentes se disseminaram e/ou há uma quantidade significativa de linfonodos comprometidos, é preciso utilizar métodos sistêmicos além da cirurgia. Com isso, seria realizada a retirada dos gânglios e administrada quimio ou hormonioterapia.

“Hoje, a retirada total dos gânglios está restrita a tumores muito avançados que não responderam à quimio. Porque, geralmente, no tumores mais avançados, nós conseguimos reduzir a radicalidade da cirurgia por meio da quimioterapia. Então, não tem a necessidade de remover todos eles. Isso é um método que evoluiu bastante e diminuiu a necessidade de fazer cirurgias radicais”, o médico informa.

Tratamento para linfoma de mama

No caso dos linfomas, é extremamente rara a indicação de cirurgia. A Drª. Heloisa salienta que o tratamento para essa doença é baseado em protocolos definidos para cada subtipo do câncer de sistema linfático e que envolve, principalmente, o uso de quimioterápicos.

“O tratamento do linfoma não se assemelha em nada ao tratamento do carcinoma mamário, são doenças completamente diferentes”, ela diz. “Do ponto de vista prático, o linfoma é uma doença que acomete a mama, porém é tratado totalmente por quimioterápico. Isto é, não há necessidade de cirurgia. O que diferencia do câncer de mama”, complementa o Dr. Gebrim.

Outubro Rosa

Essa é uma campanha realizada mundialmente durante o mês de outubro que tem como objetivo principal alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Além disso, a iniciativa visa também disseminar informação sobre dados preventivos e incentivar a atenção para a saúde do corpo da mulher.

Sintomas do câncer de mama

  • nódulo duro no seio
  • pele avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
  • dor
  • inversão do mamilo
  • descamação ou ulceração do mamilo
  • excreção de líquido anormal das mamas

Autoexame de mamas

Essa avaliação do próprio corpo deve ser feita em três etapas:

  • Na frente do espelho. Analise os seios com seus braços caídos, levantados e dobrados atrás do pescoço e com as mãos na cintura. Preste atenção ao tamanho, forma e cor, além de qualquer irregularidade.
  • Em pé durante o banho. Levante o braço esquerdo e coloque a mão atrás da cabeça. Com a mão direita, utilize os dedos para analisar o seio esquerdo fazendo movimentos circulares. Inverta o lado e realize o mesmo procedimento.
  • Deitada. Colocar o braço esquerdo na nuca e apalpar a mama esquerda com a mão direita. Em seguida, troque o braço que está na nuca e faça o mesmo processo.

A Sociedade Brasileira de Mastologia e o Ministério da Saúde alertam que esse método não substitui o exame clínico das mamas. Isso acontece porque não é possível identificar um tumor com menos de 1cm durante o autoexame. Dessa forma, há a preocupação que o câncer só seja identificado em estágios mais avançados, diminuindo a chance de cura. Então, mesmo realizando o autoexame frequentemente também é preciso procurar atendimento médico e realizar os exames de detecção. 

Prevenção do câncer de mama

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama pode ser evitado por meio da diminuição da exposição aos fatores de risco conhecidos e comportamentos considerados protetores.

As medidas indicadas são: praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, adotar uma alimentação mais saudável e evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcóolicas. Além disso, amamentar também é considerado um fator protetor.

Para as mulheres que possuem histórico de câncer de mama na família, principalmente se a doença foi identificada em pessoas novas, recomenda-se um olhar mais atento e, possivelmente, algumas medidas profiláticas.


Quando o câncer de mama vai para axila?

Se a biópsia do linfonodo sentinela mostrou que 3 ou mais linfonodos nas axilas têm células cancerígenas. Se os linfonodos axilares ou claviculares aumentados podem ser sentidos antes da cirurgia ou observados em exames de imagem ou a biópsia por agulha diagnosticar câncer. Se o tumor cresceu além do linfonodo.

Como um tumor mamário pode apresentar metástase para a axila?

A maior parte dos vasos linfáticos da mama leva aos linfonodos localizados nas axilas, chamados de gânglios axilares. Quando uma mulher apresenta um tumor nas mamas e as células cancerígenas atingem esses gânglios, aumenta o risco da doença se espalhar para outros órgãos, causando as metástases.

Porque as metástases do câncer de mama são comuns em linfonodos axilares?

A maioria das células tumorais que se desprendem do tumor primário é transportada pelo sangue ou pelos gânglios linfáticos através do corpo. A circulação destas células explica porque o câncer de mama muitas vezes se dissemina para os gânglios linfáticos da axila (linfonodos axilares).

Quanto tempo vive uma pessoa com câncer de mama metastático?

"O câncer de mama do tipo HER-2 adequadamente tratado pode levar a um tempo médio de 5 anos, o tumor com receptores hormonais também tem um bom tempo de sobrevida e o câncer triplo negativo, que não tem a proteína HER-2 nem os receptores hormonais, tem menor sobrevida”, explica o oncologista.

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