Como chama a música Eu não preciso de ninguém para fazer nada comigo?

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Pedro Sampaio é capa da Quem (Foto: Rodolfo Magalhães)

Pedro Sampaio, de 24 anos de idade, é um fenômeno. Com pouco mais de três anos de carreira, o artista soma 7 milhões de ouvintes no Spotify, 938 milhões de views em seus clipes no YouTube e 4 milhões de seguidores no Instagram. Os números são reflexo de uma coleção de hits, que o colocaram, inclusive, como o único artista pop brasileiro a emplacar duas músicas ao mesmo tempo na Billboard Global nos últimos meses.

O músico já gravou - e fez sucesso - ao lado de nomes como Lexa, Wesley Safadão e, mais recentemente, realizou seu sonho de uma parceria com Anitta. Agora, Pedro explora outros ritmos em feats com Ferrugem e Zé Vaqueiro, por exemplo.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Além da música, o artista é conhecido por seu currículo amoroso estrelado. Ele já namorou Gkay, vive "amizade colorida" com Luísa Sonza, ficou com Anitta e tem a torcida do público para um envolvimento com Giulia Be.

Na última semana, Pedro lançou seu primeiro álbum, Chama Meu Nome, no qual mostra sua variedade de talentos como DJ, cantor, produtor, marketeiro, empresário e diretor criativo. Acima de tudo, tem o posicionamento de não querer se colocar num “nicho” e se define "apenas" como Pedro Sampaio. Em um bate-papo leve de uma hora e meia, ele contou sua evolução pessoal e profissional ao longo dos últimos anos, fazendo questão de destacar pontos importantes de sua trajetória, dificuldades e realizações.

“Meu atual momento é de autodescoberta. Inclusive, foi um dos motivos de fazer o álbum. Fui me conhecendo mais como artista e pessoa e me senti preparado para esse projeto. Qualquer artista que quer uma carreira longa e duradoura deseja criar uma era para seu trabalho”, avalia.

Ao anunciar o projeto, Pedro chegou a responder uma crítica na internet sobre “ninguém ouvir mais álbuns completos, ainda mais de funk”. Antes de qualquer objetivo na indústria fonográfica, Chama Meu Nome é uma chance do artista se divertir.

"Meu atual momento é de autodescoberta. Qualquer artista que quer uma carreira longa e duradoura deseja criar uma era para seu trabalho"

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

“A minha leitura talvez seja diferente da do mercado. No Brasil, a gente entende que é muito importante acertar os singles, como eu venho fazendo. Nunca errei. No álbum, eu consigo me aventurar em ritmos que não seriam a melhor opção para serem singles, assim como as parcerias. O álbum me permite brincar mais com a minha arte, algo de que eu estava precisando. Apesar de me divertir muito fazendo o que eu faço, o projeto foi uma imersão total no que eu sou capaz de fazer”, explica.

Pedro define sua escolha de parcerias como “riqueza musical”. Entre elas estão Ferrugem no pagode, MC Pedrinho e MC Don Juan no funk, Anitta e Luísa Sonza no pop, KSVH na música eletrônica e Zé Vaqueiro no piseiro.

"Essa reunião de ritmos é a minha essência e me dá confiança para, no futuro, representar o Brasil de forma mista para o mundo inteiro"

“Pensei no meu álbum como meu show, que mistura muitos ritmos. Vou de Tchakabum a David Guetta num piscar de olhos. Todos os artistas que estão ali, eu tinha desejo de colaborar e consegui realizar. Essa reunião de ritmos é a minha essência e me dá a confiança para, no futuro, representar o Brasil de forma mista para o mundo inteiro. Sinto que eu consigo transitar por diversos ritmos de forma natural e com personalidade”, afirma.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

O projeto também conta a história do artista no feat com MC Jefinho na faixa que abre e dá nome ao álbum. Foi o funkeiro quem deu voz ao famoso bordão “Chama meu nome! Pe-dro Sam-pa-io”. “Jefinho está no Aquecimento do Pedro Sampaio, que tomou proporções gigantescas e inesperadas. Eu criei para o meu show, não era para ser lançado, mas as pessoas pediram para ouvir. Essa coisa de Pe-dro Sam-pa-io foi um apelo popular e se tornou parte de mim. Como forma de gratidão e parceira, trouxe o Jefinho para a faixa, já que veio dele essa expressão”, explica.

Para divulgar o trabalho, Pedro criou o conceito da ilha fictícia de Chama Meu Nome, onde mostra seu interesse pela parte visual do mercado e ilustra como sua música impacta diferentes públicos.

“Sou um artista em construção, uma pessoa em construção e tenho evoluído. Todas as minhas músicas tocam nas baladas, mas também para a galera mais velha e para crianças, seja na escola ou em festas infantis. Criei um ambiente pensado num só lugar onde todos podem sentir as mesmas sensações entrando em contato com a minha arte, só que cada um interpretando de uma forma. Isso fica explícito quando eu falo dos habitantes, como o abacaxi e o cogumelo. Todos têm a mesma expressão facial. É o símbolo do álbum, que eu peguei do meu sorriso. Para isso, fiz um experimento social. Mostrei a carinha para diversas pessoas, e cada uma via uma coisa, seja uma expressão de felicidade genuína, de chapado, ou de algo engraçado. Queria algo simples que transmitisse diversas sensações, como minha música faz. Criei um símbolo que deu o tom que eu precisava para os habitantes dessa ilha. E acho que tudo fica mais fácil quando a gente cria um ambiente para contar uma história, e as pessoas entendem melhor”, acredita.

"Sou um artista em construção, uma pessoa em construção e tenho evoluído"

O álbum saiu no último dia 2 de fevereiro, ou seja, 2/2/2022. A ideia de Pedro era lançar um dia antes, mas o fato de ter sonhado com os números o fez repensar. Segundo ele, é comum sua intuição falar mais alto do que uma estratégia previamente montada.

“Com o tempo, se a gente deixar, vai ficando engessado, no sentido criativo, por precisar de muitas pessoas e aprovações. Isso acaba adormecendo o lado criança, que é intuitivo. Por diversas vezes eu deixo minha intuição ditar o rumo das decisões. Sonhei com esse número, que é lindo, redondinho, e um dia depois do que eu pretendia lançar. Falei com a minha equipe, eles entenderam porque já me conhecem”, conta.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Mas nem sempre a intuição acerta. Ao buscar participações para Chama Meu Nome, um artista muito estourado - que ele preferiu não revelar de quem se trata - “sumiu sem deixar rastros" após uma longa negociação e um encontro que foi, ao mesmo tempo, marcante e frustrante para Pedro. “Falamos com a equipe dele e mandamos a música. Eu já sabia da dificuldade, mas insisti. Falei ‘a gente nem precisa ir para estúdio, eu gravo sua voz no hotel em que você estiver, em qualquer lugar do Brasil’”, relembra.

A gravação foi marcada inicialmente no Rio, onde Pedro mora, mas o produtor do artista procurado entrou em contato faltando dez minutos para o encontro e disse que a voz do cantor não estava legal, o que não fez o DJ desacreditar. “Mas o auge foi a gente ter marcado com uma semana de antecedência, quando ele estaria em São Paulo, e viajei só para isso. Chegou o dia e fiquei esperando o ‘ok’ para ir para o hotel dele. Imaginava que a participação seria incrível mesmo com o contato sempre muito complicado. Estava marcado para as 16h, e o produtor dizia que ele estava dormindo. Quando deu 20h, o produtor disse ‘passa aqui para dar um abraço nele’, e eu falei que a gente tinha marcado mesmo era para gravar a voz. Eu fui porque imaginei que seria uma oportunidade. Paramos em frente ao hotel dele, meu produtor interfonou, e o artista ora estava acordando, ora tomando banho, ora comendo. Nessa brincadeira, foram 40 minutos. Depois desse tempo, o produtor dele ligou pedindo para que esperasse na porta do hotel, como se eu fosse um fã maluco”, detalha.

“O mínimo era o produtor levá-lo na minha van, mas falou ‘vamos lá, rapaz, a gente está atrasado’. Eu saí, fui até o artista e ele me cumprimentou. Fui conduzindo-o até a van, mesmo já sabendo que tinha menos de dois minutos. Eu já sabia que não daria para fazer nada, mas só precisava fazer aquele encontro ser marcante para num futuro a gente fazer acontecer”, complementa.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Na ocasião, Pedro havia levado para o cantor de presente um colar de santinha, com o qual iria presenteá-lo após a gravação da voz, mas achou melhor entregar no primeiro encontro para tornar tudo ainda mais especial. “Ele tirou o escapulário dele, colocou em mim, e colocou nele o que eu presenteei. Falei ‘estou sentindo que vai rolar’. Não rolou nada, ele sumiu, ninguém explicou o que houve e lancei o álbum sem esse artista. Mas é isso, tem que buscar. Mesmo se não der certo, valeu a experiência. Foi bizarro. Ele também está num momento muito bom, e o feat seria muito importante para nós dois. Não sei se eu iria atrás de novo porque seria algo para o álbum. Não por orgulho, porque é um cara que eu admiro muito”, admite.

Também para o álbum, Pedro planejava um feat com Pabllo Vittar, mas novamente ouviu sua intuição e entendeu que não seria o momento. “A gente vinha falando de feat há um tempo. Claro que toda música é muito importante, mas algo com ela não pode ter erro. Tenho que multiplicar meu perfeccionismo por cem pelo que ela significa, pela artista que é e pelas barreiras que quebrou. Até então, estaria no álbum, os fãs pediam isso no Twitter. Comecei a trocar com os produtores dela, mas senti que ainda não era para ser. Não ia dar tempo, e também não ia fazer qualquer coisa só para ter o nome da Pabllo ali. Decidimos esperar esse momento passar para depois fazermos essa parceria”, diz.

O coração também falou mais alto em dezembro, quando ele destinou o cachê do show em Barra Grande para as cidades afetadas pelas chuvas na Bahia durante o período.

“Vi que o [Wesley] Safadão tinha feito isso antes de mim, e quando eu estava chegando no local, a gente sobrevoou algumas regiões alagadas e era assustador. Não ficaria em paz se não fizesse aquilo. Enquanto a gente cresce, cada vez mais tem que ter outras responsabilidades. Não é só fazer o show, pegar o cachê e ir embora. A gente está passando uma informação, e eu quero ser um artista que dá o exemplo e faz além do esperado. Sabia que aquele era o melhor caminho, ainda mais quando sobrevoei o estado e vi de perto a real situação. Não completamente, porque eu não estava vivendo lá, claro. Além das notícias, ter sido impactado visualmente por aquilo foi muito chocante”, relembra.

Essa foi só uma das ações solidárias do artista. Na véspera do lançamento de seu álbum, ele reuniu cem pessoas para uma audição em Manaus, numa mega estrutura montada no centro do Rio Negro. Os fãs doaram 2kg de alimentos para entrar no evento e, consequentemente, ajudar os projetos sociais da região e as comunidades indígenas.

“Gosto de cada vez mais acoplar ações sociais nos meus projetos profissionais. Se a gente impacta mais de um milhão de pessoas com um post, faz com que mais de mil pessoas comprem algo, a gente tem que reverter isso socialmente também”, acredita.

"Se a gente impacta mais de um milhão de pessoas com um post, faz com que mais de mil pessoas comprem algo, a gente tem que reverter isso socialmente também"

Além da música e de ações sociais, a criatividade de Pedro também é vista nos negócios. Para o single Pode Dançar, ele criou um moletom temático e, agora, pretende repetir a experiência no segmento da moda - algo pelo que tem que grande interesse - atrelado ao seu primeiro álbum.

“Vamos lançar a marca de roupas Chama Meu Nome. A pessoa criativa não se limita só a um nicho, ela vê o mundo de uma forma diferente. Minha criatividade aflorou mais rapidamente para a música, mas eu já a identifico para as estratégias de marketing. E todas têm minha opinião. Às vezes, é um pouco maçante, mas eu faço questão. O processo me faz brilhar o olho, e entender que no fim de tudo eu entreguei divulgação, música e clipe para ter uma resposta ainda melhor do público. O jogo está valendo o tempo inteiro e preciso jogar de verdade em todas as posições. Isso torna tudo ainda mais personalizado, e o processo ainda vira portfólio para todo mundo que trabalha comigo”, reflete.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Com tantas responsabilidades, Pedro sente o peso da própria cobrança sobre a carreira. “Cada lançamento é como se eu nunca tivesse lançado nada. Não consigo me acostumar, e espero nunca me acostumar. Sempre penso que a fonte secou, às vezes até para fazer música. Mas quando eu sento para fazer, o negócio acontece e eu penso ‘agora mesmo que não tem mais nada’ (risos). Eu funciono por temporadas e ativo Pedros diferentes, seja o produtor ou o do marketing, quando eu nem piso em estúdio. Quanto ao público, entendo que é mais do que cobrança. É algo genuíno, é uma expectativa porque adoram o fuzuê que eu faço para lançar uma música”, analisa.

Pedro investe seu retorno financeiro em viagens e roupas, mas diz não ser consumista e apegado ao que o dinheiro pode proporcionar. “Não sou um cara de muitos sonhos materiais. Nem acompanho muito de perto minha vida financeira, inclusive isso é uma coisa que eu preciso melhorar. Lógico que eu sei a faixa do meu cachê e sei do meu momento, mas não é isso que me move. Estou em construção, e minha carreira não vai acontecer se eu fizer as coisas só pensando no dinheiro. O artista que só pensa no retorno financeiro, não dura”, acredita ele.

Para contribuir com sua visão de mundo de um jeito mais “pé no chão”, Pedro conta com o apoio dos pais e da irmã, com quem faz questão de morar. “Para mim, tudo é mais simples, e acho que a gente precisa de outras coisas além das materiais. Até hoje não tenho carro porque não sinto necessidade. Mas uma conquista de que eu realmente precisava foi a minha casa. Sempre morei em apartamento e tinha o sonho de ter mais contato com a natureza, com a grama e de não ter problema com barulho. Eu e minha família construímos a casa do zero, do jeito que a gente queria, e todo mundo veio morar comigo. Isso é algo de que eu não abriria mão. Eu sou muito ligado às pessoas de quem eu me sinto bem quando estou em volta. Isso me reabastece de forma fenomenal e me faz mais feliz. Já viajo o tempo inteiro fazendo show, algo que eu amo, e vou chegar em casa e ficar sozinho ou encher de pessoas que eu não conheço? Não me vejo morando longe deles, não por conforto de pai e mãe, mas pela presença de pessoas que sei que gostam de mim de verdade. A gente gosta de ir para a piscina, ver filme, conversar e tomar um café. Quando a gente almoça junto à mesa, meu pai fica feliz de orelha a orelha”, conta ele, que mora na Zona Oeste do Rio.

"Minha carreira não vai acontecer se eu fizer as coisas só pensando no dinheiro"

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

No começo da carreira, Pedro já manifestava o desejo de gravar com Anitta. O feat saiu há um mês, No Chão Novinha. Pedro destaca uma série de aprendizados com quem acredita ser uma das maiores artistas do Brasil.

“Sempre aprendi muito com Anitta, e no processo de lançamento de No Chão Novinha não foi diferente. Estar perto dela na gravação de um clipe e na criação de uma estratégia é sempre muito proveitoso pessoal e profissionalmente. Existem algumas coisas que eu vejo que ela faz que eu não conseguiria de jeito nenhum. Ela tem um jeito diferente do meu, e não é novidade para ninguém que às vezes ela fala mais pesado e briga pelo que quer. Mas ela me ensinou a ter controle emocional, o que é importante principalmente para o artista que está começando. Onde ela vai, vai uma multidão atrás, e aprendi bastante com o jeito dela em lidar com essas situações”, declara ele, que não se vê como uma celebridade apesar do apelo popular.

“Entendo que as pessoas me vejam como uma celebridade, mas talvez eu nunca vá me ver. Se rotular assim agrega outras coisas, como uma vida muito exposta e escândalos. Acredito que meus fãs me vejam assim porque amam meu trabalho, porque é isso que eu entrego, meu show, minha música e minha energia”, avalia.

"A fama traz um amadurecimento forte para quem consegue colher isso dela. Eu consigo, tenho uma cabeça diferente de muitas outras pessoas de 24 anos"

Com cerca de três anos de vida pública, Pedro entende que a fama tem prós e contras. “Desde o momento em que eu optei pela carreira artística, foi como se eu tivesse assinado um contrato de que a minha vida não seria algo convencional. A fama traz um amadurecimento forte para quem consegue colher isso dela. Eu consigo, tenho uma cabeça diferente de muitas outras pessoas de 24 anos. Não só pela fama, mas também pelo trabalho que me fez chegar até ela, tanto pela exposição quanto pela responsabilidade. Desde o momento em que comecei a entender cada barreira como uma experiência que me proporcionaria evolução e conhecimento, nada mais ficou complicado, como se fosse acabar com a minha vida. Sempre penso como cheguei a tal situação, como sair e como será depois disso”, afirma.

No auge do sucesso, Pedro coleciona algumas dificuldades ao longo da carreira. Entre as mais marcantes, as situações desagradáveis causadas por pessoas do meio artístico. “Acoplei o trabalho de cantor ao de DJ justamente porque quis brincar e deixar meu lado criança falar no estúdio. Nesse processo, algumas pessoas não reconheciam esse formato, que é muito único. Fui fazer um show, ainda sem a estrutura que eu tenho hoje, e enfrentei uma dificuldade ao pedir para o contratante um microfone. Fui até xingado, como se eu tivesse exigindo um luxo. Isso poderia ter me desmotivado, mas me mostrou que estava fazendo algo diferente. Me ensinou a aprimorar a forma como eu comunico quem eu sou, e comecei a me posicionar”, relembra.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Em outro momento, Pedro foi desrespeitado por um outro artista e toda sua equipe, que prejudicaram sua apresentação. “Estava tocando e um baita cantor famoso viria depois de mim. Eu não era nem um por cento em relação ao que sou hoje, de nome e de tamanho. Mas estava ali buscando meu sonho, e até hoje é assim. Comecei tocando com a equipe do outro cara arrumando bateria atrás de mim, um caos no palco. Com cinco minutos de apresentação, a equipe do artista puxou o cabo da minha mesa, parou o som da festa inteira e os caras fecharam uma cortina na minha frente. Ninguém falou comigo, e eu fiquei sem saber o que fazer. Ali eu até chorei de raiva pensando como isso poderia acontecer, e acontece até hoje com artistas pequenos. Coisas assim podem acabar com o sonho de alguém. Pode ser traumatizante. Se der sorte, acontece uma vez só. Tomei um baque na hora, mas foi para hoje eu não fazer isso com ninguém”, conta ele, que foi consolado na ocasião pelo pai, que carregava seu equipamento e era seu motorista na época.

Fora do palcos, Pedro arrasa os corações dos fãs com mensagens sugestivas nas redes sociais. Em troca, recebe cantadas, o que encara de forma bem-humorada. “Eu brinco para me divertir porque a galera me dá essa abertura. Eu leio, mas tem que ter um psicológico preparado porque se só fizessem cantadas, estaria ótimo, mas tem de tudo. Eu sempre acho curioso e realmente rio quando fazem brincadeiras com os nomes das minhas músicas, e nem eu penso nelas dessa forma. As pessoas distorcem e veem uma maldade gigantesca. A própria Luísa [Sonza], quando falou da galopada amiga, acabou com qualquer outro sentido da música (risos)”, diz, sobre a “amizade colorida” que a cantora revelou existir entre eles.

"Minhas músicas fazem sucesso pelo meu trabalho, e não por quem eu namoro"

Apesar das brincadeiras sobre o assunto, Pedro costuma ser discreto sobre relacionamentos. “Sempre fui assim. Às vezes eu olho outros artistas que optam por se expor e se perdem nisso, a vida pessoal em algum momento fica mais interessante do que a arte. Isso seria algo negativo para mim. Tem uma questão relevante de engajamento e números, mas isso não é tudo. Eu sou a prova viva disso. Minhas músicas fazem sucesso pelo meu trabalho, e não por quem eu namoro, mas não é algo que eu abomino. Valorizo muito minhas relações pessoais. Por exemplo, praticamente ninguém sabe quem são meus pais”, afirma.

Entre os nomes famosos com quem se envolveu de alguma forma, Pedro já namorou Gkay, esteve de “kikiki” com Anitta - palavras dela -, tem amizade colorida com Sonza e vive em meio “ship” com Giulia Be. Apesar delas falarem abertamente sobre o assunto, o artista sempre manteve suas versões distantes dos holofotes.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

“Pro público, eu fico calado, mas com elas eu fico em constante conversa. Não dou bronca porque da mesma forma que eu escolho agir de um jeito, outras pessoas podem agir como quiserem. Não vejo nenhum problema. Acho diferente quando falam sobre isso, mas não fico preocupado porque é uma coisa boba. A gente está falando de amor, de sexo, curtição e coisas legais. Então tá tranquilo”, assegura.

O namoro com Gkay foi revelado por ela durante uma entrevista, assim como o término pouco antes do Dia dos Namorados de 2020, quando a atriz disse “eu namorava com ele, mas não ele comigo”. O que parecia ser um climão entre eles foi derrubado com trocas de mensagens nas redes sociais e torcidas de um pelo outro.

"As pessoas têm uma visão muito única do que é estar solteiro ou namorando e eu não vejo dessa forma. Ao mesmo tempo não é uma p*taria, mas não é como ‘deu um beijo e está namorando, brigou e está separado’"

“O que fez a gente continuar amigo é se gostar. As pessoas têm uma visão muito única do que é estar solteiro ou namorando, e eu não vejo dessa forma, e acredito que nenhuma dessas artistas citadas veem dessa forma. Ao mesmo tempo não é uma p*taria, mas não é como ‘deu um beijo e está namorando, brigou e está separado’. É mais simples do que isso. A gente não tem muito tempo na nossa vida pessoal, e ainda vai perder entrando em discussão? A gente se gosta e dá risada junto. Não é tão duro e tão chocante”, garante.

Chocante, mas de forma positiva, foi ver Cardi B tocando seu remix de WAP no palco do Grammy, o que Pedro comemora e entende ser sobre algo maior do que ele mesmo.

“Eu não sabia de nada, foi uma das maiores surpresas da minha vida. Eu estava dormindo, e meu pai me acordou meio sem saber o que estava acontecendo. Ele me mostrou o vídeo no celular, e eu achei que fosse montagem. Fui pra internet e vi que realmente tinha acontecido. Fiquei muito feliz por mim e pelo meu trabalho, claro, mas também por ter sido um fio condutor para o funk chegar no palco do Grammy e com uma artista tão relevante”, celebra.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

Apesar da exposição a nível mundial, ele pretende ter calma ao levar sua carreira para o exterior. “Já ouvi falar que eu faço a música brasileira mais gringa do país. Pela forma que eu faço, como entrego a divulgação… por tudo. Acho que vai ser um caminho natural. Já surgiram oportunidades de conhecer artistas gringos, mas sempre gostei de fazer as coisas bem feitas. Não vai ser algo do nada, e se eu for fazer, vai ser ‘a’ música. Vai ter que funcionar em ambos países, o que é mais difícil ainda. O que Anitta está fazendo, e é inevitável falar em artistas saindo do Brasil sem falar dela, vai facilitar e muito esse caminho para mim e para outros artistas. Tomara que sejam mais milhares”, opina.

O funk, ritmo que Pedro representa, tem ganhado cada vez mais notoriedade, mas ainda não tem um nome de destaque entre os melhores DJs do mundo. O artista entende que é por uma questão de divulgação, mas principalmente por como o gênero é tratado dentro de casa.

“O funk é muito brasileiro, e mesmo assim enfrenta dificuldades de ser um ritmo nacional. Primeiro a gente tem que limpar essas dificuldades, e não estou falando só do preconceito, mas também da profissionalização das equipes e dos shows. O funk tem um caminho muito grande para percorrer nisso para depois entender um mercado global. Por exemplo, em relação a números, o sertanejo é como o reggaeton na América Latina, como se Gusttavo Lima fosse J Balvin ou até maior. Mas por ser um ritmo muito nacional, não é de exportação. O ritmo que poderia ser exportado é o funk, mas não tem o tamanho do sertanejo nos números, nos profissionais, e na forma que o ritmo é tratado pelo público, pelos artistas e pelos empresários”, destaca.

Em meio a esse processo, Pedro tem escrito sua história na música e aberto portas para que gêneros como o piseiro se tornem cada vez mais nacionais e menos regionais.

"Até chegar no momento de falar que escrevi minha história na música brasileira, acho que vai demorar. Mas, contribuindo, com certeza estou"

“É uma influência mútua. Da mesma forma que eles me influenciam, eu os inspiro. Não só musicalmente, mas da forma como eu entrego um trabalho. Não é muito comum artistas do piseiro ou do funk adotarem uma estratégia visual de lançamento, e eu recebo muitas mensagens de cantores desses ritmos dizendo que se basearam nas minhas estratégias e que o lançamento deu certo. Isso só tem a agregar para o movimento como um todo. Até chegar no momento de falar que escrevi minha história na música brasileira, acho que vai demorar. Mas, contribuindo, com certeza estou”, reconhece.

Em seu trabalho, Pedro conta com o engajamento nas redes sociais. Segundo ele, diferentemente de um movimento recente de cantores, o TikTok impulsiona as músicas e a tendência é aceitar a importância do aplicativo para que algo vire hit.

Pedro Sampaio (Foto: Rodolfo Magalhães)

“Eu lamento muito artistas pensarem desse jeito porque vão ficar para trás. O mercado é um organismo vivo, se movimenta e se atualiza constantemente, e o TikTok faz parte disso. Não só o aplicativo, mas as plataformas digitais e a internet como um todo. Artistas que pensam assim não conseguem se sustentar. Existem cantores renomadíssimos, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, fazendo ações com TikTok e YouTube. Minha música é dançante, focada na alegria. Para que faça ainda mais sentido, a dança tem que estar presente. O TikTok veio pra somar e muito, mas não mudei meu jeito de criar”, pontua.

No melhor momento de sua carreira, Pedro acredita que atingir a plena realização é só questão de tempo. “Me considero realizado, mas não cem por cento. Sou realizado por fazer o que amo, estar com quem eu amo, ver minha equipe crescer e ver as pessoas que me acompanham", conclui.

CRÉDITOS:
Reportagem: Bia Rohen | @biarohen
Fotos: Rodolfo Magalhães | @rodolfomagalhaes
Design de capa: Eduardo Garcia | @eduardogarda
Styling: Malena Russo | @malenarusso
Beauty e Hair: Eliseu Santanna | @eliseusantana
Assessoria de Imprensa: BPMcom | @soubpmcom
Edição: Giulianna Campos | @giuliannacampos

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