As bi�psias percut�neas da mama guiadas por exames de imagem (estereotaxia, ultrassonografia e resson�ncia magn�tica) s�o talvez uma das maiores conquistas dos especialistas em imagem da mama, assim como a cirurgia conservadora, introduzida por Umberto Veronesi, foi para o cirurgi�o. Por meio dessas bi�psias � poss�vel diagnosticar o c�ncer de mama e o m�dico planejar, junto com a paciente, a cirurgia a ser realizada. A mulher tem tempo de assimilar um diagn�stico de c�ncer, sendo um ganho emocional importante. A bi�psia percut�nea tem, ainda, a vantagem de diminuir o n�mero de indica��es cir�rgicas e de aumentar a chance do diagn�stico precoce.
At� um passado recente, o padr�o ouro na avalia��o das altera��es n�o palp�veis encontradas nos exames por imagem era o agulhamento pr�-cir�rgico, feito por m�todo de imagem, seguido da cirurgia. Mesmo assim, a literatura mostra falha em remover a les�o na cirurgia, por diferentes motivos(1,2). Em 1990, Steve Parker publicou o primeiro trabalho comparando a core biopsy com a bi�psia cir�rgica, demonstrando ser um procedimento seguro e reprodut�vel. Em 1995, Parker introduziu a bi�psia a v�cuo, com a finalidade de obten��o de quantidade maior de material, aproximando mais a correla��o imagem/histopatologia(2-4). Essas t�cnicas se desenvolveram, foram avaliadas e comparadas entre si e com a bi�psia cir�rgica. Elas tamb�m nos ensinaram quais os diagn�sticos menos confi�veis por esta abordagem e quais necessitam prosseguimento na investiga��o cir�rgica e quais n�o(1-4).
A an�lise de custo tamb�m demonstrou que este � menor na bi�psia percut�nea do que na cir�rgica, al�m de evitar interna��o, afastamento do trabalho e cicatrizes e deformidades na mama(3).
A bi�psia percut�nea da mama demonstrou, por meio de m�ltiplos trabalhos, baixas taxas de falso-negativos, sendo um procedimento seguro que, entretanto, necessita protocolos para otimizar a escolha do m�todo para diferentes les�es, correla��o entre a imagem e o diagn�stico histopatol�gico das les�es benignas e malignas e seguimento das pacientes com diagn�stico de benignidade(1,5).
Talvez o maior problema encontrado n�o seja a seguran�a do m�todo e sim sua indica��o. Muitas interpreta��es err�neas dos achados de imagem levam a indica��es inadequadas de bi�psias, aumentando seu n�mero, principalmente na ultrassonografia. Nesta, o valor preditivo positivo das bi�psias varia de 9% a 12%, mas um trabalho realizado em Connecticut, ap�s a introdu��o da legisla��o sobre a mama densa, demonstrou que com maior experi�ncia e confian�a no m�todo, foi poss�vel aumentar o valor preditivo positivo de 6,5% para 25%(5).
O trabalho publicado neste n�mero da Radiologia Brasileira, �Bi�psia a v�cuo guiada por resson�ncia magn�tica: experi�ncia e resultados preliminares de 205 procedimentos�(6), realizado em cl�nica privada, demonstra todos os requisitos exigidos para este tipo de bi�psia: indica��o geralmente adequada, com uma taxa de malignidade de 21%; m�todo ideal (bi�psia a v�cuo), visto que as les�es s� eram vistas na resson�ncia magn�tica, sendo esta a abordagem adequada neste caso; dom�nio da t�cnica. A bi�psia a v�cuo guiada por resson�ncia magn�tica n�o est� dispon�vel facilmente em nosso meio, principalmente em raz�o do seu custo. Este � um trabalho importante, pois traz este procedimento para mais perto de nossa realidade, com resultados compar�veis aos da literatura, podendo ser reprodut�vel com sucesso. Ainda no trabalho avalia-se a utiliza��o correta da classifica��o BI-RADS na resson�ncia magn�tica, demonstrando mais uma vez, como j� mencionado, a import�ncia da an�lise da imagem para sua classifica��o e indica��o de investiga��o.
O acompanhamento das pacientes com diagn�stico de benignidade � importante e, assim como mencionamos no in�cio, a bi�psia percut�nea da mama revolucionou a especialidade, mas necessita de comprometimento do radiologista e abordagem multidisciplinar com o patologista e o cirurgi�o.
REFER�NCIAS
1. Moitinho MSP, Elias S, Kemp C, et al. Acur�cia diagn�stica da bi�psia percut�nea com agulha grossa orientada por estereotaxia nas les�es mam�rias categoria BI-RADS� 4. Rev Bras Ginecol Obstet. 2007;29:608-13.
2. Canella EO. Percutaneous biopsy in radiological imaging of the breast. Radiol Bras. 2016;49(2):ix.
3. Liberman L. Centennial dissertation. Percutaneous imaging-guided core breast biopsy: state of the art at the millennium. AJR Am J Roentgenol. 2000;174:1191-9.
4. Rageth CJ, O''Flynn EA, Comstock C, et al. First International Consensus Conference on lesions of uncertain malignant potential in the breast (B3 lesions). Breast Cancer Res Treat. 2016;159:203-13.
5. Berg WA. Current status of supplemental screening in dense breasts. J Clin Oncol. 2016. pii: JCO658674. [Epub ahead of print].
6. Carneiro GAC, Arantes Pereira FP, Lopes FPPL, et al Magnetic resonance imaging-guided vacuum-assisted breast biopsy: experience and preliminary results of 205 procedures. Radiol Bras. 2018;51:351-7.
Mama Imagem, S�o Jos� do Rio Preto, SP, Brasil. E-mail: . //orcid.org/0000-0002-1296-2165.