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Provavelmente você já tenha assistido ou ouviu falar do filme "O menino que descobriu o vento" e das mensagens de superação e resiliência que ele transmite. Mas, além desses grandes aprendizados, a história nos dá verdadeiras lições de sustentabilidade!
(Se não assistiu, o texto está cheio de spoilers).
O "menino que descobriu o vento" é baseado em fatos reais e conta a história de William Kamkwamba: um jovem que morava com sua família no Malaui, África. O menino sempre apresentou dedicação aos estudos e talento para consertar aparelhos eletrônicos dos vizinhos.
No entanto, a seca assolou o vilarejo em que vivia e os pais não puderam mais pagar por seus estudos. Mesmo assim, William continuou frequentando a biblioteca local. Lá - no lugar menos provável da aldeia - o garoto encontrou a solução para tirar sua comunidade da fome.
Improvável porque educação de qualidade e acesso ao conhecimento ainda não é uma realidade em todos os lugares, nem para todos, tal como não é em uma pequena aldeia de um país africano sem tanto recursos, como o Malaui.
Na biblioteca, William encontrou um livro que falava sobre energia, e com sucatas ele construiu um moinho de vento e fez funcionar uma bomba d'água para irrigar as plantações. Uma grande história e cheia de valores sustentáveis. Vamos conferir!
A importância dos ecossistemas florestais
Em uma das cenas do filme, os donos dos sítios estão vendendo suas terras e suas árvores por causa das dificuldades financeiras que já assolava o vilarejo. No entanto, o pai de William alerta: "são as árvores que nos protegem das inundações".
Ele não está errado. As áreas com cobertura vegetal favorecem a infiltração da água da chuva e evitam que elas escorram em maior volume e velocidade na superfície do solo. Dessa forma, diminui-se a erosão, as inundações e deslizamentos de terras.
As grandes inundações que ocorreram no Rio de Janeiro e São Paulo este ano, que levaram pessoas a morte, têm grande relação com a alta impermeabilização do solo nos centros urbanos.
Água, fonte de vida
É um clichê e nem poderia ser diferente. Sem água, não há vida. No filme, o menino tira o vilarejo da fome porque consegue levar água até as plantações. Assim como na história, garantir o acesso à água, de qualidade e para todos, ainda é um desafio.
No último Dia Mundial da Água, a ONU Meio Ambiente divulgou que aproximadamente2,1 bilhões de pessoas no mundo vivem sem água adequada para consumo. Já no Brasil, estima-se que35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável.
Mesmo o país tendo amaior reserva de água doce do mundo, problemas de gestão e também de alcance dos serviços de saneamento afetam a distribuição e qualidade da água disponível. O que evidencia a necessidade de preservar esse bem e de melhorar os serviços de abastecimento.
Energia Renovável
O protagonista do filme utilizou a energia dos ventos para gerar eletricidade. Desde a antiguidade, a humanidade percebeu que a força dos ventos poderia ser aproveitada. Fosse para impulsionar os barcos a vela ou movimentar moinhos para moer grãos.
A energia eólica é limpa e renovável - ou seja, não emite gases do efeito estufa e sua fonte é inesgotável e está disponível permanentemente na natureza.
Em alternativa aos combustíveis fósseis, não-renovável e poluente, a energia proveniente das turbinas eólicas é uma opção. Estima-se que o Brasil se tornará em 2016 o oitavo maior produtor de energia eólica do mundo.
Gestão de resíduos
O moinho de vento construído por William foi feito em sua maior parte a partir de sucatas. Os materiais utilizados foram encontrados nos resíduos que a indústria de tabaco local despejava na região, inclusive peças eletro-eletrônicas.
Essa lição mostra o valor que os resíduos tem. Não é só "lixo". São materiais dotados de valor econômico e social, que podem e devem ser reutilizados, reaproveitados ou reciclados e retornar aos ciclo produtivos, gerando renda e reduzindo a extração de matéria-prima.
Educação é a base da sustentabilidade
O livro Using Energy foi o guia do nosso protagonista para construção de seu moinho. Foi a partir dos princípios da física que ele aliou conhecimento a seu talento para a engenharia e pode desenvolver a tecnologia que viria a mudar a história de sua aldeia.
O filme dá uma grande exemplo de como a educação pode mudar a trajetória de um indivíduo e de quem está a sua volta. Com a sustentabilidade não seria diferente.
A compreensão dos problemas, a exploração de soluções a longo prazo, o incentivo às pesquisas, o acesso ao conhecimento disponível - essa é a grande lição que "O menino que descobriu o vento" nos presenteia.
Bônus: O jovem da imagem acima é o verdadeiro Willian Kamkwamba cuja história inspirou o filme. Atualmente, ele está com 31 anos.
Na vida real, o primeiro moinho que ele construiu foi para gerar eletricidade para sua casa, fazendo funcionar lâmpadas e o rádio. Posteriormente, construiu as turbinas para o projeto da bomba d'água.
A notícia de sua "invenção" chegou aos jornais locais em 2006 e assim conseguiu apoio para terminar o ensino médio. Ingressou na Universidade ainda na África, mas concluiu os estudos nos Estados Unidos, em 2014.
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Texto originalmente publicado em meu blog.