Quando se fala em coordenação motora pensamos em exercícios próprios para o desenvolvimento da mesma, feitos na escola.
Mas ao contrário do que muitos
pais imaginam, as habilidades físicas referentes à motricidade podem ser desenvolvidas dentro de casa.
Não é somente com jogos e brinquedos próprios que podemos ajudar as crianças a conseguirem se sair bem em algumas tarefas. Ensiná-las a se vestir sozinhas, a escovar os dentes, a comer e a pentear os cabelos são tarefas que devem ser estimuladas, pois desenvolvem as destrezas corporais, além de tornar a criança mais independente.
Além disso, as crianças adoram mexer com as coisas dos adultos, gostam de ajudar e participar de suas atividades, e os utensílios domésticos também são ótimos para exercitar os pequenos.
Muitas vezes a criança não fica quieta e as mães precisam cuidar dos afazeres da casa, não sabendo como resolver o problema.
Potes vazios de margarina, colher de pau, panelas pequenas, escorredor de macarrão, medidores, dentre outros, podem distrair a criança, desenvolvendo também a sua coordenação motora e trabalhando sua concentração.
Os potinhos e medidores podem ser encaixados uns dentro dos outros ou empilhados, dando uma variação estimulante à brincadeira.
Lata de leite em pó e colher de pau transformam-se em um pequeno tambor, onde a criança se diverte fazendo uma batucada enquanto a mãe canta uma música infantil, do tipo marcha soldado, ciranda cirandinha, atirei o pau no gato, que possuem um ritmo mais animado e fácil de ser acompanhado pelo pequeno.
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Dois potinhos de iogurte podem ser transformados em um chocalho, quando colocados alguns grãos dentro e lacrados com fita adesiva. Uma animação!
Mas outras brincadeiras podem ter um sentido mais complexo, trabalhando várias habilidades motoras da criança.
Com o escorredor e alguns fios de macarrão a criança poderá se divertir ao passá-los pelos buraquinhos do escorredor. Essa atividade trabalha a coordenação motora fina, o que poderá ajudar a criança na etapa da alfabetização, deixando-a com uma letra mais bonita.
Colocar grãos de feijão em uma garrafa de bico estreito também é um passatempo emocionante para os baixinhos, e ao mesmo tempo ajudará na destreza das mãos, tornando-as mais seguras e firmes, atividade importante para a etapa da alfabetização.
Os macarrões maiores e com furos grandes podem ser passados num cordão, formando um lindo colar.
Para a criança, não importa se os brinquedos são simples ou mais arrojados e modernos, o que vale é o brincar. O armário da cozinha parece-lhe um parque de diversões, onde descobre novas sensações e prazeres. As cores variadas dos objetos, os sons que se pode tirar deles e as diferentes formas que apresentam são grandes atrativos para o mundo infantil.
Dessa forma, a criança será estimulada a se concentrar, a fazer coisas interessantes para ela, podendo compartilhar momentos com a mãe, o que a deixará muito segura e feliz.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil
Escola
A coordenação motora, que se relaciona com a habilidade de realizar movimentos articulados, se divide em duas. A primeira é a coordenação grossa, que envolve um maior número de músculos em atividades. São exemplos: subir e descer escadas, pular corda, entre outras. Já a coordenação fina engloba ações mais delicadas. Assim, desenhar, pintar e manusear pequenos objetos referem-se a essa coordenação, essencial para o dia a dia.
Como resultado do excesso de telas, como tablets e celulares, as crianças vêm apresentando dificuldades em desenvolver essa capacidade tão fundamental, que é trabalhada de forma assídua na educação infantil.
“Os movimentos mais precisos e delicados que as crianças desenvolvem com os dedinhos são importantes na pré-alfabetização. Neste estágio, conseguimos perceber crianças que nunca pegaram em uma tesoura, mas tem o estímulo da tela”, conta Ana Carolina Artner, coordenadora de educação infantil.
Não recortar e pintar dentro dos limites estabelecidos na atividade é um dos principais sinais da falha da coordenação motora fina, diz Ana Carolina. Além disso, é importante também que os pais e a escola fiquem atentos a alguns sinais como:
- A criança não consegue segurar objetos, como copos.
- Derruba com frequência objetos.
- Não consegue pentear o próprio cabelo.
Neste caso, alerta a educadora, é necessário que se leve a criança ao pediatra para um possível encaminhamento a um neurologista. Dessa forma, o profissional poderá detectar se existe alguma falha mais importante no desenvolvimento, bem como alguma patologia de ordem neurológica.
Desenhos e movimento de pinça
Outra atividade fundamental para desenvolver a coordenação motora fina são os desenhos e pinturas. De acordo com Ana Carolina, é importante trabalhar com diferentes objetos, como lápis de cor, giz de cera, canetinhas, giz e até mesmo carvão. Esse último, segundo ela, permite que a criança use todos os dedos. “São estímulos fundamentais para desenvolver os músculos da região”, acrescenta. Recursos didáticos e jogos que imprimem uma dinâmica lógica para as crianças também auxiliam nesse desenvolvimento, bem como manusear blocos lógicos e objetos mais moles e mais rígidos.
O movimento de pinça, essencial para diversas atividades, como escrever a mão, também precisa ser trabalhado, tanto na escola como em casa. Assim, para os pais que não sabem de que forma podem contribuir para auxiliar neste desenvolvimento, a educadora orienta sobre como a criança pode ser estimulada:
- Ajudar em tarefas domésticas como pendurar as roupas, manuseando os grampos e trabalhando o movimento de pinça.
- Incentivar que elas fechem o próprio zíper da roupa e amarrem o calçado.
- Dobrar as próprias roupas.
Por fim, por mais inevitável que seja o convívio com a tecnologia e com as telas, as famílias devem evitar os estímulos eletrônicos exagerados. “É interessante limitar o tempo e voltar com as brincadeiras de antigamente, como o pega-vareta, que trabalha a coordenação motora fina. Além disso, outra sugestão é fazer uma contação de história e pedir para que a criança desenhe sobre o que ouviu. A escola trabalha isso, e a família pode atuar junto. Isso é fundamental”, reforça a educadora Ana Carolina Artner.
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