A pobreza da capitania de S�o Vicente (atual Estado de S�o Paulo) devido � decad�ncia dos canaviais durante o Per�odo Colonial estimulou a organiza��o de expedi��es pelo interior do Brasil conhecidas como bandeiras e entradas. Os bandeirantes - os homens que participavam das bandeiras e entradas - eram principalmente paulistas, que, entre os s�culos XVI e XVII atuaram na captura de escravos fugitivos, destrui��o de quilombos, aprisionamento de ind�genas, mapeamento de territ�rios e na procura de pedras e metais preciosos.
Apesar do romantismo e hero�smo apresentado pela hist�ria brasileira, a realidade vivenciada pelos bandeirantes era prec�ria. Andavam descal�os, as roupas em farrapos, e era comum sofrerem de fome, doen�as e ataques de animas selvagens e �ndios hostis. Essa dureza das expedi��es tornava os bandeirantes homens extremamente violentos, ambiciosos e rudes, caracter�sticas muito utilizadas para a escraviza��o de �ndios e combate aos quilombos. Por exemplo, o Quilombo de Palmares foi destru�do pela Entrada com mais de seis mil homens comandada por Domingos Jorge Velho.
As expedi��es de bandeirantes organizadas por particulares eram conhecidas como Bandeiras. As organizadas pelo governo eram conhecidas como Entradas. Tinham geralmente como ponto de partida as cidades de S�o Vicente e S�o Paulo. Caminhavam seguindo o curso dos rios, criando trilhas e muitas vezes seus pontos de apoio se transformaram posteriormente em cidades. Quando era poss�vel, utilizavam a navega��o das bacias hidrogr�ficas. Lembrando que o interior do Brasil no Per�odo Colonial era formado na sua maior parte por florestas densas e �midas, inexploradas e conhecidas apenas pelos �ndios.
Durante o per�odo em que a Uni�o Ib�rica invalidou as delimita��es impostas pelo Tratado de Tordesilhas, o bandeirantismo intensificou suas atividades alcan�ando regi�es cada vez mais distantes. As explora��es dos bandeirantes delimitaram o territ�rio brasileiro que conhecemos hoje. Inclusive da Amaz�nia, devido � procura das drogas do sert�o.
Como o objetivo principal dos bandeirantes era a captura de ind�genas para a escravid�o, eles descobriram que o ataque �s miss�es jesu�ticas eram uma rent�vel alternativa, em que poderiam obter �ndios acostumados a uma rotina de trabalhos bra�ais. Com isso, jesu�tas e bandeirantes entraram em conflito diversas vezes.
Gra�as as essas expedi��es, as primeiras regi�es ricas em ouro foram descobertas no final do s�culo XVII. Em 1695, aconteceu a primeira descoberta de ouro nas proximidades do Rio das Velhas, local onde hoje est�o as cidades mineiras de Caet� e Sabar�. Pouco tempo depois, outras regi�es pr�ximas formaram um dos maiores centros de explora��o de ouro no Brasil.
A descoberta do ouro em pouco tempo estimulou as autoridades portuguesas a terem mais controle sobre a col�nia e elas entraram em conflito com os colonos paulistas pelo monop�lio sobre a minera��o: a Guerra dos Emboabas. Ao longo do s�culo XVIII, a explora��o do ouro representou a principal fonte de renda de Portugal. Outras entradas e bandeiras foram respons�veis pela descoberta de ouro e pedras preciosas nas regi�es de Mato Grosso e Goi�s.
A partir de ent�o, o bandeirantismo inaugurou uma nova etapa nas rela��es econ�micas na col�nia. Com a intensifica��o do controle das autoridades portuguesas e as reformas promovidas pelo Marqu�s de Pombal, o bandeirantismo acabou perdendo sua import�ncia. Contudo, no per�odo em que se consolidou como atividade econ�mica, a a��o dos bandeirantes foi de grande import�ncia para a amplia��o dos territ�rios e a diversifica��o das atividades comerciais.
Os principais bandeirantes foram Fern�o Dias Pais, Manuel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Veiga (Anhanguera), Domingos Jorge Velho, Ant�nio Raposo Tavares, Nicolau Barreto e Manuel Preto. Muitos deles aclamados como her�is pelo governo paulista. Her�is ou vil�es? Talvez sejam ambos.
No final do século XVII, Portugal vinha passando por uma forte crise, chegando a afetar também suas colônias ultramarinas na América e na África. A tomada de algumas colônias pelos holandeses e a crise do Ciclo da Cana-de-Açúcar fizeram com que os portugueses passassem a investir na busca por metais preciosos em vários territórios.
Os bandeirantes passaram então a serem financiados pelo governo e por senhores de engenho e donos de minas com um objetivo comum: desbravar as terras em busca de metais valiosos.
Fernão Dias Pais e Manuel Borba Gato ficaram conhecidos pelas incursões na região de Minas Gerais. Outros, chegaram até Goiás e Mato Grosso. Nesse período, os mais conhecidos bandeirantes foram: Antonio Pedroso, Bartolomeu Bueno da Veiga, Jerônimo Leitão, etc.
As primeiras grandes reservas de ouro do Brasil foram descobertas pelos bandeirantes na região que hoje é Minas Gerais. Portugal passou décadas explorando e canalizando esses recursos tão valiosos. A descoberta do ouro impulsionou a extração e exportação dos minérios, tornando essa atividade a principal desta fase colonial no país.
É importante pontuar que a perspectiva de que os bandeirantes foram os grandes “heróis” do processo de colonização e enriquecimento do Brasil pode vir a diminuir a complexidade desse período. Isso porque, os bandeirantes foram responsáveis também por destruir centenas de aldeias indígenas em muitas regiões do país e contribuíram para a intensificação da escravidão.