Para valorização da vida, precisamos colocar o paciente no centro das atenções, focando em 4 principais alvos.
Qual o principal alvo para você?
A segurança do paciente é tão importante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou uma data específica para conscientizar o setor da saúde sobre a sua relevância: 17 de setembro. Contudo, qual é a definição técnica de segurança do paciente? É muito importante ir além da noção que temos no senso comum, mesmo que amparada por ampla experiência profissional. Adotar uma definição operacional é fundamental para sistematizar ações internas e coordenar esforços em prol da experiência positiva do paciente.
No conceito da OMS, adotado também pela Resolução MS/GM n.º 259/2013, segurança do paciente significa “evitar lesões e danos nos pacientes decorrentes do cuidado que tem como objetivo ajudá-lo”. Portanto, é a prevenção de iatrogenias, acidentes e complicações no ambiente assistencial. É, assim, a concretização do princípio da não maleficência do Código de Ética Médica.
Para isso, as instituições devem adotar medidas de gestão em saúde, como a padronização de protocolos clínicos, o controle de infecções hospitalares e o mapeamento de riscos. Em suma, é a aplicação da saúde baseada em valor na prática clínica. Quer entender melhor o tema? Acompanhe!
A segurança do paciente abrange as ações voltadas à redução do risco de dano no cuidado com a saúde. O objetivo é diminuir as ameaças a um mínimo aceitável, especialmente, no que se refere a:
- infecções hospitalares;
- eventos adversos de intervenções médicas (como procedimentos, cirurgias e medicações);
- complicações de internações mais longas, como os eventos tromboembólicos;
- complicações per e pós-operatórias.
Ela consiste em adotar medidas e cuidados preventivos que impeçam a ocorrência de erros na assistência à saúde e falhas assistenciais, bem como o surgimento de outros eventos adversos.
Apesar de esse ser um cuidado tomado por todo profissional, ainda há agravos à saúde durante os atendimentos. Afinal, as ações individuais (apesar de importantes) precisam ser agregadas a um esforço institucional em direção à máxima segurança do paciente.
Muitos são os desafios, segundo a OMS, que fazem parte da proteção do paciente. No entanto, outros também participam desse cenário. Por isso, o propósito deve ser sempre adotar estratégias de prevenção, que coloquem a pessoa no centro das atenções e evitem a realização de procedimentos desnecessários.
Esse cuidado é tão importante que o 2.º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil destaca que a prevalência média de eventos adversos é de 7%. Os principais são:
- infecção do trato urinário;
- septicemia;
- pneumonia;
- infecção de sítio cirúrgico;
- complicações com acessos e dispositivos vasculares.
Em números absolutos, o 2.º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil mostrou que 54,76 mil mortes foram causadas por eventos adversos graves em 2017. Desse total, 36,17 mil seriam evitadas. O índice alto revela a necessidade de focar a segurança do paciente.
Mais que apontar responsáveis — já que esses eventos ocorrem em qualquer serviço de saúde —, o ideal é identificar a possibilidade de melhorias nos processos para evitar essas situações. Nesse sentido, destaca-se o paradigma da saúde baseada em valor, que propõe:
- saúde baseada em evidências;
- foco na experiência do paciente;
- gestão em saúde proativa (em vez de responsiva);
- modelos remuneratórios baseados na oferta de qualidade assistencial.
Ainda é preciso considerar o panorama retratado pela OMS. Segundo a organização:
- dano ao paciente é o 14º motivo principal de doenças;
- atendimento hospitalar ineficaz faz com que um em cada 10 pessoas sejam prejudicadas;
- o uso inseguro de medicamentos custa 42 bilhões de dólares por ano;
- eventos adversos exigem investimentos equivalentes a 15% dos gastos em saúde;
- investimentos na redução de incidentes permitem economizar aproximadamente 28 bilhões de dólares, segundo dados verificados entre 2010 e 2015;
- infecções hospitalares afetam 14 a cada 100 pacientes;
- diagnósticos imprecisos ou atrasos impactam o atendimento;
- a exposição média à radiação é uma preocupação de saúde pública, já que são realizados mais de 3,6 bilhões de raios X todos os anos. Desse total, 10% são em crianças;
- erros administrativos são responsáveis por até metade das falhas médicas na atenção primária à saúde.
Todos esses dados deixam claro que a gestão precisa contribuir para o aperfeiçoamento da segurança do paciente. É importante criar comissões de qualidade para implementar processos efetivos e avaliar cada protocolo.
Junto a isso, a gestão precisa gerar estratégias condizentes com as políticas públicas e as melhores diretrizes e regulamentos do setor. Assim, é possível aplicar as práticas de segurança do paciente e reduzir os riscos ao menor percentual aceitável.
Como usar a saúde baseada em valor para otimizar a segurança do paciente?
A OMS indica que as organizações de saúde devem focar as metas internacionais de segurança do paciente. A gestão tem um papel fundamental, já que estabelece os processos a serem adotados para diminuir os riscos de eventos adversos e melhorar as estruturas e os recursos disponíveis.
Para alcançar esse objetivo, o ideal é trabalhar a governança clínica. Esse conceito se refere a um sistema em que a melhoria contínua dos serviços é foco principal. A busca é pela elevação dos padrões de atendimento e a promoção da excelência nos cuidados clínicos.
Em outras palavras, a ideia é aumentar a entrega de valor ao paciente pelo sistema de saúde. O propósito pode ser alcançado a partir da coleta de dados assistenciais econômicos e de qualidade, que mostrarão o cenário atual das instituições de saúde, por exemplo.
A partir dos dados, é possível estabelecer boas práticas com o intuito de controlar a sinistralidade, focar a segurança do paciente e implementar o modelo remuneratório baseado em valor, que agrega resultados assistenciais e eficiência. As informações ainda subsidiam as tomadas de decisão, a fim de privilegiar quem está sendo atendido, favorecendo os cuidados com a gestão de risco.
Para gerenciar todos esses critérios, vale a pena contar com uma plataforma de governança clínicaadaptada à realidade da saúde brasileira e centrada no paciente. Se a solução for trabalhar com inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquina), o cenário é ainda melhor. Dessa forma, estabelece-se a base para projeções assistenciais e econômicas.
Outras medidas que precisam ser trabalhadas — e contam com o auxílio da tecnologia — são:
- verificação do ambiente em que o risco é aplicável, para saber quando pode ocorrer; identificação do risco, suas possíveis causas e consequências;
- análise do risco, para saber qual a probabilidade de acontecer e como ocorrerá;
- controle do risco, a fim de aplicar as medidas necessárias; monitoramento do risco, para saber se as respostas foram as esperadas;
- comunicação dos riscos a todas as partes interessadas, com a finalidade de evitar a ocorrência de falhas e informar as pessoas sobre a eficiência das ações.
O resultado dessas ações é a melhoria dos resultados, a redução do desperdício e a entrega de valor para todos os atendidos na organização de saúde. Em todas essas etapas, a segurança do paciente ocupa um lugar de suma importância.
Agora que você entendeu como a gestão impacta na segurança do paciente, saiba mais sobre a governança clínica. Veja o que é valor em saúde e por que esse é um conceito fundamental para o sistema brasileiro.
Posts Relacionados
Nenhum post relacionado até o momento