Quais são as condições básicas para que um planeta pode sustentar a vida tal como a conhecemos?

Existem vários planetas no sistema solar, no entanto, nenhum tem uma localização como a do planeta Terra. Nosso planeta encontra-se em uma condição privilegiada, pois está situado em uma distância em relação ao sol que não impede o surgimento de elementos indispensáveis à sustentação da vida, isso quer dizer que não está muito perto, fato que elevaria as temperaturas, e nem muito longe, quando as mesmas seriam muito baixas, dificultando o desenvolvimento de vidas.

Esse fator foi determinante para a formação de água em estado líquido no planeta Terra, uma vez que é o único com tal recurso no sistema solar.

O maior enigma de nosso planeta é o seu interior, que foi pouco pesquisado, no entanto, não é totalmente desconhecido, o homem através de tecnologias, como a utilização de ondas sísmicas e campos magnéticos, monitora a parte interior da Terra. Após a sondagem de seu interior, derivada de instrumentos científicos, cientistas verificaram que o planeta possui três camadas: a crosta, com maior destaque, o manto e o núcleo, o último é o mais misterioso, uma vez que sua profundidade impede que ocorra um estudo mais detalhado, pois possui temperaturas elevadíssimas.

A Terra não é estática, pelo contrário, é dinâmica e está em constante movimentação, a prova disso é o afastamento que acontece entre a América do Sul e África, que a cada ano se distancia em aproximadamente 4 centímetros.
O seu interior é repleto de energia, quando há uma concentração elas podem atingir a superfície terrestre, podemos percebê-las através de fenômenos naturais como o vulcanismo e tectonismo, esse deriva os terremotos ou abalos sísmicos, além de contribuir para a formação de ilhas, cadeias de montanhas e formação de minérios indispensáveis ao homem em suas atividades.

Apesar de o planeta Terra transmitir uma idéia de solidez, ele é constituído de muita energia e compostos nem sempre solidificados, como é o caso do magma onde estão situadas as placas litosféricas e que favorece a sua movimentação.

Agora que temos pelo menos uma noção dos seres vivos que estamos pro­cu­rando, daremos con­ti­nui­dade à busca por vida fora Terra. Para isso, é impor­tante enten­der­mos onde procurar.

Onde podemos viver?

Figura 1: Simu­la­ção artís­tica da for­ma­ção de um sistema pla­ne­tá­rio. Fonte: NASA

Até hoje (21 de dezem­bro de 2021), foram detec­ta­dos 4883 exo­pla­ne­tas em 3659 sis­te­mas este­la­res [2]. Sim, é planeta pra dedéu! E por onde começar a pro­cu­rar? Agora que já conhe­ce­mos as prin­ci­pais carac­te­rís­ti­cas dos seres vivos que pro­cu­ra­mos, fica um pouco mais fácil definir os cri­té­rios e filtrar a busca para somente os pla­ne­tas capazes de sus­ten­tar a vida.

Pri­mei­ra­mente, exo­pla­ne­tas são pla­ne­tas de fora do nosso Sistema Solar, podendo orbitar uma estrela ou vagar erra­ti­ca­mente pelo espaço. Suas carac­te­rís­ti­cas como com­po­si­ção, tamanho, forma, órbita, tem­pe­ra­tura, campo mag­né­tico, eixo de rotação, etc, variam com as con­di­ções em que foram for­ma­dos e a região que estão no espaço. Também vale notar que, além de pla­ne­tas, saté­li­tes natu­rais possuem grande pro­ba­bi­li­dade de sus­ten­tar vida, como é o caso de algumas luas dos pla­ne­tas Júpiter e Saturno.

ATENÇÃO! Nunca é demais res­sal­tar que as con­di­ções que con­si­de­ra­mos para que um planeta seja habi­tá­vel são base­a­das nas formas de vida que conhe­ce­mos aqui na Terra. Então é pos­sí­vel que este­ja­mos des­car­tando pla­ne­tas habi­tá­veis sem saber­mos! Dito isso, que con­di­ções são essas? As três prin­ci­pais carac­te­rís­ti­cas para um exo­pla­neta são:

  • possuir grandes exten­sões de água líquida
  • con­di­ções favo­rá­veis para a for­ma­ção de molé­cu­las orgâ­ni­cas complexas
  • fontes de energia para prover metabolismos

Figura 2: Zona de habi­ta­bi­li­dade em estre­las com dife­ren­tes massas. Fonte: if.ufrgs

Entre­tanto, tais carac­te­rís­ti­cas do exo­pla­neta depen­dem da sua loca­li­za­ção no espaço e da estrela que ele orbita. Assim, deter­mi­nou-se a zona de habi­ta­bi­li­dade (Figura 2) como a região do sistema pla­ne­tá­rio com tem­pe­ra­tu­ras mais amenas, per­mi­tindo a exis­tên­cia de água líquida e uma atmos­fera. Isso porque ela é longe o sufi­ci­ente para os ventos solares não expe­li­rem os ele­men­tos quí­mi­cos para órbitas mais dis­tan­tes (como é o caso de mer­cú­rio), porém perto o sufi­ci­ente para que exista algum efeito estufa, que regula a tem­pe­ra­tura acima do con­ge­la­mento total. Além disso, é impor­tante que o planeta possua órbitas está­veis e com pouca elon­ga­ção para que não haja mudan­ças bruscas de tem­pe­ra­tura. A res­peito da esta­bi­li­dade das órbitas, é pos­sí­vel per­ce­ber a partir da Figura 1 que pla­ne­tas de sis­te­mas solares em for­ma­ção são pouco pro­vá­veis de abrigar vida, pois são facil­mente des­truí­dos. Além disso, as estre­las devem possuir um tempo de vida razo­a­vel­mente longo para a vida se formar e devem estar em regiões está­veis do espaço (con­tra­e­xem­plos: aglo­me­ra­dos glo­bu­la­res, centro de galá­xias e sis­te­mas biná­rios, pois são lugares com grande inte­ra­ção inte­res­te­lar, o que gera ins­ta­bi­li­dade nas órbitas dos planetas).

Como podemos procurar?

Para pro­cu­rar­mos a vida fora da Terra,  pre­ci­sa­mos uti­li­zar os dados de ele­men­tos que pos­si­bi­li­tam a exis­tên­cia de vida e a sua pro­ba­bi­li­dade, uma vez que não temos nada con­fir­mado ainda. A pri­meira forma de pro­cu­rar é bus­cando pla­ne­tas que estejam na zona de habi­ta­bi­li­dade ou que criem con­di­ções para a exis­tên­cia de vida já conhe­cida por nós. Nisso podemos muito bem con­si­de­rar  Encé­lado (uma das luas de Saturno) e Europa (uma das luas de Júpiter). Mesmo ambas estando fora da zona de habi­ta­bi­li­dade e cober­tas por uma camada densa de gelo, elas podem possuir um oceano de água em estado líquido no seus inte­ri­o­res, podendo  existir fuma­ro­las oceâ­ni­cas e dessa maneira um pos­si­bi­li­dade de con­di­ções para a vida.

Figura 3: Imagem de radar da Cassini de lagos de Hidro­car­bo­ne­tos na Lua de Titã. Fonte: Wiki­pé­dia.

Existem também aquelas pos­si­bi­li­da­des que vão  para além da nossa con­cep­ção tra­di­ci­o­nal de vida. Um exemplo disso é o caso de Titã (uma das luas de Saturno), por mais que per­ma­neça a uma tem­pe­ra­tura muito baixa, sabe-se que ela apre­senta chuvas de metano e até mesmo lagos con­tendo etano em estado líquido. Desse modo, esses atu­a­riam como sol­ven­tes asso­ci­ando-se a aos gases e as con­di­ções de uma atmos­fera desen­vol­vida, podendo dessa forma pos­si­bi­li­tar a for­ma­ção de vida. Contudo essa forma de vida seria com­ple­ta­mente dife­rente do que pos­suí­mos aqui na Terra, pois os seres vivos de nosso planeta uti­li­zam a água líquida como solvente.

Outra pos­si­bi­li­dade um tanto quanto exótica está asso­ci­ada ao planeta Vênus, por mais que possua uma atmos­fera extre­ma­mente quente, che­gando 464 ° C. Vênus possui uma zona de habi­ta­bi­li­dade em uma faixa de sua atmos­fera entre 51 km e 62 km, exis­tindo con­di­ções de se ori­gi­nar vida em suas nuvens ácidas. No ano de 2020, foi publi­cada a detec­ção de uma grande quan­ti­dade de fosfina na atmos­fera de Vênus, uma subs­tân­cia de difícil pro­du­ção sem prin­cí­pio bio­ló­gico envol­vido. Contudo numa análise mais precisa dos dados, essa quan­ti­dade detec­tada havia sido aumen­tada 7 vezes por decor­rên­cia de inter­fe­rên­cias nos equi­pa­men­tos, mesmo assim não se des­carta total­mente a pos­si­bi­li­dade de origem bio­ló­gica dessa subs­tân­cia. Mas podemos pro­cu­rar vida inte­li­gente? Sim, podemos mas para isso é preciso con­di­ção básica para lidar com a pro­ba­bi­li­dade de existir vida extra­ter­res­tre inte­li­gente. Visando ter uma ori­en­ta­ção básica em 1961, Franck Drake (1930) propôs alguns fatores básicos a serem supri­dos para haver a pro­ba­bi­li­dade de comu­ni­ca­ção com uma ou várias pos­sí­veis civi­li­za­ções de modo que se orga­ni­za­ram em uma equação, que foi apre­sen­tada na pri­meira con­fe­rên­cia do SETI (Search for Extra Ter­res­trial Intel­li­gence, que sig­ni­fica Busca por Inte­li­gên­cia Extraterrestre).

Em que,

N = número de civi­li­za­ções em nossa Galáxia capazes de se comunicar

        R = taxa de for­ma­ção de estre­las na Galáxia

        fp = fração pro­vá­vel de estre­las que têm planetas

        ne = número de pla­ne­tas ou luas com con­di­ções pare­ci­das com as da Terra

        fv = fração pro­vá­vel de pla­ne­tas que abrigam vida

        fi = fração pro­vá­vel de pla­ne­tas que desen­vol­vem vida inteligente

        fc = fração de espé­cies inte­li­gen­tes que podem e querem se comunicar

        L = tempo de vida de tal civilização

Diante da equação de Drake podemos aferir que seus quatro últimos ele­men­tos extra­po­lam o nosso conhe­ci­mento, sendo que o último pode ser con­si­de­rado como o fator mais impor­tante é aquele pos­sí­vel de ter inter­pre­ta­ções diver­sas. Tendo isso podemos sugerir algumas pos­si­bi­li­da­des de valores.

Figura 4: Pos­sí­veis valores para a Equação de Drake.

Diante dessas três hipó­te­ses plau­sí­veis, na pri­meira uma visão oti­mista tería­mos um bilhão de civi­li­za­ções podendo se comu­ni­car com nós, já na pes­si­mista seria apenas um tri­li­o­né­simo e a pro­posta por Drake tería­mos cem civi­li­za­ções aptas à comunicação.

Estamos à procura?

Diante dessa per­gunta podemos nos ima­gi­nar como pes­ca­do­res bus­cando uma cri­a­tura mito­ló­gica, , mas também estamos dei­xando ves­tí­gios para que possam nos encon­trar. Na procura podemos dividi-las na busca por uma prova da exis­tên­cia de vida de qual­quer taxo­no­mia e outra que almeja encon­trar algum sinal oriundo de vida extra­ter­res­tre inteligente.

A nossa efetiva procura por provas da exis­tên­cia de vida extra­ter­res­tre começou em 1959, quando os cien­tis­tas Giu­seppe Cocconi (1914 — 2008) e Philip Mor­ri­son (1915 — 2005) publi­ca­ram um artigo, pro­pondo as ondas micro­on­das como um poten­cial para a procura de vida extra­ter­res­tre inte­li­gente. Já a pri­meira missão com inten­ção de explo­rar a pos­si­bi­li­dade da vida extra­ter­res­tre, foi des­ti­nada a Marte em 1975 (Viking 1 e 2). Devido a pro­xi­mi­dade com a Terra e por sempre ser um planeta visto como pro­mis­sor a vida, porém os resul­ta­dos foram incon­clu­si­vos na medida  que não foram detec­ta­dos com­pos­tos orgâ­ni­cos em sua super­fí­cie e as amos­tras de solo apre­sen­ta­ram resul­ta­dos ambí­guos a evi­dên­cias meta­bó­li­cas. Mais tarde sur­gi­ram expli­ca­ções para esses dois fatos, pri­meiro devido a des­co­berta que algumas argilas possuem capa­ci­dade de darem resul­ta­dos simi­la­res aos de reações meta­bó­li­cas e a ausên­cia de com­pos­tos orgâ­ni­cos na super­fí­cie mar­ci­ana decorre dela ser rica em supe­ró­xi­dos de ferro (fato que torna Marte ver­me­lha), oriun­dos da inte­ra­ção da radi­a­ção solar com o solo.

Figura 5: Placa fixada à Pioneer 10. Fonte: Wiki­pé­dia.

Em 1972 e 1973, foram lan­ça­das ao espaço sondas Pio­ne­ers 10 e 11, que sairiam do sistema solar. Muito mais do que sondas de pes­quisa espa­cial, elas levaram consigo duas placas de alu­mí­nio cober­tas por ouro. Nesses  con­ti­nham as imagens de um homem e uma mulher ambos nus, a repre­sen­ta­ção de uma tran­si­ção hiper­fina do hidro­gê­nio, a posição rela­tiva do Sol na galáxia e uma repre­sen­ta­ção do sistema solar. Em 1977, foram lan­ça­das ao espaço as sondas Voya­gers 1 e 2, atre­la­das a elas foram postos dois discos de cobre reves­ti­dos por ouro. Nesses discos con­ti­nham 115 imagens da vida ter­res­tre, sons de sau­da­ções em 55 idiomas, sons natu­rais, músicas e algumas infor­ma­ções cien­tí­fi­cas. Muito mais do que infor­ma­ções, as sondas Pio­ne­ers e as Voya­gers levaram consigo a flama da espe­rança humana, do qual mesmo não encon­trando um destino defi­ni­tivo, sempre serão um lem­brete da ânsia humana para res­pon­der a questão pri­mor­dial aqui apre­sen­tada. Será que estamos sozinhos?

Álisson Schneider e Camila Raupp da Luz / Equipe AMLEF 2021

Saiba Mais

  • Quer saber mais sobre a Equação de Drake? Então segue a expli­ca­ção do Carl Sagan, divul­ga­dor cien­tí­fico da série Cosmos.

Referências

  1. Wiki­pé­dia: Zona Habi­tá­vel (PT/ES/IN)
  2. Exo­pla­net Catalog | Dis­co­very – Exo­pla­net Explo­ra­tion: Planets Beyond our Solar System (nasa.gov)
  3. Wiki­pé­dia :Vida em Titã (PT)Wiki­pé­dia: Vida em Vênus (PT)
  4. Wiki­pé­dia: Equação de Drake (PT/EN)
  5. Seti
  6. If.Ufrgs: Procura de vida fora da Terra
  7. Astro.if: Corpos menores do sistema solar
  8. Wiki­pé­dia: Discos de ouro da Voyager (EN)
  9. Wiki­pé­dia: Placa Pioneer (PT/EN)

Quais são as condições que possibilitam a vida no planeta Terra?

Para que haja vida no planeta Terra é muito importante que se tenha luz e calor do Sol e água na forma líquida. Esses elementos são fundamentais para a manutenção da vida em nosso planeta, pois todos os seres que aqui vivem necessitam deles.

Quais condições são favoráveis à vida humana explique?

Pode-se afirmar que as principais condições naturais favoráveis à existência e à manutenção da vida no planeta Terra, envolvem oxigênio, luz solar e água, visto que trata-se de elementos bióticos e abióticos essenciais para a manutenção da vida.

Quais as características do condições presentes na Terra possibilitaram o surgimento e a manutenção da vida?

Outras características do nosso planeta também foram fundamentais para o surgimento e manutenção da vida, como a presença de um núcleo metálico capaz de gerar um campo magnético, que atua como um "escudo protetor" contra radiações cósmicas, e a presença de um manto e sua movimentação abaixo da crosta, que promove as ...

Por que o Sol é tão importante para a vida na Terra?

A luz do Sol é muito importante para manter a vida no planeta Terra. Ela é a nossa fonte primária. Todos os seres vivos dependem da luz do Sol para sobreviver. Os vegetais, por exemplo, só conseguem realizar a Fotossíntese através do Sol (da luz).

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