Qual a diferença entre espondilite anquilosante é espondiloartrose anquilosante?

12/jul Por Helder Montenegro Revisão 12/jul - 2018

Espondilite anquilosante é um tipo de artrite, autoimune inflamatória crônica, que afeta os tecidos conjuntivos, especialmente as articulações da coluna, causando rigidez e dor nas costas. A doença também pode afetar os quadris, joelhos, ombros e outras regiões. Casos mais graves da doença acarretam lesões nos olhos (uveíte), coração (doença cardíaca espondilítica), pulmões (fibrose pulmonar), intestinos (colite ulcerativa) e pele (psoríase). Ainda não se sabe a causa, mas a doença acomete mais os homens do que as mulheres, de 20 a 40 anos. Como não há cura e costuma acompanhar a pessoa por toda a vida, a espondilite anquilosante deve ser tratada o quanto antes e desde o início. Assim, evita-se a progressão da doença e maiores complicações, como tornar-se incapacitante. O seu diagnóstico leva em conta sinais e sintomas da doença, resultados de exames laboratoriais de sangue e achados radiográficos nas articulações da região sacroilíaca. Nesse artigo vamos explorar a história da espondilite anquilosante, seus sintomas e causas, diagnóstico e tratamentos. Além disso, vamos dar dicas para ajudar a conviver com a doença, assim como evitar certos exercícios para não agravar ou se prejudicar ainda mais.

O que é?

A espondilite anquilosante é doença reumática sistêmica

A espondilite anquilosante é doença reumática sistêmica, autoimune, inflamatória e crônica que pertence a uma família de doenças chamadas Espondiloartrites Soronegativas, que também inclui a Artrite Psoriásica, Artrite Enteropática e Artrite Reativa. Espondilite significa inflamação da coluna, e Anquilosante significa a fusão, ou solda, de dois ossos em um só. A doença afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna, fazendo com que ela se torne dura e inflexível. Além disso, afeta também as grandes articulações, como: quadris, ombros e outras regiões. Por ser autoimune, sabe-se que é causada por uma deficiência no sistema imunológico, que faz com que ele ataque as próprias células e tecidos saudáveis do corpo, como se fossem invasores. Não se sabe o motivo que leva a este comportamento. No entanto, quando “ativado”, o sistema imunológico ataca a coluna e as articulações, ossificando os ligamentos da coluna, fazendo com que os ossos se fundam. Embora não exista cura para a doença, é muito importante diagnosticar a Espondilite Anquilosante e tratar o quanto antes. Isso vai estacionar a progressão da doença, manter a mobilidade das articulações acometidas, evitar maiores danos que podem trazer sequelas, e reduzir os riscos de outros problemas relacionados, como doenças cardíacas, entre outras.

Fatos Históricos

A Espondilite Anquilosante foi descoberta há muitos anos atrás.

Supostamente, a Espondilite Anquilosante foi descoberta por Galeno no segundo século (d.C.), e inicialmente classificada como uma doença diferente da artrite reumatoide. No entanto, anos depois, foram observadas algumas evidências esqueléticas da doença como ossificação das articulações, êntese, envolvendo primariamente o esqueleto axial, no esqueleto de um homem, com mais de 5000 anos, encontrado em escavações arqueológicas egípcias. O anatomista e cirurgião Realdo Colombo descreveu o que pode ter sido um caso de espondilite anquilosante em 1559. Mas a primeira descrição de alterações patológicas do esqueleto, provavelmente associada à espondilite anquilosante, foi publicada em 1691, por Bernard Connor. Em 1818, Benjamin Brodie se tornou o primeiro médico a documentar um paciente com espondilite anquilosante associada à uveíte. Em 1858, David Tucker publicou um livro, que descrevia um paciente que sofria de dor lombar e deformidades, o qual parece ter sido a primeira publicação estadunidense de um caso típico de espondilite anquilosante. Em 1893, o neurofisiologista Wladimir Bechterev, Adolph Strümpell na Alemanha em 1897 e Pierre Marie da França em 1898, foram os primeiros a fornecerem adequadas descrições clínicas, que permitiram um melhor diagnóstico de espondilite anquilosante, mesmo antes que as deformidades da coluna pudessem ser evidentes nos pacientes. Por esta razão, a espondilite anquilosante é conhecida também como doença de Bechterew, ou doença de Marie-Strümpel. A ligação da Espondilite Anquilosante com o antígeno HLA – B27, foi descrita em 1973, por Brewerton, e o termo espondilartrites foi estabelecido em 1974, por Moll e Wright, dois pesquisadores ingleses. Atualmente, o termo espondilartropatias foi substituído de forma mais adequada por espondilartrites.

Causas

As causas da Espondilite Anquilosante são desconhecidas.

A causa da doença é desconhecida, mas sabe-se que espondilite anquilosante ocorre quando o sistema imunológico do corpo passa a atacar suas próprias articulações, por razões ainda não compreendidas. Normalmente, as articulações entre os ossos da coluna e/ou as articulações entre a coluna e o quadril (articulações sacroilíacas), são os primeiros alvos desses ataques.

O papel do gene HLA-B27

No entanto, como muitas outras doenças, acredita-se na existência de uma influência genética no desenvolvimento da espondilite anquilosante. Segundo especialistas, a doença é cerca de 300 vezes mais frequente, em pessoas que possuem um determinado grupo sanguíneo de glóbulos brancos, denominado HLA-B27. Praticamente, 90% dos pacientes brancos com espondilite anquilosante são HLA-B27 positivos. Entretanto, possuir o gene HLA-B27 não determina que a pessoa irá desenvolver espondilite anquilosante, apenas significa uma propensão maior para desenvolver a doença. A teoria mais aceita é de que a doença possa ser desencadeada por uma infecção intestinal em pessoas geneticamente predispostas, portadoras do HLA-B27. Sabe-se também que a espondilite anquilosante não é transmitida por contágio ou por transfusão sanguínea. Pacientes com espondilite anquilosante são atacados pelo próprio sistema imunológico e acometidos por inflamações na coluna. Durante os ataques, o corpo busca se regenerar criando mais osso no lugar das articulações atacadas. Esse processo de inflamação e auto regeneração do corpo funciona para curar pequenas lesões, como uma torção no tornozelo. Mas no caso da espondilite anquilosante, esse processo de regeneração causa um crescimento ósseo no lugar das articulações, levando à junção deles (ossificação). Caso não for tratada, os ossos da coluna e quadril podem ficar completamente fundidos, levando a um enrijecimento e dor, assim como deformidades ou dificuldade para se movimentar.

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Espondilite anquilosante: Prevalência

Estudos mostram que cerca de 20% dos indivíduos com HLA-B27 terão espondilite anquilosante. Apesar disso, a maioria nunca será diagnosticada, pois ela se apresentará de forma mais branda. Como o HLA-B27 está presente em 7% a 10% da população, pouco mais de um em 100 indivíduos apresentará a doença. Filhos de pacientes com espondilite anquilosante possuem riscos muito reduzidos de apresentar a doença (até 15%) comparados às chances de 85% de gerar crianças saudáveis, sem a doença. Mesmo entre os 15% que sofram da doença, provavelmente apenas um apresentará uma condição severa, o suficiente para interferir em sua vida normal. Pais com espondilite anquilosante não devem testar seus filhos através de exames para verificar a presença do gene o HLA-B27, pois não há como saber qual criança com esse grupo sanguíneo apresentará a doença.

Espondilite Anquilosante Sintomas

Os sintomas da espondilite anquilosante são as dores na coluna.

O primeiro sintoma da espondilite anquilosante são as dores na coluna, especialmente na região lombar, podendo irradiar para as pernas. Normalmente, essa dor costuma persistir por mais de três meses, abranda com o movimento e aumenta com o repouso. A maioria das pessoas percebem os primeiros sinais e sintomas da doença entre o final da adolescência até os 30 anos, no entanto a espondilite anquilosante pode iniciar em qualquer idade. É comum também que diferentes sintomas se apresentem, e as pessoas sintam diferentes níveis de desconforto e redução de mobilidade. Algumas pessoas com espondilite anquilosante vivem anos achando que possuem apenas costas rígidas, sem saber que podem ter uma doença autoimune. Tais sintomas aparecem lentamente ou insidioso durante algumas semanas, e podem desaparecer espontaneamente (são intermitentes) e recidivar depois de algum tempo.

Evolução dos sintomas

No início, a espondilite anquilosante costuma causar dor nas nádegas, possivelmente se espalhando pela parte de trás das coxas e pela parte inferior da coluna. Geralmente, um lado fica mais doloroso que o outro. Outros sintomas incluem rigidez matinal da coluna, que diminui de intensidade durante o dia, o comprometimento progressivo da mobilidade da coluna que vai enrijecendo (anquilose) e aumento da curvatura da coluna na região dorsal. Quando o sistema imunológico é “ativado”, e passa a atacar a coluna e as articulações, a sensação é similar à de uma gripe, fazendo a pessoa se sentir muito cansada, perder o apetite, peso e podendo até ter anemia. Já a inflamação das articulações entre as costelas e a coluna vertebral pode causar dor no peito ao redor das costelas, que piora com a respiração profunda devido à diminuição da expansibilidade do tórax. Neste caso, não se deve fumar, pois os pulmões quando não podem expandir normalmente ficam ainda mais suscetíveis a infecções. Com a evolução da doença, a tendência é a dor tornar-se mais intensa, especialmente à noite. Com o passar do tempo, a inflamação causada pela espondilite anquilosante pode também avançar para outras regiões da coluna e outras partes do corpo, como quadril, ombros, joelho, calcanhar (tendão de Aquiles) ou na parte de baixo dos pés (fasceíte plantar).

Espondilite anquilosante ​Diagnóstico

A espondilite anquilosante é mais facilmente diagnosticada pelo reumatologista

A espondilite anquilosante é mais facilmente diagnosticada pelo reumatologista, médico especializado em artrites e doenças autoimunes. Normalmente, seu diagnóstico é baseado no histórico do paciente, conjunto de sintomas descritos por ele (dor nas nádegas e dor nas costas) e exames físicos. Durante o exame físico, o médico examina as costas e procura por espasmos musculares, focando na postura e na mobilidade, examinando também outras partes do corpo para encontrar outras evidências. De posse de todas essas informações, são pedidos exames  sanguíneos, aliados à exames de imagem (raios-x, tomografia computadorizada ou ressonância magnética) das articulações sacroilíacas, da coluna e das juntas afetadas para confirmar o diagnóstico. As alterações características costumam estar nas juntas sacroilíacas (sacroileíte), mas também essas alterações podem levar alguns anos para desenvolver-se. Portanto, podem não ser notadas na primeira consulta. Por isso, o médico avaliará o paciente com relação à anemia e aos testes da velocidade de sedimentação das hemácias (VHS) e proteína C Reativa (PCR), que informam quão ativa a doença está.

Espondilite anquilosante vs. outros problemas de coluna

A dor na coluna é uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos. No entanto, nem todas as pessoas com dor na coluna têm espondilite anquilosante. Por isso, o médico deve reconhecer as diferentes causas em cada paciente. As causas mais frequentes de dor na coluna são distensões ou entorses, que podem ocorrer em qualquer idade. Uma hérnia de disco é outro exemplo de causa de dor na coluna. Em pacientes idosos, problemas degenerativos como a osteoartrite, comumente afetam a coluna. Ao procurar o médico devido a dor na coluna, ele precisa determinar se o paciente tem artrite inflamatória e que se trata da espondilite anquilosante, ou se é uma das frequentes causas mecânicas. Pois o tratamento para ambas é diferente. O diagnóstico é feito através de um exame físico e dos sintomas, aliados à alguns exames de sangue e radiografias da bacia e coluna.

A importância do diagnóstico precoce

Apesar do diagnóstico precoce ser muito importante para determinar o melhor tratamento, muitos pacientes só foram diagnosticados vários meses ou anos após o início dos primeiros sintomas. No entanto, não há nenhum teste diagnóstico que possa ser solicitado no início da dor na coluna. Porém, os sintomas do paciente, que são diferentes das dores de coluna comuns, devem determinar o diagnóstico da espondilite anquilosante. A presença do gene HLA-B27 sozinho não determina o diagnóstico, embora ajuda em determinados pacientes, visto que cerca de 90% dos pacientes com espondilite anquilosante são HLA-B27 positivos. No entanto, esse é um exame caro e de difícil acesso, e atualmente se considera os exames de imagem (radiografia, mapeamento, tomografia e ressonância magnética) mais recomendáveis para detectar precocemente a inflamação das articulações sacroilíacas, que normalmente ocorre na fase inicial da espondilite anquilosante.

Espondilite Anquilosante: Progressão

A espondilite anquilosante se manifesta de forma diferente nas pessoas. Ou seja, um caso nunca é igual ao outro. Após a fase ativa em que as juntas estão mais inflamadas, a doença pode se tornar bem menos ativa ou mesmo totalmente inativa. Isto é, os sintomas podem surgir e desaparecer com o tempo e por longos períodos. Em alguns casos, os ossos das vértebras da coluna crescem, formando pontes entre as vértebras, às vezes envolvendo completamente as juntas. Com isso, as juntas ficam impedidas de movimento, causando a rigidez denominada anquilose. Assim, a coluna lombar enrijece, bem como a região posterior superior do pescoço. Por isso, é muito importante manter uma boa postura. Outras pessoas podem ter apenas uma série de leves dores e desconfortos, durante vários meses, sendo mais comum nas mulheres. Nesse estágio, a doença pode tanto desaparecer, como prosseguir causando rigidez na coluna dorsal ou mesmo no pescoço.

Órgãos e tecidos afetados pela espondilite anquilosante

Em casos mais graves, a espondilite anquilosante pode afetar outros órgãos e tecidos além da coluna lombar. São eles:

Articulações da coluna vertebral

Quando a espondilite anquilosante acomete as articulações da coluna vertebral ocorre inflamação das articulações da coluna e causa dores e rigidez matinal. A doença começa nas juntas entre o sacro e a pélvis, denominadas juntas sacroilíacas (sacroíleite).

Outras articulações

Quando acomete outras articulações causando inflamação das articulações dos quadris, ombros, joelhos e tornozelos com efeitos similares aos da coluna. Pode haver um período de dor na junta, talvez até com a ocorrência de algum inchaço, porém o tratamento alivia os sintomas.

Ossos

Algumas vezes, ocorrem dores em ossos que não fazem parte da coluna, como o osso do calcanhar, tornando–se desconfortável ficar em pé em chão duro (Fascíte Plantar), e o osso ísquio da bacia, tornando as cadeiras duras muito desagradáveis.

Olhos (uveíte ou irite)

Inflamação da região colorida do olho (íris), ocorrendo em um a cada sete pacientes. Os pacientes apresentam olhos avermelhados e doloridos, devendo procurar um médico o mais rápido possível, pois leva à danos permanentes.

Coração, pulmão e sistema nervoso central

Essas são complicações raras, afetando menos de um entre cem pacientes. A inflamação pode afetar as válvulas do coração, as articulações ou os discos entre as vértebras, podendo assim comprimir um nervo ou a medula óssea, causando dormência, fraqueza muscular ou dores. O pulmão raramente é diretamente afetado, mas pode ocorrer uma fibrose na sua parte superior. Além disso, o pulmão pode ser indiretamente comprometido pela diminuição da expansibilidade da caixa torácica.

Pele

Psoríase, uma condição inflamatória comum da pele, caracterizada por episódios frequentes de vermelhidão, coceira e presença de escamas prateadas, secas e espessas.

Intestino

A colite, ou inflamação do intestino, pode também estar associada à espondilite anquilosante em alguns pacientes.

Espondilite Anquilosante e Entesites

A entesite é um processo inflamatório da entese, nome dado ao local da ligação do músculo, tendão ou ligamento ao osso, ou seja, é o ponto de inserção entre eles. Nesse processo, as enteses locais ficam dolorosas e inflamadas. O desenvolvimento da entesite tem sido associado à presença do gene HLA B27, outro gene fortemente ligado à espondilite anquilosante. Frequentemente, as duas condições ocorrem juntas, entre 25 e 58% dos casos. Na verdade, essa ligação é tão forte que a entesite foi definida como uma característica da espondilite anquilosante. Entesite pode atacar em qualquer lugar onde o osso é ligado ao tendão. Normalmente afeta locais comumente associados à espondilite anquilosante. Por exemplo, a pelve e a região lombar. No entanto, a sensação de entesite também pode ser experimentada na periferia – os joelhos, calcanhares (local mais frequente) e solas dos pés (fascíte plantar). Isso significa que a dor pode ocorrer em qualquer uma dessas áreas, bem como na parte inferior das costas, podendo também ser sinais de alerta de espondilite anquilosante.

Espondilite anquilosante: Tratamento

A espondilite anquilosante não tem cura, mas tem tratamento.

A espondilite anquilosante não tem cura, e embora costume ser menos ativa conforme o avanço da idade, o paciente deve estar ciente de que o tratamento é para sempre. Portanto, o objetivo do tratamento é controlar a doença, aliviando os sintomas dolorosos e reduzindo o risco de deformidades. Assim como melhorar a mobilidade da coluna onde estiver rígida, permitindo ao paciente ter uma vida normal. Para tanto, recorre-se tanto ao uso de medicamentos quanto a sessões de fisioterapia, correção postural e exercícios, que devem ser adaptados a cada paciente. Além disso, a cirurgia pode ser necessária caso haja necessidade de substituir a articulação do quadril. Dentre os medicamentos mais indicados estão os anti-inflamatórios não-esteroides, os analgésicos e os relaxantes musculares, para o alívio da dor e da rigidez. Caso não haja resposta, recorre-se aos medicamentos modificadores da doença ou os biológicos, dependendo da manifestação da doença predominante. A sulfasalazina, por exemplo, tem-se mostrado eficaz para retardar a evolução da doença. O acompanhamento fisioterápico é fundamental para manter um programa de exercícios posturais e respiratórios, a fim de fortalecer os músculos e favorecer a mobilidade das juntas. Portanto, o exercício é fundamental no tratamento, e deve ser guiado por um fisioterapeuta, pois não se permite a prática de qualquer exercício.

Princípios de tratamento

Parte do tratamento da espondilite anquilosante é cuidar da saúde e da postura, evitando o excesso de peso e de cansaço por longos períodos de trabalho ou por excesso de compromissos. Portanto, para que o tratamento seja eficaz, é necessários obedecer os seguintes princípios:

  • Tomar cuidado com a saúde em geral e manter uma dieta equilibrada;
  • Insistir nos exercícios que visem a manutenção da postura e mobilidade das juntas afetadas pela doença. Portanto, uma boa postura é extremamente importante no trabalho, no lazer e até dormindo;
  • Consultar o médico em caso de necessidade de medicamentos para alívio da dor na fase aguda;
  • Evitar medicamentos para controlar a dor, pois uma vez controlada, será possível aplicar um programa regular de exercícios capazes de controlar a dor, fazendo com que os remédios se tornem cada vez menos necessários.

Tratamento medicamentoso convencional

O uso de analgésicos para aliviar a dor, assim como anti-inflamatórios e relaxantes musculares para ajudar na inflamação são bastante úteis no tratamento, especialmente na fase aguda. Existem várias substâncias capazes de reduzir ou eliminar a dor, que permitem ao paciente uma boas noites de sono e seguir com um programa de exercícios. Alguns dos medicamentos mais novos são criados para serem efetivos durante a noite e durante a primeira parte do dia. Caso não surtirem efeito, os modificadores da evolução da doença (DMARD/DMCD), como a sulfasalazina e o metotrexato são também prescritos. Segundo alguns estudos, o uso contínuo de anti-inflamatórios não-hormonais (AINE, AINHs) pode reduzir a progressão radiológica da espondilite anquilosante, por isso também são considerados modificadores de doença. Passada a fase aguda da doença, a maioria dos pacientes não necessita de remédios, uma vez que um programa regular de exercícios seja incorporado ao tratamento. Assim, os remédios passam a ser esporádicos, apenas usados quando os sintomas aparecerem. Em alguns casos, pode ser necessário um tratamento contínuo com doses reduzidas de medicamentos.

Terapias biológicas

Terapias biológicas representam um significativo avanço no tratamento da espondilite anquilosante, que não responderam de forma positiva ao tratamento convencional. A terapia biológica consiste em injeções subcutâneas ou intravenosas de medicações que combatem a dor, inflamação e as alterações da imunidade. As medicações são à base de anticorpos monoclonais, proteínas de fusão celular, anti-interleucinas e bloqueadores da coestimulação do linfócito T. Todas essas substâncias são capazes de inativar, com precisão e segurança, determinados alvos constituídos por células, citocinas e mediadores imunes presentes de forma anormal na circulação dos portadores de espondilite anquilosante.

Alternativas caseiras

Existem também algumas medidas caseiras que podem ajudar no alívio da dor e rigidez. Um banho quente deixando cair a água sobre a área afetada, compressas com bolsa de água quente ou um cobertor elétrico podem ser suficientes.

Acupuntura

Embora não haja provas de que a acupuntura seja efetiva no tratamento da espondilite anquilosante, essa terapia também costuma apresentar bons resultados para o alívio da dor crônica.

Cirurgia

Normalmente, a cirurgia só é recomendada quando é preciso restaurar os movimentos das juntas do quadril danificadas (artroplastia). Muito raramente, para posicionar corretamente as costas ou o pescoço de quem ficou muito afetado pela doença a ponto de não conseguir olhar para frente.

Exercícios

O objetivo dos exercícios no tratamento da espondilite anquilosante é conscientizar o paciente da postura, especialmente com relação às suas costas, e encorajar o movimento livre de algumas juntas, particularmente ombros e quadris. Exercícios são importante para a saúde em geral, ajudando também a manter as articulações funcionando adequadamente, além de protegê-las através do fortalecimento dos músculos ao seu redor. Movimentos reduzidos, mesmo por curto período de tempo, costuma enfraquecer os músculos, podendo levar muito tempo para reconstruí-los. A quantidade e intensidade de exercícios vão depender do nível da doença.

Fisioterapia

Provavelmente, em algum momento, o paciente terá que fazer um tratamento com fisioterapeuta. As sessões de fisioterapia irão consistir em uma rotina de exercícios que deverão ser praticados todos os dias. Os exercícios são indicados com base nas necessidades individuais de cada um. A Fisioterapia tem se mostrado importante para melhorar os resultados de longo prazo. O tipo correto de alongamento e exercícios podem reduzir a rigidez nas costas, especialmente pela manhã quando é pior, melhorando também a postura e ajudando a garantir que as articulações das costas funcionem corretamente. Um fisioterapeuta treinado em artrite é a pessoa mais adequada para ajudar a desenhar um programa de exercícios customizado para as necessidades do paciente com espondilite anquilosante.

Como conviver com a espondilite anquilosante

É possível conviver com a espondilite anquilosante.

Apesar de a espondilite anquilosante não ter cura, há tratamentos que podem aliviar as dores e sintomas para facilitar a vida de quem tem a doença. É perfeitamente possível desempenhar tarefas diárias e levar uma rotina normal quando se tem uma consciência melhor da doença para ajustar-se à ela de forma adequada.

Trabalho

A dor e a rigidez causada pela artrite podem impor algumas limitações de atividades diárias. No entanto, existem muitas coisas que podem ser feitas para reduzir o impacto da doença no trabalho. Recomenda-se ajustar a posição da cadeira e da mesa para uma postura mais adequada e o assento do veículo para uma direção mais confortável. Normalmente, pacientes com espondilite anquilosante são capazes de desempenhar muitos trabalhos, sejam intelectuais, semiqualificados ou braçais, embora os trabalhos intelectuais sejam os de maior adaptação. Um emprego em que se possa alternar entre sentar-se, andar e permanecer em pé seria o ideal para não sobrecarregar as juntas. Já o menos adequado seria algo que tivesse que se curvar ou agachar sob uma bancada por horas seguidas. Os trabalhos extenuantes podem piorar o prognóstico da espondilite anquilosante.

Álcool e tabagismo

Álcool não é recomendado para quem tem espondilite anquilosante, principalmente porque certos medicamentos utilizados no tratamento não podem interagir com álcool. Fumar pode piorar os sintomas da doença e tornar o tratamento ainda mais difícil. Além disso, tanto o tabagismo como a inflamação crônica causada pela espondilite anquilosante aumentam o risco cardiovascular, ou seja de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame).

Viagem

Geralmente, pessoas com espondilite anquilosante podem viajar, desde que consultem seu reumatologista. É importante o planejamento com antecedência para uma viagem mais segura e tranquila.

Sexo

Apesar da espondilite anquilosante não afetar diretamente a libido, a dor, a fadiga e dificuldades emocionais podem afetar a vida sexual. Ou, em alguns casos, pode dificultar caso o quadril seja afetado. Neste caso, a artroplastia do quadril pode ser consideravelmente útil na liberação dos movimentos.

Gravidez

Mulheres grávidas com espondilite anquilosante não correm riscos e nem causará danos ao bebê. No entanto, diferentemente de outras formas de reumatismo, a espondilite anquilosante não melhora durante este período. Geralmente, o parto pode ser até normal, mas, eventualmente, a cesariana se faz necessária caso as juntas do quadril estejam muito rígidas.

Dieta

Infelizmente, não existe uma dieta específica que evite o progresso da espondilite anquilosante, mas uma dieta equilibrada e saudável é sempre bem vinda. Além disso, nenhuma medicação natural provou ser eficaz no tratamento da doença. É importante ressaltar que apenas o médico pode saber se suplementos ou terapias alternativas irão interagir com as medicações utilizadas no tratamento da doença.

Dirigir automóvel

Pessoas com espondilite anquilosante precisam efetuar paradas de 5 minutos e sair do carro para espreguiçar quando dirigem por longas horas. Alguns pacientes com rigidez do pescoço e de outras partes da coluna têm dificuldades em estacionar e dar marcha-ré. Nestes casos, é possível utilizar ou adaptar espelhos especiais para auxiliar o motorista. Apoios para a cabeça também podem ajudar a evitar lesões no pescoço devido à desaceleração repentina. O pescoço enrijecido de um paciente com espondilite anquilosante é lesionado mais facilmente do que um pescoço normal. Recomenda-se usar um emblema de motorista deficiente no carro para alertar outros motoristas.

Espondilite Anquilosante: Aderência ao tratamento e outras recomendações

É muito importante que os pacientes com espondilite anquilosante tenham consultas regulares com um reumatologista e realizem exames periodicamente conforme solicitados pelo médico. O uso regular das medicações de forma correta também é extremamente importante, para avaliar eventuais trocas e substituições. Além disso, seguir algumas recomendações são igualmente necessárias:

  • Não deixe de praticar exercícios posturais e respiratórios indicados pelo fisioterapeuta. A imobilidade acelera a evolução da doença;
  • Opte por uma dieta balanceada que ajude a controlar o peso;
  • Procure manter a postura correta sempre, em qualquer situação, corrigindo-a constantemente, não somente durante os exercícios, mas também enquanto sentado, em pé ou andando;
  • Escolha um colchão firme e sem ondulações para manter a coluna estável, enquanto dorme ou descansa;
  • Deitar-se de bruços em uma superfície firme por cerca de 20 minutos a cada manhã ou começo de noite;
  • Repetir os exercícios de respiração profunda em intervalos frequentes durante o dia;
  • Não se automedique para aliviar a dor ou o desconforto. Procure assistência médica para diagnóstico e tratamento.

Exercícios que devem ser evitados

Há vários tipos de exercícios que devem ser evitados na espondilite anquilosante.

Muito se fala sobre o benefício da atividade física no tratamento da espondilite, mas não é qualquer exercício que é benéfico. A atividade ideal é a natação, de preferência em piscina aquecida, pois utiliza todos os músculos e juntas sem sobrecarregá-los. Esportes de contato não são indicados, pois danificam as juntas. Andar de bicicleta também é muito benéfico, pois mantém as juntas ativas, dando maior força às pernas. Além disso, é um bom exercício de respiração e auxilia na expansibilidade do tórax, por vezes diminuída pela espondilite anquilosante. No entanto, fazer exercício físico durante a fase inflamatória da espondilite anquilosante agrava a dor e o desconforto. Exercícios de intensidade moderada a alta afetam as vértebras e sobrecarregam os músculos ao redor da coluna vertebral. Os ossos de coluna anquilosados ou completamente fundidos se tornam quebradiços, o que piora a situação e apresenta um grande risco de fratura. Os exercícios de alto impacto como saltos, corrida, aeróbica, levantamento de peso e kickboxing devem ser evitados durante esta fase. É importante realizar os exercícios sempre sob orientação médica e supervisão de especialistas. Veja a seguir, os exercícios que devem ser evitados por quem tem espondilite anquilosante:

1. Ginástica Aeróbica (Step)

É uma forma de exercício aeróbico que utiliza uma plataforma elevada e incorpora múltiplos movimentos de subir e descer de forma rítmica. Durante esses movimentos, a parte superior do corpo também é usada, aumentando o choque e sobrecarregando as vértebras afetadas. Além disso, step requer estabilidade e equilíbrio do corpo inteiro, aumentando a demanda dos músculos das costas e fazendo com que as articulações fiquem mais vulneráveis à dor. No entanto, aeróbica que não promove saltos diminui o impacto do exercício e o estresse sobre a coluna vertebral.

2. Corrida

A corrida é um exercício de alto impacto que exige ritmo crescente por um longo período de tempo. Ao correr, as vértebras se chocam aumentando a dor e o desconforto na coluna. Por isso, tais exercícios de alto impacto não são recomendados por quem tem espondilite anquilosante. Corrida também pode aumentar a rigidez das vértebras afetadas pela doença, prejudicando a flexibilidade da coluna. Ao invés de correr, a caminhada pode ser uma opção melhor, desde que o ritmo seja uniforme e em superfície plana.

3. Levantamento de peso

Exercícios de levantamento de peso são projetados para aumentar a força, resistência e crescimento dos músculos do corpo, mas isso cria um desafio maior para o corpo. E sse tipo de exercício exige cuidados com a postura e formas de levantar o peso, pois qualquer erro pode lesionar os músculos. Levantar peso causa uma sobrecarga na coluna criando o desafio de manter uma mecânica adequada ao corpo, pois força insuficiente do core e fraqueza muscular podem causar dor severa. Os movimentos contra a resistência podem lesionar os músculos e ligamentos, além de também levar a fraturas de estresse. Assim, ao invés de usar pesos, pode-se fazer os exercícios que exigem apenas o próprio peso corporal ou peso leve (musculação).

4. Artes Marciais

Algumas artes marciais podem fazer parte do cotidiano, porém depende do estado de cada um. O Kickboxing, boxe, jiu-jitsu entre outras, são formas de exercícios de alto impacto que incluem chutes, socos e posturas, envolvendo movimentos corporais complexos da parte superior e inferior do corpo. Os movimentos da parte superior do corpo podem aumentar a tensão em alguns dos músculos das costas e podem aumentar o estresse sobre as vértebras, dependendo do nível de espondilite anquilosante. Kickboxing também aumenta as exigências de equilíbrio e estabilidade, predispondo o corpo a quedas frequentes. Em todos eles envolvem quedas, e a inflexibilidade causada pela condição faz com que os ossos sejam mais suscetíveis a fraturas ósseas. Tais exercícios devem ser todos evitados.

5. Parkour

Esta é uma forma de exercício que inclui saltos, agachamentos, levantamentos e rolamentos. Saltar coloca grande força sobre as vértebras e os discos intervertebrais. Por causa do endurecimento da coluna vertebral, as vértebras já estão predispostas ao aumento do impacto e choques. Além disso, agachamento aumenta a força sobre as articulações do quadril e do joelho, junto ao aumento das exigências de equilíbrio e estabilidade. Mas, devido ao endurecimento da coluna vertebral, estas exigências são maiores, aumentando a vulnerabilidade das lesões da articulação do quadril e joelho, ou lesões dos músculos ao redor dessas articulações, com dor aumentada e desconforto nas áreas vertebrais anquilosadas.

6. Cross training

O cross training é uma opção de altíssimo impacto que envolve subir escadas, correr, caminhar, arremessar etc. Isso aumenta o estresse sobre as costas e, portanto, pode aumentar a dor nas costas, aumentando muito a possibilidade de fraturas. Deve ser evitado ao máximo.

7. Saltos

Saltos de qualquer tipo, como pular corda, devem ser evitados. Saltar coloca grande força sobre as vértebras e os discos intervertebrais. Devido ao endurecimento da coluna vertebral, as vértebras já estão predispostas ao aumento do impacto e choques. Assim, saltar vai causar aumento da dor e desconforto. Em circunstâncias normais, as articulações do quadril e joelho absorveriam a maioria dos choques produzidos durante o salto, mas quando a mobilidade da coluna vertebral diminui, a responsabilidade do quadril e joelhos aumenta. Assim, tais exercícios deixam as articulações do quadril e joelho ficarem mais vulneráveis a lesões.

8. Abdominais

É um exercício prejudicial para as costas, especialmente para a parte inferior das costas. Nossa coluna tem várias curvas que são benéficas para transferir a pressão nas vértebras. No entanto, com a espondilite anquilosante, a curva normal da coluna se perde. Além disso, quando você executa flexões e extensões da coluna, a curva natural de sua parte inferior fica reduzida. O achatamento da curva lombar aumenta a dor e o estresse nas vértebras. Ao levantar o corpo durante o exercício, as pessoas tendem a puxar o pescoço para a frente e também aumentar a curva de sua parte superior das costas. Estes movimentos aumentam as demandas sobre os músculos das costas, aumentando ainda mais a dor. Abdominais parciais são opções melhores que abdominais com flexão e extensão total. Abdominais isométricos onde não há movimento articular são mais indicados.

9. Levantamento de pernas

É um tipo de exercício em que você se deita em linha reta em uma superfície plana e levanta ambas pernas até que suas pernas fiquem perpendicular ao solo. Este exercício também aumenta a dor nas costas. Pois, quando a perna é levantada, a curva da parte inferior das costas aumenta até a perna atingir a posição perpendicular ao solo. Assim, o movimento coloca mais exigências sobre os músculos das costas e também na coluna vertebral. Portanto, deve ser evitado.

Espondilite Anquilosante: Repouso

Se a espondilite anquilosante estiver muito ativa e a rigidez bastante problemática, podem ser necessários períodos de descanso temporário. Em alguns casos, até uma internação. No entanto, o repouso não significa permanecer imóvel, pois isso acaba acelerando a rigidez da coluna. Ao invés, deve-se praticar exercícios específicos para as costas, tórax e membros, para mantê-los flexíveis. Enquanto deitado, o paciente deve se manter em posição perfeitamente horizontal, deitado de costas, alternando deitado de bruços. O ideal seria deitar de bruços por 20 minutos antes de levantar pela manhã e 20 minutos antes de dormir à noite. A princípio, é possível não tolerar mais que 5 minutos de cada vez ou necessite de um travesseiro sob o tórax. No entanto, conforme a coluna vai relaxando, torna-se mais fácil. Tente fazer disso um hábito, pois evitará que suas costas se curvem. Embora deitar de bruços não seja muito prático, dedicar um tempo a este tipo de exercício simples é melhor do que nada. O colchão do paciente também deve ser firme e sem depressões. Se estiver deformado, pode-se utilizar uma tábua (70 x 150 x 1 cm) adequada entre o colchão e o estrado da cama. Após um tempo, quando a fase ativa dolorosa da espondilite anquilosante tiver passado, é importante ainda manter a cama rígida, evitando qualquer tendência de curvatura da coluna.

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Por Helder Montenegro Revisão 12/jul - 2018

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Qual a diferença entre espondilite anquilosante é espondiloartrose?

A espondiloartrose é uma artrose na coluna, isto é, uma inflamação na articulação da coluna vertebral. Já a espondiloartrose anquilosante é também uma inflamação na coluna, mas onde ocorre a união dos ossos em um só, ocasionando a rigidez da coluna vertebral.

Qual a diferença entre Espondiloartrose é espondiloartrite?

Espondiloartrose anquilosante / Espondilite Anquilosante Espondiloartrose anquilosante é o tipo mais agressivo da doença. Ela é também conhecida por espondiloartrite em fases iniciais. Se trata de uma doença inflamatória crônica aparente em uma lesão na coluna.

Qual é o CID da doença espondiloartrose anquilosante?

Espondilite anquilosante (CID 10 M45) é uma doença inflamatória crônica, que ainda não tem cura e que afeta as articulações do esqueleto axial, especialmente as da coluna, quadril, joelhos e ombros.

Qual exame detecta a espondiloartrose anquilosante?

O diagnóstico da espondilite anquilosante é feito pelo ortopedista através do exame físico, avaliação dos sintomas, histórico de saúde, presença de outras doenças como psoríase, doença inflamatória intestinal ou uveíte, por exemplo, e realização de alguns exames de imagem, como raio X ou ressonância magnética da ...

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