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Quais são os tipos de conhecimento?
Desde os primórdios da humanidade o homem busca compreender a si, ao outro e aos fenômenos da realidade circundante. Para isso, ele recorre aos diversos tipos de conhecimentos existentes e acumulados pela tradição: o conhecimento mitológico, filosófico, teológico, científico, etc.
Para além de uma hierarquia ou sobreposição entre os diversos tipos de conhecimentos o que há é uma relação de complementaridade em que os diversos aspectos da realidade são apreendidos, por diversos instrumentos, pelo sujeito cognoscente na sua relação com os objetos de conhecimento.
Conhecimento Mitológico
Anterior ao uso desenvolvido do logos, a humanidade, especialmente a cultura greco-romana, tinha a mitologia como forma de acesso às explicações para os fenômenos da realidade.
Essa forma de conhecimento, embora desvalorizada, quando não ridicularizada na atualidade, constitui numa forma fantástica de entender o mundo, a formação do universo, a constituição dos fenômenos a partir da pressuposta intervenção dos deuses na realidade o que pressupunha a crença religiosa como motor das transformações. Nesse sentido, os mitos tinham papel fundamental na cultura greco-romana na busca por explicações da realidade circundante.
O contrário do que alguns pensam, com o surgimento da Filosofia, lá na Antiguidade Clássica, os mitos não desapareceram da noite para o dia, como se fossem agora desnecessários, mas antes houve um processo lento de transição. Inclusive, filósofos como por exemplo Platão utilizou-se da estrutura mitológica para transmitir e potencializar o ensino de algumas de suas ideias. O que de antemão já é argumento suficiente para entendermos a importância do pensamento mitológico mesmo após a transição do mito ao logos.
Conhecimento Filosófico
O conhecimento filosófico, baseado na capacidade humana de interrogar e dar sentido à sua existência, torna-se um conhecimento que se distingue dos demais devido à sua capacidade eminentemente questionadora, reflexiva capaz de propiciar a ressignificação da relação homem-mundo. Esse conhecimento é baseado em processos racionais, abstratos e sem necessidade de comprovação empírica. Nesse sentido, o conhecimento filosófico transcende a área de atuação dos demais conhecimentos sem, contudo, se sobrepor, mas antes complementar o ver perspectivo sobre algum ângulo da realidade física ou metafísica.
Conhecimento Religioso
O conhecimento teológico, ou conhecimento religioso, pressupõe a crença em um ser transcendente que não apenas legitima, mas também possibilita a aquisição de novos conhecimentos. Desse modo, a verdade é uma consequência não de um processo mental, racional, mas de uma pressuposta crença na verdade revelada. Esse tipo de conhecimento tende a pautar-se numa visão dogmática da verdade, desprovida de método ou processos complexos de racionalidade. Nessa perspectiva, a palavra de Deus, do livro sagrado,do missionário religioso adquire por vezes ar de verdade absoluta e inquestionável.
Conhecimento Científico
Esse, adverso aos demais conhecimentos, pauta-se em métodos experimentais rigorosos para que a verdade/validade de uma teoria seja ou não aceita pela comunidade científica. Sob essa perspectiva, a validade de uma teoria não se dá pela mera autoridade da tradição, religião, ou mera opinião do indivíduo, mas antes pela sua validação metodológica a partir de critérios rigorosos e objetivos acordados previamente pela comunidade científica.Para mais informações sobre o conhecimento científico ler artigo: O Método Científico, deste portal.
Dica de Vídeo: Paródia – O Saber Científico
Fábio Guimarães de Castro
O conhecimento filosófico é valorizado na cultura ocidental como um tipo de saber elevado e refinado da humanidade. Por que ele possui tais valores positivos em nossa sociedade? A seguir, veja algumas de suas definições e relações com outros conhecimentos. Publicidade O conhecimento filosófico é uma forma de saber baseado no questionamento da aparente ordem natural do mundo. A partir da dúvida, a filosofia constrói um
pensamento sistemático e racional. Na narrativa ocidental tradicional, a origem da filosofia está na Grécia antiga, apesar de atualmente o fato ser questionado – há indícios anteriores de conhecimento filosófico, por exemplo, na África. Embora a filosofia ocidental não seja necessariamente ciência, ela também não se confunde com a mitologia. Assim, um de seus objetivos é formular um conhecimento baseado na razão, negando os mitos tradicionais. Existem muitos conhecimentos filosóficos possíveis. No modo ocidental como conhecemos, é importante salientar pelo menos 4 características importantes para lembrar sobre esse tipo de saber: Essas características são critérios importantes para discutir sobre o conhecimento filosófico. Além disso, elas são úteis também para guiar debates mais gerais, garantindo uma relação mais democrática na sociedade. Publicidade O conhecimento filosófico é apenas uma das formas de saberes que existem na humanidade. Assim, é importante entender algumas delas, bem como suas diferenças e semelhanças com a filosofia: É uma das formas de conhecimento mais disseminadas e sabidas. Assim, em oposição à filosofia ou a ciência, o senso comum é considerado em geral como irracional, sem reflexões profundas ou até ingênuo. No entanto, é importante entender que esses são muitos preconceitos para com o senso comum. Na verdade, esses conhecimentos também podem ser coerentes, e estão ligados à lógica da vida cotidiana. Portanto, são importantes para a experiência de vida em geral. Publicidade Assim como a filosofia, a ciência se usa da racionalidade, da lógica e da sistematização para produzir conhecimento. No entanto, os cientistas se preocupam com a experimentação e a verificação de suas hipóteses na realidade – uma tarefa que não é cabível aos filósofos. Logo, a ciência também muitas vezes gera um conhecimento técnico, visando transformar a natureza ou modificar as relações entre as pessoas. Por sua vez, a filosofia não tem necessariamente
um compromisso com tais tecnologias. Por mais que a teologia geralmente se refira ao cristianismo em específico, é possível pensar em um conhecimento religioso em geral. Os saberes produzidos nas religiões não são filosóficas, nem científicas, e nem se limitam ao senso comum.O que é conhecimento filosófico
As 4 características do
conhecimento filosófico
Outros conhecimentos
Conhecimento do senso
comum
Conhecimento científico
Conhecimento teológico
Desse modo, cada religião possui crenças próprias, costumes, rituais e um modo de organizar o mundo conforme seus agentes sagrados ou profanos. Frequentemente, somente os líderes religiosos possuem os segredos mais profundos desse conhecimento.
Portanto, há uma variedade de saberes importantes e eles não podem ser considerados mais importantes que o outro. Além dos citados, há, por exemplo, o conhecimento mágico. Pesquisas antropológicas demonstram o quão complexos e coerentes são esses saberes.
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5 videoaulas sobre o conhecimento filosófico
A filosofia é um tipo de conhecimento antigo e, por isso, é abrangente e plural. A seguir, confira uma seleção de vídeos que revisam sobre suas definições possíveis. Além disso, há ainda temas importantes a serem discutidos, como a origem e a diversidade filosófica:
O que é filosofia
Acima, veja uma explicação sobre a definição clássica e corrente do conhecimento filosófico. Logo, será possível distinguir e pensar sobre suas diferenças com outros saberes.
As diferentes formas de conhecimento
Por mais que a filosofia seja um saber importante, há outros tipos de conhecimentos que também são complexos e relevantes para a humanidade. Conheça alguns deles.
A filosofia e o senso comum
Uma diferença tradicional é feita sempre entre a filosofia e o senso comum. Além disso, há a narrativa clássica da origem grega do saber filosófico. Saiba mais sobre essa perspectiva.
Origem da filosofia: a África
Apesar de a narrativa tradicional situar a origem da filosofia na Grécia, há estudos que questionam esse fato. Se o assunto te despertou interesse, confira o vídeo acima.
Para introduzir filosofias orientais: Mozi
A filosofia que geralmente conhecemos é apenas sua versão ocidental. Além da origem africana da filosofia, é importante conhecer outras formas de pensar filosófico possíveis.
Assim, a filosofia é um tipo de conhecimento central em nossa sociedade. Afinal, ela também está ligada ao debate racional e a democracia, que são fundamentais para transformações sociais e soluções de problemas que enfrentamos.
Referências
A necessidade do conhecimento filosófico para a formação humana – José Aparecido de Oliveira Lima; Elizabete Amorim de Almeida Melo; Anderson de Alencar Menezes;
Os diversos tipos de conhecimento – Wilson Correiros.
Por Mateus Oka
Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.
Como referenciar este conteúdo
Oka, Mateus. Conhecimento filosófico. Todo Estudo. Disponível em: //www.todoestudo.com.br/filosofia/conhecimento-filosofico. Acesso em: 21 de December de 2022.
1. [CESPE]
De acordo com o pensador G. Vico, o senso comum
é um julgamento sem qualquer reflexão, comumente sentido por toda uma classe, todo um povo, toda uma nação, ou por todo o gênero humano. Segundo Heidegger, nós nos movimentamos no nível de compreensão do senso comum à medida que nós cremos em segurança no seio das diversas “verdades” da experiência da vida, da ação, da pesquisa, da criação e da fé.
M. Heidegger. Sobre a essência da verdade. São Paulo 1970, p. 18 (com adaptações).
A propósito dessas informações acerca do significado do
senso comum, problematizado pela filosofia, assinale a opção correta.
a) Enquanto o senso comum é um conhecimento seguro, a filosofia é um pensamento inseguro. Logo, a filosofia deve ser rejeitada como perigosa para o homem do cotidiano.
b) O senso comum reflete, argumenta e justifica suas crenças.
c) O senso comum é convicção arraigada, crença partilhada com segurança pelos homens, na vida, na ação, na pesquisa, na criação e na fé. A convicção é fundamental ao pensamento e,
portanto, o senso comum se identifica com o pensamento filosófico.
d) É com o senso comum que o homem enfrenta, no cotidiano, os seus problemas imediatos. O senso comum antecede todo o filosofar. Devido a essa anterioridade e ao seu caráter de convicção inquestionada, ele deve ser considerado como critério de julgamento, como princípio dirimente de todas as dúvidas teóricas.
e) O senso comum é um julgamento irrefletido, que, uma vez compartilhado por muitos homens no âmbito da cultura
como crença cotidiana, é tido como óbvio e permanece inquestionado. A filosofia, porém, é um movimento radical de autonomia do homem baseado no exercício do pensamento, do questionamento. Por isso, a filosofia se põe de maneira crítica frente às pretensões do senso comum.
Resposta: e
Justificativa: o senso comum é considerado irrefletido e irracional em oposição à filosofia. Por mais que essa diferença seja atualmente questionada, é o correntemente considerado.
2. [ENEM]
A filosofia, por outro lado, trata de problematizar o porquê das coisas de maneira universal, isto é, na sua totalidade, buscando estruturar explicações para a origem de tudo nos elementos naturais e primordiais (água, fogo, terra e ar), por meio de combinações e movimentos. Enquanto o mito está no campo do fantástico e do maravilhoso, a filosofia não admite contradição, exige lógica e coerência racional e a autoridade destes conceitos não advém do narrador como no mito, mas da razão humana, natural em todos os homens.
CARDOSO, O. et al. Filosofia. Curitiba: SEED-PR, 2007.
Ao refletir sobre os procedimentos da filosofia, o autor do texto a caracteriza como
a) exame do senso comum em busca de respostas.
b) análise crítica da realidade através do uso da razão.
c) prática de narrativa religiosa com ênfase no narrador.
d) uso da imaginação para construção de narrativas míticas.
e) emprego do pensamento fantasioso para explicar a
realidade.
Resposta: b
Justificativa: o uso da razão é uma das marcas do conhecimento filosófico, em contraposição a outros tipos de saberes.