Uma comunicação eficaz é a chave para o bom funcionamento de qualquer atividade humana, pelo que não é de estranhar que o mesmo se aplique à área da saúde. A comunicação em saúde pressupõe a aplicação de estratégias para informar indivíduos, comunidades ou instituições e influenciar as suas decisões, de forma a promover a saúde através da adoção de comportamentos informados.
Vários são os estudos que relacionam uma melhor comunicação com o aumento da qualidade e segurança dos serviços de saúde. Por um lado, uma comunicação consciente e efetiva entre profissionais de saúde (entre e intra equipa) potencia a sinergia entre os mesmos. Por outro, há necessidade de uma comunicação descentrada do profissional de saúde e centrada no doente, respeitando-o como um elemento ativo no seu processo de saúde, doença e tratamento.
As consequências de uma má comunicação entre profissionais de saúde, doentes e familiares incluem confusão ao nível da medicação e acompanhamento do doente, que, potencialmente, culminará em readmissões desnecessárias e até mesmo litígios passíveis de ser prevenidos. Num estudo realizado com base em dados de 3000 hospitais diferentes, ao longo de seis anos, foi determinado que a comunicação entre profissionais de saúde era o fator mais preponderante no que diz respeito à redução das readmissões (Senot, C., Chandrasekaran, A., Ward, P. T., Tucker, A. L., & Moffatt-Bruce, S. D., 2015).
Segundo um outro estudo, realizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, os obstáculos à qualidade da comunicação incluem a falta de formação e treino do profissional de saúde no que diz respeito a esta temática. Neste sentido, as competências comunicacionais deverão ser entendidas como parte integrante da sua formação, tal como acontece com outras competências de ordem técnica e clínica (Santos, M.C., Grilo, A., Andrade, G., Guimarães, T., Gomes A., 2010).
Não podemos deixar de mencionar a influência dos media sobre o atual panorama da comunicação em saúde. Graças à evolução a nível social e tecnológico que temos vindo a observar na História recente, a maioria da população dispõe de meios que lhe permitem aceder a uma quantidade incalculável de informação. Contudo, apesar de haver informação em abundância, isso não significa que a maioria dos cidadãos saiba, necessariamente, assimilar e utilizar esses dados. A saúde abrange assuntos com uma certa complexidade e especificidade e uma linguagem bastante característica, pelo que a sua interpretação pode tornar-se difícil. Neste sentido, estes meios, como já o são atualmente, deverão ser aproveitados pelas instituições e profissionais de saúde para informar e educar o público.
No entanto, também será necessário ter em conta que, mais importante do que simplesmente passar informação, é saber passá-la eficazmente e de forma a que a maioria da população a entenda.
Temos ainda de ter em conta o potencial para a divulgação de informação incorreta ou até mesmo enganosa, sendo vários os exemplos deste tipo de situação. Seja desinformação relativa à relação entre a vacinação e o surgimento de autismo ou relacionada com possíveis métodos de desinfeção e proteção contra infeções virais, por exemplo, as consequências deste fenómeno podem ser gravosas. Não só podem ter efeitos negativos ao nível do bem-estar e saúde da população, como podem levar à deterioração da sua confiança no governo, nas autoridades e nas instituições de saúde.
O fact checking em saúde não é ainda tão frequente como deveria ser. Além disso, pode tornar-se difícil competir com a viralidade da desinformação que pretende esclarecer. Desta forma, parte da solução baseia-se na criação de conteúdo mais claro, recorrendo a visualizações ou storytelling, por exemplo.
Em suma, a comunicação é um fator preponderante na saúde, não só por originar cuidados de saúde de maior qualidade e mais seguros, mas também porque permite influenciar as decisões e comportamentos dos cidadãos, promovendo o bem-estar da população. Nesse sentido, o aprimoramento das competências comunicativas será algo de extrema importância para as autoridades, instituições e profissionais de saúde, na demanda por cuidados de saúde de melhor qualidade e por uma sociedade mais informada e com maior capacidade para responder a problemáticas relacionadas com a saúde.
Pergunta de Marta Monteiro Ribeiro em 27-05-2022
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Resumo: A comunicação em saúde é uma peça fundamental para criar uma relação entre profissionais e usuários, especialmente em questões relacionadas com a aprendizagem e com os processos de trabalho em promoção da saúde, prevenção da doença realizados na atenção primária à saúde.
Qual a importância da comunicação entre os profissionais de saúde?
A comunicação entre os profissionais da área da saúde deve ser precisa, completa, sem ambiguidade, oportuna e compreendida por todos. Dessa forma, as instituições de saúde reduzem a ocorrência de erros, resultando na melhoria da segurança do paciente.
Qual a importância da comunicação para o profissional de enfermagem?
Observou-se que a comunicação efetiva é um valioso instrumento de trabalho para a enfermagem, possibilitando
acolhimento, humanização, aceitação do tratamento, segurança do paciente, favorece o meio multiprofissional, contribui para continuidade da assistência de alta qualidade.
O que significa comunicação em enfermagem?
Para a equipe de enfermagem, a comunicação é uma forma de interação, um meio para o entendimento entre as pessoas e um instrumento para transmitir informações de modo verbal.
Qual é a importância da comunicação?
A comunicação faz parte dos seres humanos desde antes da formação da sociedade e até os dias de hoje garante com que consigamos transmitir nossas ideias e pensamentos, além de resolver nossos conflitos e ajudar na construção de uma carreira profissional de sucesso.
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Qual é a importância da comunicação para a vida em sociedade?
Mas, a importância da comunicação também se vai acentuando
em progressão geométrica, porque a comunicação é que permite ao ser humano viver em grandes agrupamentos, ou seja, permite a vida em sociedade. Toda organização da sociedade humana depende da comunicação.
Qual a importância da comunicação nos dias de hoje?
Ela está presente nos relacionamentos e os torna muito mais saudáveis a partir do que nós falamos e o ouvinte compreende. Nós passamos por alguns maneiras de se comunicar ao longo dos anos até chegarmos no que conhecemos
hoje, a denominada comunicação 5.0.
O que dizer sobre a comunicação?
Não é à toa, então, que uma boa comunicação interpessoal passa pela capacidade de realmente ouvir o outro – algo conhecido como “escuta ativa”. Vai muito além de apenas ouvir as palavras que o outro fala, mas sim prestar atenção no tom de voz e na velocidade com que se fala. Se possível, também na linguagem corporal.
Quais os tipos de comunicação enfermagem?
A comunicação não verbal ocorre por meio de gestos, códigos sonoros, sinais, expressões faciais ou corporais, imagens ou códigos. Ela abrange a expressão corporal e facial, gestos e reações do corpo a estímulos variados. A comunicação não verbal se apresenta de várias formas, como: Expressões faciais.