O solo é a principal ferramenta da agricultura, sendo um recurso natural e renovável fundamental para o plantio. Ele é determinante na escolha do tipo de cultivo que será aplicado em determinado local e também fator decisivo para uma produtividade positiva.
No Brasil, existe uma grande variedade de solos, que vão desde os mais arenosos e impróprios para o cultivo até os mais humosos e ricos em nutrientes — tipos mais recomendados para a agricultura.
Qual é a estrutura ideal do solo?
A estrutura do solo afeta diretamente a decisão sobre o local ser apropriado ou não para a agricultura. Para um solo ser considerado fértil, ele necessita de uma composição complexa (com acesso à luz e ao calor), riqueza em nutrientes essenciais e capacidade de prover a água que o cultivo escolhido precisa.
A partir da composição mencionada acima, é possível sustentar uma grande produtividade agrícola e, ao mesmo tempo, desempenhar as funções ambientais necessárias.
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Alvadi Antonio Balbinot Junior, Julio Cezar Franchini e Henrique Debiasi, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Soja, definiram cinco características essenciais que mostram a importância do solo bem- estruturado:
- alta atividade biológica;
- solo não pulverizado, ou seja, sem um desequilíbrio de areia, silte ou argilas;
- profundidade que não comprometa o crescimento das raízes;
- presença de agregados grumosos;
- equilíbrio, sem estar desestruturado ou compactado, isto é, com predomínio de agregados de 1 a 4 centímetros.
Aeração do solo
O último ponto apresentado por Alvadi Antonio Balbinot Junior, Julio Cezar Franchini e Henrique Debiasi é um dos aspectos cruciais do cuidado. Normalmente, a compactação e a desestruturação são sinais de falta de atenção com a base da agricultura. Uma solução é a aeração do solo, também conhecida como descompactação.
A aeração é feita da seguinte maneira: quando o solo está cheio de água, é realizada uma drenagem dos macroporos, fazendo que o ar passe a ocupar o espaço onde antes havia apenas água. Essa ação simples permite que o ar esteja mais presente na composição do solo.
Essa prática é importante para garantir uma boa permeabilidade do solo ao ar e à água, permitindo uma respiração maior de plantas e micro-organismos, bem como uma decomposição melhor do material orgânico.
Elementos importantes do solo
Fora as características mencionadas acima, o solo tem mais três elementos que fazem parte de sua composição: a areia, o silte e a argila.
A areia, com um diâmetro que varia de 0,05 a 2 milímetros, é composta de um pequeno acúmulo de rochas ou minerais. Entre os minerais que fazem parte de sua composição, estão: quartzo, muscovita, turmatita, feldspato, mica e magnetita.
O silte é composto de feldspato, piroxênio, anfibólio, biotita e outros componentes, sendo a parte responsável por aquela sensação de sedosidade do solo. Normalmente, as partículas de silte têm um diâmetro entre 0,05 mm e 0,002 mm.
Por fim, a argila é responsável pela sensação de pegajoso e plasticidade do solo. Por ter um diâmetro menor do que 0,002 mm, é impossível vê-la a olho nu. A argila é composta de minerais secundários: ilita, montmorillonita e caulinita.
O solo é derivado da decomposição de rochas, ou seja, ao longo de muitos e muitos anos, sob influência do sol e da chuva constantes, a rocha é transformada em diferentes tipos de solos.
Ele é composto por camadas (também chamadas de horizontes ou perfil do solo), sendo que a camada mais superficial (em torno dos 20 cm) é a mais rica em matéria orgânica.
Essa é a principal camada para o fornecimento de nutrientes às plantas, enquanto que as mais profundas servem para drenagem da água e sustentação do vegetal.
Além disso, ele não é homogêneo, variando de fazenda para fazenda, e até mesmo dentro da mesma propriedade.
As principais características do solo
Algumas das propriedades que caracterizam cada tipo de solo são: cor, textura, estrutura, porosidade, consistência e coesão.
Cor
A cor do solo ajuda a indicar a composição química dele, e é por meio da cor que se faz inferências sobre o teor de matéria orgânica presente, elemento que é fundamental na produção agrícola.
Textura
A textura (ou granulometria) refere-se à composição do solo e a proporção de argila, silte e areia presentes nele.
Além disso, a textura influencia diretamente na aeração do solo e no comportamento da água no solo, seja para drenagem ou armazenamento. Assim:
- Argila: são partículas mais finas e que retém mais água. Por isso, solos argilosos têm maiores riscos de compactação se mal manejados;
- Silte: são partículas de tamanho médio, com drenagem regular;
- Areia: são partículas grandes e que retém pouca água, mas possuem boa drenagem.
Estrutura do solo
A estrutura do solo corresponde ao arranjo das partículas primárias com as demais substâncias, tais como matéria orgânica, óxido de ferro e alumínio etc., podendo ser caracterizada quanto ao tipo, tamanho e grau de desenvolvimento.
- Tipo: laminar, prismática, colunar, blocos angulares, blocos subangulares e granular;
- Tamanho: muito pequena, pequena, média, grande e muito grande;
- Grau de desenvolvimento: solta, fraca, moderada e forte;
Porosidade
A porosidade diz respeito à quantidade e tamanho dos poros presentes no solo. Assim, a importância destes poros, por sua vez, é que eles são ocupados por água ou ar.
Dessa forma, a porosidade do solo influencia na aeração, na retenção e condução de água e na resistência do solo à penetração das raízes das plantas.
E isso tudo interfere na capacidade da planta de obter água e nutrientes disponíveis no solo.
Consistência
Na consistência é avaliada a condição de umidade do torrão, podendo ser de consistência seca, úmida ou molhada.
Solos com boa friabilidade (torrão que se desfaz com uma leve pressão entre o dedo indicador e o polegar) podem ser arados mais facilmente que os solos pegajosos (plásticos), os quais possuem restrição em seu manuseio, por aderirem fortemente ao rodado e ao implemento agrícola.
Coesão
A coesão remete à dureza do solo, sendo classificados como moderadamente coeso ou fortemente coeso.
Em solos fortemente coesos, há limitações físicas que impedem o desenvolvimento radicular, inibindo o crescimento da planta (quando seco) ou tornando-se uma estrutura instável (quando úmido), o que dificulta a mecanização.
Qual a importância da estrutura do solo?
A estrutura do solo nada mais é que a combinação dos materiais que compõem o solo, formando agregados, sendo um ambiente dinâmico, composto pelo conjunto dos fatores listados acima.
Sabemos que a água é um fator limitante no crescimento das plantas. Então, um solo bem estruturado é capaz de apresentar uma relação harmônica com a dinâmica da água, aproveitando-a da melhor forma possível.
Em resumo, um solo bem estruturado garante:
- Melhor infiltração da água e um armazenamento mais prolongado;
- Maior porosidade do solo;
- Maiores resistências à erosão, compactação e lixiviação;
- E rápida ciclagem de nutrientes.
Assim, é extremamente importante que o solo possua uma estrutura satisfatória, pois isso proporcionará melhores condições para que as raízes das plantas cresçam e se desenvolvam. Consequentemente, isso se refletirá na rentabilidade da lavoura.
Mas, como avaliar a estrutura? Quais práticas adotar?
Como avaliar a estrutura do solo?
A Embrapa possui o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
A classificação foi feita “a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil”, considerando o “clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas”.
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