Em outubro do ano passado, a população mundial ultrapassou os sete mil milhões de habitantes. Um desenvolvimento que traz novos desafios, segundo um relatório das Nações Unidas.
O relatório do Fundo de População das Nações Unidas, UNFPA, realça a tendência para um crescimento acelerado no futuro. Para 2050 conta-se com um número entre nove e dez mil milhões de habitantes no planeta. No entanto, em entrevista concedida à DW, Babatunde Osotimehin, Diretor Executivo do UNFPA, desdramatiza,“não é uma situação alarmante. Há que olhar para o que se esconde por detrás dos números”. O importante, diz, é a qualidade de vida. Para a assegurar há que “resolver assuntos como igualdade, educação e alimentação. E providenciar o fornecimento de todas as pessoas com serviços básicos”.
"Não há motivo para alarme" disse à DW o Director Executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin
O relatório chama também a atenção para o fato do crescimento não ser igual em todo o continente. O Diretor Executivo explica as diferenças: “há zonas do mundo em que a população cresce a um ritmo que não é acompanhado pelo crescimento económico. São regiões que se situam em África e no Sul da Ásia”.
Há diferenças de crescimento no continente africano
Noutras regiões do mundo, como na América Latina, no leste da Europa e na Ásia central, o problema apresenta-se de forma diferente. Aqui estagna o crescimento demográfico, mas aumenta a pressão resultante do êxodo da população rural para os centros urbanos. E há uma terceira variante, diz Osotimehin, "é o caso de países como a Alemanha e a Rússia, nos quais a população recua. Eles situam-se sobretudo no norte da Europa. Mas também o Japão é afetado”.
Acesso à edução é um dos serviços básicos que devem ser prestados a toda a população mundial
Apesar de, atualmente, dois em cada três habitantes do mundo ser de origem asiática, segundo as estimativas dos especialistas, a população africana cresce duas vezes mais depressa do que aquela na Ásia. Mas também em África a situação não é igual em todo o lado. “A situação é bastante mais equilibrada no norte do continente”.
O relatório alerta para a necessidade de tomar várias medidas como “o acesso à água potável e a alimentos, o saneamento básico e a segurança pública”, diz o responsável da UNFPA, que acrescenta, “quando chegarmos aos nove mil milhões de habitantes, o mundo terá que produzir mais 70 % de alimentos do que agora. A distribuição terá que ser aperfeiçoada”.
A distribuição equitativa de alimentos é uma prioridade
Cabe às mulheres decidir quantos filhos desejam ter
Osotimehin lembra que existem regiões no mundo onde se deitam fora alimentos que escasseiam noutro lado. "Algo que deve ser mudado com urgência", remata. E nos países africanos e asiáticos de rápido crescimento demográfico, diz Osotimehin, os governos devem enfrentar o desafio reforçando o planeamento familiar “para obter uma situação econômica e social mais estável". O que requer medidas no âmbito da educação, “nos países em que a população cresce a um rimo acelerado esforçamo-nos por fazer ver aos governos que devem levar a cabo programas de educação para mulheres jovens”. Mas sempre tendo em conta que cabe à mulher decidir se quer ou não ter filhos. “Só que as condições para os criar devem ser melhoradas”.
Autora: Nicolas Martin/ Julia Wegenast
Edição: Cristina Krippahl