3 de fevereiro, 2013 às 17:44 | Postado em Mecânica, Mecânica de fluidos Para um avião não cair pelo que entendi elas tem que se anularem certo? Obrigado Pergunta originalmente feita em
br.answers.yahoo.com Comentário do autor da pergunta após a resposta abaixo: Muito obrigado professor o senhor ajudou muito. Se o avião voa com velocidade constante a Primeira Lei Newton garante que a RESULTANTE das forças
sobre ele é nula (desconsideram-se aqui os efeitos discutidos na postagem A cinemática e a dinâmica da aeronave em voo paralelo ao solo). Portanto a soma vetorial da força de sustentação propiciada pelo ar com o peso do avião é zero e, decorre então, que a força de sustentação deve ter o mesmo módulo do peso. Na direção do
movimento do avião também as forças devem ser tais que a resultante seja nula. Desta forma a força que impulsiona o avião para frente (força de tração ou força de empuxo dos motores) deve ter o mesmo módulo da força de arrasto do ar. Se a força de sustentação for maior em módulo do que o peso, então o avião sofre uma aceleração para cima e não voa com velocidade constante. Se a força que impulsiona o avião para frente for maior em módulo do que a força de arrasto, então o avião sofre uma
aceleração na direção do movimento e não voa com velocidade constante. “Docendo discimus.” (Sêneca)
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/
Ou a sustentação tem que ser maior que a peso?
E aproveitando, a força de tração tem que ser maior que a de arrasto né?
Visualizações entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 1806.
Número de visualizações: 6.819
Pois é justamente este conceito que muita gente, por puro desconhecimento, acaba negligenciando e comanda inadvertidamente sua aeronave para uma situação crítica com sérias consequências, mas o pior de tudo, sem entender como isto foi acontecer...
Imagine então que você acaba de decolar com seu Sêneca e sofre uma parada de motor...
Apesar de termos estudado desde nosso PP que no caso de pane após a decolagem devemos procurar algum local numa referência de 45 graus para os dois lados, há quem tente, por instinto desesperado, retornar para a pista de onde acabou de decolar.
O piloto olha para o velocímetro e nota que está com velocidade acima da velocidade de estol e decide entrar em curva para tentar seu retorno sem se dar conta das três lições que aprendemos hoje.
1 – Com a inclinação eu devo aumentar meu ângulo de ataque e minha carga G para ter uma sustentação adequada;
2 – Com o aumento da carga G e sem potência adicional disponível, a velocidade da aeronave diminui; e
3 – Minha velocidade de estol vai aumentar significativamente com o aumento da inclinação.
Assim, basta que a velocidade de estol aumente e a velocidade no ar diminua o suficiente para que as duas se encontrarem e então você entrará num estol e será difícil recuperar o descontrole gerado.
Via de regra, a tentativa de retorno à pista se mostra a mais inadequada para este tipo de emergência. E observe que estamos falando apenas sobre o aspecto da inclinação da aeronave, pois se combinarmos fatores como peso da aeronave, temperatura, densidade e pressão, a gravidade da situação pode ser aumentada exageradamente.
Como você já deve ter percebido, esta matéria tem por objetivo alertar os pilotos de aeronaves onde a potência disponível é reduzida para compensar os efeitos de se voar em curva, principalmente em se tratando de aeronaves convencionais, pois na maioria dos casos, o aumento na velocidade ajuda a evitar um estol. É claro que se o avião não tiver um motor potente, talvez não consiga produzir o empuxo necessário para manter a velocidade alta, a fim de evitar um estol durante uma curva acentuada.
Assim lembre-se, caso não haja potência suficiente, você não poderá sair por aí fazendo curvas acentuadas à baixa altura.
Vamos explicar de outra forma...
Suponha que você tenha entrado com sua aeronave convencional em uma inclinação lateral de 45 graus e adicionado potência total para manter a velocidade no ar. Pronto!!! Você estará em curva nivelada, coordenada e sustentada.
Daí você resolve fazer uma curva realmente acentuada e inclina para 60 graus. Nesse ângulo de inclinação lateral, sua velocidade de estol aumenta de 50 para 70 nós (lembre-se do aumento de 40%). A pergunta é: “Você tem potência suficiente para manter a velocidade no ar acima de 70 nós em uma curva com inclinação lateral de 60 graus?”. A única forma de descobrir é tentar e experimentar isso a uma altitude segura. Quando você faz essa experiência, descobre que a velocidade no ar diminui, mesmo com potência total. Por quê? Porque aviões pequenos não têm potência extra para superar o enorme aumento no arrasto associado ao aumento necessário no ângulo de ataque.
Este conceito pouco difundido é que coloca seus comandantes em sérias enrascadas.
Voltemos finalmente à emergência após a decolagem. Ao manobrar para tentar um retorno à pista, uma grande inclinação é comandada para se alinhar à pista. Logo após identificar a emergência o piloto aplica a potência máxima na aeronave, portanto não tem mais nada disponível.
Então depois de iniciar a inclinação para o retorno à pista ele percebe que sua velocidade aerodinâmica começa a baixar, devido à grande inclinação lateral. Durante uma curva acentuada, a velocidade de estol aumenta por causa do aumento da força G e a velocidade no ar diminui por causa do aumento do arrasto. Quando a velocidade no ar e a velocidade de estol se encontram, o avião entra em estol e dependendo da altitude as consequências podem ser fatais.
Como última recomendação, pratique em grandes altitudes exercícios que reproduzam estes momentos críticos, de tal forma que te capacitem a tomar decisões sempre mais adequadas, a fim de preservar o bem de maior valor para você...
Sua vida!!!
Sergio Koch - TCel Av R/R