"É importantíssimo vacinar para evitar que o vírus volte”, diz Deivson ao g1. Ele enfatiza que a vacina da pólio tem eficácia comprovada, e chama atenção para a baixa adesão dos pais à campanha de vacinação. "Digo também aos pais que levem seus filhos à vacinação, que não deixem de vacinar”. Quanto aos baixos índices de vacinação no Brasil, ele afirma que “não podemos baixar a guarda, que o vírus existe e pode voltar ao Brasil”.
Quem ama cuida e vacinas salvam vidas, diz Deivson.
Engajado no combate a doença, Devison não perde a oportunidade de participar em campanhas de vacinação e em de debates sobre pós-pólio. “Sempre quando tem uma campanha de vacinação, o pessoal da saúde entra em contato comigo e eu participo das atividades”. Em 2017, ele participou do II Simpósio Internacional de Sobreviventes da Poliomielite, organizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Devison no II Simpósio Internacional de Sobreviventes da Poliomielite, organizado pela UNESCO. — Foto: Arquivo pessoal
Atualmente, ele vive uma vida saudável, sem sequelas, e atua como profissional de educação física em sua cidade natal, Sousa, no Sertão da Paraíba. “Agradeço a Deus pelo milagre e pela vacina porque se não fosse a vacina eu poderia ter ficado com alguma sequela no corpo, mas graças a Deus e a vacina foi resolvido”, desabafa Deivson, que chegou a tomar três das cinco doses da vacina.
Devison descobriu que foi o último brasileiro a contrair a poliomielite através da equipe de saúde da sua cidade, que procurou os seus pais para dar a notícia “Disseram que a doença tinha sido erradicada e eu tinha sido o último caso”, conta.
Diagnóstico
Tudo começou quando Deivson era apenas um bebê de 1 ano e cinco meses. Ele teve uma febre muito forte e que não passava. “Minha mãe me levou até uma pediatra da minha cidade. Chegando lá, ela ficou preocupada por causa da febre e porque eu já estava perdendo os movimentos. Então a médica me encaminhou para a capital João Pessoa”, conta Deivson, que precisou se deslocar da sua cidade até a capital e chegou a precisar viajar até o estado vizinho, Pernambuco, para realizar todos os exames necessários.
Deivson no batizado do seu filho — Foto: Arquivo pessoal
“Fiz exames em João Pessoa e em Recife e fui diagnosticado com o vírus da poliomielite”, afirma. Deivson ficou completamente paralítico durante seis meses. “Passei cerca de 6 meses, fazendo medicação, fisioterapia, até voltar aos poucos o movimento”, conta.
“Eu só mexia os olhos”, conta Deivson
“Isso gerou bastante preocupação aos meus pais por eu ter ficado paralítico”, diz Deivsson que relembra que um dos seus tios morreu em decorrência do vírus da poliomielite. “Hoje eu sou um homem, um pai de família, sou casado e tenho um filho que vai fazer dois anos. Eu trabalho como educador físico e sou personal trainer”, conta.
A importancância da vacina
A poliomielite é uma doença causada pelo poliovírus. “Um vírus que tem atração pelas células intestinais, então ele fica no intestino”, explica o médico infectologista Fernando Chagas. “É muito raro contrair a doença após a vacina”, afirma.
Segundo o infectologista, a vacina induz o sistema imunológico a responder bem a presença do vírus. Existem três tipos de poliovírus e ela é composta pelos três.
Ela não impede você e pegar o vírus, mas você não vai evoluir para a forma grave, diz o infectologista.
Progresso ameaçado
A doença, que é considerada oficialmente eliminada do território nacional, volta a preocupar. Devido à baixa taxa de vacinação, o Brasil é um dos oito países sul-americanos que apresentam alto risco de volta da poliomielite, segundo relatório divulgado pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) em 2021.
A vacina contra a poliomielite é indicada para todas as crianças, atualmente, num esquema de cinco doses. As três primeiras são feitas com o imunizante injetável e devem ser aplicadas aos dois, aos quatro e aos seis meses de vida. Depois, os dois reforços (geralmente feitos com as gotinhas) são dados entre os 15 e os 18 meses e aos 5 anos de idade.
Segundo os dados do próprio Ministério da Saúde, a taxa de imunizados contra a pólio caiu consideravelmente de 2015 para cá.
*Sob supervisão de Jhonathan Oliveira
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Também conhecida como paralisia infantil, doença pode ser prevenida com vacinação na infância, mas a preocupação tanto no Brasil quanto no mundo se deve principalmente à queda nas coberturas vacinais
Doença pode ser evitada com vacinação na infância: no Brasil, cobertura caiu de 98%, em 2015, para 44%, em 2022 Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após circular no Twitter comunicado da Secretária de Saúde do Pará (Sespa) sobre uma detecção do vírus da poliomielite no Estado, o governo paraense explicou que o caso está sendo investigado. A suspeita principal é que se trate de um dos componentes da vacina aplicada em uma criança de 3 anos, e que o elemento foi encontrado em exame
de fezes do paciente, que vive na cidade de Santo Antônio do Tauá, na região nordeste do Estado. “O tipo de vírus detectado no exame é um dos componentes da vacina, não se tratando do pólio vírus selvagem, já erradicado no país desde 1994”, diz a nota da Secretária de Saúde paraense. “Outras hipóteses diagnósticas não foram
descartadas, como Síndrome de Guillain Barré, portanto o caso segue em investigação conforme o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. A Sespa ressalta que presta toda a assistência ao paciente, que se recupera em casa, bem como, atua para a rápida investigação e esclarecimento do caso”, acrescenta. O Ministério da Saúde foi notificado e também acompanha. O último caso de poliomielite detectado no Brasil foi em 1989, na Paraíba. Nas Américas, o último registro de caso da doença ocorreu em 1991, no Peru, o que possibilitou que o continente, inclusive o Brasil, recebesse o Certificado da Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus
Selvagem, em 1994. Contudo, a doença vem sendo detectada desde o último mês de agosto nos Estado de Nova York, nos EUA, o que levou a governadora Kathy Hochul a declarar estado de emergência. Autoridades sanitárias de Londres, no Reino Unido, também encontraram amostras do vírus no esgoto da cidade recentemente. A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, pode ser prevenida com vacinação na infância, mas a preocupação tanto no Brasil quanto no mundo se deve principalmente à queda nas coberturas vacinais. No Brasil, a cobertura vacinal para a doença caiu de 98%, em 2015, para 44%, em
2022, segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, atualizado até quarta-feira (5). Erradicação da transmissão
Queda na cobertura vacinal