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quarta-feira, 20 de agosto de 1997

Lúcio Horta Especial para a Folha Ciência

Mário César.jpgWaldemar Guimarães: ‘‘o erro consiste em se exigir muito mais do que a capacidade física comporta’’Tratar de forma aberta, democrática e sem hipocrisia os mitos e as realidades que envolvem o desenvolvimento e a definição muscular. Tanto em programas de exercícios e utilização de pesos, quanto em dietas apropriadas e até o consumo de ergogênicos, como os esteróides anabólicos. Com esse objetivo, o professor de Educação Física e personal trainer Waldemar Guimarães Neto lançou no mês passado, pela Phorte Editora, o livro ‘‘Musculação - Anabolismo Total’’ (tiragem 5.000 exemplares). A obra, segundo ele, é a primeira a tratar do assunto em língua não-inglesa e é destinada principalmente às pessoas que frequentam academias de musculação, procuram resultados mas não tem orientação para explorar ao máximo o próprio potencial sem prejudicar a saúde.
Waldemar Guimarães foi professor universitário e supervisor técnico de academias de ginástica e musculação em Londrina. Há mais de cinco anos, reside na Inglaterra, onde trabalha e treina na Templo Gym, a mesma academia do Mister Olympia Dorian Yates, pentacampeão mundial de fisiculturismo. Além disso, escreve artigos para algumas publicações, como a Muscle in Form - que apesar do nome em língua inglesa é uma revista nacional, uma das mais tradicionais no gênero. O professor está no Brasil para lançar o livro e também para ministrar cursos em diversas cidades do País.
‘‘A musculação é uma atividade bastante procurada para melhorar a saúde e também para atletas de diversas modalidades que desejam aprimorar o aspecto força. Isso além de quem pratica o fisiculturismo, que é um esporte específico. E o livro vem trazer uma luz no fim do túnel para essas pessoas, já que existe uma grande carência de informações em relação ao assunto’’, aponta o professor. Diferentemente da Europa, Guimarães observa que no Brasil - salvando-se as raras exceções - a falta de orientação é regra e não é difícil observar nas academias pessoas exigindo muito mais do que a capacidade física comporta através de pesos e intensidade dos exercícios.

Reprodução‘‘São viciados, que ficam horas treinando e não vêem que existe vida fora das academias’’, define. O professor destaca que não adianta nada a pessoa ‘‘forçar a barra’’ nos exercícios que os resultados ou vão até o limite de cada um ou (o que é mais grave) o excesso ao invés de trazer benefícios pode até provocar lesões sérias. Acima de tudo, ele diz, o importante é a orientação. ‘‘Hoje os meus atletas na Inglaterra não treinam mais do que 50 minutos por dia, porque o treino é eficiente.’’
Guimarães afirma que, desde que lançou o livro, há um mês e meio, tem recebido cartas e telefonemas com elogios, principalmente das classes médica e esportiva. Dividido em quatro capítulos, o trabalho começa discutindo conceitos da ciência do crescimento muscular, depois parte para um capítulo específico sobre treinamento e outro sobre nutrição. Mas são as considerações sobre utilização de ergogênicos que que têm provocado mais polêmica. Embora não defenda abertamente a utilização desses produtos para melhorar a forma física, o professor expõe quais os resultados positivos que eles proporcionam, os efeitos colaterais e a melhor forma de utilizá-los.
‘‘Os esteróides são hormônios com finalidade terapêutica mas que vêm sendo utilizados, desde a Segunda Guerra Mundial, por soldados alemães’’, diz o professor. Ele explica que o consumo por parte dos atletas se propagou porque as substâncias melhoraram fatores como força, performance e agressividade para o treino. Isso mesmo depois que a pessoa atinja o auge da capacidade física através de alimentação e programas de exercícios adequados.
A partir de 1988, no entanto, com a desclassificação por doping do corredor canadense Ben Jonhnson das Olimpíadas de Seul - numa prova onde o atleta levou a medalha de ouro batendo o recorde mundial dos 100 metros rasos -, a discussão sobre a utilização dos esteróides passou a ser mais emocional do que racional. Pelo menos é essa a opinião de Guimarães. ‘‘A mídia mostra apenas os aspectos negativos dessas substâncias e as especulações científicas ultrapassaram as provas científicas.’’
Por isso, diz o professor, a própria indústria parou de fazer pesquisa e não houve mais a possibilidade de desenvolver esteróides 100% anabólicos (que causa melhora da condição física) e 0% androgênico (efeito colateral nulo). Outro fator: com medo de prejudicar a reputação, até mesmo os cientistas mais credenciados não quiseram ver o próprio nome envolvido com os esteróides.
Efeitos colateraisGuimarães acredita que a falta de pesquisa e de informação acabam gerando um problema ainda maior: a automedicação. Apesar de terem a venda proibida, qualquer garoto que pretende melhorar a capacidade física consegue comprar em farmácias esses produtos, que são consumidos sem nenhum critério. Entre os efeitos negativos que a utilização dos esteróides - principamente quando há exagero - são problemas de calvície, hepáticos, acne, doenças na próstata, sem contar um excesso de agressividade - que no esporte pode ser revertida positivamente, segundo Guimarães.
‘‘A grande maioria dos efeitos colaterais reduzem tão logo a quantidade seja diminuída. Agora, os efeitos a longo prazo não são conhecidos’’, admite. ‘‘E o objetivo do livro é informativo e não instigatório. Esclareço os efeitos colaterais e coloco como o atleta pode minimizar esses efeitos. Ou seja, a informação está aberta e não marginalizada. Para decidir, a pessoa tem que conhecer. Se ela quer ficar do tamanho de um animal, então que fique!’’, diz.
O próprio Waldemar Guimarães admite que já utilizou os esteróides para melhorar a capacidade física e não se diz arrependido. ‘‘Fiz de forma controlada e sob orientação médica. Tive alguns ganhos e não observei os efeitos colaterais’’, afirma. Ele lembra ainda que existe apenas um caso de morte relacionado a utilização dos esteróides, ‘‘enquanto a aspirina mata mais de 400 crianças por ano no mundo todo’’. Além dos esteróides, o trabalho expõe outras substâncias que são utilizadas com a mesma finalidade, como o GH (hormônio do crescimento), o HCG e a insulina.
RecordesApesar de toda a polêmica, Guimarães acredita que boa parte dos recordes ainda hoje são quebrados sob efeitos dos esteróides anabólicos. Mesmo porque, ele diz, enquanto a maior parte das pesquisas ‘‘oficiais’’ passaram a ignorar os esteróides, uma outra indústria, clandestina, foi formada para camuflar a utilização dos produtos e não permitir que eles sejam identificados nos testes de dopping. ‘‘Mas isso até hoje ninguém conseguiu provar.’’
O professor considera, porém, que há cerca de dois ou três anos as pesquisas em torno dos benefícios dos esteróides estão sendo retomadas. Isso porque eles poderão ser utilizados na cura de doenças degenerativas, como a AIDS, e também na composição de métodos contraceptivos masculino. ‘‘Assim como tem pessoas que precisam da maconha para diminuir a dor de algumas doenças! Mas essa discussão no Brasil está há muitos anos atrás. Parece que a Revolução de 64 ainda está impregnando as cabeças desse país.’’

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Onde mora Waldemar Guimarães?

Waldemar Guimarães foi professor universitário e supervisor técnico de academias de ginástica e musculação em Londrina. Há mais de cinco anos, reside na Inglaterra, onde trabalha e treina na Templo Gym, a mesma academia do Mister Olympia Dorian Yates, pentacampeão mundial de fisiculturismo.

Como é o treino de um fisiculturista?

É interessante começar com exercícios compostos, sendo a base do treino, como agachamento, levantamento terra, desenvolvimento para ombros, supino, barra fixa, mergulho, remada. O importante é focar em ganho de músculos. Depois poderá ser incorporado à rotina exercícios e máquinas de isolamento muscular.

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