50 PRINCIPAIS AVALIADORES
Avaliado no Brasil em 12 de dezembro de 2018
O texto é apresentado como resposta a "Por que escrevo", do George Orwell. Como o ensaio "Por que escrevo" do Orwell é muito bom -- está na
compilação "Dentro da baleia", lançada pela Companhia das Letras --, esperei que esse livreto da Deborah Levy pudesse ser também interessante, mas me enganei. Tudo começa com uma crise depressiva que ela teve numa escada rolante. Esses dramas femininos por si só não querem dizer nada, e como a escritora trabalha mal os devaneios em cima da sua crise, bem, sua crise para mim se torna "chata", acompanhando uma onda horrível dos últimos anos de "mulheres em crise com suas vidas de mulheres resolvem
escrever". O texto passa por sua infância na África do Sul, a convivência com uma menina negra filha da empregada (uma relação que me soou um relato de branquice, como quando brancos gostam de falar de suas amizades puras com negros), críticas ao Apartheid e resmungos feministas que às vezes têm um tom passado do ponto.
Para não dizer que não aproveitei nada, salvei umas quatro páginas do livro, com destaque para uma descrição de seu pai, com a qual me identifiquei, em que ela diz: "Ele não
suportava o que chamava de 'brutalidade' para com os objetos inanimados". É realmente lamentável quem não sabe ser suave com pratos, portas, eletrodomésticos, etc., e desconta sua raiva, primitivismo ou angústia neles.
Um dia gostaria de ler alguma ficção da autora para ver como é. Mas esse "Coisas que não quero saber" não foi nada do que eu esperava, pois imaginei um texto repleto de opiniões sobre escrever e há pouco disso no livro (a autora dizer várias vezes, out of nowhere, que "eu sabia que seria uma escritora" não vale). O nome de Orwell na capa me ludibriou. O texto é chato.