Metástase no fígado tem cura com quimioterapia

Você sabe como a metástase no fígado se manifesta? Vamos começar entendendo melhor este órgão.

Depois da pele, o fígado é o segundo maior órgão do corpo humano. Além disso, ele é certamente uma das partes mais importantes do nosso organismo, uma vez que exerce mais de 200 funções essenciais para a saúde e o bem-estar. Só para ter ideia, entre os papéis que o fígado cumpre, estão a síntese do colesterol, o auxílio no processo digestivo, a metabolização de nutrientes, o armazenamento de glicogênio, a eliminação de toxinas, etc.

Assim como outros órgãos, o fígado está sujeito ao acometimento por tumores malignos. O câncer hepático é atualmente o quinto mais frequente no mundo e um dos mais perigosos. As neoplasias no fígado podem ser primárias, quando se originam no próprio órgão, ou secundárias, também chamadas de metastáticas, quando surgem inicialmente em outro órgão e posteriormente causam metástase no fígado.

É sobre as metástases hepáticas que vamos conversar neste artigo. Elas ocorrem quando o câncer não se limita ao seu sítio principal e acaba atingindo o fígado. Vale ressaltar que esse tipo de metástase é mais comum em estágios avançados de câncer de pâncreas, de mama, de cólon, de esôfago, de pulmão, de reto, de pele, de ovário, de estômago e de colo do útero.

Ainda que o tumor primário seja tratado e removido cirurgicamente, a metástase do fígado pode acontecer anos depois. É importante ficar atento aos sinais e fazer o acompanhamento regular para identificar e tratar essa condição precocemente caso ela venha a ocorrer. 

Neste artigo, você vai conhecer os principais sintomas de metástase no fígado. Continue a leitura e saiba mais!

Em alguns casos, a metástase do fígado é assintomática logo no começo. Entretanto, alguns pacientes podem apresentar manifestações como redução do apetite e perda de peso. Com o passar do tempo, o fígado tende a aumentar, endurecer e provocar dores. Há também a possibilidade de o baço inflamar, sobretudo quando o tumor primário é no pâncreas. 

Nas fases mais avançadas, a metástase hepática pode gerar sinais físicos como urina escurecida, amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), desconforto no ombro direito, dor abdominal, confusão mental, náusea, sudorese excessiva e febre.

Diagnóstico da metástase do fígado

O diagnóstico da metástase do fígado é feito pela verificação da presença dos sintomas mencionados, bem como por detalhada análise clínica. A confirmação ocorre por meio do resultado de exames como tomografia abdominal, ultrassonografia de fígado, ressonância magnética, laparoscopia, angiograma e teste de função hepática.

Se a suspeita de metástase do fígado for confirmada, o tratamento deve ser iniciado e pode incluir a realização de quimioterapia, terapia-alvo, terapia biológica, terapia hormonal, cirurgia, radioterapia ou terapia combinada. A abordagem terapêutica dependerá de fatores como o tipo de câncer primário, tamanho, localização e estágio dos tumores metastáticos, estado geral de saúde do paciente, idade e tratamentos anteriores.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter sobre o assunto e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cirurgião do aparelho digestivo no Rio de Janeiro!

Atualizado em 14/07/2021

Tempo de leitura: 4 min.

Por Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio

Metástases Hepáticas 2

  • Sobre o fígado
  • Metástases hepáticas: introdução
  • Prevenção e fatores de risco para metástases hepáticas
  • Detecção Precoce de metástases hepáticas
  • Sintomas de metástases hepáticas
  • Diagnóstico de metástases hepáticas
  • Estadiamento de metástase hepáticas
  • Tratamento de metástases hepáticas
  • Resultados do tratamento das metástases hepáticas

Sobre o fígado

O fígado é o maior órgão do corpo humano, estando localizada na parte superior direita do abdômen. O fígado exerce inúmeras funções na regulação do organismo, na desintoxicação do sangue, na defesa contra infecções, no depósito de energia e na produção de bile que auxiliará no processo digestivo.

Metástases hepáticas: introdução

Para melhor compreensão os tumores benignos do fígado são apresentados em uma sessão separada.

Os tumores malignos do fígado podem ser divididos em: câncer primário (com origem no próprio fígado) e câncer secundário ou metastático do fígado (com origem em outros órgãos e que atinge o fígado secundariamente).

Dentre os tumores primários do fígado, o mais frequente é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular.  Outros tipos de câncer primário de fígado incluem o colangiocarcinoma-originado nos ductos biliares, e outros tipos raros como angiossarcoma (câncer originário dos vasos sanguíneos), o carcinoma fibrolamelar, o linfoma e o hepatoblastoma.

Devido as suas funções, posição estratégica e a maneira como recebe sangue de todo sistema digestivo e, também de outras regiões do organismo, o fígado é o órgão mais comumente acometido por tumores malignos de outros órgãos, o que se denomina metástases hepáticas. Os principais locais primários de tumores que serão metastáticos para o fígado são o intestino grosso (cólon e reto, tumores colorretais), pâncreas, estômago, esófago, pele, próstata, mama, ovário, pulmões, útero, bexiga e rins.

Estimativas de novos casos no Brasil: 6995

Número de mortes anuais no Brasil: 3940

Frequência:  É o câncer mais comum no mundo.

Prevenção e fatores de risco para metástases hepáticas

Diferentemente dos tumores primários do fígado que apresentam doença do fígado (cirrose e hepatites virais) como maior fator de risco, metástases hepáticas ocorrem em fígados sem doença prévia. Os fatores de risco são comuns ao local primário e prevenção também depende do local de origem do tumor.

Detecção Precoce de metástases hepáticas

Por definição a presença de metástase hepática, independentemente do local do tumor primário, indica câncer avançado. Diferentemente de alguns tumores (colorretal, hepatocarcinoma, mama, próstata) que possuem programas bem estabelecidos para detecção precoce, metástases não possuem programa de detecção precoce.

Sintomas de metástases hepáticas

  • Cerca de 40% das pessoas podem não apresentar sintomas
  • Dor abdominal, sensação de distensão e peso na da barriga são os sinais e sintomas mais comuns
  • Perda de peso inexplicada, perda de apetite, mal-estar, cansaço, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e ascite (acúmulo de líquido no abdômen) também podem ocorrer.

Diagnóstico de metástases hepáticas

Geralmente as metástases hepáticas são encontradas durante:

  • Exames de rotina por sintomas inespecíficos ou outras doenças muitas vezes não relacionadas ao tumor primário (antes da identificação do tumor primário).
  • O estadiamento de um tumor primário (antes ou durante a cirurgia).
  • O seguimento de portadores de tumores que foram tratados.
  • Mais raramente, porque causam sintomas de doença hepática.

Suspeita de um médico experiente é de fundamental importância para o diagnóstico. O relato dos sintomas e o exame do paciente se associam a alguns exames de sangue e de imagem. Estes podem também confirmar ou não a suspeita de cirrose hepática (link). Os exames de sangue servirão para verificar a saúde como um todo dos pacientes, bem como testar o fígado, os rins e verificar se há obstrução da bile. Marcadores tumorais podem auxiliar no encontro do tumor primário e também ajudar no seguimento pós tratamento.

O diagnóstico é realizado através de tomografia computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética (RNM). A biopsia hepática pode ser necessária para confirmação diagnóstica em alguns casos.

Estadiamento de metástase hepáticas

O diagnóstico de metástase hepática estabelece que o tumor primário se encontra em fase avançada. No entanto, é necessário que se complete o estadiamento do tumor primário para que se compreenda se existe envolvimento de outros órgãos (pulmão, cérebro e ossos), além do fígado. Por último precisa-se entender com detalhes o tamanho, número e localização das metástases hepáticas para que se possa planejam o tratamento mais eficaz.

Tratamento de metástases hepáticas

Além dos fatores descritos na sessão de estadiamento de metástase hepáticas, informações sobre o tumor primário são fundamentais para guiar o tratamento das metástases hepáticas.

Assim, o local, se tratamento já foi realizado (e também tipo, tempo e resposta ao tratamento), bem características do paciente, achados de exames de sangue e imagem (tamanho, acometimento de outros órgão e gânglios linfáticos) e patologia (exames no microscópio de parte ou todo o tumor por médico especializado) do tumor primário serão as principais informações que definirão como melhor tratar as metástase hepáticas. A condição principal para a indicação de uma ressecção cirúrgica de uma metástase hepática é a eliminação completa do tumor primário e dos gânglios afetados. Dependendo do tipo de tumor primário isto pode ser realizado antes, após ou ao mesmo tempo do tratamento das metástases hepáticas.

Geralmente, metástase hepática de tumores primários do esôfago, estômago, pâncreas, ovários, útero, bexiga, próstata, rins e pulmões contra-indicam a remoção através de cirurgia com tratamento ficando restrito a quimioterapia e/ou radioterapia. Tumor primário de mama pode ter metástases hepáticas tratados através de cirurgia em casos esporádicos. Metástases hepáticas de tumores primários carcinoides ou neuroendócrinos podem ser tratados através de cirurgia ou em casos selecionados de transplante hepático.

Aqueles pacientes com metástase em fígado do câncer colorretal são os que possuem maior opções de tratamento que possibilitem cura. Estas opções incluem cirurgia (chamada de hepatectomia), associada a radioterapia e/ou quimioterapia (antes e/ou após a cirurgia), tratamentos locorregionais percutâneos (que são realizados através da pele sob sedação com intuito de diminuir o tumor para facilitar ou possibilitar a cirurgia).

A cirurgia, chamada hepatectomia, geralmente encontra como principal limitação o tamanho, a localização, o número de metástases para que se remova parte do fígado sem que se altere a função do fígado. Hoje, em alguns casos, pode se utilizar laparoscopia para estes tipos de cirurgia (hepatectomia videolaparoscópica) para que o paciente possa se beneficiar com uma cirurgia minimamente invasiva (Saiba mais sobre laparoscopia e cirurgia minimamente invasiva).

Resultados do tratamento das metástases hepáticas

Melhores resultados são obtidos com utilização simultânea de várias formas de tratamento da metástase hepática, combinando cirurgia, quimioterapia local ou sistêmica, procedimentos percutâneos (com sedação e guiados por imagem através da pele), radioterapia, radiofrequência e envolvendo múltiplos especialistas que combinam sua experiência para maior do portador de metástase hepática.

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Sobre o(a) Autor(a)

O Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio é Mestre e Doutor em Cirurgia. Pós-doutorado e Fellow nos Estados Unidos. Especialista em Cirurgia Digestiva e Videocirurgia. Atua como cirurgião do aparelho digestivo, com ênfase em cirurgia de fígado, pâncreas e vias biliares.

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Última atualização: 09/08/2022 às 17:58

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Qual o tratamento para metástases no fígado?

Metástase Hepática tem cura e o tratamento pode ser feito através de terapias sistêmicas, como quimioterapia, terapia biológica, terapia-alvo e terapia hormonal; através de terapias locais, como cirurgia e radioterapia; ou através de uma combinação dessas terapias.

Quanto tempo vive uma pessoa com metástase no fígado?

Em quase todos os casos não há cura para metástase hepática. No entanto, os tratamentos atuais podem ajudar a melhorar a expectativa de vida e aliviar os sintomas. De acordo com a American Cancer Society, aproximadamente 15% das pessoas diagnosticadas com câncer de fígado irão sobreviver por 5 anos ou mais.

Como é feita a quimioterapia para câncer no fígado?

A quimioterapia venosa é administrada via cateteres, que são dispositivos de acesso venoso central. Eles também são usados para a injeção de medicamentos, sangue e derivados, e nutrientes diretamente no sangue.

Quando a metástase atinge o fígado?

A metástase no fígado ocorre quando um câncer, originário de outros lugares do corpo, atinge o órgão. Diferente do chamado câncer primário de fígado, a metástase hepática é um problema, geralmente, relacionado à estágios mais avançados de alguns tipos de câncer, como o câncer de pâncreas e câncer de mama.

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