Por que a distribuição das etnias e desigual no Brasil?

Em 10 anos, as desigualdades sociais relacionadas a etnia, gênero e situação de domicílio (urbano ou rural) diminuíram no país. Apesar disso, o Brasil ainda apresenta muitos contrastes entre a sua população – a exemplo dos negros, cuja renda média ainda é metade da dos brancos. É o que aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com a Fundação João Pinheiro (FJP) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nesta quarta-feira (10).

O estudo analisa o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e outros 170 dados socioeconômicos por cor, sexo e situação de domicílio dos anos censitários de 2000 e 2010 para mostrar como a vida dos brasileiros mudou ao longo da década.

Os dados mostram melhores resultados para brancos, para homens e para a população urbana. No Brasil, somente em 2010 o IDHM dos negros se aproximou ao índice dos brancos medido dez anos antes. Ou seja, o IDHM dos negros levou 10 anos para equiparar-se ao IDHM dos brancos – que seguiu avançando e ficou 12,6% superior ao dos negros em 2010.

Em relação à diferença de ganhos entre brancos e negros, em 2010, a renda domiciliar per capita média da população branca era mais que o dobro da verificada para a população negra: R$ 1.097,00 ante R$ 508,90.

A renda das mulheres também era desigual: mesmo com melhores níveis educacionais, a renda média delas era 28% inferior à dos homens. Já entre o campo e a cidade, a renda domiciliar per capita média da população urbana era quase três vezes maior que a da população rural.

Segundo o estudo, porém, houve uma redução das desigualdades e avanços em todos os indicadores para o período. O relatório destaca, por exemplo, que a diferença entre o IDHM de negros e brancos reduziu-se quase pela metade no período de 2000 a 2010.

A diferença entre o menor indicador (IDHM dos negros) e o maior indicador (IDHM dos brancos) passou de 0,145 em 2000, para 0,098 em 2010. Segundo o relatório, isso mostra que a melhora no IDHM para o período de dez anos foi maior para os grupos mais vulneráveis, que apresentavam os indicadores mais baixos, o que pode ter contribuído para a diminuição da desigualdade no país.

No período analisado, a taxa média de crescimento anual do IDHM da população negra foi de 2,5%, apresentando o melhor desempenho, ante 1,4% dos brancos, 1,9% para mulheres, e 1,8% para os homens.

Para a população negra, os níveis educacionais foram os que mais contribuíram para o avanço, com um crescimento médio anual de 4,9%. A educação também foi a dimensão que mais avançou no IDHM da população branca, das mulheres e dos homens, mas com taxas médias de crescimento anual inferiores – 2,7%, 3,3% e 3,6%, respectivamente.

O relatório destaca que o país obteve grandes avanços em relação à longevidade, à educação e à renda a partir da adoção de estratégias inclusivas das últimas décadas, como o aumento progressivo no valor do salário mínimo, as transferências de renda condicionadas, as políticas de ações afirmativas e os investimentos na saúde e na educação. Mas deixa claro que “o país ainda apresenta grandes desigualdades internas e regionais”, como as já citadas.

“É necessário que se continue, progressivamente, a promover políticas abrangentes adaptadas às populações que sofrem discriminações e exclusões históricas, evitando retrocessos e garantindo que ninguém será deixado para trás”, afirma o relatório.

Mulheres protestam contra desigualdades social, de gênero e racial no Rio de Janeiro, em março deste ano — Foto: Patricia Teixeira/G1 Rio

Veja abaixo os principais destaques do relatório por etnia, sexo e condição de domicílio.

Etnia

  • O IDHM da população negra foi o que cresceu mais rapidamente entre 2000 e 2010, com uma taxa média de crescimento anual de 2,5%, ante 1,4% dos brancos, 1,9% para mulheres e 1,8% para homens
  • Apenas em 2010 o IDHM dos negros se equiparou ao IDHM dos brancos de 2000. Apesar disso, a diferença entre os dois caiu. Em 2000, o IDHM da população branca era 27,1% superior ao IDHM da população negra; já em 2010, o percentual caiu para 14,4%
  • Para a população negra, a dimensão "educação" foi a que mais contribuiu para o avanço nos dez anos analisados, com um crescimento médio anual de 4,9%
  • Em 2010, a renda domiciliar per capita média da população branca era mais que o dobro da população negra: R$ 1.097,00 ante R$ 508,90
  • Em alguns estados, como o Rio de Janeiro, a renda domiciliar per capita média da população branca é mais de duas vezes maior que a da negra, R$ 1.445,90 ante R$ 667,30
  • Quanto à escolaridade da população adulta, 62% da população branca com mais de 18 anos possuía o fundamental completo, ante 47% da população negra
  • A diferença na esperança de vida ao nascer entre brancos e negros era de 2 anos, respectivamente 75,3 anos e 73,2 anos
  • As maiores diferenças percentuais entre os índices da população branca e da população negra, em 2010, foram observadas no Rio Grande do Sul (13,9%), Maranhão (13,9%) e Rio de Janeiro (13,4%). Por outro lado, as menores diferenças foram registradas no Amapá (8,2%), em Rondônia (8,5%) e em Sergipe (8,6%)

Sexo

  • Em 2010, a mulher apresentou renda média no trabalho de R$ 1.059,30, 28% inferior à renda média do trabalho dos homens, de R$ 1.470,73
  • Em contrapartida, as mulheres registraram estudar mais: 56,7% das mulheres com mais de 18 anos têm o ensino fundamental completo, ante 53% dos homens
  • Na esperança de vida ao nascer, as mulheres vivem 7,5 anos a mais em média que os homens – 77,3 anos e 69,8 anos, respectivamente
  • Considerando os estados, a maior diferença existente na renda foi encontrada em Santa Catarina, onde a renda média no trabalho dos homens (R$ 1.655,74) era 34,8% superior à renda média no trabalho das mulheres (R$ 1.079,82)
  • Em relação a educação, no Piauí, 46,5% de mulheres acima de 18 anos de idade tinham o ensino fundamental completo, ao passo que apenas 36,8% dos homens tinham esse nível
  • Considerando os 111 maiores municípios do país, os homens apresentaram IDHM muito alto (acima de 0,800) em 32 cidades, enquanto as mulheres apresentaram em apenas 6 municípios

Situação de domicílio

  • A renda domiciliar per capita média da população urbana é quase três vezes maior que a da população rural, R$ 882,6 e R$ 312,7, respectivamente
  • Quanto à escolaridade da população adulta, 60% da população urbana com mais de 18 anos possui o fundamental completo, ante 26,5% da população rural
  • Na esperança de vida ao nascer, a população urbana vive em média 3 anos a mais que a população rural – 74,5 anos a 71,5 anos, respectivamente
  • A população rural e urbana no Brasil apresenta a maior desigualdade no IDHM entre os grupos analisados. Em 2010, enquanto o IDHM rural para o país esteve na faixa de baixo desenvolvimento humano (0,586), o IDHM urbano era de 0,750 (alto desenvolvimento humano), ou seja, 28% mais elevado que o primeiro
  • Em relação aos estados, as maiores diferenças percentuais entre o IDHM da população urbana e da rural, em 2010, foram observadas no Amazonas, onde o IDHM urbano era 47,5% superior ao IDHM rural. Em seguida, estavam o Acre (40,3%) e Roraima (37%)
  • O estado do Amazonas também apresentou as maiores diferenças entre urbano e rural nas dimensões renda e educação. Em 2010, a renda domiciliar per capita média da população rural era 4,5 vezes menor que a da urbana – R$ 141,8 e R$ 644,5, respectivamente. Somente 22% da população rural com mais de 18 anos possuía o ensino fundamental completo, ante 62% da população urbana

Porque a distribuição de etnias e desigual no Brasil?

O Brasil é considerado um dos países de maior diversidade étnica do mundo, sua população apresenta características dos colonizadores europeus (brancos), dos negros (africanos) e dos indígenas (população nativa), além de elementos dos imigrantes asiáticos.

Qual e o motivo pela qual a população brasileira e distribuída irregularmente?

A população brasileira está irregularmente distribuída no território, pois há regiões densamente povoadas e outras com baixa densidade demográfica. População absoluta é o total de habitantes de um determinado lugar.

Por que a distribuição da população e desigual?

A população mundial não se encontra igualmente distribuída na superfície terrestre. Os fatores naturais, o desenvolvimento econômico e industrial, bem como fatores de ordem social e histórica influem na concentração populacional em um lugar em detrimento de outros.

O que causa a desigualdade regional?

Desigualdade regional Devido aos fatores históricos, é comum acontecer que pessoas de uma determinada localidade tenham mais privilégios do que em outra região. No Brasil, podemos ver essa diferença entre as condições da população do Nordeste em relação à população das regiões Sul ou Sudeste.

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