Quais são as principais etapas na construção de instrumentos psicológicos?

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DOIS CAMINHOS: CONSTRUÇÃO E ADAPTAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA A avaliação psicológica é a atividade constituída pela busca sistemática de conhecimento a respeito do funcionamento psicológico das pessoas. Ao avaliar, o psicólogo mede variáveis, compara padrões, testa hipóteses, etc. Em geral, a avaliação é realizada com o objetivo de orientar ações e decisões futuras (Primi, 2010). Nesse contexto, os testes auxiliam o psicólogo, servindo como uma ferramenta acessória ao processo de avaliação (Noronha, et al., 2002). Os instrumentos de avaliação psicológica são ferramentas que representam avanço científico na área de avaliação psicológica (Noronha, et al., 2002). Eles permitem maior objetividade na testagem, já que utilizam técnicas para operacionalização daquilo que será medido. Com eles, o psicólogo pode, por exemplo, medir personalidade, inteligência e atenção. Os escores obtidos pelo sujeito auxiliam o profissional a identificar se existe a necessidade de alguma intervenção ou tratamento. Entretanto, os testes não servem apenas para avaliar o sujeito. Existem outras aplicações, que podem envolver a eficácia de um programa de intervenções, por exemplo. Se os testes forem aplicados em situações pré e pós-intervenção, possibilitam inferir o quanto essa variável alterou-se no período e se é possível atribuir ou não à intervenção uma parcela dessa alteração. Existem outras aplicações práticas para os testes, conforme relatado em Hutz, Zanon e Neto (2013). Nesse caso, utilizando escores de diferentes grupos de trabalhadores do mesmo local, mas que exerciam funções diferentes, foi possível demonstrar a existência de uma relação entre as condições do ambiente de trabalho e o adoecimento mental. Assim, o teste é um elemento qualificador para a prática da avaliação psicológica. Contudo, para que a mensuração de determinada variável seja confiável, é necessário, entre outras condições (como qualificação técnica do profissional para utilização do teste, respeito aos preceitos éticos da profissão, uso adequado do teste), que o instrumento meça de forma consistente aquilo que foi projetado para medir. Ou seja, o instrumento deve ser válido e fidedigno. Para que isso ocorra, os cuidados se iniciam na construção ou adaptação do teste. A necessidade de instrumentos para avaliar determinados construtos psicológicos leva o pesquisador a construir instrumentos ou a adaptá-los a partir de outros preexistentes. Qualquer que seja a decisão tomada, apresentará vantagens e desvantagens. É necessário avaliar qual dos procedimentos é o mais adequado a seguir quando se precisa desenvolver um instrumento. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CONSTRUÇÃO E ADAPTAÇÃO DE TESTES Antes de construir ou adaptar um instrumento, é preciso avaliar qual a necessidade de se realizar o procedimento. Especialmente no caso da construção, o pesquisador deve considerar se existe instrumento disponível e adequado às suas necessidades. Quando conclui que precisa construir uma escala, deve estar atento às vantagens e às limitações do processo. Entre as vantagens, é possível considerar que a construção permite que se aborde as particularidades culturais de maneira específica. A expressão do traço latente pode ser diferente, dependendo da cultura em que é estudado. Assim, os itens construídos para representar o traço latente serão um reflexo do conteúdo que compõe sua expressão na cultura considerada. Um exemplo é a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) (Nunes, Hutz, & Nunes, 2009), que avalia a personalidade segundo a Teoria dos Cinco Grandes Fatores. Embora seja composta, como os demais instrumentos (p. ex., NEO-PI-R, Revised NEO Personality Inventory), por cinco dimensões, as facetas que compõem cada dimensão variam. Apesar de todo o conteúdo referente à expressão da personalidade ser abordado pelos dois instrumentos, cada um o faz de acordo com as especificidades da cultura para a qual foram construídos. Assim, a construção de um teste deve resultar em um instrumento que considere as peculiaridades e as especificidades da população para a qual está sendo construído. O instrumento deverá apresentar linguagem inteligível à população, considerando, por exemplo, a faixa etária e o nível cultural. As referências à cultura, quando presentes nos itens, deverão representar a cultura da amostra-alvo. Por exemplo, em testes construídos para a população norte-americana, é comum encontrar referências ao Halloween, especialmente quando os testes são voltados às crianças (brinco de travessura ou gostosura no Halloween). Se o mesmo teste fosse construído para a população brasileira, certamente a referência ao Halloween não seria tão adequada, pois mesmo que essa festa seja celebrada por alguns grupos, ela não é tipicamente brasileira. Seria mais apropriado, nesse caso, referir-se a festas juninas, por exemplo, que são comemorações tradicionais celebradas em praticamente todo o território nacional. Entre as desvantagens da construção de instrumentos, é possível citar a complexidade do procedimento. Várias etapas precisam ser seguidas para que se obtenha êxito na construção. A primeira delas é um exaustivo exame da literatura a fim de levantar dados acerca do conteúdo que expressa o traço latente. Outros passos serão seguidos, como elaboração dos itens, avaliação destes por juízes, realização de grupos focais, etc. Esse procedimento será apresentado mais adiante. Uma segunda desvantagem a ser considerada é a dificuldade em produzir comparações transculturais. Embora instrumentos diferentes avaliem o mesmo construto, como é o caso da BFP (Nunes et al., 2009) e do Neo-PI-R (Costa & McCrae, 1992), a comparação dos resultados é mais complexa do que quando se utiliza uma adaptação do instrumento original. A forma de resposta, a estrutura fatorial, entre outras particularidades, exigem maior refinamento para comparação dos resultados. O procedimento de adaptação, em contrapartida, favorece as comparações entre estudos transculturais. Assim, se existe um instrumento que é amplamente utilizado, funciona bem em diferentes culturas, e o objetivo é produzir comparações transculturais, seria adequado adaptá-lo. Além disso, é um procedimento mais simples e rápido quando comparado à construção, já que não envolve muitas das etapas que compõem aquele procedimento, como a criação de novos itens. Entretanto, a adaptação de instrumentos também apresenta algumas desvantagens. Uma delas está relacionada aos itens que não fazem sentido quando traduzidos para culturas diferentes (como aqueles que fazem referência a aspectos culturais específicos, como o Halloween). Outro problema enfrentado diz respeito às questões relacionadas à validade de conteúdo. A expressão do traço latente pode variar de uma cultura para outra. Algumas vezes, é necessário incluir novos itens para que todo o traço latente esteja representado. Embora os procedimentos envolvidos na construção e na adaptação sejam complexos, eles são vitais para que bons instrumentos sejam obtidos. Existem publicações que orientam como devem ser feitas a construção e a adaptação de testes, como, por exemplo, Aiken (1996, 1997). Entretanto, é necessário considerar especialmente a Resolução nº 002/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003), as guidelines da International Test Commission (ITC)6 e as orientações da American Educational Research Association (AERA), da American Psychological Association (APA) e do National Concil on Measurement in Education (NCME) (1999). Neste capítulo, serão sugeridos os passos da construção e da adaptação de instrumentos psicométricos adotados nos estudos e pesquisas realizados pelo Laboratório de Mensuração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob direção do Prof. Dr. Claudio Simon Hutz. Eles utilizam as guidelines da International Test Commission, e observam as orientações

Quais são as etapas para a construção de testes psicológicos?

Para instrumentos psicométricos, as exigências incluem: fundamentação teórica coerente, estudos sobre características de precisão e validade, procedimentos de administração, correção e interpretação.

Quais são os principais tipos de instrumentos psicológicos?

Quais são os tipos de testes psicológicos mais utilizados em processos seletivos?.
Teste AC (Atenção Concentrada) ... .
Teste Quati (Questionário de Avaliação Tipológica) ... .
Teste Não Verbal de Inteligência (G38) ... .
Teste BFP (Bateria Fatorial de Personalidade).

O que e um instrumento psicológico?

Avaliação psicológica é um processo de coleta de dados, cuja realização inclui métodos e técnicas de investigação. Os testes psicológicos, por sua vez, são instrumentos exclusivos do psicólogo e são úteis à medida que, quando utilizados adequadamente, podem oferecer informações importantes sobre os testandos.

Qual e o principal instrumento de trabalho da Psicologia?

Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis.

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