“No século XVIII o Maranhão foi um dos locais do Brasil que mais recebeu escravos. O Maranhão era o quarto maior recebedor de escravos em todo o território brasileiro, escravos negros africanos”, conta Carlos Penha Everton, professor.
Os escravos africanos que chegaram ao porto de São Luís ficaram mais conhecidos como “negros mina”, porque eram embarcados, em sua maioria, na Costa da Mina, hoje Costa do Marfim, além de Angola e Moçambique.
Quando chegavam no Brasil, os negros eram batizados seguindo os costumes católicos. Mas nunca abandonaram suas próprias tradições e crenças.
”Eram batizados ou lá na áfrica, ou quando chegavam. Os senhores eram obrigados a batizá-los. Não só batizá-los, mas iniciá-los nessa profissão de fé, da reza, da recitação, do rosário, das ladainhas”, diz Maria Raimunda de Araújo, historiadora.
“Ladainha é fé... E com isso foi se seguindo a tradição, os anos passaram, os devotos aumentaram a uma proporção... Mas é fé, é deus em primeiro lugar, e o nosso mensageiro, famoso Benedito, nosso negro de coração que leva o recado e a gente consegue tudo”, fala Maria das Graças Jansen.
A historiadora completa a história sobre a festa do São Benedito. “Uma festa de São Benedito tem a ladainha, no geral rezada em latim por pessoas da comunidade. Depois tem o tambor de criola. Inclusive na hora que dança o tambor é carregando a imagem de São Benedito. A devoção a São Benedito.”
“Só se tem notícia do tambor de criola, com este nome, com essas características no Maranhão. Ela foi recentemente registrada como patrimônio material do Brasil e se mantém. Acontece em São Luís e vários interiores do Maranhão, prioritariamente, sobretudo, naqueles que tem comunidades negras”, explica Joila Moraes, historiadora.
“As negras e os negros faziam sua festa e exaltavam sua alegria”, comenta Clemente José Filho, professor.
O Pai de Santo, José Almeida Amorim, explica o que é o tambor de mina. “No tambor
de mina, o sincretismo de São Benedito é "averequete", vodum. Ele foi quem abriu o tambor de mina para os encantados, para os caboclos, para esse povo de mata. Então, ele é como se fosse um padrinho do tambor de mina”.