5 exemplos de por quê

Quando usar 'porque', 'por que' 'porquê' e 'por quê'? Professor Pasquale responde

11 abril 2017

Anderson, Glaciane, Rubia, Robson, Denilson, Myrian, João Pedro, Estelle, Deywer e Victor perguntaram à BBC Brasil quando usar “porque”, “por que” “porquê” e “por quê”.

Para responder a esta dúvida, consultamos o professor Pasquale Cipro Neto, que já começa derrubando a ideia compartilhada por muitos de que o “por que” é usado em todas as frases terminadas com ponto de interrogação.

“Isso é o caminho para o naufrágio”, alerta.

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Confira, a seguir, dicas para não errar:

"Por que" separado

“O ‘por que’ separado sempre pode embutir a palavra ‘razão’ ou a palavra ‘motivo’”, explica o professor.

Isso vale para perguntas diretas - “Por que você não foi?" vira "Por que razão você não foi?" e "Por que você não pagou a conta?" vira "Por que motivo você não pagou a conta?".

E também para frases terminadas com ponto final - “Você sabe por que eu ajo assim” vira “Você sabe por qual razão eu ajo assim” ou “Você sabe por qual motivo eu ajo assim”.

“E existe ainda um outro ‘por que’ separado", acrescenta Pasquale. “Lembra aquela música? ‘Só eu sei as esquinas por que passei’, lembra?”.

Com esse exemplo, ele explica que o “por que” também é separado quando equivale a "pelo qual", "pela qual", "pelos quais", "pelas quais".

No caso da música, a letra também poderia ser: “Só eu sei as esquinas pelas quais passei”.

"Porque" junto

O “porque” junto é uma conjunção que indica causa, motivo, justificativa ou explicação.

Um exemplo: "Eu não fui porque estava doente".

De acordo com o professor, "Porque estava doente" é a oração que indica a razão pela qual ele não foi.

Nesses casos, o “porque” é junto e sem acento.

Com isso, é possível existir “porque” junto mesmo em frases que terminam com interrogação, como esta: “Será que ela está chateada comigo porque eu não fui ao aniversário dela?”

Alguns professores recomendam tentar trocar o "porque" junto por "pois". Se der certo, está correto o uso do "porque" junto.

O “por quê” separado e com acento é um “por que” separado localizado antes de uma pausa na fala ou na escrita.

“É preciso que haja uma pausa, um ponto final, um ponto de interrogação..." explica Pasquale.

Exemplo: “Por quê?”

Só isso. É o mesmo que perguntar "Por qual razão?", "Por qual motivo?".

De acordo com o professor, esse "quê" vira tônico na entonação. Assim, quando há um “por que” separado encerrando uma frase, ele ganha o acento e passa a ser “por quê”.

Nesse caso, o “porque” vira sinônimo da palavra "motivo".

O professor exemplifica: “Qual é o porquê de tanta tristeza?".

É o mesmo que perguntar “Qual é o motivo de tanta tristeza?".

Reportagem: Paula Reverbel / Imagens e edição: Isadora Brant

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O uso dos porquês é um assunto que gera dúvidas em muitos usuários da língua portuguesa. Por isso, é preciso ficar atento(a) na hora de escrever.

Leia também: Afim ou a fim?

Resumo dos usos dos porquês

  • Por que”: é sinônimo de “pelo(s) qual(is)”, “pela(s) qual(is)”, “por qual” e “por qual motivo”.

  • Por quê”: deve ser usado em fim de período; portanto, antes de ponto-final, ponto de exclamação e de interrogação.

  • Porque”: pode ser substituído pelas expressões “pois”, “já que”, “visto que”, “uma vez que” ou “em razão de que”.

  • Porquê”: é um substantivo e tem o mesmo significado dos termos “razão” e “motivo”.

Videoaula sobre o uso dos porquês com exemplos

Como utilizar corretamente os 4 porquês?

→ Por que

A expressão “por que” (sem acento) deve ser utilizada quando tiver o mesmo significado de:

  • “pelo qual”, “pelos quais”, “pela qual” ou “pelas quais”:

O amigo por que me arrisquei tanto não passava de um falso.

Os amigos por que me arrisquei tanto não passavam de pessoas falsas.

A amiga por que me arrisquei tanto não passava de uma falsa.

As amigas por que me arrisquei tanto não passavam de pessoas falsas.

  • “por qual”:

Por que caminho devemos seguir agora?

  • “por qual motivo”:

Por que precisamos de ar para viver?

O menino não entende por que precisamos de ar para viver.

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Porque

A conjunção “porque” (sem acento) tem o mesmo significado de “pois”, “já que”, “visto que”, “uma vez que” ou “em razão de que”:

Corro porque estou cansado de ficar para trás.

Porque sou paciente, algumas pessoas abusam da minha boa vontade.

Reagimos porque não suportávamos mais tanta intolerância.

Também utilizamos “porque” como termo denotativo de realce, isto é, somente para enfatizar determinada afirmação:

O futuro será melhor. Porque acredite, a situação não pode piorar.

A supressão dessa palavra não prejudica o sentido do enunciado, já que ela apenas é usada para realçar a expressão:

O futuro será melhor. Acredite, a situação não pode piorar.

Atenção! Quando utilizamos “porque” no início de frase, não é possível substituir essa conjunção por “pois”. Isso porque a conjunção “pois” tem caráter explicativo e não causal.

→ Por quê

Quando “por que” aparece logo antes de um ponto-final, ponto de exclamação ou de interrogação, obrigatoriamente, o “que” recebe acento:

Não quis mais vê-la, e ela sabe por quê.

Não temos justiça social por quê?

Maria foi demitida e não entendeu por quê!

Também acentuamos o “que” quando a expressão “por que” antecede um verbo implícito:

A monarquia britânica permanece forte. Entender por quê é uma tarefa dos historiadores.

Ou seja:

A monarquia britânica permanece forte. Entender por que permanece forte é uma tarefa dos historiadores.

→ Porquê

A palavra “porquê” é um substantivo, por isso sofre flexão de número e, portanto, pode ser escrita no plural, isto é, “porquês”. E tem o mesmo sentido de “razão(ões)” ou “motivo(s)”:

Tentei descobrir o porquê de atitude tão antidemocrática.

Quando encontrar um porquê, sua vida vai fazer sentido.

Tantos são os porquês que prefiro não os comentar.

Exemplos do emprego dos porquês (porque, por que, porquê, por quê)

Por que não falou a verdade sobre ele?

Nunca soube por que o pai foi embora.

Aqueles pássaros migram por quê?

Está triste, e sabemos bem por quê.

Viveu tanto tempo porque correu poucos riscos.

Porque tinha medo, preferiu não ir de avião.

O porquê de ele estar gritando, ninguém sabia.

Não me importo com seus porquês, só sei que você está errada.

Leia também: Acerca de, a cerca de ou há cerca de?

Exercícios resolvidos sobre o uso dos porquês

Questão 1

Leia este trecho do conto “Sargento Garcia”, de Caio Fernando Abreu:

Não me fira, pensei com força, tenho dezessete anos, quase dezoito, gosto de desenhar, meu quarto tem um Anjo da Guarda com a moldura quebrada, a janela dá para um jasmineiro, no verão eu fico tonto, meu sargento, me dá assim como um nojo doce, a noite inteira, todas as noites, todo o verão, vezenquando saio nu na janela com uma coisa que não entendo direito acontecendo pelas minhas veias, depois abro As mil e uma noites e tento ler,meu sargento, sois um bom dervixe, habituado a uma vida tranquila, distante dos cuidados do mundo, na manhã seguinte minha mãe diz sempre que tenho olheiras, e bate na porta quando vou ao banheiro e repete repete que aquele disco da Nara Leão é muito chato, que eu devia parar de desenhar tanto, porque já tenho dezessete anos, quase dezoito, e nenhuma vergonha na cara, meu sargento, nenhum amigo, só esta tontura seca de estar começando a viver, um monte de coisas que eu não entendo, todas as manhãs, meu sargento, para todo o sempre, amém.

ABREU, Caio Fernando. Morangos mofados. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

A palavra “porque”, destacada no parágrafo, pode ser substituída, sem prejudicar o sentido original do texto, pela seguinte expressão:

a) uma vez que.

b) por qual razão.

c) pelo qual.

d) pela qual.

e) quando.

Resolução:

Alternativa “a”.

A expressão “uma vez que” tem o mesmo valor semântico da conjunção “porque”: “[...], que eu devia parar de desenhar tanto, uma vez que já tenho dezessete anos, [...]”.

Questão 02

Assinale a alternativa em que o uso do porquê está correto.

a) Todas as manhãs, eu me levanto por que sei que de mim dependem tantas vidas.

b) As minhas atitudes nem sempre fazem muito sentido, mas não posso dizer porquê.

c) Quando ela quis saber o porquê de ser ignorada na reunião, o chefe se calou.

d) Porque todo mundo agora acha que pode opinar sobre tudo e julgar a todos nós?

e) Cláudio me contou porque decidiu se divorciar depois de vinte anos de matrimônio.

Resolução:

Alternativa “c”.

Na frase “Quando ela quis saber o porquê de ser ignorada na reunião, o chefe se calou”, “porquê” é um substantivo e tem o mesmo valor de “motivo”. Já em relação aos outros enunciados, podem ser substituídos pela expressão “por qual motivo” os porquês das alternativas “b” (por quê), “d” (Por que) e “e” (por que). Por sua vez, na alternativa “a”, o correto é escrever “porque”, que pode ser substituído por “pois”, “já que” etc.

Por que exemplos?

Por que: utilizado em perguntas. Exemplo: Por que não voltamos para a casa? Porque: utilizado em respostas. Exemplo: Porque agora não temos tempo.

Quando se usa por quê?

Porquê (junto e com acento) é usado para indicar o motivo, a causa ou a razão de algo..
por que motivo;.
por qual motivo;.
por que razão;.
por qual razão..

Quais os tipos de por quê?

Por quê” deve ser usado no final das frases e tem o mesmo sentido de “por qual razão”. Já “porque” tem o mesmo valor de “pois” e é usado em respostas. Por fim, “porquê” é sinônimo de “motivo”, e sempre deve ser precedido de um artigo ou numeral.

Por que 4 tipos?

1) Regra geral: Toda vez que for possível substituir “porque” e “porquê” pelas expressões: por que motivo, por qual razão, para que, pelo qual, pelos quais, por onde, escreve-se separado.