O beijo amigo é véspera do escarro Whispers of perception Another drink of this poison in homeopathic doses of illusion A thousand years of abuse at the hands
Compartilhar a Arte faz bem: Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro, distinguido várias vezes como simbolista ou parnasiano, também identificado pelos críticos como pré-modernista, devido ao aspecto claramente expressionista em seus poemas. É identificado ainda como um dos poetas mais censuradores da primeira metade do século XX. Concentrando suas críticas ao idealismo egocentrista que surgia aos montes naquela época, e ainda hoje sua obra é reconhecida e prestigiada por amadores e críticos literários. O poeta paraibano morreu aos 30 anos de idade, mas embora sua vida tenha sido breve, deixou como legado a carreira de professor, o patronato da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, entre tantos outros poemas e premiações. Sem dúvidas, um de seus trabalhos mais conhecidos é o poema Versos Íntimos, cuja interpretação do soneto merece ser estudada na metrificação, letra e outras peculiaridades que criticam o parnasianismo. Versos Íntimos foi publicado no primeiro e último livro de Augusto dos Anjos, “Eu”, de 1912, dois anos antes de sua morte prematura por pneumonia. Em seus trabalhos, o poeta procurava romper com o simbolismo e o parnasianismo irrigado nos outros escritores da época na literatura brasileira. Augusto demonstrava uma vivência mais crua e realista, usando termos denominados “estranhos” para versos. Análise do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos
Significado do poema Versos ÍntimosVês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera Foi tua companheira inseparável! O descrito enterro da última quimera simboliza o fim da esperança e do sonho. É passada a mensagem de que nenhuma pessoa se afeta com os sonhos perdidos de outro indivíduo, pois os seres são mal agradecidos, são como feras ariscas. Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. O autor se põe autoritário para sugerir que quanto mais prematuramente o indivíduo se familiarizar com a impiedosa e desprezível verdade do mundo, mais fácil será de lidar. Ele enfatiza que o Homem vive entre as feras, com seres repugnantes, malvados, sem piedade. Desse modo, cabe a ele se adequar e também virar fera para sobreviver. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. O poeta usa a linguagem informal, convidando o receptor do poema, a se planejar para as traições e a falta de estima do outro. Mesmo em situações de afeição e consideração, como nos beijos, isso é apenas um aviso da maldade chegando. Quem hoje é amigo prestativo, amanhã será o ocasionador da dor. Os lábios que beijam serão os mesmo que cuspirão depois, provocando dor e desencanto. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! O autor aconselha a acabar em definitivo com o problema, para precaver a aflição de amanhã. Para isso, ele precisa escarrar na boca de quem o beija e ferir a mão de quem o acarinha. Tudo porque, cedo ou tarde, as pessoas o irão frustrar e ferir. |