Pregnancy with second child: maternal perceptions regarding the reaction of the firstborn Show ResumosO presente estudo investigou as percepções maternas sobre as reações do filho primogênito à gestação do segundo filho. Participaram do estudo oito gestantes no último trimestre de gravidez do segundo filho e cujo primeiro filho estava em idade pré-escolar. A análise qualitativa do conteúdo das entrevistas revelou que o avanço da gestação e a proximidade do parto desencadearam ansiedade e ciúme nos primogênitos, concomitantemente a manifestações de alegria pela chegada do irmão. Todas as crianças apresentaram atitudes indicativas de ciúme, tais como medo de perder a atenção e o carinho da mãe, e sinais de agressividade dirigidos à barriga da gestante. Os resultados sugerem que a gestação do irmão constitui um evento marcante na vida dos primogênitos e ressaltam a importância do apoio parental nesse período. Gestação; Primogênito; Segundo filho The present study investigated mothers' perceptions regarding the reaction of the firstborn to the pregnancy with second child. Eight pregnant women, who had one pre-school child and were in the third trimester of pregnancy, participated in the study. A qualitative content analysis of the interviews revealed that the pregnancy and the proximity of childbirth unleashed anxiety and jealousy in the firstborn, accompanied by demonstrations of joy at the arrival of the sibling. All the children showed attitudes indicative of jealousy, including fear of losing mother's attention and affection, as well as signs of aggressiveness towards the mother's belly. The results suggest that the mother's pregnancy is an outstanding event in the life of the firstborn, emphasizing the importance of parental support in this period. Pregnancy; Firstborn; Second child ARTIGOS Gestação do segundo filho: percepções maternas sobre a reação do primogênito Pregnancy with second child: maternal perceptions regarding the reaction of the firstborn Caroline Rubin Rossato PereiraI; Cesar Augusto PiccininiII IUniversidade Federal de Santa Maria, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. Av. Roraima, 1000, Cidade Universitária, Camobi, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: C.R.R. FERREIRA. E-mail: <> II Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia. Porto Alegre, RS, Brasil RESUMO O presente estudo investigou as percepções maternas sobre as reações do filho primogênito à gestação do segundo filho. Participaram do estudo oito gestantes no último trimestre de gravidez do segundo filho e cujo primeiro filho estava em idade pré-escolar. A análise qualitativa do conteúdo das entrevistas revelou que o avanço da gestação e a proximidade do parto desencadearam ansiedade e ciúme nos primogênitos, concomitantemente a manifestações de alegria pela chegada do irmão. Todas as crianças apresentaram atitudes indicativas de ciúme, tais como medo de perder a atenção e o carinho da mãe, e sinais de agressividade dirigidos à barriga da gestante. Os resultados sugerem que a gestação do irmão constitui um evento marcante na vida dos primogênitos e ressaltam a importância do apoio parental nesse período. Unitermos: Gestação. Primogênito. Segundo filho. ABSTRACT The present study investigated mothers' perceptions regarding the reaction of the firstborn to the pregnancy with second child. Eight pregnant women, who had one pre-school child and were in the third trimester of pregnancy, participated in the study. A qualitative content analysis of the interviews revealed that the pregnancy and the proximity of childbirth unleashed anxiety and jealousy in the firstborn, accompanied by demonstrations of joy at the arrival of the sibling. All the children showed attitudes indicative of jealousy, including fear of losing mother's attention and affection, as well as signs of aggressiveness towards the mother's belly. The results suggest that the mother's pregnancy is an outstanding event in the life of the firstborn, emphasizing the importance of parental support in this period. Uniterms: Pregnancy. Firstborn. Second child. O nascimento de um membro da família constitui um ponto de transição que afeta todos os subsistemas familiares; contudo, o impacto mais acentuado parece ser sentido pelo primogênito (Dessen, 1994; Pereira & Piccinini, 2007). A experiência do nascimento de um irmão constitui uma realidade bastante comum para muitas crianças pré-escolares, estando entre as mais estressantes do início da infância (Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Legg, Sherick & Wadland, 1974; Teti, Sakin, Kucera, Corns & Eiden, 1996). Com o nascimento do irmão, o ambiente social do primogênito passa por mudanças profundas, alterando-se uma dinâmica familiar relativamente estável, que envolve a tríade pai-mãe-primogênito (Piccinini, Pereira, Marin, Lopes & Tudge, 2007). Além disso, o primogênito passa a conviver com um bebê que se apresenta pouco preparado para interagir com ele (Dunn & Kendrick, 1986). Os primeiros estudos sistemáticos que focalizam o processo de adaptação do primogênito ao nascimento de um irmão datam da década de 1980, destacando-se, como marco, a pesquisa de Dunn e Kendrick (1980; 1981a; 1981b; 1986). As pesquisadoras acompanharam 40 famílias inglesas com um filho primogênito, com idade entre 18 e 43 meses, desde o último trimestre gestacional do segundo filho até 14 meses após seu nascimento. Por meio de observações diretas na casa das famílias e de entrevistas com as mães, constatou-se que o nascimento do irmão produz um efeito dramático sobre as condutas do primogênito, de forma que quase todas as crianças observadas mostraram sinais de transtorno e descontentamento. De acordo com os relatos das mães, após o nascimento do irmão, a grande maioria dos primogênitos passou a apresentar mais condutas caprichosas e travessuras, aumento na dependência e na propensão ao choro e comportamentos imitativos do bebê (fala infantilizada, pedido de colo, e retrocesso na aprendizagem de hábitos de toalete). Além disso, alguns primogênitos apresentaram aumento de introversão e de problemas relacionados ao sono. Entretanto, esses comportamentos eram também acompanhados de demonstrações de carinho e de interesse pelo irmão recém-nascido. Esse mesmo quadro de aumento de comportamentos imitativos de bebê, concomitantes a demonstrações de carinho e de interesse pelo irmão, foi encontrado em pesquisas subsequentes (Baydar, Hyle & Brooks-Gunn, 1997; Dessen & Mettel, 1984; Field & Reite, 1984; Oliveira & Lopes, 2008; Stewart, Mobley, Van-Tuyl & Salvador, 1987). A revisão da literatura realizada por Oliveira e Lopes (2010) acerca do nascimento do segundo filho revelou também que os estudos tanto indicam mais comportamentos regressivos do primogênito após o nascimento do irmão como também maior independência. Apesar da tendência das crianças a reencontrarem seu equilíbrio com o passar do tempo, a reação inicial do primogênito ao nascimento do irmão, incluindo o período gestacional, parece servir como um organizador da qualidade afetiva da relação fraterna durante a infância inicial e os anos pré-escolares do segundo filho (Dunn & Kendrick, 1986). Essas autoras relataram que, nas famílias em que o primogênito era frequentemente descrito como preocupado e introvertido antes do nascimento do irmão, havia uma tendência a que se mantivesse esse padrão e que as interações com o irmão, 14 meses após seu nascimento, fossem menos afetuosas e amistosas do que aquelas experienciadas por crianças que expressavam mais espontaneamente suas frustrações por meio de "crises de raiva" passageiras. A esse respeito, Kramer (1996), estudando 30 famílias norte-americanas desde o último trimestre de gestação da mãe até o sexto mês de vida do segundo filho - por meio de sessões de jogos do primogênito com um amigo, diários e entrevistas com as mães e filmagens das interações entre os irmãos -, encontrou evidências de que as crianças que expressaram mais suas preocupações em brincadeiras fantasiosas com o amigo durante a gestação materna tendiam a ter relações mais harmoniosas com seus irmãos após o nascimento deles. Esses estudos revelam que o impacto do nascimento do irmão já seria sentido mesmo antes de sua chegada, no período gestacional. Como apontado por Stewart et al. (1987), os relatos maternos referentes ao ajustamento do primogênito foram bastante similares entre o último mês pré-parto e o primeiro mês pós-parto. Gottlieb e Mendelson (1990), estudando uma amostra canadense de 50 primogênitos, com idade entre dois e cinco anos, cujas mães estavam grávidas do segundo filho, relataram que o nível de aflição antes do nascimento do irmão foi o melhor preditor isolado da aflição expressa pelo primogênito nos meses seguintes ao nascimento, resultado mais tarde confirmado por Gottlieb e Baillies (1995) em um estudo similar com uma amostra de 80 famílias. Nesse sentido, as interações e relações familiares anteriores ao nascimento do bebê desempenhariam um importante papel no ajustamento do primogênito após o nascimento do irmão (Dunn & Kendrick, 1986; Teti et al., 1996). O estudo de Dessen e Mettel (1984), com famílias brasileiras, revelou que as alterações no comportamento do primogênito também puderam ser percebidas pela mãe desde a época em que ele foi informado sobre o nascimento do irmão. As mudanças envolveram alterações no controle vesical noturno, nas exigências com relação à mãe e em comportamentos específicos como birra e uso de chupeta. A esse respeito, Gottlieb e Baillies (1995) referiram que a fase intermediária da gestação seria, de modo geral, o momento em que é falado para a criança sobre a gestação e quando a mãe e a criança começariam a "concretizar" a realidade do bebê. Nessa etapa da gestação, eles constataram que todas as crianças estavam mais dependentes do que na fase seguinte, com destaque para os meninos, que passaram a resistir mais à separação e a demonstrar mais agressividade. Seria o início do complexo processo de tornar-se irmão, o que pode minar temporariamente a segurança e a confiança do primogênito, que passa a requerer mais atenção e apoio dos pais. Contudo, todas essas alterações foram modestas, de modo que, ao comparar o grupo de crianças cujas mães esperavam o segundo filho ao grupo de crianças que não esperavam um irmão houve relativamente pouca diferença. Uma possível explicação seria a de que as mães, ao prepararem o filho para receber o irmão, e ao se prepararem para lidar com duas crianças, estivessem menos aptas a captar a aflição do primogênito, particularmente com a proximidade do parto. Outra justificativa estaria no fato de as alterações só serem perceptíveis após o nascimento do bebê. As alterações no padrão de interação e nos comportamentos do primogênito no período gestacional podem indicar que o primogênito estaria, desde já, expressando sinais de ciúme dos genitores em relação ao irmão que está para nascer, reação que se intensificaria após o nascimento (Dessen & Mettel, 1984). O relacionamento entre irmãos tem sido caracteristicamente descrito na literatura como emocionalmente ambivalente, incluindo tanto cordialidade quanto conflito e ciúme, tanto expressões de carinho quanto de raiva (Deater-Deckard & Dunn, 2002; Kramer & Bank, 2005; Rustin, 2007). Embora os pais tendam a desconsiderá-las, as manifestações de ciúme podem ser uma experiência normal, e até diária, entre os irmãos. Contudo, como ressaltam Volling, McElwain e Miller (2002), esse sentimento tem recebido pouca atenção da maioria dos pesquisadores do desenvolvimento ou da família. Na verdade, desde a gestação, os sinais de ciúme entre os irmãos constituem motivo frequente de preocupação para os pais e podem estar presentes em certos comportamentos e verbalizações (McHale, Kim & Whiteman, 2006; Tilmans-Ostyn & Meynckens-Fourez, 2000). Sensível ao ambiente, uma criança percebe as mudanças físicas da mãe e as alterações na dinâmica das relações dentro da família e pode antever o envolvimento da mãe com o novo bebê. A relevância do ciúme entre irmãos pequenos justifica-se uma vez que a relação genitores-criança, que é ameaçada pelo irmão, constitui a mais importante e formativa relação da vida inicial de uma criança (Volling et al., 2002). Conforme proposto por Volling et al. (2002), o ciúme seria caracterizado por três propriedades principais: ocorre no contexto de um triângulo social de relações; a relação entre a pessoa enciumada e a pessoa querida precisa ser próxima e valiosa; e o ciúme é disparado pela perda real ou iminente dessa relação para um rival. As autoras destacaram, ainda, que o ciúme pode ocorrer em relações não românticas, vinculando-se, entre outras coisas, à perda da atenção da pessoa querida. Irmãos pequenos estariam reagindo a essa perda de atenção quando um dos pais lhes retira o foco e interage com o outro filho. Destaca-se, contudo, que a experiência de tornar-se irmão é vivida de modo muito variado entre as crianças, e a intensidade das reações ao evento não pode ser predita apenas a partir do evento em si, mas responde a um intercâmbio entre aspectos biológicos, pessoais, situacionais e relacionais (Gottlieb & Baillies, 1995). A idade da criança é um fator que afeta sua resposta e suas habilidades em lidar com a situação. A esse respeito, parece haver um consenso de que crianças menores (entre um e seis anos) tendem a reagir mais negativamente ao nascimento de um irmão do que crianças que já se encontram na terceira infância (entre 6 e 12 anos). Conforme Kramer e Ramsburg (2002), crianças relativamente mais velhas têm habilidades sociais e cognitivas mais bem desenvolvidas que lhes permitiriam entender e tolerar melhor algumas mudanças familiares nesse momento de transição. Além disso, Baydar et al. (1997) sugiram que, quando as crianças são maiores, a natureza das interações familiares já estaria mais estabelecida, sendo menos vulnerável ao nascimento de um irmão. Contudo, mesmo entre as crianças pequenas, parece não haver um padrão uniforme de respostas gestação do segundo filho: reação do primogênito nesse período. Assim, alguns autores sugerem que crianças em idade pré-escolar (entre três e seis anos) apresentariam um risco maior de experienciar dificuldades no ajustamento durante a transição para a "irmandade" do que crianças menores (Richardson, 1983; Teti et al., 1996). Isso poderia estar vinculado ao fato de que crianças muito pequenas, por carecerem de uma sofisticação sociocognitiva, não seriam capazes de prever o impacto do nascimento do irmão em suas vidas, não o percebendo como fonte de ameaça. Como pode ser visto, o período que antecede o nascimento do segundo filho constitui um momento repleto de adaptações e tensões familiares. Mudanças nos comportamentos do primogênito seriam percebidas já durante a gestação e apresentariam particularidades com relação às alterações surgidas após o nascimento do bebê. Além disso, o primogênito, especialmente aquele em idade pré-escolar, parece ser quem demonstra de forma mais explícita, pelas alterações em seu comportamento, o impacto sofrido com a aproximação da chegada do irmão, o que poderia indicar sinais já presentes de ciúme dos genitores por causa do irmão. Entretanto, ainda são poucos os estudos referentes à transição para o nascimento do segundo filho, de modo que há incongruências acerca do seu impacto para o primogênito. A revisão da literatura aponta para a falta de consenso acerca do impacto da gestação para o primogênito. Enquanto alguns estudos até destacam melhorias nos relacionamentos e no bem-estar do pri-mogênito, outros indicam a gestação como um período de maior confrontação, irritabilidade e dificuldades na relação com os genitores. Além disso, persiste a ideia de que as mudanças só seriam perceptíveis após o nascimento do bebê, quando o primogênito e os pais poderiam concretizar a alteração da configuração familiar. De modo geral, a literatura mostra que o nascimento do segundo filho e, em especial, o período gestacional têm sido pouco estudados. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi investigar as percepções maternas sobre as reações do filho primogênito à gestação do segundo filho. A expectativa inicial era de que, já na gestação, aparecessem sinais de ciúme e desconforto do primogênito diante do nascimento do irmão. Método Participantes Participaram do estudo oito gestantes que se encontravam no terceiro trimestre de gestação do segundo filho e tinham um único filho em idade pré-escolar (entre 3 e 6 anos). Todas as gestantes residiam na região metropolitana de Porto Alegre (RS), eram casadas e o marido era o pai de seus dois filhos. As gestantes tinham idades entre 31 e 43 anos e nível socioeconômico entre médio e alto. Quanto à escolaridade, as participantes variaram entre ensino médio incompleto e pós-graduação, e a maioria delas apresentava, no mínimo, ensino superior completo. Todas as gestantes trabalhavam no momento da realização do estudo (Tabela 1). Todas as participantes do presente estudo fazem parte de um projeto longitudinal maior realizado pelo Núcleo de Infância e Família (NUDIF) do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), intitulado Estudo longitudinal sobre o impacto do nascimento do segundo filho na dinâmica familiar e no desenvolvimento emocional do primogênito - ELSEFI (Piccinini, Lopes, Rossato & Oliveira, 2005). Esse projeto objetivou investigar os aspectos subjetivos e comportamentais da relação pai-mãe-primogênito, bem como o impacto do nascimento do segundo filho no relacionamento familiar e no desenvolvimento emocional do primogênito. Os participantes do ELSEFI representam, em sua maioria, configurações familiares intactas, tendo sido o marido também convidado a participar do estudo. Os participantes do estudo longitudinal foram contatados por meio de diversas instituições de saúde (hospitais e unidades sanitárias) e de ensino (creches, escolas de educação infantil, escolas de ensino fundamental) da cidade de Porto Alegre, bem como por indicações. Dentre as participantes do presente estudo, quatro foram contatadas por escolas de educação infantil e quatro por meio de indicação. O estudo incluiu somente mulheres casadas, e a seleção dos casos abrangeu as quatro possíveis combinações de sexo dos filhos (primogênito masculino/bebê masculino; primogênito masculino/bebê feminino; primogênito feminino/bebê feminino; primogênito feminino/bebê masculino), de modo que foram selecionadas duas famílias de cada uma dessas combinações. O estudo foi avaliado e considerado ética e metodologicamente adequado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Proc. 2004373). Procedimentos e instrumentos O delineamento de estudo de casos coletivos (Stake, 1994) foi utilizado para investigar as percepções maternas sobre as reações do filho primogênito à gestação do segundo filho. Com esse delineamento, objetivou-se examinar tanto as semelhanças quanto as particularidades entre os casos, a fim de se compreender, de forma aprofundada, o fenômeno estudado. A apresentação do estudo às mães e o convite para dele participarem foram feitos por meio das instituições mencionadas acima ou por ligações telefônicas, no caso das indicações individuais. As gestantes que se dispuseram a participar da pesquisa preencheram uma Ficha de Contato Inicial (Núcleo de Infância e Família - NUDIF, 2005a), tendo sido agendado um encontro para as entrevistas, que poderiam ocorrer na residência, na instituição, no local de trabalho, ou na sala do grupo de pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nesses encontros subsequentes, as mães foram solicitadas a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a preencher a Entrevista de Dados Demográficos do Casal (NUDIF, 2005b). Além disso, foi realizada a Entrevista sobre o Impacto da Gestação do Segundo Filho na Dinâmica Familiar (NUDIF, 2005c), que buscou examinar o impacto da gestação do segundo filho sobre diversos aspectos da dinâmica familiar, como reações e sentimentos do primogênito à notícia da gravidez; reação ao sexo do bebê; curiosidades, preocupações e interesses quanto à gravidez e aos bebês; aspectos que agradam e desagradam o primogênito em relação à gestação; interação com o bebê na barriga; participação nas ecografias; relacionamento com os genitores, familiares, amigos e outras crianças; preparação do primogênito e expectativa para a hospitalização da mãe e para a chegada do irmão; expectativa quanto ao relacionamento entre os irmãos. Resultados A análise de conteúdo qualitativa (Bardin, 1977; Laville & Dionne, 1999) foi utilizada para examinar as percepções maternas sobre as reações do filho primogênito à gestação do segundo filho. A partir dos dados obtidos nas entrevistas, foram identificadas quatro categorias temáticas: reação à notícia da gestação; o primogênito no terceiro trimestre da gestação; interação primogênito-barriga/irmão; sinais de ciúme do primogênito. Dois codificadores classificaram os relatos das participantes e eventuais discordâncias foram eliminadas pela discussão e por consenso. São apresentados, a seguir, os relatos das gestantes, que ilustram cada uma das categorias. Reação à notícia da gestação Foram incluídas nesta categoria as percepções maternas sobre a reação do primogênito à notícia da gestação do segundo filho: reação do primogênito gestação de sua mãe, e examinadas em duas subcategorias: quando foi dada a notícia da gestação ao pri-mogênito e a reação do primogênito à notícia. Ao examinar o momento em que foi dada a notícia da gestação materna ao primogênito, percebeu-se que a maioria dos genitores optou por contar assim que obtiveram o resultado do exame laboratorial: "A gente falou pro P. [primogênito] no mesmo dia que foi pegar o exame; a gente falou que tinha um maninho ou uma maninha na barriga" (M33); "Quando eu soube da gravidez, eu liguei pro R. [marido]. Aí a gente esperou um dia. Conversamos com a P. [primogênita] sobre maninho, pra depois contar pra ela" (M5). Contudo, alguns genitores decidiram dar a notí-cia da gestação semanas ou meses depois de saberem da gravidez. Segundo o relato das mães, essa decisão estaria vinculada a um desejo de preservar o filho de um período prolongado de espera e de ansiedades desnecessário. Além de não terem clareza da passagem do tempo (nove meses de gestação), as mães acreditavam que o primogênito não teria condições de compreender o que estava acontecendo. Assim, algumas mães contaram sobre a gestação somente quando já havia sinais concretos a serem mostrados ao primo-gênito, como a barriga, os móveis para o quarto do bebê, os presentes etc: "Ele recebeu a notícia no final do terceiro mês. E eu acho que ele já sentia, já sabia" (M6); "É que, no começo, a gente não falou muito pro P. [pri-mogênito] sobre a gestação. Eu achei que a gente tinha que falar quando chegasse da metade em diante, pra não botar muita minhoquinha na cabeça dele. Porque ele era muito pequenininho pra entender" (M8). Nesses casos, percebeu-se a dificuldade dos genitores em manter o acontecimento familiar velado ao primogênito. Isso pode ter sido mais evidente nos casos examinados, uma vez que as crianças já tinham idade entre dois e cinco anos no início da gestação e, além disso, todas elas frequentavam a educação infantil, o que ampliava sua rede de convivência e, consequentemente, a troca de informações:
Quanto à reação do primogênito à notícia da gestação, os relatos das mães revelaram a ocorrência de três reações que se destacavam: alegria, descontentamento ou indiferença. Alguns primogênitos demonstraram alegria e, na maioria dos casos, surpresa ao saber que a mãe estava grávida. Segundo as mães, o contentamento dos primogênitos pôde ser percebido pelo desejo de contar aos familiares e às pessoas da creche sobre a novidade. Todos primogênitos que apresentaram reação claramente favorável já haviam explicitado a vontade de ter um irmão:
Em alguns casos, porém, houve manifestações de descontentamento e mesmo agressividade diante da notícia da gestação. Uma primogênita demonstrou descontentamento e uma reação que poderia ser considerada negativa à notícia, que foi precedida de uma rejeição à ideia de ter um irmãozinho. Nesse caso, a primogênita parecia não querer acreditar no que estava escutando. Apesar disso, a mãe caracterizou sua reação como "de aceitação": "Ela sempre disse que não queria: 'Eu não quero irmão. Eu não quero. Não precisa. Tá bom só nós três'. ...E a gente falava: 'Ah, mas se a gente tiver, tu vai cuidar. Tu vai ajudar a mãe levar pra tomar sol'. E ela dizia: 'Ah, não sei. Ah, não quero'. E aí, eu fui dar banho nela e eu disse pra ela: 'Filha, eu tenho uma coisa pra te contar. Tem um nenê na barriga da mãe'. 'Ai, mentira, né, mãe'. 'Não, não é'. 'É mentira, né, mãe. É mentira'. 'Não é mentira'. 'Ah, tu tá me enganando, né, mãe'. 'Quando é que eu te menti?'. 'Nunca, é verdade'. Daí, ela ficou muito envergonhada, ela ficou meio constrangida, ria, me olhava assim. Mas a reação foi de aceitação, desde o primeiro momento" (M4). Outro primogênito foi informado depois de três meses de gestação, quando já estava apresentando reações de agressividade, que acabaram associadas à gravidez que ainda não havia sido claramente revelada a ele. Parece que, de uma forma ou de outra, a criança havia percebido mudanças em seu ambiente e estava respondendo a elas, e até a comentários que eram feitos na creche: "A partir do momento que as pessoas falavam da maninha, eu acho que, além de ele não entender, ele começou a ter atitudes diferentes conosco, começou a ficar um pouco mais agressivo. Ficou mais agressivo na creche que as professoras nos falavam. E daí a gente percebeu que, então, a gente tinha que começar a falar com ele mais rápido sobre o assunto. E foi aí que nós montamos o quarto, começamos a comprar roupinha e mostrar pra ele que ia vir uma maninha, e aí já tinha o bercinho pronto, que a maninha ia ser amiga dele" (M8). Por fim, alguns primogênitos apresentaram uma reação de indiferença. Contrariando as expectativas das mães, as crianças não apresentaram qualquer surpresa à notícia, parecendo, inclusive, já estarem a par do que se passava. Essa reação poderia sinalizar tanto a incapacidade das crianças em compreender e prever o impacto dessa notícia, como também um desejo de negar o que estava acontecendo. É importante destacar que os três primogênitos que demonstraram essa reação de indiferença eram os mais novos dentre os participantes (idade entre dois anos e nove meses e três anos e sete meses). Além disso, em dois dos casos a notícia da gestação foi dada após o terceiro trimestre gestacional, ou seja, os primogênitos poderiam ter tido tempo de captar as mudanças e antever a gestação materna, de modo que a notícia não teria causado surpresa:
O primogênito no terceiro trimestre da gestação Esta categoria refere-se à percepção materna acerca do estado emocional do primogênito no momento da entrevista, quando todas as gestantes encontravam-se no terceiro trimestre gestacional. Nesse período, já havia transcorrido alguns meses desde que fora dada a notícia da gestação ao primogênito, de modo que, naquele momento, suas reações e comportamentos estariam indicando a proximidade do nascimento do irmão. Segundo os relatos das mães, o último trimestre seria um momento de maior ansiedade, devido à aproximação do nascimento do segundo filho. Os primo-gênitos estariam, então, concretizando a realidade do irmão e reagindo de diversas formas. Conforme as mães, nesse período os primogênitos apresentaram um aumento da ansiedade, irritação, insegurança e se mostraram, inclusive, infelizes:
Percebe-se que as mães associaram o final da gestação e o crescimento da barriga com o aumento da ansiedade do primogênito. Segundo elas, os primo-gênitos começaram a "concretizar" a realidade da gestação especialmente quando a barriga se tornou visível e o nascimento do irmão passou a ser um assunto mais presente entre a família:
Em alguns casos, a ecografia foi apontada pelas mães como um instrumento por meio do qual os pri-mogênitos depararam-se com a realidade do irmão. Segundo os relatos das gestantes, esse primeiro contato com o irmão de um modo mais concreto foi um momento difícil para alguns primogênitos:
Em apenas um dos casos, a mãe apontou que no período final da gestação o primogênito estaria mais tranquilo do que no início. Isso estaria ocorrendo porque o primogênito teria recebido tardiamente a notícia da gestação e reagido com agressividade enquanto ainda não tinha clareza dos acontecimentos. Assim, pode ter ocorrido que, depois de explicitada a gestação, essa criança pôde adaptar-se minimamente à situação e, consequentemente, se tranquilizou: "Ele está muito feliz. ...Agora eu acho que ele tá mais tranquilo, que ele sabe que vai ter maninha, ele já viu as coisinhas pra ela e ele beija a minha barriga. Ah, já conta pras pessoas que vai vir... que lá em casa tem uma maninha" (M8). Interação primogênito-barriga/irmão Esta categoria examinou o modo como o primo-gênito interagiu com a barriga da mãe durante a gestação e, por meio dela, com a mãe e com o próprio irmão que estava sendo gestado. Percebe-se que a barriga tornou-se um meio de contato entre a mãe e o primo-gênito, e não passava despercebida para ele. A esse respeito, todas as mães indicaram que o primogênito tinha o hábito de tocar a barriga, acariciá-la e beijá-la:
As mães consideraram essas manifestações do primogênito uma atitude positiva que simbolizaria uma interação, tanto com a própria mãe, quanto com o bebê que estava na barriga. Desse modo, o carinho do primo-gênito com a barriga da mãe era interpretado pelas participantes como carinho pelo próprio bebê. Assim, esse tipo de interação era incentivado. Tal atitude materna poderia ser compreendida como forma de favorecer a aceitação do bebê por parte do primogênito, além de aproximá-lo da mãe em um momento de troca de afeto:
Entretanto, alguns primogênitos apresentaram também uma interação desfavorável com a barriga da mãe. Essas poderiam ser compreendidas como sinais de ciúme do bebê. Percebe-se a dificuldade em se distinguir a quem era dirigida a agressividade - à mãe ou ao bebê - , uma vez que, se pensarmos em termos de ciúme, tanto o rival quanto o objeto amado podem ser alvo de retaliações:
Além do contato com o bebê por meio da barriga da mãe, os primogênitos tenderam a incluir o novo irmão como parte da família. Por vezes, mais que os próprios pais, alguns primogênitos tratavam o bebê como se ele já fosse nascido. Isso poderia indicar uma forma de adaptação à realidade, de modo que a chegada do irmão não fosse tão impactante. Parece que, ao final da gestação, os primogênitos eram capazes de fazer certa distinção entre o que era a mãe e o que era o bebê que estava em sua barriga, vendo-o como um ser já independente e separado. É interessante notar que apenas as crianças mais velhas foram capazes de tal diferenciação, o que se percebe em todos os relatos a seguir, referentes a crianças com mais de quatro anos de idade:
Sinais de ciúme do primogênito Esta categoria apresenta os sinais de ciúme do primogênito para com a mãe em relação ao irmão que estava para nascer. As mães relataram diferentes manifestações dos primogênitos como sinais de ciúme do bebê. Segundo os relatos apresentados a seguir, os primogênitos temiam perder seu lugar privilegiado junto à mãe com a chegada do irmãozinho. Esse temor e o desejo de assegurar a atenção e o carinho da mãe para si foram as formas mais frequentes de ciúme demonstradas pelas crianças:
Também foram evidenciados sinais de temor da criança primogênita em perder o amor materno em face da gestação do irmão:
Em outros casos, as mães descreveram como sinais de ciúme do primogênito suas reações de agressividade, tanto em relação a elas quanto em relação ao bebê, mesmo que em forma de ameaça:
Discussão Como pode ser visto no presente estudo, o avançar da gestação, o aumento da barriga da mãe e as múltiplas mudanças decorrentes tenderam a desencadear ansiedade e sinais de ciúme nos primogênitos. O último trimestre gestacional foi um período caracterizado por um aumento na ansiedade, na irritação e na insegurança. Destacase que tais sentimentos foram identificados em todas as crianças, independentemente de sua reação inicial à notícia da gestação. Tanto as crianças que reagiram com alegria como aquelas que reagiram com surpresa ou indiferença à notícia da gestação demonstraram, de alguma forma, ansiedade ao final da gestação. A esse respeito, segundo Gottlieb e Baillies (1995), passada a fase intermediária da gestação, a criança tende a ser informada sobre a gestação materna e inicia-se o processo de concretizar a realidade da chegada do bebê. Tal realidade torna-se crescentemente presente conforme a barriga da mãe começa a ficar mais visível, a chegada do irmão passa a fazer parte das conversas de família, e a própria organização da casa passa a ser reconfigurada para esperar o irmão. Seria o início do complexo processo de tornar-se irmão, que pode minar temporariamente a segurança e a confiança do primogênito, que passa a requerer mais atenção e apoio dos pais. No presente estudo, paralelamente à ansiedade, ao descontentamento ou mesmo às demonstrações de agressividade, já apontados pela literatura (Dessen & Mettel, 1984; Dunn & Kendrick, 1980, 1986; Field & Reite, 1984; Stewart et al. , 1987), os primogênitos tenderam a demonstrar sentimentos de carinho e interesse pelo irmão que estava sendo gestado. Tais demonstrações de carinho puderam ser percebidas pelo contato afetivo estabelecido entre o primogênito e a barriga da mãe, além das conversas do primogênito com o irmão que estava na barriga e de sua inclusão como um membro efetivo da família. Com isso, destaca-se que o relacionamento com a gestação materna e com o irmão que estava para nascer trazia consigo, muitas vezes, uma inerente ambivalência, incluindo, além do carinho e interesse pelo bebê, também sinais de agressividade, que poderiam ser considerados como indicativos de ciúme da mãe em relação ao irmão. Conforme os relatos das gestantes, todos os primogênitos apresentaram atitudes interpretadas como sinais de ciúme. Tais manifestações incluíram demonstrações claras do medo de perder a atenção, o carinho e o amor da mãe, assim como sinais de agressividade dirigidos à barriga da gestante e ameaças de comportamentos agressivos com o irmão após o nascimento. Os primogênitos expressaram também o desejo de continuar sendo amados e especiais para as mães após o nascimento do irmão. Achados semelhantes foram relatados por Richardson (1983), que investigou a percepção materna acerca de sua relação com o primo-gênito durante a gestação. Segundo o autor, todas as gestantes relataram alguma forma de resistência por parte do primogênito diante do nascimento do irmão, ficando claro para elas que as crianças percebiam, desde cedo, que sua posição na família estava em risco. No presente estudo, a aproximação do nascimento do irmão foi inclusive descrita, por uma gestante, como sendo vivida pelo primogênito como uma ameaça que teria desencadeado sinais de desconforto. Isso nos remete à definição de ciúme proposta por Volling et al. (2002), segundo a qual esse sentimento seria disparado pela perda real ou percebida de uma relação valiosa. Desse modo, já durante a gestação, o primogênito seria sensível às mudanças em seu ambiente, na dinâmica das relações dentro da família e, além disso, poderia antever o envolvimento materno com o bebê que está para nascer. O modo como o primogênito lidava com a gestação e com a aproximação do nascimento do irmão parece indicar que, já nesse período, ele poderia sentir o crescente espaço ocupado pelo irmão na família, na atenção e no afeto dos pais, e reagia com sinais de ciúme. Em relação a isso, alguns autores (Dessen & Mettel, 1984; Stewart et al. , 1987) sugeriram que a reação do primogênito seria mediada pelas alterações no padrão de interação genitores-primogênito e, de modo especial, mãe-primogênito no período gestacional. Assim, os comportamentos de maior solicitação, dependência e agressividade seriam tentativas de reaver a atenção e o modo de interação desfrutado com os genitores até então, o que caracterizaria o ciúme. Na definição de Miller, Volling e McElwain (2000), as reações de ciúme incluiriam manifestações de ansiedade, tristeza e irritação, assim como comportamentos negativos e distrativos em direção ao genitor. Com isso, percebe-se que, acompanhado pelo sentimento de alegria pelo irmão que vai chegar, pelo carinho com a barriga da mãe e com o irmão, algumas das mudanças no comportamento do primogênito podem já ser compreendidas como sinais de ciúme. Considerações Finais Os resultados do presente estudo indicam que a gestação do irmão constitui um acontecimento im-portante na vida do primogênito. Embora a criança não necessariamente verbalize claramente sua ansiedade e sua expectativa em relação a esse acontecimento, não podemos desconsiderar que elas sejam uma preocupação saliente em suas vidas. Diante de todas as mudanças desse período de transição, mesmo que os genitores busquem apoiar, preparar e cuidar atentamente do primogênito, não há como imunizá-lo das ansiedades e das angústias que cercam todos os membros da família. Com isso, as mudanças no comportamento do primogênito podem ser compreendidas como uma busca por adequar-se à nova realidade ocasionada pela gestação, e tendem a se impor com maior intensidade após o nascimento do irmão. As mudanças no comportamento do primo-gênito indicam que a gestação constitui, de fato, um evento marcante em sua vida, e que pode introduzir sentimentos até então desconhecido nas relações familiares, como o ciúme. A esse respeito, neste estudo, ao mesmo tempo em que os primogênitos alegraram-se com a gestação do irmão, indicaram ter ciúme e temer pelas mudanças na sua relação com a mãe. O temor em perder a mãe foi manifestado explicitamente pelas crianças, indicando sua percepção do crescente espaço ocupado pelo irmão na família, na atenção e no afeto materno. O modo como os genitores apresentam a gestação do segundo filho para o primogênito, além de iniciar o processo de transição para a inclusão de um novo membro à família, terá impacto no modo como ele vai lidar com o nascimento do irmão e na própria relação fraterna que será construída. Assim, as relações estabelecidas entre os membros da família durante a gestação do segundo filho podem favorecer ou não a adaptação familiar do primogênito ao novo membro, e vice-versa. Nesses momentos de transição, surgem oportunidades que podem ser aproveitadas por equipes de saúde, caso percebam-se dificuldades do primogênito em aceitar a gestação e o nascimento do irmão. Ações de prevenção e intervenção podem ser necessárias e visam a uma transição tranquila e ao desenvolvimento saudável das novas relações familiares. Recebido em: 21/5/2009 Versão final reapresentada em: 21/10/2010 Aprovado em: 29/10/2010 1 Esse código identifica a participante, cujas características são apresentadas na Tabela 1.
Datas de Publicação
Histórico
É possível engravidar mesmo já estando grávida?Engravidar quando já se está grávida é uma situação rara, porém é possível de acontecer. Essa situação é conhecida como superfetação e é caracterizada pela gravidez de gêmeos, mas não exatamente ao mesmo tempo, havendo alguns dias de diferença na concepção.
É possível engravidar já estando grávida de 7 meses?Apesar de super rara, engravidar já estando grávida é uma possibilidade real. Ou seja, uma mulher pode, sim, experienciar uma gravidez em dose dupla a partir de duas concepções diferentes, separadas por até algumas semanas.
É possível engravidar estando grávida de 3 meses?O ginecologista e obstetra César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) afirma que engravidar já estando grávida é possível. Trata-se da chamada superfetação, quando a mulher ovula novamente depois de já ter engravidado.
Tem como ficar grávida de duas pessoas?Fenômeno, chamado de superfecundação heteroparental, é possível quando dois óvulos da mesma mãe no mesmo ciclo menstrual são fecundados por homens diferentes. Um caso raro, mas possível: a Universidade Nacional da Colômbia registrou em 2018 a descoberta de gêmeos de pais biológicos diferentes.
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