Como a Capitania de Pernambuco foi reincorporada ao Império Colonial português?

A Capitania Real do Rio de Janeiro: A Companhia de Jesus e os Correas de Sá na apropriação régia do espaço vicentino

A Capitania Real do Rio de Janeiro: A Companhia de Jesus e os Correas de Sá na apropriação régia do espaço vicentino

A presente comunicação propõe-se a apresentar os resultados, ainda parciais, do projeto de pesquisa desenvolvido na UNESA centrado na formação da Capitania Real do Rio de Janeiro Esta capitania tem origem no processo de desapropriação do espaço inicialmente pertencente à Capitania de São Vicente, em função da implantação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro na baía da Guanabara. Contudo, permanece desconhecida qualquer documentação referente a desapropriação deste espaço vicentino por parte da Coroa. Do mesmo modo, não foi ainda descoberto algum foral ou qualquer autorização régia que permitisse Estácio de Sá fundar uma vila no Morro Cara de Cão, em princípio direito exclusivo do capitão de São Vicente, ou que o Governador-Geral Mém de Sá elevasse esta vila, quando de sua transferência para o morro do Castelo, à condição de cidade, status reservado, em princípio, aos centros urbanos que abrigassem uma sé episcopal Discordando do modelo hipotético que considera tais fontes...

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Entre 1534 e 1536, D. João III instalou o sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil. Tal sistema era caracterizado pela doação de um lote de terras, uma Capitania, a um Donatário (um nobre português), a quem caberia explorar, colonizar as terras, fundar povoados, arrecadar impostos e estabelecer as regras (a justiça) do local. Dentre os primeiros 14 lotes distribuídos por D. João III estava a Capitania de Pernambuco, ou Capitania de Nova Lusitânia, como seu Donatário, Duarte Coelho, a batizou.

Dessa forma, em 1535, Duarte Coelho se estabeleceu no local onde, em 1537 foi fundada a Vila de Olinda. Nesse mesmo ano foi fundada também a Vila de Igarassu. Até então, os ocupantes daquela região eram os índios Tabajaras.

Estabeleceram-se na Capitania vários engenhos, que investiam na plantação de cana-de-açúcar, utilizando mão-de-obra escrava. Durante vários anos, a Capitania de Pernambuco produziu grande quantidade de açúcar, sendo responsável por mais da metade das exportações do país.

Tal prosperidade chamou a atenção dos holandeses, que, entre 1630 e 1654, ocuparam toda a região, sob o comando da Companhia das Índias Ocidentais, tendo como representante o Conde Mauricio de Nassau, que por ter incendiado Olinda, estabeleceu-se em Recife, fazendo dela a capital do Brasil holandês.

A partir de 1645 teve início a Insurreição Pernambucana, movimento de luta contra o domínio holandês de Pernambuco. Foram quase 10 anos de conflito, com destaque para as Batalhas de Guararapes (foram duas), até que em janeiro de 1654 os holandeses se renderam.

A ocupação dos holandeses fez prosperar a cidade de Recife, onde se estabeleceram muitos comerciantes e mascates, enquanto Olinda continuava a ser o reduto dos senhores de engenho. Devido a divergências quanto à demarcação de novas vilas, em 1710, os moradores de Olinda invadiram o Recife, dando inicio a chamada Guerra dos Mascates. O líder da ocupação, Bernardo Vieira de Melo entrou para a história quando sugeriu que Pernambuco se tornasse uma república. Essa foi a primeira vez que se falou em república no país. O conflito só terminou com a chegada, em 1711, do novo governador da região.

Mas os conflitos e revoltas não foram só estes. Ocorreram ainda:

- Revolução Pernambucana (1817) – Eclodiu por um conjunto de motivos, dentre os mais importantes: a crise na produção de açúcar e algodão, o descontentamento com o domínio do comércio pelos portugueses e as idéias republicanas. Os revolucionários venceram algumas lutas e chegaram a estabelecer um governo provisório, mas logo foram derrotados pelas forças militares.

- Confederação do Equador (1824) – Movimento revolucionário que uniu várias províncias do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de Pernambuco) com idéias separatistas, ou seja, que pretendiam separar-se do império e instalar uma republica que seria chamada de Confederação do Equador. Frei Caneca foi o principal personagem desse movimento. Foram logo derrotados, e Frei caneca, fuzilado.

- Revolução Praieira (1848) – Foi mais um conflito de cunho liberal, com idéias separatistas, mas que ocorreu na esfera político-partidaria.

Após a Proclamação da Republica, o estado de Pernambuco voltou-se para seu desenvolvimento industrial e de infra-estrutura.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/pernambuco/historia-de-pernambuco/

Capitania de Pernambuco

Histórico

DenominaçãoInícioTérmino
Capitania de Pernambuco
depois de 1532 depois de 1640

Fundada como capitania donatária com o nome de Nova Lusitânia. Teve a jurisdição retomada pela Coroa em 1654 e a propriedade em 1716.

Tabela de conteúdo

  • 1 Histórico
    • 1.1 Doação
    • 1.2 Ocupação
    • 1.3 Holandeses
    • 1.4 Nativismo pernambucano
  • 2 Lista das vilas da Capitania de Pernambuco
    • 2.1 Referências

Histórico

Doação

O litoral do que viria a ser a capitania de Pernambuco, muito provavelmente, já havia sido visitado por navegantes a serviço de Castela antes mesmo do achamento oficial do Brasil. Posteriormente, foi alvo de incursões francesas em busca de pau-brasil. Em 9 de março de 1534, Duarte Coelho recebeu em Évora a doação de uma das 15 capitanias criadas pelo rei Dom João III como prêmio pelo importante papel nas campanhas militares e diplomáticas dos portugueses no extremo Oriente, onde participou diretamente na tomada de Malaca em 1511. Sua capitania compreendia toda a terra entre a boca sul do Canal de Santa Cruz (que separa a Ilha de Itamaracá do continente) e a margem esquerda do Rio São Francisco (bem como suas águas e ilhas). Precisamente às margens do Canal de Santa Cruz, Cristóvão Jacques havia fundado duas feitorias (em 1516 e 1526), em cujas proximidades se fizeram as primeiras experiências na produção açúcar. Estas feitorias foram alvo do ataque dos franceses em várias ocasiões.

Ocupação

Um ano após a doação, o capitão donatário desembarcou com um grupo de colonos e os materiais necessários para o início efetivo da ocupação de sua capitania. Após fundar a vila de Igaraçu no extremo norte de sua jurisdição, lançou as bases da ocupação de Olinda, que viria a ser a capital da sua Nova Lusitânia, desalojando um entrincheiramento de franceses no topo de uma colina confrontante ao Oceano. O porto da localidade situava-se seis quilômetros ao sul, no local onde surgiria a povoação do Recife.[1].

Duarte Coelho apostou suas fichas na extração de pau-brasil e no agronegócio de exportação do açúcar, recusando-se em mais de ocasião a atender os apelos da coroa pela busca de metais preciosos. Ainda durante sua vida foram fundados e moeram os primeiros engenhos de açúcar. Entre as primeiras unidades produtoras estava a do cunhado de Coelho, Jerônimo de Albuquerque, elemento essencial no estabelecimento de acordos com os grupos indígenas do entorno de Olinda. Albuquerque amancebou-se com muitas mulheres indígenas, logrando a vasta descendência mestiça que lhe valeu o epíteto de “Adão Pernambucano”. Na busca por investimentos e apoios para a capitania, Duarte Coelho viajou duas vezes ao Reino, falecendo na corte em 1554, agastado com a recusa do rei Dom João III em lhe receber no paço.[2]

A época Duartina merece ainda um destaque especial: pela primeira vez na história moderna do continente americano, uma mulher assumiu as rédeas de um governo: Dona Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, que governou a terra nas ausência do marido e depois de seu falecimento. Aparece referida nos poucos documentos de época que se conservaram como “capitoa”.

O sucessor de Duarte Coelho, Jorge de Albuquerque Coelho, ampliou a área de presença europeia atacando os grupos indígenas entre área da Várzea do Capibaribe e a foz do rio São Francisco. O massacre das populações nativas abriu espaço para a instalação de mais engenhos de açúcar. Dos cinco registrados em 1542, passa-se a 23 em 1570, 66 em 1583 e 99 em 1612. A boa conjuntura internacional favoreceu o boom açucareiro pernambucano, que superou a produção da Ilha da Madeira em quantidade e qualidade.

Holandeses

As notícias a respeito das riquezas e das oportunidades de ganho rapidamente correram por toda a Europa e Pernambuco entrou na rota de piratas e invasores. Franceses atacaram o porto do Recife em 1565 e ingleses em 1595. Mas foi em 1630 que ocorreu a invasão mais duradoura e com maiores consequências: a da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, uma empresa privada sediada em Amsterdã com capital formado pelo investimento de grandes e pequenos acionistas. A presença holandesa durou até 1654. Do ponto de vista econômico, representou um momento negativo para Pernambuco, uma vez que a produção do açúcar se desorganizou em virtude dos conflitos armados que marcam o período. Uma vez expulsos de Pernambuco, os holandeses abririam novas áreas de produção no Caribe que passaram a concorrer diretamente com o até então soberano açúcar pernambucano.

A passagem por Pernambuco do Conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen (entre 1637 e 1644), contratado como administrador das conquistas, foi marcada por uma série de ações pioneiras. Nassau trouxe consigo cientistas e artistas que vão, pela primeira vez no Brasil, realizar estudos sistemáticos sobre a natureza, bem como registrar com grande apuro técnico a paisagem e os habitantes da terra. Eis aí o tesouro de informações contidas nos escritos do astrônomo Marcgrav e do naturalista Piso, e nas telas e desenhos de Frans Post, Albert Eckouht e Zacharias Wagener. Sob o mando de Nassau, o Recife converte-se na mais importante cidade litorânea do Atlântico sul, sendo alvo de intervenções urbanísticas que fizeram surgir ruas calçadas, drenagem, mercados, palácios e as duas primeiras pontes de grande envergadura do Brasil. a principal delas, construída pelo judeu português Baltazar da Fonseca. Apesar de ser calvinista, Nassau permitiu uma convivência minimamente pacífica entre católicos, protestantes e judeus, dando-lhes liberdade de culto. Graças a esta política de tolerância, foi possível ver surgir no Recife as duas primeiras sinagogas das Américas, a primeira delas – chamada Kahalzur Israel – recuperada arqueologicamente e aberta à visitação na rua do Bom Jesus, bairro do Recife.[3]. O governo de Nassau durou de 1637 a 1644. Após desentendimentos com a Companhia, retirou-se para a Europa.[4]

Sua saída de Pernambuco desfez o precário equilíbrio local construído nos anos de seu governo, intensificando o combate contra os invasores que acabariam expulsos após 9 anos de renhidas lutas. Um exército improvisado e mal aprovisionado pelo rei de Portugal conseguiu fazer frente a uma poderosa máquina de guerra. A vitória dos luso-pernambucanos, conseguida sobremaneira com recursos humanos e materiais locais, deu aso a um sentimento nativista e a uma atitude de confrontação com os poderes centrais que a partir daí caracterizam a história da capitania. Os senhores de engenho pernambucanos, pouco a pouco metamorfoseados em uma “nobreza da terra”, passaram a exigir um tratamento diferenciado da coroa portuguesa, o que provocaria sérios atritos nas décadas seguintes.[5]

Nativismo pernambucano

Uma primeira explosão do nativismo pernambucano registra-se na expulsão do governador português Jerônimo de Mendonça Furtado em 1666. Em 1709, a nobreza da terra se rebelou contra a criação da nova câmara do Recife cujo fim era permitir aos ricos comerciantes portugueses radicados em Pernambuco a participação nas decisões políticas locais. Este conflito ficou conhecido como Guerra dos Mascates.[6] Assim como ocorreria nos séculos XIX e XX, no século XVIII milhares de jovens portugueses migraram para Pernambuco em busca de uma vida melhor. Alguns conseguiram ter sucesso tornando-se grandes comerciantes. Os lucros auferidos no comércio foram frequentemente reinvestidos em outras atividades tais como a criação de gado nos sertões. Figuras como José Vaz Salgado, o mais importante homem de negócios em Pernambuco em meados do século XVIII, articulavam fazendas de criação com a produção de carnes salgadas e a manufatura de couros que eram exportados para Portugal e para outras partes da colônia.[7] Os descendentes das primeiras levas de grandes comerciantes, já acomodados nas lides agrárias, possuindo engenhos e arraigados na terra de adoção de seus avós, seriam os protagonistas das novas explosões do nativismo pernambucano no início do século XIX.

O tradicional irredentismo pernambucano embebido pelas ideias ilustradas francesas seria o combustível das manifestações anti-colonialistas e anti-absolutistas nos primeiros 25 anos do século XIX. A divulgação das ideias libertarias ocorria nas lojas maçônicas e no Seminário de Olinda. A revolução republicana de 1817 representou a primeira contestação ao império português com implicações práticas, chegando os revolucionários a assumir o governo durante 75 dias e a promulgar uma lei orgânica considerada por alguns como a primeira constituição redigida por brasileiros.[8] Em 1821 Pernambuco liberou-se do governador e das tropas portuguesas, um ano antes do célebre grito do Ipiranga.[9]

Lista das vilas da Capitania de Pernambuco

Vila Formosa de Sirinháem

Goiana

Igarassu

Vila de Olinda

Vila de Recife

Nossa Senhora da Conceição (Itamaracá)

Como a Capitania de Pernambuco foi reincorporada ao Império Colonial português?

Bibliografia selecionada da Capitania de Pernambuco

Referências

  1. PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos. 2a edição. Recife: FUNDARPE, 1983. Vol. 1.
  2. MELLO, J. A. G., ALBUQUERQUE, C. X. DE. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Editora da UFPE, 1967.
  3. MELLO, José Antônio Gonsalves de. Gente da Nação: cristãos-novos e judeus em Pernambuco, 1542-1654. 2ª edição. Recife: Massangana, 1996.
  4. MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos, influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. 4ª edição, Rio de Janeiro: Topbooks, 2002. MELLO, Evaldo Cabral de. MELLO, Evaldo Cabral de (Org.). O Brasil holandês, 1630-1654. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
  5. MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada: Guerra e Açúcar no Nordeste, 1630-1654. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Topbooks, 1998. MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio: imaginário da Restauração Pernambucana. 3ª edição. São Paulo: Alameda, 2008.
  6. MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos. Nobres contra mascates: Pernambuco 1666-1715. 3a edição. São Paulo: Editora 34, 2012.
  7. SOUZA, George F. Cabral de. Tratos & Mofatras. O grupo mercantil do Recife colonial (c. 1654 – c. 1759). Recife: Editora Universitária da UFPE, 2012.
  8. LEITE, GlacyraLazzari. Pernambuco 1817. Estrutura e comportamentos sociais. Recife: Massangana, 1988.
  9. MELLO, Evaldo Cabral de. A outra Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo: Editora 34, 2004.

Como a Capitania de Pernambuco foi incorporada ao império colonial português?

Através do sistema de Capitanias Hereditárias, Duarte Coelho tomou posse da Capitania de Pernambuco, chamada inicialmente de Capitania Nova Lusitânia. Em 1535 foi fundado o povoado de Olinda e em 1537, esta passou a ser Vila.

Qual a importância da Capitania de Pernambuco para o Brasil colônia?

Pernambuco era considerada o maior pólo econômico da colônia durante os séculos XVI e XVII possuindo mais de 100 engenhos de produção de açúcar espalhados por uma região que se estende da antiga Vila de Igaraçu até o rio São Francisco.

Qual foi a Capitania de Pernambuco?

Capitania de Pernambuco.

Quem ficou responsável pela Capitania de Pernambuco?

No dia 10 de março de 1534, o navegador português Duarte Coelho Pereira era nomeado governador da Capitania de Pernambuco. O título foi outorgado por Carta de Doação do então rei de Portugal, Dom João Terceiro.