Como os professores podem envolver os pais nas atividades escolares?

Publicado em 26 de outubro de 2015

Muitas escolas enfrentam dificuldades na hora de envolver os pais na vida escolar de seus filhos. Entre as principais justificativas dos pais estão a falta de tempo e a não dispensa da jornada de trabalho para frequentar as reuniões escolares. O assunto virou até pauta no Senado: enquanto um projeto de lei do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) prevê punição aos pais que faltarem em reuniões escolares, outro, da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), permite que os pais faltem no trabalho uma vez por semestre para acompanhar a reunião dos filhos.

Para a pedagoga Janaina Maudonnet, a escola precisa diversificar os canais de participação para se aproximar dos pais. “A reunião precisa ser pensada em horários alternativos ou horários para atendimento individual. Nem todos podem participar da mesma maneira e nas condições ideais”, justifica.

Ambiente agradável

A reunião de pais – geralmente organizada entre regras a serem cumpridas e o feedback sobre o comportamento do aluno – é outro ponto que precisa ser repensado. “Será que a participação das famílias se resume em controlar o comportamento de seus filhos e seguir as regras da escola? Os pais podem participar de projetos da escola, contando histórias, falando de sua profissão ou ensinando uma receita gostosa. Podem participar de festas coletivas e nos processos decisórios”, acrescenta.

Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Vitor Paro, a escola precisa receber os pais bem, coisa que nem sempre acontece. “Dizer simplesmente que o filho é ‘bagunceiro’ afasta o pai da escola, que pensa que seu filho é burro. Esse mesmo pai que também se culpa por ter sido expulso da escola. A escola errou com ele e agora erra com seu filho”, destaca. “A escola deve recebê-lo com simpatia, alegremente, reconhecendo que sem a presença dele é mais difícil”, pontua. 

Participação ativa

A relação entre pais e escola teve um final feliz na E.E. João Cardoso dos Santos, em Mogi das Cruzes (SP).  Desde maio de 2014, os pais dos alunos fundaram o grupo “Pais Presentes”. Entre as suas atividades estão observar a entrada e saída de alunos e promover festas em datas específicas.

“Para envolver os pais, a escola pode apresentar o espaço e os funcionários para as famílias; expor currículos, projetos e os trabalhos dos alunos; informar resultados internos e externos de desempenho; propiciar encontros para debates e sugestões e até visitar as famílias”, opina a participante do grupo, Inês Aparecida Cardoso Miranda. 

Também é comum os pais terem receio de se envolver nas atividades escolares dos filhos por não possuírem escolaridade completa. Para Vitor Paro, o papel do pai em casa não é ensinar, mas incentivar. “A escola é quem tem que ensinar. O pai deve estimular o aluno procurando um lugar adequado para ele estudar e não o deixando muito tempo na frente da televisão e do computador”, ensina.

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A relação entre pais e professores é uma dinâmica de expectativas e entregas de ambas as partes. Nas nossas conversas com educadores, o tema aparece com frequência – e expõe a preocupação das escolas de que os pais não estarem tão engajados com a educação formal dos filhos.

Muito além de ser uma questão meramente pedagógica, a ausência ou a distância dos pais das questões escolares também afeta a relação entre escola e família – e altera os papéis de cada um na educação formal das crianças e adolescentes.

Entretanto, sendo os pais fundamentais para o bom desempenho dos alunos – não só em termos acadêmicos, mas também comportamentais -, fizemos uma curadoria de dicas para gestores e educadores promoverem maior engajamento deles nas escolas (e também saberem como lidar com pais mais difíceis).

Boa leitura!

Como engajar os pais, mães e responsáveis na educação dos filhos?

1. Conheça-os

Os pais e responsáveis dos seus alunos entendem e valorizam o programa pedagógico da sua escola? Eles acreditam na sua utilidade e aplicação? Eles já chegam à escola com esta mentalidade? O que eles pensam sobre o papel da instituição?

2. Além de conhecê-los, faça uma sondagem e estabeleça as expectativas

Os pais que se veem como os primeiros educadores de seus filhos têm maior probabilidade de serem colaborativos com os professores, além de mais envolvidos no programa educacional da instituição. Por essa razão, além de entender como veem o programa da instituição, é importante estabelecer as expectativas com antecedência.

3. Ao estabelecer expectativas, pense também em autoestima

A forma como os pais se veem influencia diretamente sua relação com a escola. Pais mais confiantes em suas próprias habilidades acadêmicas têm a tendência de se envolver mais na educação dos filhos – e adaptar o programa escolar para envolver os pais é uma das formas de aumentar sua confiança e engajamento.

4. Humanize a relação

Tanto pais quanto professores são indivíduos que têm expectativas, limitações e emoções que, muitas vezes, não estão ligadas ao contexto escolar – mas o afetam e o transformam. Humanizar a relação e respeitar essa dinâmica é uma das maneiras de tornar o relacionamento com eles mais efetivo.

5. Descubra exatamente quais são as barreiras à participação

Conversar abertamente com os pais, entender seus motivos e como superar as barreiras de participação pode ser um primeiro passo importante para engajá-los – e tornar o processo melhor também para eles. É importante também, especialmente durante esse momento de aulas à distância, promover a participação dos pais de forma voluntária, não obrigatória – o que pode trazer peso e desmotivação para a família.

6. Seja pró-ativo (a)

Não espere o engajamento dos pais ou que alguma intervenção seja necessária para iniciar uma relação. Crie contexto, abra o canal de comunicação e busque envolvê-los de maneira ativa no programa escolar, empoderando-os a tomar decisões e a serem personagens relevantes na jornada educacional dos seus filhos.

7. Priorize o relacionamento, sempre

Envolver os pais no dia a dia da escola, incluí-los nas atividades, pedir suas opiniões e colocá-los numa posição importante para o aprendizado dos filhos é uma das maneiras de engajá-los. Essa atitude também os mantém a par da dinâmica e é uma forma de aumentar sua sensação de controle e capacidade.

8. Mostre o panorama, não apenas os problemas pontuais

O processo de aprendizagem vai muito além de notas de 0 a 10. Ajudar os pais a entender todo o programa escolar, os objetivos que devem ser alcançados ao final do ano letivo e como eles promovem o crescimento dos seus filhos é uma maneira de mostrá-los o panorama, não as questões meramente pontuais – e trazer maior peso e responsabilidade à situação.

9. Lembre que juntos somos mais fortes

Manter professores e gestores em união – e em acordo sobre qual o papel da escola, dos professores e dos pais na educação dos alunos – é necessário para trazer mais força para a instituição e mais segurança para os próprios pais em relação à credibilidade da escola. Em outras palavras, a comunicação aberta com os próprios agentes escolares é que abre espaço para a comunicação com os pais – que, inclusive, é mais necessária do que nunca.

E você, que outra dica tem para compartilhar com outros professores, gestores e diretores escolares? Compartilhe conosco nos comentários!

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