Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

As regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso deram origem à mineração no Brasil.

Na primeira metade do século XVII, Portugal deixou de ser subordinado da Espanha e passou por um momento delicado com muitas dificuldades, aumentado ainda mais após a retirada dos holandeses do Brasil decorrente do declínio da atividade açucareira.

No Brasil o bandeirante que obtinha lucros com a mão-de-obra escrava indígena enfrentava a concorrência dos escravos africanos que eram mais viáveis economicamente, favorecendo o declínio da atividade dos bandeirantes e aumentando o tráfico de escravos.

Diante dessa realidade a coroa portuguesa promoveu outra atividade aos bandeirantes, e a principal era de realização de estudos para descobrir jazidas de pedras preciosas, com isso, no final do século XVII, foi desvendada as primeiras jazidas, destacando os estados de Minas Gerais, e posteriormente chegou até Goiás e Mato-Grosso.

A corrida do ouro

O Brasil chamou atenção para o seu interior, pois foi nessas regiões que, a partir das descobertas das jazidas auríferas pelos bandeirantes, houve uma dispersão da informação por todo o território, atraindo para os respectivos estados um grande número de pessoas de outras regiões brasileiras.

A notícia da descoberta de jazidas de pedras preciosas na Colônia deixou os portugueses aguçados, levando muitos desses a tentar uma nova vida no Brasil, a incidência de migração foi tão grande que as autoridades, a partir de 1720, tornaram restrita a entrada de estrangeiros no país.

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Existiam duas maneiras de exploração do ouro ambas com denominações distintas, a faisqueira, na qual a retirada do minério é feita nas margens de córregos e rios, esse nome foi dado devido ao brilho dos ouros maiores que resplandecia ao sol às margens do manancial, o outro processo era denominado de aluvião, a exploração era realizada de forma simples com a utilização de uma espécie de bacia de nome bateia, nesse processo o garimpeiro geralmente trabalhava sozinho.

Já nas lavras a exploração do minério era em grande escala, ou seja, em enormes minas, nas quais era utilizada uma série de instrumentos destinados ao garimpo, esse processo se difere em relação às áreas de exploração, nas lavras o ouro era extraído em vertentes, na base de morros e colinas, a mão-de-obra era predominantemente escrava, essa construía tudo que fosse necessário para a retirada do ouro, desde escavações até os canais que escoavam as águas usadas no processo.

Aproveite para conferir nossa videoaula sobre o assunto:

Prof. Dr. Marcelo Tramontano � S�o Carlos, novembro de 2004

Por quest�es de interesses pol�ticos e financeiros, Minas Gerais representava um territ�rio rigorosamente controlado pela coroa portuguesa, onde as ordens religiosas n�o tiveram permiss�o para se fixar, sendo permitido apenas � igreja, a presen�a da Santa Casa e das ordens ou confrarias. Da rela��o entre a Igreja e a sociedade estratificada da capitania, se fizeram presentes a irmandade dos negros de Nossa Senhora do Ros�rio, a dos brancos, as Ordens Terceiras de S�o Francisco e de Nossa Senhora do Carmo e a confraria das Merc�s, agrupando os crioulos, representando importantes elementos da integra��o da sociedade, que apresenta ainda uma estratifica��o social com base na fidalguia de sangue. A quest�o das origens sociais na forma��o destes povoados � fundamental.

Os funcion�rios da coroa, contratadores, intendentes, produtores de ouro,� representavam um grupo social perante os comerciantes, os tropeiros, os faiscadores que trabalhavam por conta pr�pria, ex-escravos negros e mulatos j� alforriados, formando um tipo de estratifica��o social decorrente do processo natural de circula��o da riqueza que,� desenvolveu a forma��o de uma quase aristocracia, de uma determinada �elite�, segmentos em que despontaram as contradi��es. �Enquanto os brasileiros dissipam descuidosamente o que possuem, os portugueses ajuntam tost�o por tost�o, privando-se de tudo para se tornarem ricos. Ao se tornarem ricos, conservam a grosseria inata e a ela sobrep�em a mais� insuport�vel arrog�ncia, tratando com desd�m os brasileiros, a quem devem a fortuna�. (SAINT-HILAIRE, 1974)

No surgimento destas povoa��es nas Minas Gerais, do desenho da cidade medieval � cidade renascentista e iluminista, os portugueses transpuseram para os espa�os coloniais o desenho que se adaptava melhor �s circunst�ncias, quer quando a malha obedecia a um tra�ado, quer nos casos de crescimento espont�neo. A apropria��o do espa�o urbano reflete, de certo modo, os interesses das classes e segmentos sociais envolvidos no processo de coloniza��o, interesses esses que nem sempre coincidiram com os da coroa. O modelo das cidades mineiras setecentistas � representado por ruas tortuosas e intrincadas, conforme tradi��o medieval portuguesa, definindo um sistema de padr�o irregular, com arruamentos transversais � encosta, atravessados perpendicularmente por ruas paralelas, travessas e becos. Com as casas amoldando e determinando o tra�ado das ruas, foram se estabelecendo espa�os sinuosos, com alargamentos e estreitamentos, com as mais tortuosas formas, conforme nos esclarece Pestana, 2001.

Os arraiais e vilas que deram origem �s cidades do ciclo do ouro mineiro, foram criados em curto espa�o de tempo, refletindo uma l�gica pr�pria na apropria��o do espa�o urbano. Eles resultaram de uma cultura regional pr�pria, diferentemente das povoa��es litor�neas, que obedeceram inicialmente a um tra�ado militar defensivo, evidenciando n�o s� o desenho mas um estilo de vida que se aproximava dos da metr�pole. Na col�nia, em que durante os primeiros dois s�culos de coloniza��o predominavam os interesses senhoriais do mundo rural, a constitui��o dos n�cleos urbanos, apoiados pela coroa, fez-se num passo decisivo na cria��o de uma rede urbana din�mica com um papel apreci�vel no processo de moderniza��o. (MOUR�O, 2000).

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

A vida cotidiana dos mineiros oscilava entre a rotina rural durante a semana, e nos fins de semana centravam na vida religiosa, nos povoados, da prov�ncia de Minas Gerais (SAINT-HILAIRE, 1975). O isolamento formal imposto pela coroa e o processo econ�mico da minera��o levaram � emerg�ncia de uma autonomia cultural qualitativamente diferenciada que caracterizou os n�cleos humanos das Gerais (MOUR�O, 2000). No que se refere � vida social, as mulheres ficavam praticamente em uma clausura em sua pr�pria casa. No cotidiano, nunca tinham qualquer contato com estranhos.

O universo rural colonial, mineiro, de certo modo pouco conhecido, apesar das proibi��es rein�is, a fim de concentrar a m�o-de-obra dos escravos na minera��o, desenvolveu a produ��o de a��car e de aguardente, ao arrepio da lei, conseguindo alcan�ar uma "relativa auto-sufici�ncia". Neste contexto Sainti-Hilaire relata sobre a fraca tradi��o portuguesa quanto � agricultura, que trouxe aos habitantes da prov�ncia o conhecimento restrito quanto ao cultivo da terra, levando-os ao abando da habita��o, quando do esgotamento da lavra aur�fera. E, no caso dos muito pobres, com constru��o de suas habita��es em pau a pique, a facilidade em construir outra casa em novas localidades, os impulsionava � procurar melhores possibilidades de vida.

Citando ainda Saint-Hilaire, em sua viajem de 1816 em Minas Gerias, quando da decad�ncia aur�fera das minas e conseq�ente abandono das casas, h� expressivo esvaziamento das povoa��es. Segundo ele, por influ�ncia da Inconfid�ncia Mineira, que em fun��o das provid�ncias tomadas pela Coroa Portuguesa, que exilou grande parte dos habitantes mais intelectualizados da prov�ncia, com consecutiva penhora e leil�o de seus bens, que de forma sucessivamente foram comprados por diferentes cidad�os, sem condi��es financeiras de mant�-los, contribuiu para a gradativa decad�ncia f�sica de tais im�veis. O esvaziamento foi refor�ado, pela fuga de outros habitantes, devido � inseguran�a e medo, e incapacidade de pagamento dos impostos cobrados pela coroa.

Entendemos que a amplia��o de conhecimentos, tais como as refer�ncias citadas, nos possibilitar� melhor compreender o perfil dos habitantes destas povoa��es setecentista mineiras, que as constru�ram e modificaram ao longo da hist�ria, e com isto, tra�ar uma breve trajet�ria das transforma��es urban�sticas, e do modo de viver nestas cidades, a partir dos valores nelas existentes, ou nelas criados.

2.    Objetivos

Compreender os valores existentes, ou valores criados em cidades setecentista mineiras, para algumas transforma��es urbanas e do modo de viver nelas ocorridas ao longo do tempo, priorizando seu momento de forma��o.

Para tanto, � necess�rio entendimento sobre a popula��o que morava ou possu�a habita��o nos povoados, da regi�o da Capitania das Minas Gerais, na busca pelo entendimento das rela��es entre os n�cleos de povoa��o destas regi�es de explora��o mineral da ocasi�o.

2.1      Objetivos espec�ficos:

  • Estudar a trajet�ria de transforma��es urbanas em cidades mineiras de origem colonial, a partir de uma vis�o panor�mica dos s�culo XVIII e XIX;
  • Ampliar a compreens�o do modo viver do colonizador portugu�s no Brasil, nas regi�es denominadas circuito do Ouro e Diamante.
  • Estudar os crit�rios portugueses para cria��o de arraiais, vilas e cidades;
  • Estudar o cotidiano dos povoados setecentista mineiros, a partir dos habitantes, entre as rela��es s�cias estabelecidas, e qual import�ncia dada aos aglomerados �urbanos�.

3.    Crit�rios portugueses na cria��o de arraiais, vilas e cidades no brasil

3.1      A l�gica urbana portuguesa

�A cidade[1] portuguesa � o resultado de v�rias influ�ncias e de v�rias concep��es de espa�o, que nela confluem e se sintetizam. Por um lado, uma concep��o de espa�o de natureza mediterr�nica, vern�cula e muito ligada � estrutura do territ�rio, que pode ser verificado nas cidades gregas, em que o elemento essencial, s�o os edif�cios localizados em posi��es dominantes, que d�o sentido e estruturam os espa�os urbanos envolventes. Por outro lado, uma concep��o de espa�o racional, intelectual e abstrata, que embora presente nas cidades romanas de coloniza��o n�o � especificamente mediterr�nica� (TEIXEIRA,2000). De igual import�ncia � a influ�ncia da cultura mul�umana nas cidades portugueses, uma vez que eles dominaram o territ�rio que hoje � Portugal por aproximadamente 500 anos, do s�culo VIII ao s�culo XIII, deixando como forte heran�a a tradi��o da estrutura urbana uniforme (http://urban.iscte.pt/Revista/numero2).

As cidades portuguesas contemplam os princ�pios te�ricos e as interven��es urbanas desenvolvidas em diferentes regi�es da Europa, fazendo parte da cultura erudita europ�ia, partilhando os mesmos valores. O urbanismo portugu�s partilha inteiramente desta evolu��o, tornando-se cada vez mais racional e identificado com esta cultura urbana europ�ia de raiz erudita. (TEIXEIRA, 2000)

Historicamente, as cidades tradicionais constru�das no Brasil possuem caracter�sticas morfol�gicas na tradi��o urbana portuguesa. Podemos citar caracter�sticas de destaque, como a l�gica das suas localiza��es, nas especificidades topogr�ficas dos s�tios em geral, na rela��o que estabelecem com o territ�rio, na estrutura global da cidade e nas suas principais linhas estruturantes, nas caracter�sticas do tra�ado, na estrutura de quarteir�es e na estrutura de loteamento, nas suas caracter�sticas arquitet�nicas, vern�culas[2] (que predomina no caso mineiro) ou eruditas[3]. Segundo TEIXEIRA, 2000 �Uma das principais caracter�sticas do urbanismo portugu�s � a sua capacidade de s�ntese destas duas vertentes, que pode ser observada ao longo da hist�ria. N�o existem tipos puros de tra�ados nas cidades de origem portuguesa. A cidade portuguesa caracteriza-se sempre pela s�ntese destas duas concep��es de espa�o, harmonizando num todo coerente estas duas formas de fazer cidade, a� residindo, em grande parte, a sua especificidade.�

Verificamos que a tradi��o vern�cula tem como uma de suas caracter�sticas mais importantes, a rela��o com o territ�rio, que pode ser observada na escolha de localiza��es, nas caracter�sticas espec�ficas dos s�tios selecionados para a sua funda��o, na escolha de locais proeminentes para a implanta��o de edif�cios institucionais, na defini��o das principais vias estruturantes, que se inserem simultaneamente numa l�gica territorial e urbana que as articulam, na estrutura��o global da cidade e defini��o do seu tra�ado, assim como no desenvolvimento de espa�os urbanos com caracter�sticas formais espec�ficas.

No territ�rio portugu�s, em diferentes momentos hist�ricos, h� tra�ados urbanos com caracter�sticas de regularidade, que resultaram de processos de planejamento. Segundo TEIXEIRA, 2000, podemos citar as �cidades romanas dos s�culos I e II, as cidades medievais planeadas dos s�culos XIII e XIV, e os tra�ados regulares quatrocentistas e quinhentistas que evidenciam as novas concep��es de espa�o renascentista. A partir do s�culo XV come�am tamb�m a construir-se nas ilhas atl�nticas, e a partir do s�culo XVI no Brasil, tra�ados urbanos regulares, evidenciando as influ�ncias daqueles modelos planeados. Os tra�ados urbanos quinhentistas e seiscentistas brasileiros v�o afirmando a crescente regularidade e geometriza��o do urbanismo de origem portuguesa. Os tra�ados setecentistas que se desenvolvem quer no Brasil quer em Portugal representam o aparente triunfo e predom�nio da racionalidade sobre os outros princ�pios vern�culos de estrutura��o urbana. Mas s� aparentemente.�

O urbanismo portugu�s retrata uma capacidade de se moldar ao territ�rio, ainda que �s vezes a partir da utiliza��o de um relativo menor rigor geom�trico. Cada uma das duas principais componentes que comp�em o urbanismo portugu�s (vernacular e erudita) afirma-se mais ou menos conforme a �poca hist�rica, a cultura urban�stica do momento da sua constru��o, e as raz�es conjeturais que presidiram ao seu desenvolvimento.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Constatamos a partir de TEIXEIRA, 2000, que a especificidade da cidade portuguesa[4] tem a ver com m�ltiplos aspectos: as diferentes influ�ncias e concep��es de espa�o que est�o na sua origem; os crit�rios de sele��o dos locais para a constru��o das cidades; a escolha dos s�tios topograficamente dominantes para a implanta��o dos n�cleos originais dos aglomerados urbanos; a �ntima articula��o do seu tra�ado com a topografia; a estrutura��o da cidade em n�cleos distintos, com malhas urbanas diferenciadas, correspondendo cada uma delas a diferentes unidades de crescimento; a localiza��o de edif�cios institucionais, de natureza religiosa, civil ou militar, em sintonia com as particularidades topogr�ficas e o papel destes edif�cios na estrutura��o dos tra�ados urbanos; a lenta estrutura��o formal das pra�as urbanas, associadas a diferentes n�cleos geradores e a fun��es distintas em muitos casos; a const�ncia da estrutura de loteamento e das tipologias construtivas a ela associadas; finalmente, o pr�prio processo de planeJamento e de constru��o da cidade portuguesa, que apenas se concretiza no confronto com a estrutura f�sica natural do territ�rio.

�A cidade portuguesa constr�i-se sempre de acordo com um plano, ou uma id�ia de ordenamento pr�-definido, mas tendo em considera��o as particularidades do s�tio e explorando-as quer no que se refere ao ordenamento do tra�ado quer � localiza��o dos principais edif�cios e fun��es urbanas.� (TEIXEIRA, 2000).

3.2      O tra�ado urbano Brasileiro: o caso de Minas Gerais

As cidades portuguesas apresentam coer�ncia formal e se estruturam na base de um mesmo conjunto de princ�pios, que podem ser observados em Portugal e nos territ�rios ultramarinos[5], em diversas �pocas hist�ricas e em tra�ados de origem vern�cula ou erudita, existindo evidentes exemplos em algumas cidades brasileiras.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Planta, da cidade de Salvador/BA � 1612

Fonte: Urbanismo3 de origem portuguesa - Biblioteca P�blica Municipal do Porto

A organiza��o municipal e urbaniza��o no Brasil, aconteceu por meio das ordena��es, que trouxeram a organiza��o municipal portuguesa para a col�nia, com suas ra�zes romanas e suas fun��es pol�tico administrativa e judici�rias. �As humildes vilas brasileiras tiveram seu nascedouro subordinado a um programa elaborado em Lisboa. Todas se erguiam debaixo da organiza��o municipal que desde o seu dia inicial lhes presidia os movimentos e lhe marcava o futuro.� (REIS, 2000)

A maior parte das cidades brasileiras tradicionalmente se desenvolveram em situa��es costeiras, � beira de uma ba�a, ou junto a rios ou outros cursos de �gua. �As que se desenvolvem junto ao mar situam-se geralmente em terrenos de encosta, mais ou menos acidentados, pendendo para o mar. As que desenvolvem junto a rios situam-se geralmente em pendentes suaves. Os seus tra�ados � seja de cidades costeiras seja de cidades de interior � apresentam princ�pios id�nticos. Uma e outra s�o variantes de um modelo mais geral. O ponto topograficamente dominante do territ�rio � ocupado geralmente pelo castelo, ou por qualquer outra situa��o defensiva, desenvolvendo em torno de si um pequeno n�cleo constru�do. A primeira grande via estruturante da cidade desenvolve-se no entanto a uma cota mais baixa, ao longo do mar, ou do rio.� (TEIXEIRA, 2000).

A realidade das povoa��es da Capitania de Minas Gerias, resultaram em cidades � beira-rio em encostas voltadas para rios, riachos ou ribeir�es, em sua maioria � meia encosta, deixando os terrenos mais perto do curso de �gua livres. A implanta��o est� geralmente condicionada a permitir a abertura de po�os artesianos, para abastecimento de �gua dentro do aglomerado urbano.

A primeira via do povoado, desenvolve-se de n�vel, sempre � mesma cota, e paralela ao curso de �gua.

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Forma��o urbana de Mariana/MG

Fonte: Funda��o Jo�o Pinheiro

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

O fato de a rua acompanhar a estrutura do terreno, tem como resultado o seu car�ter org�nico. Conforme descreve SAINT-HILAIRE, Vila do Pr�ncipe, por exemplo, foi edificada sobre a encosta de um morro alongado, com as casas dispostas em anfiteatro, possibilitando a visibilidade dos quintais entre elas, onde as ruas de leste a oeste, paralelas � base do morro, eram em sua maioria pavimentadas.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Em termos gerais, as povoa��es mineiras surgiram a partir da fixa��o do com�rcio nas estradas, em regi�es aur�feras (VASCONCELLOS, 1977). Estes caminhos, em cada possibilidade de surgimento de uma povoa��o, acontecia com a consolida��o do mesmo em uma via cujos extremos marcados geralmente por capelas, que se constitu�am como �pontos de amarra��o�, e que provavelmente surgiram logo no in�cio da ocupa��o deste trecho. Cada uma destas capelas pontuava um espa�o aberto, um simples adro, um largo que em tempo se estruturavam formalmente como pra�as. Ao mesmo tempo, intencionalmente ou n�o, estes espa�os e estes edif�cios, constituem perspectivas que se t�m para um e outro lado desta via. � ao longo deste primeiro percurso que se definem os primeiros lotes e se constroem as primeiras casas, seguindo o seu alinhamento.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Povoado de Canjica/MG

Fonte: arquivo pessoal � Ana Barbosa

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Muitas vezes os espa�os associados a estas capelas, situadas de um e outro lado deste eixo fundamental, tinham caracter�sticas distintas. Minas Gerais apresenta a especificidade de n�o ter sido autorizado, por Carta R�gia, as ordens religiosas, congrega��es (franciscana, carmelita, jesu�ticas, dentro outras), que se responsabiliza��o por grande parte da arquitetura religiosa do litoral brasileiro, e a correspondente rela��o dessa arquitetura com o desenvolvimento e estratifica��o social da regi�o. Desta maneira, em Minas, devido a aus�ncia dessas congrega��es, ficou transferido para o povo a responsabilidade destas quest�es religiosas. Organizaram-se em grupos, compondo confrarias, irmandades, ordens terceiras, sem maiores assist�ncias do clero. Estes grupos corresponderam aos agrupamentos sociais ent�o existentes. Esta correspond�ncia entre a arquitetura religiosa e o sistema social, em Minas Gerias, representa import�ncia para a compreens�o desta arquitetura, e principalmente para a compreens�o do desenvolvimento social nela t�o bem traduzido.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Numa segunda fase, observa-se a ocupa��o dos pontos dominantes do territ�rio por fun��es urbanas e edif�cios significativos � civis e religiosos � e o desenvolvimento de ruas dirigindo-se para eles. Estes pontos dominantes podem ser os topos de colinas mais altas ou as eleva��es mais proeminentes da meia encosta onde a cidade se desenvolve. Geralmente, as ruas que se dirigem para estes edif�cios s�o perpendiculares ao eixo original, mas em pontos onde, apesar da grande inclina��o, a pendente � menor.

Uma vez ocupada completamente a primeira via estruturante do aglomerado urbano (a rua Direita) assiste-se ao desenvolvimento de outras ruas paralelas a esta primeira via longitudinal, e de outras vias travessas, perpendiculares a elas. E,outra longitudinal em cota mais baixa, mais pr�xima do fundo do vale, e as restantes longitudinais a uma cota superior.

De forma gradual, estrutura-se um sistema de duas vias principais cruzando-se um �ngulo reto, com uma pra�a no seu cruzamento. Trata-se da estrutura urbana b�sica que os romanos haviam racionalizado e de geometrizado (TOLEDO, 2000).

O melhor exemplo cidades� estruturadas segundo processos vern�culos e tra�ados informais no s�culo XVIII, quando a racionaliza��o se fazia expressiva, � provavelmente Minas Gerais, onde se observa um processo tardio, e r�pido, de crescimento de cidades que, na maior parte, n�o foram objeto de um plano estruturador, e onde podemos entender que se condensa todo o conhecimento vern�culo de �pocas passadas do urbanismo portugu�s.

� importante lembrarmos que os pr�prios tra�ados regulares que crescentemente se afirmam no urbanismo portugu�s possuem ra�zes nesta tradi��o vern�cula. Esta crescente racionaliza��o dos tra�ados urbanos portugueses �, em todas as �pocas, apenas a ordena��o do modo vern�culo (ou natural, ou territorial) de fazer cidade. (TEIXEIRA, 2000)

4.    Caracteriza��o da habita��o setecentista, e da rela��o de sua import�ncia na forma��o do espa�o urbano

4.1      Caracter�sticas gerais

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Segundo, REIS,2001, durante as primeiras d�cadas do s�culo XVIII o desenvolvimento da minera��o no interior do territ�rio brasileiro, permitiu a forma��o de �reas de coloniza��o com popula��o expressivamente urbana se comparada com a do litoral. O desenvolvimento da minera��o trouxe tamb�m um impulso significativo �s atividades de com�rcio nas vilas e cidades, vinculados agora n�o mais aos objetivos da agricultura agro-exportadora. Estando j� em 1720, clara a import�ncia da vida urbana para o sistema colonial, j� existindo na Capitania de Minas Gerais oito vilas, que representam as atuais cidades de Mariana Sabar�, Ouro Preto, S�o Jo�o Del Rei Serro, Caet�, Pitangui, Tiradentes.

O povoamento da capitania de Minas Gerais ocorreu basicamente por imigrantes aventureiros com ambi��o financeira em detrimento da moral ou de direito. Chegaram homens das mais diversas origens e ra�as, �paulistas afeitos � vida rude, experimentados no sert�o e na ca�a do �ndio, brasileiros do norte, boiadeiros, vadios do litoral, ciganos, judeus e crist�os-novos, uns e outros prontos para a guerra e para a desobedi�ncia. Por outro lado, seriam pouco acomodados os portugueses que para as minas se acomodaram. Juntaram-se a estes os negros, em grande n�mero, trazidos � for�a prontos � rebeldia, fugindo para os quilombos, embriagando-se nas vendas. N�o h� not�cia do elemento ind�gena.� VASCONCELLOS, 1977. Os povoadores mineiros possu�am forte tend�ncia urbana. Segundo algumas referenciais de Vasconcellos, 1977, verifica-se uma m�dia de 08 pessoas por habita��o urbana (estando exclu�dos escravos). Mas as habita��es urbanas brasileiras eram marcadas pela presen�a de escravos nas atividades em geral, e pela aus�ncia da maioria dos propriet�rios na rotina do dia a dia, que mantiam suas casas fechadas na maior parte do ano, principalmente nos dias �teis da semana, mas faziam quest�o de ser uma resid�ncia no povoado, e estar presente na vida urbana pelo menos aos finais de semana. Conforme esclarece Reis, 2001, e a esta realidade �acrescia-se o costume das fam�lias de residir em ch�caras na periferia�.

 

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Mapas evidenciando a manuten��o de im�veis em chacreamento na cidade de Diamantina � s�c.XIX e XXI

Fonte: DID/IPHAN � RJ, apresenta��o do trabalho de Invent�rio Nacional de Bens Im�veis

Esta forte din�mica urbana da capitania de Minas Gerais, no s�culo XVIII, possibilita-nos compreender este s�culo como sendo aquele em que a arte brasileira tradicional, produziu suas obras mais originais, podemos exemplificar a obra de Aleijadinho. �A partir da metade deste s�culo, pode-se constatar um maior florescimento de uma arte tida especificamente como brasileira em oposi��o � arte luso-brasileira ou arte portuguesa feita no Brasil. As mais not�veis obras v�o ocorrer em regi�es onde a minera��o se deu de forma mais intensiva. A forma��o de uma rede de cidades em regi�es distantes do litoral, � circunst�ncia alinhada entre as raz�es do afastamento dos padr�es estabelecidos nos dois primeiros s�culos de coloniza��o� (TOLEDO,2000).

Grande parte do solo urbano era utilizada para constru��es particulares, que resultavam em sua maioria por habita��es, de uso residencial com seu dep�sito, uso comercial em parte da edifica��o quando t�rrea, ou em seu primeiro pavimento, quando a edifica��o era um sobrado. E, no caso mineiro a volumetria das edifica��es em sua maioria prevalecia pelo t�rreo, e sobrados de dois pavimentos. �Ao iniciar o s�culo XVIII, as resid�ncias haviam adquirido em rela��o �s ruas um tratamento decididamente formal, que era fruto da valoriza��o dessas e que iria se manifestar da� por diante n�o apenas nas constru��es de maior import�ncia, como em cada uma delas em particular, ou em v�rias como um conjunto.� (REIS, 2001). Os espa�os com caracter�sticas da cultura urbana mu�ulmana, mant�m em muitas cidades portuguesas a tradi��o dos espa�os fechados, a sinuosidade dos tra�ados.

No cotidiano destas povoa��es, com refer�ncias mul�umanas, as necessidades de defesa, as caracter�sticas ecol�gicas do espa�o geogr�fico em que estas cidades se constru�am, e o estilo de vida n�o ostensivo prescrito pelo Cor�o contribu�am para o car�ter �ntimo das suas ruas, tortuosas, com diferentes perfis ao longo do percurso, das quais sa�am ruas em cotovelo ou becos que davam acesso a pequenos conjunto de casas constru�das em torno de impasses. �As condi��es clim�ticas aconselhavam igualmente o sombreamento e a pouca largura das ruas. As casas eram por todas estas raz�es viradas para p�tios interiores, e as poucas aberturas para a rua eram protegidas por janelas, r�tulas e muxarabis.�(http://urban.iscte.pt/Revista/numero2).

Esta realidade pode ser claramente observada na arquitetura destas cidades mineiras de origem setecentista.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
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Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Biblioteca Ant�nio Torres � Diamantina/MG

Fonte: Bens Tombados de Diamantina-13�SR/IPHAN-MG

4.2      Rela��es sociais estabelecidas � povoados mineiros

A popula��o era heterogenia e irrequieta o que determinou a forma��o de uma sociedade inst�vel. O interesse regia as a��es, e s� se cuidava em ampliar riquezas, sem se consultarem os meios proporcionados a uma aquisi��o inocente �a soberba, a lasc�via, a ambi��o, o orgulho e o atrevimento tinham chegado ao �ltimo ponto�. (VASCONCELLOS, 1977). Revoltas e desaven�as s�o constantes em Minas, desde as primeiras d�cadas do s�culo XVIII, com a guerra dos emboabas e paulistas, at� 1842 com a luta entre conservadores e liberais. Minas �� habitada de gente intrat�vel, sem domic�lio, e ainda que est� em cont�nuo movimento. Os dias nunca amanhecem serenos: o ar � um nublado perp�tuo, tudo � frio. As conturba��es s�o constantes: a terra parece que evapora tumultos, a �gua exala motins, o ouro troca desaforos. O clima � tumba da paz e ber�o da rebeli�o.�[6]

Na Capitania de Minas Gerais, por determina��o de cartas r�gias, n�o foi permitido a exist�ncia de ordens religiosas, congrega��es (franciscanas, carmelitas, jesu�ticas, dentre outras). Desta maneira, ficou transferida para o povo a responsabilidade da estrutura��o das quest�es religiosas. Os mineiros se organizaram em grupos, compondo irmandades, confrarias, ordens terceiras, sem maior assist�ncia do clero. Estes grupos representavam os grupos sociais ent�o existentes.

�Essa correspond�ncia entre arquitetura religiosa e organismo social em Minas, � importante para a compreens�o desta arquitetura, assim como � de fundamental import�ncia para a reconstitui��o do desenvolvimento social nela traduzido� (VASCONCELLOS,1983).

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Conforme nos aponta Vasconcellos, no in�cio, as povoa��es primeiras, uniam os indiv�duos em torno de uma �nica capela, de constru��o prec�ria, n�cleo da povoa��o nascente, e ponto de refer�ncia do lugar. Aqui o povo se reunia em festas, todos sem diferen�as maiores, igualmente esperan�oso e homog�neo.Com o progresso do lugar, uns se enriquecem e outros se v�em pobres. Surgem novas atividades e um outro tipo de gente: o com�rcio. Come�am a se definir as classes sociais: pobres, ricos, trabalhadores bra�ais, comerciantes, administradores, brancos pretos. A localidade tende a se estabilizar, exigindo par�quia provida de vig�rio pr�prio. Neste contexto, a classe de melhores condi��es financeiras, constru�a a matriz. Dentro destas diferen�as s�cias, � interessante que, a invoca��o normalmente escolhida pelos ricos se apegava aos poderosos, diretamente ao Rei, erigindo suas matrizes ao Sant�ssimo Sacramento. Vasconcellos diz que a evoca��o acentuada � figura de virgem Maria, pode estar atrelada ao fato da figura feminina ser pouco presente na capitania, principalmente da mulher branca.

Na estrutura��o dos povoados a partir das igrejas e capelas, ocorria que, �s vezes a matriz era erigida por um grupo com menos riqueza, mas nesta situa��o existia um grupo l�der, que comandava os outros, como numa federa��o. Ficando assim a matriz com o altar principal ao Sant�ssimo Sacramento, e os v�rios altares laterais t�o presentes nas igrejas mineiras, �s associa��es filiadas. (VASCONCELLOS,1983). A partir de ent�o, com um maior avan�o do lugar como um todo, o progresso amplia a estratifica��o social existente, surgindo conflitos, e uma conviv�ncia heterogenia entre as j� formadas classes sociais. A harmonia que ent�o existia � quebrada, onde cada grupo resolve a seu modo os problemas existentes. Uns se dissolve, outros se empenham na constru��o de novas capelas. Aqui, conforme esclarece Vasconcellos, 1983, ocorrem as mais importantes obras arquitet�nicas de Minas, que representa uma fase de curta dura��o, logo superada pelo decl�nio da economia do ouro. Esta realidade resulta no empobrecimento geral da ent�o n�tida separa��o de classes sociais existentes, que sem mais condi��es financeiras de continuarem seus projetos e constru��es, concentram seus esfor�os em benef�cio do templo geral, a Matriz. Vasconcellos, nos apresenta um esquema de forma��o e organiza��o social das povoa��es, desde sua forma��o no in�cio do s�culo XVIII at� o s�culo XIX.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Entre 1700 e 1720, ocorre a forma��o das povoa��es, ainda h� aus�ncia de classes sociais. As Capelas s�o prec�rias, ocorrendo invoca��es de santos, e um s� altar.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Entre 1720 e 1750, as povoa��es j� est�o estabilizadas, ocorre o in�cio da forma��o de classes s�cias com a predomin�ncia de uma delas, ocorrendo o agrupamento de classes diferenciadas. As igrejas Matrizes, possui invoca��o do SS., e multiplicidade de altares.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Entre 1750 a 1800, as povoa��es est�o maduras, e as classes fortemente diferenciadas, ocorrendo rivalidade de classes. H� um processo de reconstru��o das primitivas capelas, e constru��o de novas, evidenciando a decad�ncia das matrizes

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

A partir de 1800, h� a decad�ncia econ�mica e dissolu��o da diferencia��o social nos povoados. Acontecendo paralisa��o das novas constru��es ou acabamento deficiente das mesmas; surgindo neste momento novo apogeu das matrizes.

Desenvolvimento social a partir da arquitetura religiosa

Fonte: Sylvio de Vasconcellos � Arquitetura dois estudos

Considerando este esquema desenvolvido por Vasconcellos, podemos entender que houve etapas definidas da sociedade e da arquitetura mineira, correspondentes entre si, etapas que conclu�das, materializaram-se na arquitetura, tendo com forte determinante do espa�o as refer�ncias espaciais da Igreja Cat�lica. A quest�o do povoamento s�bito e extraordin�rio na Capitania de Minas Gerais, resultou em grande n�mero de constru��es, com forma��o e consolida��o de v�rios povoados.

As v�rias classes sociais formadas, propiciam ao homem a busca por posi��es cada vez mais elevadas, em um esfor�o para aparentar riqueza acima de suas posses, com falsas ostenta��es, prejudiciais ao conforto da fam�lia. Neste contexto quando as vaidades n�o permitiam a valora��o individual, serviam-se ent�o de iniciativas de cunho coletivo e religioso, representando orgulho e promo��o para seus realizadores. As �sinh�s� transitavam com requinte e luxo, exibindo o poder financeiro, servindo-se de cadeirinhas de arruar decoradas de pinturas finas, carregadas por negros, e segundo Vasconcellos, 1977, muitas vezes suas vestimentas se resumiam em simples camisol�es e o conforto a r�sticos tamboretes de couro.

4.3      A fam�lia

Na maior parte do per�odo de coloniza��o, a organiza��o da fam�lia e da vida dom�stica foi expressivamente influenciada por elementos que marcaram a sociedade brasileira, desde a extens�o territorial do Brasil � diversidade �tnica dos povoadores assim o sistema escravocrata implantado na coloniza��o

A constitui��o da fam�lia em uma sociedade estratificada, ocorreu a partir de uma forma��o complexa, e de uma certa desorganiza��o social em termos gerais. A intimidade da fam�lia ocorre a partir do concubinato de certa maneira na pervers�o facilitada pela escravatura. Neste contexto, p rei considerou que o povo mineiro n�o se constitu�a civilizado determinou que as pessoas tomassem estado de casados, o que possibilitaria maior amor a terra, se tornando mais obedientes �s Reais ordens. Tendo poucas mulheres brancas no Brasil, os homens �usam-se� das negras, numa realiza��o de seus apetites sexuais �triste fruto da escravid�o, mulatas prostitu�das encontram-se em todas as povoa��es� (SAINT-HILAIRE, 1975). H� ainda, dificuldades na consolida��o do casamento, pela escassez de sacerdotes, e falta de recursos para o �dote�, ou para a vida honesta levando as mulheres a se prostitu�rem, assim, concorrendo, tamb�m, para a facilidade dos costumes�. Como fruto da uni�o entre Homens e mulheres negras ou mulatas, gerava filhos forros, com a vis�o de pessoas forras n�o precisam trabalhar, refor�ando ainda mais o regime escravocrata. Contudo era claro a vis�o de que o casamento dignifica as pessoas.

Em virtude de todos esses fatores, e da import�ncia na compreens�o da sociedade colonial, a composi��o da fam�lia � fundamental no entendimento da intimidade, da moradia, na sociabilidade dom�stica na col�nia. (NOVAIS,1997)

4.4      A Habita��o

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

As primeiras habita��es mineiras, em fun��o do estabelecimento de aventureiros, do car�ter de transitoriedade, foram os ranchos, estruturados basicamente por quatro esteios de pau roli�o, quatro frechais, e uma cumeeira ao alto, com cobertura em fibras vegetais sobre caibros de madeira roli�a. Inicialmente abertos, posteriormente fechados, com t�buas, varas, pau roli�o, para sustentar o pau a pique.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Quando o homem se fixa � terra, busca maior conforto, construindo sua casa com c�modos separados de acordo com as fun��es que lhe interessa(dormir, estar, cozinhar). Segundo Vasconcellos, a planta quadrada que era �nica nos ranchos, divide-se em cruz. Com essa divis�o passa a habita��o a receber melhor acabamento, evidenciado esta realidade no revestimento das paredes com argamassa de barro ou de cal e areia, tamb�m caiadas. Surgem as esquadrias, com enquadramento pesado, folha de madeira, forros de esteira de taquara ou tabuado grosso. O p� direito � baixo, com aproximadamente 2,50 (dois metros e cinq�enta cent�metros), abrindo-se as janelas em propor��o quadrada, � igual dist�ncia dos frechais e baldrames.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Estas primeiras casas da Capitania das Minas Gerais, apresentam partido com plantas, c�modos e janelas quadrados postas � meia altura das paredes. O pano do telhado � em telhas semi-cilindricas grandes, que avan�am em beirais apoiados em cachorros de madeira ou s�rie de telhas sobrepostas (beira-seveira).

Evolu��o da planta primitiva de habita��o do s�culo XVIII

Fonte: Vila Rica � Sylvio de Vasconcellos

Com a consolida��o das povoa��es (1720-1750), conforme apresentamos anteriormente, constitu�ram-se as fam�lias, e a habita��o ampliou-se em multiplicadas partes. Em princ�pio com �puxados� aos fundos ou para frente, aproveitando a mesma cobertura. As plantas se fazem ent�o em �U� ou em �L�, tendo os c�modos perif�ricos com diminuta altura.

Na maturidade das povoa��es tais arranjos n�o mais atendiam aos desdobramentos das fam�lias, que pela melhoria econ�mica das povoa��es, buscavam amplia��o do conforto em sua habita��es. Passou-se ent�o a construir casas alteadas do ch�o por embasamentos mais altos, tangenciando os arruamentos e acabadas com maior apuro. Aqui foram desprezados os partidos quadrados, alongam-se transversalmente em ret�ngulos proporcionados, mas �s vezes ainda decorrentes do quadrado. Os p�s direito passam a 3,00 (tr�s metros) ou 3,50m(tr�s metros e cinq�enta cent�metros), e as janelas se alteiam aproximando dos beirais. A dist�ncia entre elas e os frechais � agora a metade do espa�amento inferior, entre o peitoril e o baldrame.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
�A casa, posta ao comprido, prefere a horizontal, acentuada pelas largas beiradas e pela sucess�o de v�os que se equivalem aos cheios de parede�.(VASCONCELLOS,1983).

E agora a planta se complica em fun��o da amplia��o da especializa��o das fun��es. Aparece o corredor de entrada, o quarto de hospedes, a grande sala de receber e a varanda de tr�s de servi�o. Cozinhas se mant�m em puxados posteriores, insinuando p�tios internos. Os forros passam a ser de madeira, lisos ou emoldurados, com abas e cimalhas, valorizados por pintura decorativa, folhas das portas e janelas em madeiras almofadadas perfiladas. A pedra come�a a ser usada com a fase polida e trabalhada, atrav�s da enxilharia nos portais cunhais, escadas e outros elementos.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Quando os povoados progridem, escasseiam-se os lotes dispon�veis os terrenos arruados. As casas amplas restringem aos extremos do povoado (� periferia), e no centro as habita��es acontecem espremidas umas as outras tendo uma �nica parede separando uma casa da outra. A habita��o passa a ocupar o lote de maneira longitudinal, antes voltadas para a rua, passam a votar-se para os fundos, com estreitas fachadas. Esta � a casa t�pica das vilas e cidades brasileiras, conclui Sylvio de Vasconcellos, conforme � registrado por Debret, Vautier, dentre outros estudiosos.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Nesta habita��o, �o corredor lateral de entrada, corredor que penetra por inteiro a moradia, servindo de entrada, nobre em seu ter�o anterior, de distribuidor, �ntimo, em seu ter�o m�dio e de servi�o, de sa�da, em seu ter�o final. A casa coloca-se ao comprido, para os fundos, como o corredor de banda, eixo da constru��o, ladeado pelos c�modos postos em sucess�o. Na frente a sala, no meio as alcovas, atr�s o servi�o. O corredor � pe�a vital: d� acesso � habita��o, atende � circula��o interna, permite o transito da rua ao quintal. Por ele entram as visitas, o cavalo areado ou o burro carregado. Por ele atinge o por�o, quando existe, acess�o ao telhado, escada discretamente agenciadas�. (VASCONCELLOS, 1983).

A habita��o se restringia em espa�os cada vez menores, em m�dia c�modos de 8,00m2 , exceto a sala da frente, os quartos no interior da constru��o sem janelas, as alcovas, atribu�das por v�rios estudiosos como quarto das donzelas, devido ao zelo, ci�mes, prote��o indevass�vel das mesmas.

Nesta precariedade de espa�o, e terrenos dispon�veis para a necess�ria expans�o, com poucas condi��es de aproveitamento dos fundos. Surge ent�o os sobrados, nem sempre para atender a amplia��o de moradia, mas para abrigar depend�ncias anexas � vida e ao trabalho dos moradores. Espa�o pra animais, carros, areios, mantimentos, senzalas, dep�sitos, e principalmente para com�rcio. Moradia em cima e atividades em baixo. A escada entala-se transversalmente entre a sala da frente e as alcovas, e a planta da moradia n�o se altera substancialmente. O t�rreo abre-se em sal�es, eliminando divis�es, e as fachadas em geral se apegam ao verticalismo acentuado. Alteiam-se os p�s direitos, que chegam a 4,00m (quatro metros), e os v�os espicham-se para cima e para baixo, em janelas rasgadas por inteiro, providas de sacadas ou parapeitos entalados com bala�stres, que acentuam o car�ter vertical da fachada. Estreitas e altas, abrem-se as fachadas quase por inteiro em janelas e portas, aproveitando ao m�ximo as faces livres da constru��o, enriquecidas pelo ondular das vergas curvas quase cont�nuas. (VASCONCELLOS, 1983). Vasconcellos esclarece que, com esses sobrados fecha-se, quase em retorno, o ciclo das esquematiza��es sofridas pela arquitetura residencial, do s�culo XVIII e XIX.

Desta maneira, das primeiras habita��es de pequena express�o do in�cio do s�culo XVIII que povoaram a prov�ncia de Minas Gerais, at� as mais enfeitadas j� no s�culo XIX, podemos verificar o trajet�ria clara de desenvolvimento, nas caracter�sticas da habita��o mineira. Tendo como refer�ncia estudo desenvolvido por Vasconcellos, apresentamos um esbo�o com 4(quatro) fases cronol�gicas, apenas como ilustra��o, uma vez que a diversidade de caracter�sticas em fun��o do per�odo de surgimento de cada povoado, � relevante no sentido de evidenciar situa��es que n�o se enquadram na cronologia apresentada. Entretanto ela trata de importante par�metro norteador para o entendimento das transforma��es arquitet�nicas ocorridas em Minas ao longo dos s�culo XVIII e XIX.

1� fase � 1700 a 1750 � Casa simples de pau-a-pique e cobertura vegetal;

2� fase � 1750-1800 � Casa de pau-a-pique ou alvenaria de adobes ou pedra, mas coberta de telhas;

3�fase � 1800 a 1850 � Casa com as mesmas caracter�sticas, por�m mais leve em fun��o do uso do vidro. �s vezes a constru��o � em pedra(raramente), come�a a utiliza��o de cimalha sobre os v�os, r�tulas, e sacadas ou varandinhas nos sobrados.

4�fase � 1850 a 1900 � Come�a a utiliza��o do chal�. O telhado passa a ter sua empena para frente, com o beiral em madeira recortada. Inicia-se uma fase de expressiva influ�ncia francesa.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Na busca pela maior exposi��o de ostenta��o pelos mineiros, prevalecendo os conceitos arquitet�nicos, vigentes naquela �poca, �onde as fachadas se consideravam elementos aut�nomos da constru��o, os propriet�rios esfor�avam-se sempre p� um melhor tratamento das frentes das constru��es e das pe�as de recep��o, relegando-se em segundo plano o interior das resid�ncias� (VASCONCELLOS, 1977). O que refor�a a verifica��o das mudan�as de fachadas conforme a moda da �poca. Com a passagem r�pida de in�meros povoados a vilas, a Capitania de Minas Gerais recebeu autoridades p�blicas, que possu�am uma vida luxuosa.

No interior da habita��o ao corredor e � sala de jantar, comunicavam-se os quartos de dormir principais. Para a varanda dos fundos davam portas a cozinha e outras depend�ncias secund�rias, inclusive um s�rdido cub�culo sem janelas, onde se depositam os vasos de servi�o intimo e se tomava o banho em gamelas grandes ou bacias de arame. As cocheiras, galinheiros, quartos de arreios e dormidas de escravos eram muitas vezes de baixo da casa.

Nas casas sem capelas, existia um quarto reservado �s pr�ticas religiosas �onde sobre uma c�moda se encontrava um orat�rio de jacarand�, ou outra madeira, onde se arrumava o crucifixo e demais santos de devo��o. O mobili�rio em geral em jacarand� ou cedro, compunha as habita��es mineiras de �banco r�stico medieval �s c�modas, contadores, mesas, cadeiras, arcos, leitos torneados ou entalhados, todos os requintes da marcenaria e estilos peninsulares, s�o representados em obras de valor nas mans�es das Minas.� (LIMA, 1978)

Nos primeiros tempos das Minas, houve importa��o de mobili�rio da corte, as mesas, arcas, leitos trabalhados na capitania eram ainda muito toscos, trabalhados indistintamente em v�rias madeiras, como jacarand� cedro, e aroeira. J� em meados do s�culo XVIII, os marceneiros j� acompanhavam o desenvolvimento art�stico europeu. Estes moveis s�o confeccionadas em sua maioria para os eclesi�sticos e para as classes sociais ricas. O mobili�rio era executado para os quartos de dormir, leitos cadeiras, c�modas, contadores, bufets; nos sal�es de receber e quartos de santos. Segundo Lima, 1978, as salas de jantar raramente participavam do mobili�rio de luxo.Nas salas de comer, al�m de mesas e cadeiras colocavam-se arm�rios embutidos, e a grande mesa tosca com bancos com encosto em t�buas. Os tamboretes de p�s torneados, garra de le�o ou p� de burro, assentos em couro, ou t�buas eram presentes por toda a habita��o.

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?
Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

mobili�rio setecentista mineiro

fonte: Hist�ria da Vida Privada-volume 1

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

Este mobili�rio foi de uso generalizado nas Minas Gerais, revelando uma certa opul�ncia no viver. Al�m deles, as resid�ncias possu�am lou�as da �ndia que entraram no Brasil expressivamente, segundo Lima, 1978. Ele afirma ainda que a prata teve uso generalizado em baixelas, servi�o de toucador, pe�as de ornatos, arreatas, que al�m de fabrica��o europ�ia, tamb�m foram produzidas em Sabar� e Vila Rica.

As roupas de cama e mesa eram em linho importado ou tecido de Minas, e algod�o, com tecidos de fabrica��o caseira. A coroa proibiu no Brasil instala��o de qualquer ind�stria de tecido e bordado � veludos, cetins, tafet�s, sedas em geral, tecidos de l�, restringindo a produ��o da capitania, que contudo n�o deixou de produzir outros produtos em pedras, com panelas, candeeiros, canecas pratos lamparinas, casti�ais, dentro outros

5.    A habita��o no espa�o urbano

A Coroa Portuguesa t�o logo assumia o encargo da organiza��o efetiva das povoa��es, transformando-as em Vilas, providenciava normas reguladoras de sua exist�ncia, contemplando a arquitetura e o urbanismo. Atrav�s de Cartas R�gias definia-se localiza��o adequada para pra�as, com o pelourinho, reservando �rea para a igreja com dimens�es amplas para significativo n�mero de fi�is, assim como as demais �reas para casas de audi�ncia, cadeias, oficinas p�blicas, fazendo-se delinear as habita��es dos moradores, buscando a utiliza��o da linha reta no intuito de se terem ruas largas e direitas. Contemplava-se ainda a plasticidade das edifica��es definindo-se que as mesmas fossem fabricadas de maneira uniforme pela parte exterior, ainda que internamente a liberdade construtiva fosse permitida ao propriet�rio, buscando-se assim certa uniformidade na busca pela a mesma �formosura� nas diferentes vilas.

Segundo Vasconcellos, 1977, normas dr�sticas �s vezes ocorriam na ordena��o pela coroa aos povoados, como por exemplo quando da eleva��o da Vila do Carmo � cidade de Mariana, onde seria realizado projeto pelo engenheiro militar Jos� Fernandes Pinto Alpoim, Dom Jo�o V assim determinou: �Fa�am-se logo a planta da nova povoa��o, elegendo s�tio para pra�a espa�osa, e demarcando as ruas, que fiquem direitas, e com bastante largura, sem aten��o a conveni�ncias particulares, ou edif�cios que contra essa ordem se achem feitos no referido s�tio dos pastos, por que se deve antepor � formosura das ruas, e cordeadas estas que se demarquem s�tios em que se edifiquem os edif�cios p�blicos, e depois se aforem as bra�as de terra, que os moradores pedirem, preferindo sempre os que tiverem aforados no caso em seja necess�rio demolir-se parte de algum edif�cio para se observar a boa ordem que fica determinada na situa��o da cidade..., ficando estabelecido que em nenhum tempo poder�o dar licen�a para se tomar parte da pra�a, ou das ruas demarcadas, e que todos os edif�cios se h�o de fazer � face das ruas, cordeadas as paredes em linha reta.�[7]

As constru��es e surgimento de espa�o urbano era rigorosamente acompanhado pela Coroa que atrav�s de ordena��es e Leis do Reino de Portugal, definia a demanda de �que se fizerem sobre o fazer, ou n�o fazer de paredes de casas, de quintais, janelas, frestas e eirados , ou tomar ou n�o tomar de �guas de casas, ou colocar traves ou qualquer outras madeiras nas paredes, ou sobre estercos, imund�cies, ou �guas que se lan�am como n�o devem, e sobre canos, e enxurros, sobre fazer de cal�adas e ruas, assim como constru��es de edifica��es e geral�[8].

Este trabalho de ordena��o, disp�e sobre as edifica��es particulares, permitindo que fossem feitos eirados com peitoril, janelas, frestas e portais, desde que n�o descubram casa ou quintal alheio; em beco n�o se permitem janelas nem portas, sem especiais licen�as; as �guas a serem lan�adas nas ruas n�o poderiam incomodar o vizinho, assim como in�meras outras orienta��es. Al�m deste tipo de orienta��o vindo direto de Portugal, as C�maras locais definiam legisla��es complementares, como aforamentos de terrenos a receberem constru��es, licen�a para construir. Os terrenos eram cordeados a arquitetura metrificada na frente dos edif�cios, as casas deveriam se constitu�das com �20 palmos de altura, desde a soleira at� a superf�cie do frechal, da superf�cie do primeiro soalho at� o segundo 20 palmos de altura, da superf�cie do segundo soalho at� o terceiro 18 palmos por cada andar, as ombreiras devendo ter 12 e meio palmos de altura, as portas e janelas a mesma altura e seis palmos limpos de largura.�[9]

Em 1795, em Ouro Preto ficou resolvido que os propriet�rios n�o poderiam construir sem antes apresentar um prospecto do que era pretendido para ser aprovado primeiramente. E, para melhorar o aspecto do espa�o urbano, os moradores ficam obrigados a limparem suas testadas, n�o lan�ar coisas imundas nas ruas, becos p�blicos em geral, conforme nos relata Vasconcellos, 1977.

5.1      Loteamento

Como se deu o surgimento das vilas e cidades durante o período da mineração?

As povoa��es mineiras ocorreram preferencialmente em terrenos com topografia expressivamente acidentada. Nestas encosta de morros, as casas foram constru�das em terrenos irregulares, raramente com conforma��o em quadra. Muitas destas edifica��es eram cercadas por muros, quando a regi�o possibilitava eram em pedra, que tamb�m separavam �reas internas. Estas �reas podem se entendidas como lotes. Suas dimens�es s�o resultado da pr�pria �rea de minera��o, em alguns povoados, assim como da utiliza��o do pr�prio pomar da habita��o. Estas �reas s�o muito vari�veis, de acordo com o povoado e localiza��o na �rea urbana. Nos limites externos das vilas e arraias, os terrenos eram aproveitados para ch�caras, j� com testadas e arruamento. J� nas �reas urbanas de maior valora��o, os lotes tradicionalmente configurados por �reas m�nimas, com testadas predominantemente na faixa de no m�ximo 10m em sua grande maioria. No caso de abertura de nova rua paralela � rua existente, criam novas frentes nos fundos dos terrenos que se subdividem.

Neste contexto as edifica��es ficavam sujeitas aos lotes dispon�veis, as habita��es n�o se localizavam segundo prefer�ncia de orienta��o solar, tendo como refer�ncia a via p�blica mais pr�xima, tangenciando-a e quase sempre as laterais do lote. Tendo em vista a busca pela maior utiliza��o dos lotes, e a divulga��o da abastan�a e do poder as classes sociais favorecidas economicamente, utilizavam da constru��o de sobrados na busca por este destaque social. Muitas vezes estes sobrados eram constru�dos sobrepostos a antigas casas t�rreas, que muitas vezes em fun��o da declividade natural da topografia, j� possui por�es �s vezes com p�s direito, que possibilitavam melhor uso destes espa�os.

6.    Considera��es

A compreens�o da estrutura urbana e social dos povoados que originaram e formaram o Estado de Minas Gerais � fundamental para o entendimento da forma��o das cidades, na rela��o da sociedade atual com esta arquitetura dos prim�rdios da hist�ria urban�stica mineira, principalmente no que se refere � preserva��o destas cidades que atualmente s�o reconhecidas como patrim�nio nacional, ou at� mesmo patrim�nio da humanidade.

Neste sentido, as velozes transforma��es que a din�mica da sociedade contempor�nea trouxe ao ambiente urban�stico, nos colocam em uma posi��o investigativa na busca por maiores compreens�es a respeito da sociedade que hoje habita estas cidades e nelas possuem sua origem. Para isso � importante compreender tamb�m a origem setecentista e oitocentista da estrutura social, econ�mica, f�sica, dentre outros fatores, nestas localidades, na expectativa de que estes entendimentos possam auxiliar a amplia��o da percep��o da �cidade tradicional�, hoje envolvida pela �cidade contempor�nea�, necessitando ser preservada em toda a sua complexidade art�stica e hist�rica, considerando suas refer�ncias de identidade cultural.

7.    Refer�ncia bibliogr�fica

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Refer�ncia Bibliogr�fica retirada da internet:

Urbanismo 4 de origem portuguesa. A��o dos Engenheiros Militares na Ordena��o do Espa�o Urbano no Brasil. Benedito Lima de Toledo Comunica��o apresentada no Col�quio "A Constru��o do Brasil Urbano", Convento da Arr�bida - Lisboa 2000. http://urban.iscte.pt/Revista/numero4/default.htm

Urbanismo 3 de origem portuguesa. Os Modelos Urbanos Portugueses da Cidade Brasileira. Manuel C. Teixeira Comunica��o apresentada no Col�quio "A Constru��o do Brasil Urbano", Convento da Arr�bida - Lisboa 2000-http://urban.iscte.pt/Revista/numero3/default.htm

As Formas Urbanas das Cidades de Origem Portuguesa � 5.A influ�ncia da cultura mu�ulmana nos tra�ados urbanos portugueses. http://urban.iscte.pt/Revista/numero2

Urbanismo 3 de origem portuguesa. A L�gica Territorial na G�nese e Forma��o das Cidades Brasileiras; O Caso de Ouro Preto. Maria Ros�lia Guerreiro Comunica��o apresentada no Col�quio "A Constru��o do Brasil Urbano", Convento da Arr�bida - Lisboa 2000 - http://urban.iscte.pt/Revista/numero3/default.htm

Urbanismo 3 de origem portuguesa. Bras�lia: O Coroamento do Mil�nio atrav�s de uma Metamorfose iniciada em Vila Rica - Paix�o e Est�tica na Leitura do Tra�ado das duas Cartas Urbanas. Fernando Augusto Albuquerque Mour�o Comunica��o apresentada no Col�quio "A Constru��o do Brasil Urbano", Convento da Arr�bida - Lisboa 2000. http://urban.iscte.pt/Revista/numero3/default.htm

Como foi o processo de surgimento das vilas no Brasil?

Com a instituição das Capitanias Hereditárias, várias vilas foram fundadas no Brasil pelos donatários, a partir de 1535. Foram oito vilas só na Capitania de Porto Seguro, antes de 1546, demonstrando que os núcleos coloniais naquela região eram antigos.

Quando e como ocorrem o processo de formação das vilas e o desenvolvimento das cidades brasileiras?

As raízes da urbanização brasileira são decorrentes da história, os primeiros centros urbanos surgiram no século XVI, ao longo do litoral em razão da produção do açúcar, nos séculos XVII e XVIII, a descoberta de ouro fez surgir vários núcleos urbanos e no século XIX a produção de café foi importante no processo de ...

Como ocorreu a formação de vilas e cidades?

As primeiras cidades desenvolveram-se na Mesopotâmia, mais especificamente, em torno do Rio Eufrates, em torno de 3500 a.C.Estas cidades surgiram inicialmente como vilas no neolítico, como aglomerados mais densamente habitados, como centros comerciais e militares de uma dada localização.

Como foi a criação das primeiras cidades e vilas brasileiras?

As primeiras cidades foram construídas por ordem do Rei de Portugal para defender o território do Império Português: ​Salvador (1549), ​São Sebastião do Rio de Janeiro (1565), ​Paraíba (1585), ​São Cristóvão (1590, em Sergipe), ​Natal (1599) e ​Belém (entre 1616 e 1628). , exceções feitas a São Luís (1612), fundada ...