Pesquisa e texto: Gladisson Silva da Costa Revisão e Complemento: Sara Uliana Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um forte regime ditatorial comandado por Getúlio Vargas, caracterizado pelo forte nacionalismo, tendencia ao militarismo e repressão de grupos contrários a sua tomada de poder. Ainda em 1930, o governo getulista tinha objetivos claros: supressão de movimentos de esquerda, desenvolvimento da siderurgia
nacional, visando alavancar a industrialização do país, e a modernização das Forças Armadas. Tais objetivos foram renovados com a instauração do Estado Novo, decretado em 10 de novembro de 1937, impondo medidas tais como o fechamento do Congresso, censura da imprensa, prisão de líderes políticos e sindicais, e alocamento de “interventores” nos governos estaduais. Vargas ainda montou um poderoso esquema de propaganda pessoal com a criação do Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP), inspirado no aparelho nazista de propaganda idealizado por Joseph Goebbels. “A Hora do Brasil”, introduzida nas rádios brasileiras e chamada ironicamente de “Fala Sozinho”, exaltava os feitos do governo, escondendo a corrupção e repressão política, de uma sociedade pouco organizada para a época. Com um estilo populista, e esperando legitimar-se pelo carinho das massas, Getúlio Vargas foi o responsável pela criação do salário mínimo e instituição da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entre outros benefícios sociais, o fez ganhar a alcunha de “pai dos pobres”, entre a população de baixa renda. Nesse mesmo período, as grandes potências mundiais estouravam a Segunda Guerra Mundial, organizando-se em alianças para o combate. Desta forma, estabeleceu-se o “Eixo” (Alemanha, Japão e Itália), e os “Aliados” (Estados Unidos, União Soviética, França e Inglaterra). Ao longo do conflito, cada um desses grupos buscou apoio político-militar
de outras nações afins, tentando expandir suas influencias para além de suas fronteiras. Desde o início da Segunda Guerra Mundial, a ideologia do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas, apontava para um provável alinhamento do Brasil com os países do Pacto de Aço, dada a sua politica autoritária, nacionalista e que muito se assemelhava as de Hittler e Mussolini. A própria declaração de
Vargas ao comentar a invasão da Polônia pelo exército nazista, em 1° de setembro de 1939, revelava certa simpatia pelo regime, ao afirmar: “Marchamos para um futuro diverso de tudo quanto conhecemos em matéria de organização econômica política e social. Passou a época dos liberalismos imprevidentes, das demagogias estéreis, dos personalismos inúteis e semeadores da desordem”. Em 1940, um ano após eclodir na Europa, a guerra ainda não ameaçava diretamente o Brasil. A ideologia nazista, contudo, fascinava os homens que operavam o Estado Novo a tal ponto que Francisco Campos, o autor da Constituição de 1937, chegou a propor à embaixada alemã no Brasil a realização de uma “exposição anticomintern”, com a qual pretendia demonstrar a falência do modelo político comunista. Mais tarde, o chefe da polícia, Filinto Muller, enviou policiais brasileiros para um “estágio” na Gestapo. Góes Monteiro, o chefe do Estado Maior do Exército foi mais longe, ao participar de manobras do exército alemão e ameaçar romper com a Inglaterra, quando os britânicos apreenderam o navio Siqueira Campos, que trazia ao Brasil armas compradas dos alemães. Entretanto, dada a proximidade geográfica do Brasil com os Estados Unidos e os interesses deste na instalação de bases militares na linha do equador, para o propulsionamento de misseis e outras bombas, foi estabelecido um acordo entre os dois gigantes americanos. Tal documento comprometia o Brasil a participar da segunda guerra mundial ao lado dos Aliados, em troca da ajuda norte-americana para a construção da primeira usina siderúrgica do país, localizada na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro Desta forma, após alguma pressão dos americanos e da opinião publica, quando cinco navios brasileiros foram torpedados por submarinos alemães, o país se insere no conflito em 22 de novembro de 1943. Em 23 de novembro de 1943 foi então criada a Força Expedicionária Brasileira, englobando a recém-criada 1a Divisão Expedicionária e elementos do Corpo de Exército e dos Serviços Gerais, num total de 25.334 homens, comandados pelo General- de-Divisão João Baptista Mascarenhas de Morais. FEB – Força Expedicionária BrasileiraA Força Expedicionária Brasileira, conhecida como FEB, foi a força nacional militarizada que lutou ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Constituída inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as especificidades militares que também participaram do conflito. Seu lema era “A cobra está fumando”, em alusão a um ditado popular da época, que afirmava ser “mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. A FEB lutou contra nove divisões alemãs e três italianas, sofrendo 457 mortes, 2064 feridos, e teve 35 homens aprisionados. As primeiras vitórias da FEB ocorreram com a ocupação das cidades italianas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Os brasileiros não acostumados ao frio combateram durante o rigoroso inverno, enfrentando temperaturas de até vinte graus abaixo de zero e muita neve. Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de 20.000 soldados inimigos, oitenta canhões, 1.500 viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em 21 batalhas. A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foram postas a prova quando três soldados brasileiros, em missão de patrulha, ao se depararem com uma Companhia do Exército Alemão com cerca de 100 homens, mesmo tendo recebido ordens para se renderem, optaram por atiraram-se no chão e abrirem fogo contra o inimigo até acabar a munição. Não satisfeitos, armaram-se de baionetas e avançaram contra a Companhia, perecendo face à superioridade numérica do inimigo. Como reconhecimento pela bravura e coragem de Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza, os alemães os enterraram em covas rasas e, junto às sepulturas, colocaram uma cruz com a inscrição “DREI BRASILIANISCHEN HELDEN” (Três Heróis Brasileiros).1
Em 6 de junho de 1945, o Ministério da Guerra do Brasil ordenou que as unidades da FEB ainda na Itália se subordinassem ao comandante da primeira região militar (1ª RM), sediada na cidade do Rio de Janeiro, o que, em última análise, significava a dissolução do contingente. Mesmo com sua desmobilização relâmpago, o regresso da FEB após o final da guerra contra o fascismo precipitou na queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo no Brasil. Uma vez que tornara-se insustentável a idéia de que o Brasil, ao mesmo tempo em que lutara contra ditaduras fascistas na Europa e mantivesse internamente o mesmo tipo de regime. Os pracinhas de São José dos PinhaisSão José dos Pinhais também teve seu espaço na segunda guerra, enviando para a FEB em torno de 100 expedicionários. Nem todas as listas contemplam a cidade de origem dos expedicionários, o que dificultou a busca dos combatentes são-joseenses. Desta forma, segue abaixo o nome de alguns Febianos, e uma breve descrição dos mais notório
Antonio Dombroski O expedicionário Antonio Dombroski nasceu em São José dos Pinhais, na colonia Santo Antonio. Durante sua participação na Força Expedicionária Brasileira, foi responsavel pela comunicação das unidades no front com a base de operações e graças a isso, recebeu a condecoração da Medalha Cruz de Combate de 1ª classe, concedida aos soldados que demonstraram grande coragem e dedicação ao dever. Durante a Batalha de Montese, um dos pontos de defesa das forças do Eixo na Itália, o Sargento chefe da equipe de Dombroski foi gravemente ferido e a comunicação de todo o batalhão foi comprometida, em decorrência do ataque dos inimigos. Diante desta situação, e debaixo de uma chuva de bombas, o soldado Dombroski se deslocou até a instalação defeituosa do Posto de Comando Capitão Faria e consertou-a, possibilitando assim o estabelecimento de contato com o pelotão do Tenente Seixas da Artilharia, que orquestrou o resgate do Sargento ferido, e a organização de um contra-ataque brasileiro. Jandyra Faria de Almeira Jandyra Faria de Almeida, é baiana natural de Itaparica. Nomeada enfermeira da 3º Classe, em 19 de outubro de 1944, partiu com o 4º Grupo Expedicionário em direção á Nápoles. Lá, recebe o posto de Enfermeira Prática e cursa o Curso de Emergência e Enfermaria da Reserva do Exercito (CEERE) da 6ª região militar. Em seguida serve no 45º Hospital Geral e 300º Hospital Geral, ambos em Nápoles, e por pouco tempo, também trabalha no 7º Hospital, em Livorno. Jandyra recebeu a ordem para regressar ao Brasil em 07 de Julho de 1945, onde foi condecorada com a Medalha de Campanha e Medalha de Guerra. Anos mais tarde, a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira concedeu-lhe também a Medalha Mascarenhas de Moraes. Raphael Nester Raphael Nester nasceu em São José dos Pinhais em 16 de fevereiro de 1926, durante sua atuação na FEB, foi soldado de Primeira Classe Auxiliar do Departamento de Veiculos, atuante em Pisa desde dezembro de 1944. Por seu serviço, recebeu a condecoração da Campanha da Itália, e uma menção do presidente dos Estados Unidos. Adyr Alcídio Moss Adyr Alcídio Moss nasceu em São José dos Pinhais em 22 de junho de 1926, começou seus serviços na FEB como Motorista da seção de transportes, porem em 16 de junho de 1945, foi promovido a Cabo. Após sua volta ao Brasil, recebeu a Condecoração da Campanha da Itália, e uma menção do presidente dos Estados Unidos. Virginia Leite Virginia Leite é natural de Irati, interior do Paraná, e trabalhava como professora quando o Brasil se inseriu na Segunda Guerra Mundial, em 1942. Voluntariou-se para o conflito logo em seguida, optando por fazer um curso de enfermagem junto da Cruz Vermelha, tornando-se desta forma, um dos sete paranaenses enviados para a Itália como enfermeiros da Força Expedicionária em 1944. Aos 28 anos, Virginia foi alocada no 7º Hospital Geral de Livorno, onde socorreu tanto soldados brasileiros, como soldados estrangeiros, mais tarde a mesma foi transferida para o 16º Hospital de Evacuação em Pistoia, para ficar mais perto da linha de frente.
Graças aos seus esforços, a ex-professora foi promovida a Primeira Tenente, além de receber diversas condecorações, tais como a Medalha da Campanha da Itália, e da Medalha Ana Néri, nomeada em homenagem à primeira brasileira enfermeira combatente na Guerra do Paraguai. Ao retornar ao Brasil, Virginia foi uma das fundadoras da Legião Paranaense do Expedicionário e mais tarde, do proprio Museu do Expedicionário, no ano de 1982. Ali, atuou como Diretora Social da Casa do Expedicionário por mais de 50 anos. Estanislau Grossmann Estanislau Grossmann é natural de São José dos Pinhais, e destacou-se em batalha graças às operações realizadas na Itália durante o ataque a Castelnuovo. Encarregado do reconhecimento do território antes da batalha, Grossmann foi atacado pelo inimigo e mesmo assim conseguiu voltar com vida e terminar sua missão, no outro dia, Estanislau e outros patrulheiros conseguiram invadir uma fortificação, eliminar três inimigo e fazer de prisioneiros outros dois. Por causa destes feitos, o 3º Sargento São Joseense ganhou a Cruz de Combate de 1ª classe. Paulo Stankevecz Paulo Stankevecz é natural de São José dos Pinhais, nascido no Campo Largo da Roseira. Começou a servir no exercito em 1939, alistando-se no 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba, e por consequência, foi enviado para a batalha em 1944. Na Itália, serviu em Civitavecchia, onde auxiliava na montagem de caminhões e equipamentos enviados pelos Estados Unidos. Após uma visita de um oficial brasileiro ao seu posto de trabalho, Paulo voluntariou-se para ser motorista no Norte da Itália, e aos poucos, tornou-se também mensageiro no front. Os Boina Azul Os boina azul foram criados em 1948 para atuar representando a Organização das Nações Unidas (ONU) em zonas de conflito, com o objetivo de promover a paz em determinada região, suas ações são analisadas e coordenadas pelo Conselho de Segurança da ONU. As tropas dos Boina Azul são composta por homens e mulheres de muitas nações, e recebem esse nome por causa da característica peça do uniforme, da mesma cor da bandeira das Nações Unidas. No Brasil, as Forças Armada de Manutenção da Paz foram criadas em 1956, tendo hoje um total de 6300 membros. São José dos Pinhais teve a primeira participação em 1958, com os soldados Mario Tozo, Domingos Tozo e Thomaz Stonoga Filho, estes uniram-se também aos Boina Azul, e atuaram na manutenção da paz no Canal de Suez, e nas zonas de conflito armado no Egito e Israel. No link a seguir você encontra a coleção de objetos exibidos nesta mostra, assim como detalhes sobre a exposição e demais materiais gráficos: Quem fez parte da FEB?O comandante da FEB foi o general Mascarenhas de Morais, da 2ª Região Militar, lotada em São Paulo. Foi designado ao comando diretamente pelo Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. As tropas brasileiras atuaram nas regiões montanhosas da Itália entre o fim de 1944 e o início de 1945.
Quantos Expedicionários existem no Brasil?
Como eram chamados os combatentes da FEB?Os pracinhas, membros da Força Expedicionária Brasileira, lutaram na Itália e participaram de importantes batalhas, como a batalha de Monte Castello. Estes eram os soldados que estavam na linha de frente das batalhas.
Qual o nome dos 3 soldados brasileiros?ARLINDO LÚCIO DA SILVA, GERALDO RODRIGUES DE SOUZA e GERALDO BAÊTA DA CRUZ foram três soldados que pertenceram ao 11.º Regimento de Infantaria Expedicionário e que foram, assim como muitos brasileiros, lutar nos campos de batalha gelados da Itália, durante a 2ª Guerra Mundial.
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