O minimo que voce precisa saber olavo pdf

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Publicado em: 2019-03-31

O minimo que voce precisa saber olavo pdf
Olavo de
Carvalho
o mínimo
que você
precisa saber
para não ser
um idiota
ORGANIZAÇÃO
Felipe Moura Brasil
1ª edição
2013
C321m
13-04078
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Carvalho, Olavo de, 1947-
O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota [recurso
eletrônico] / Olavo de Carvalho; organização Felipe Moura Brasil. - 1. ed.
- Rio de Janeiro: Record,
2013.
recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 9788501100597 (recurso eletrônico)
1. Jornalismo. 2. Comunicação de massa - Aspectos sociais 3.
Redação de textos jornalísticos. 4. Livros eletrônicos. I. Brasil, Felipe
Moura. II. Título.
CDD: 070.4
CDU: 070
Copyright © Olavo de Carvalho, 2013
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou
transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia
autorização por escrito. Proibida a venda desta edição em Portugal e resto da
Europa.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina, 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000
Produzido no Brasil
ISBN 9788501100597
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“Se você não é capaz de tirar de um livro consequências válidas para sua
orientação moral no mundo, você não está pronto para ler este livro.”
Olavo de Carvalho
Sumário
Nota do editor
Apresentação
O mínimo que você precisa saber sobre a idiotice, o autor e o livro
Felipe Moura Brasil
JUVENTUDE
O imbecil juvenil
Geração perdida
Jovens paranaenses
CONHECIMENTO
Desejo de conhecer
O poder de conhecer
Sem testemunhas
VOCAÇÃO
Vocações e equívocos
A mensagem de Viktor Frankl
Redescobrindo o sentido da vida
CULTURA
Espírito e cultura: o Brasil ante o sentido da vida
O orgulho do fracasso
A origem da burrice nacional
A fonte da eterna ignorância
POBREZA
Pobreza e grossura
Aprendendo com o dr. Johnson
Direitos e pobreza
Um paralelo entre Eric Voegelin e Lula
FINGIMENTO
Um capítulo de memórias
Cavalos mortos
Os histéricos no poder
DEMOCRACIA
De Bobbio a Bernanos
A metonímia democrática
Democracia normal e patológica — I
Democracia normal e patológica — II
Extremismo e vergonha
SOCIALISMO
1. Fatos x interpretações
Que é ser socialista?
Citações elucidativas
Lógica da canalhice
2. Socialismo x capitalismo
Ainda a canalhice
Confronto de ideologias?
A vitória do fascismo
MILITÂNCIA
1. Espiritualidade x fanatismo
A escolha fundamental
Psicologia do fanatismo
Ainda o fanatismo
2. Modelos x condutas
Causas sagradas
O paradoxo esquerdista
A autoridade religiosa do mal
REVOLUÇÃO
1. Globalismo
A revolução globalista
Onipresente e invisível
Lula planetário
Quem foi que inventou o Brasil?
História de quinze séculos
2. Manipulação
Guerras culturais
A elite que virou massa
Armas da liberdade
A demolição das consciências
Engenharia da complacência
Conduzidos à força
Da servidão hipnótica
3. Mentalidade
A mentalidade revolucionária
Ainda a mentalidade revolucionária
A ilusão corporalista
Ascetas do mal
A mentira estrutural
4. Sociedade x culpa
Direto do inferno
A fórmula para enlouquecer o mundo
Sociedade justa
Regra geral
5. Capitalistas x revolucionários
Capitalismo e Cristianismo
O bem e o mal segundo Olívio Dutra
Dinheiro e poder
6. Dinheiro x conhecimento
Vaidade mortal
A contracultura no poder
O suicídio coletivo dos ricos
Lembrem-se de Karl Radek
7. Revolucionários x mundo melhor
O único mal absoluto
A transfiguração do desastre
Até que enfim
8. Desmascaramento
A boa e velha língua dupla
Língua dupla e estratégia
Como debater com esquerdistas
INTELLIGENTZIA (MAS PODE CHAMAR DE MÁFIA)
1. Analfabetismo & glória
Tutto è burla nel mondo
Glórias acadêmicas lulianas
Frases e vidas
2. Povo & representação
Abaixo o povo brasileiro
O óbvio esotérico
Império do fingimento
3. Mídia & ocultação
Quem eram os ratos?
O preço do colaboracionismo
O maior dos perigos
Saudades da idiotice
É proibido parar de mentir
A técnica da rotulagem inversa
Os iluminados
4. Moralidade & inversão
Professores de corrupção
É proibido perceber
A reciclagem da ética
Aguardem o pior
A fossa de Babel
5. Universidade & farsa
Uma geração de predadores
A opção pela farsa
A vigarice acadêmica em ação
A verdadeira cultura negra
6. História & embuste
A História oficial de 1964
Resumo do que penso sobre 1964
O tempo dos militares e os dias de hoje
O ano em que o tempo parou
1968, o embuste que não terminou
7. Marxismo & vigarice
Devotos de um vigarista
O plano e o fato
Debilidades
8. Decadência
Saudades do jornalismo
Onde começou a queda
Da fantasia deprimente à realidade temível
9. Hospício
O Brasil falante
Gansos que falam
A revolução dos loucos
10. Conspiração
Teoria da conspiração
Falsos segredos
Credibilidade zero
EDUCAÇÃO
Jesus e a pomba de Stalin
Educação ao contrário
O futuro da boçalidade
O novo imbecil coletivo
Viva Paulo Freire!
Educando para a boiolice
INVEJA
Dialética da inveja
Da inveja mal confessada
Desprezo afetado
A ingenuidade da astúcia
ABORTO
Desejo de matar
Lógica do abortismo
Conversa franca sobre o aborto
CIÊNCIA
A ciência contra a razão
Sonhando com a teoria final
Por que não sou um fã de Charles Darwin
RELIGIÃO
1. Fé x ideologia
O testemunho proibido
Do mito à ideologia
Como ler a Bíblia
2. Perseguição x silêncio
Para além da sátira
A guerra contra as religiões
Maquiadores do crime
Má conselheira
A briga que ninguém quer comprar
Cem anos de pedofilia
LINGUAGEM
1. Literatura x língua de pau
Longa noite
A palavra-gatilho
Figuras de linguagem
2. Escritores x fingidores
Literatura do baixo ventre
Coisas sérias
Conversa sobre estilo
DISCUSSÃO
A origem das opiniões dominantes
Debatedores brasileiros
Debate e preconceito
Zenão e o paralítico
Barbárie mental
PETISMO
1. Lula
Louvores à mancheia
Bondade mesquinha
Lula, réu confesso
Ato de rotina
2. Tradição & estratégia
Nada de novo
Excesso de delicadeza
A engenharia da desordem
Como sempre
Depois do mensalão
FEMINISMO
Breve história do machismo
A era dos masturbadores
A técnica da opressão sedutora
GAYZISMO
Ódio à realidade
Consequências mais que previsíveis
Já notaram?
Psicólogos e psicopatas
CRIMINALIDADE
1. Fomentação
A longa história do óbvio
Primores de ternura — 1
Primores de ternura — 2
2. Terrorismo & narcotráfico
Não quero citar nomes
Queremos ser repudiados
Um discurso dos demônios
Pensando com a cabeça de George Soros
DOMINAÇÃO
Os donos do mundo
O que está acontecendo
Quem manda no mundo?
EUA
1. Bush
A desvantagem de ver
Em nome dos cadáveres
Avaliando George W. Bush
2. Obama
Os pais da crise americana
O advento da ditadura secreta
Fugindo da humilhação
O erro dos birthers
O Fome Zero de Obama
O império das puras coincidências
Salvando o triunvirato global
Velho truque
Pensando como os revolucionários
Desarmando as criancinhas
Armados e desarmados
LIBERTAÇÃO
Autoexplicação
Idiotas reciclados
Cumprindo meu dever
Por que não sou liberal
ESTUDO
A tragédia do estudante sério no Brasil
Se você ainda quer ser um estudante sério...
Pela restauração intelectual do Brasil
Espírito e personalidade
Sites
Nota do editor
O leitor encontrará, ao longo deste livro, três tipos de nota: do Autor, do
Organizador e do Editor. Somente as do primeiro, em grande parte bibliográficas,
são de rodapé, bem como as que servem ao texto de apresentação.
Porque, de modo geral, mais caudalosas, as notas do Organizador e do Editor
— com informações e esclarecimentos relevantes, bibliografia complementar e
fragmentos de escritos de Olavo de Carvalho não incluídos neste volume — estão
concentradas ao final de cada capítulo.
Apresentação
O mínimo que você precisa saber sobre a idiotice, o autor e o livro
A idiotice
Em grego, idios quer dizer “o mesmo”.
Idiotes, de onde veio o nosso termo “idiota”,
é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo,
que julga tudo pela sua própria pequenez.*
Olavo de Carvalho
Você conhece pessoalmente algum idiota?
Só de ler a pergunta, talvez já lhe tenham vindo um ou dois à cabeça. Eu
mesmo, enquanto escrevo, estou pensando em vários. Quem não conhece, não é?
Que os idiotas estão por aí, creio estarmos todos de acordo (você, eu, Platão,
Sertillanges, Nelson Rodrigues — um timaço, o nosso). Vou passar para a
próxima pergunta.
O que você realmente faz para não ser um idiota, nem ser feito de idiota?
Bom, talvez esta seja um pouquinho mais difícil. Talvez você precise de um
momento de reflexão e autoanálise. Se quiser, pode desviar os olhos do livro (eu
costumo olhar para os pés) e pensar por mais alguns segundos em suas atividades
anti-idiotice. Pensou?
Agora confesse: você já se fez essa pergunta antes? Sim? Não?
Inconscientemente? Formulada de outra maneira? Ok.
Mas alguma vez, ou agora, você respondeu a si mesmo, por exemplo, que
estuda as estratégias dos canalhas? Seus métodos? Suas técnicas de manipulação?
Suas ocultações? Seu legado no ambiente cultural?
Diga-me: como você pretende não ser um idiota, nem ser feito de idiota, se
você pouco ou nada sabe sobre a história e os avanços da canalhice?
Sim: os avanços. A canalhice é a ciência mais avançada do mundo atual —
opera em escala global, inclusive — e o seu resultado é justamente a
multiplicação de idiotas que jamais se dão conta de sê-lo.
Lembre-se:
Os pequenos canalhas se aproveitam da idiotice pronta. Os grandes a
fabricam.
Nelson Rodrigues já alertava: “O mundo só se tornou viável porque
antigamente as nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta eram regidas pelos
melhores. Agora a gente tem a impressão de que são os canalhas que estão
fazendo a nossa vida, os nossos costumes, as nossas ideias. Ou são os canalhas ou
são os imbecis, e eu não sei dizer o que é pior. Porque você sabe que são milhões
de imbecis para dez sujeitos formidáveis.”**
Se estou chamando você de idiota? Claro que não. Estou convidando você a
escapar desse estado, ainda que futuro, conhecendo para isso, entre outras coisas,
a influência de canalhas (ou imbecis) sobre “a nossa vida, os nossos costumes, as
nossas ideias”, “as nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta”, através da obra
de um (hum) sujeito formidável, que vale por dez.
Estou convidando você a enxergar não além, mas muito além do seu umbigo
(e em benefício dele), ampliando a sua imaginação para conceber uma
realidade infinitamente mais complexa (embora aqui mastigadinha, como se
pode ver pelo índice) do que qualquer idiota supõe existir.
É melhor ser persuadido do que ser manipulado.
“Ninguém, hoje em dia”, escreve Olavo de Carvalho, “pode se dizer um
cidadão livre e responsável, apto a votar e a discutir como gente grande, se não
está informado das técnicas de manipulação da linguagem e da consciência, que
certas forças políticas usam para ludibriá-lo, numa agressão mortal à
democracia e à liberdade.”***
Em outras palavras:
Você não precisa ser um gênio. Mas convém descobrir qual é O mínimo que
você precisa saber para não ser um idiota.
O autor
É um grande sinal de mediocridade elogiar sempre moderadamente.
Leibniz
Olavo de Carvalho é uma inteligência demolidora.
Você vem com a frase feita, ele vem com a britadeira. Você vem com o
reflexo condicionado, ele vem com o tratamento de choque. Você vem com o
senso comum, ele vem com a história universal.
Para cada ideia compactada em slogan, ele tem um unzip terapêutico. Para
cada cretinice repetida pelo processo inconsciente de copy and paste, ele tem um
arsenal de rastreadores que localizam a fraude na origem, não sem revelar o seu
percurso.
Como um educador de verdade, Olavo dinamita o mal que paralisa a sua
inteligência e oferece as ferramentas com as quais você pode erguê-la, deixando
claro que não fará isso por você, porque a educação é uma conquista pessoal.
“Educação”, ensina ele, “vem de ex ducere, que significa levar para fora”,
exatamente o contrário do que se costuma fazer no Brasil, onde o simples diálogo
entre pessoas de áreas profissionais ou “tribos” distintas tornou-se, senão
impossível, no mínimo deprimente.
Se as universidades formam habitantes de cada departamento, Olavo orienta
você a ser um habitante da cultura. Se as escolas fabricam um exército de
militantes, Olavo indica o caminho para voltar a ser gente, de preferência
madura. Se a mídia encobre a realidade com eufemismos, Olavo alfabetiza você
de novo, chamando as coisas pelo nome, doa a quem doer. Se o empresariado dá
provas de ódio ao conhecimento, Olavo dá receitas de como alcançá-lo,
incutindo ao mesmo tempo este desejo. Se o ambiente visual urbano torna o
essencial indiscernível do irrelevante, Olavo conduz você pela selva, enquanto vai
ordenando o caos. Se o acesso a lazeres e prazeres ilimitados infunde nas pessoas
um sentimento de culpa traiçoeiro, Olavo mostra com quantos sacrifícios se
restitui a sanidade, em prol de uma felicidade duradoura.
Tudo com o mais autêntico bom humor. Tudo com o mais envolvente dos
estilos.
Seja em livros, artigos de jornal, apostilas de curso, aulas, vídeos ou
programas de rádio, Olavo une a linguagem popular à alta cultura, no todo e nas
partes, variando apenas, de acordo com o formato, a intensidade de cada uma,
mas sempre com o poder de educar e divertir ao mesmo tempo os seus milhares
de leitores, ouvintes e alunos, e com a coragem de expor ao ridículo a quadrilha
de “intelectuais” que corrompe o país.
É um homem de fé, sem dúvida. “A fé”, dizia José Ingenieros, “se confirma
no choque com as opiniões contrárias; o fanatismo teme vacilar diante delas e
intenta afogá-las, enquanto agonizam suas velhas crenças”.****
Incapazes de manter suas ideias de pé no choque com as opiniões e
argumentações demolidoras de Olavo, seus adversários tentam afogá-las,
marginalizá-las e xingá-las — não raro fingindo-se alvos de insultos injustificados
ou afetando superioridade à base de risadinhas — no intuito de afastar o público
do mais breve contato com o autor.
Se você quiser obedecer ao comando e maldizê-lo sem ler ou fugir, fique à
vontade.
Olavo de Carvalho não é para frouxos.
O livro
Regra: a busca da perfeição não é nada se não for inseparável
da necessidade de difundir todo o bem que se possui.
Louis Lavelle
Este livro é fruto espontâneo dos meus estudos da obra de Olavo de Carvalho e da
necessidade incontornável de divulgá-la aos amigos, parentes, leitores e
brasileiros em geral, da maneira que julgo mais objetiva, educativa e
contundente para despertar suas inteligências e orientá-los em questões
fundamentais da existência e da convivência humanas, sem deixar de mostrar
como o ambiente cultural do país e a canalhice global interferem em cada uma.
Dado o abismo cada vez maior entre o universo midiático-educacional e a
realidade, e portanto entre o povo exposto às classes falantes e os verdadeiros
sábios, as recomendações de leituras esparsas via e-mail ou linknas redes sociais,
muito embora importantes, não me pareciam suficientes para cumprir estes
objetivos, de modo que tratei de montar um material ao mesmo tempo
consistente e abrangente que eu pudesse atirar no colo das pessoas ao meu redor,
sobretudo as mais dispostas a discutir o que não estudaram, e dizer:
“Toma. Sem isto aqui, não dá nem para começar a conversar.”
Sim. É verdade que Olavo de Carvalho publicou outros livros extraordinários,
que também devem ser lidos por quem queira avançar na vida intelectual, mas
nenhum deles facilita tanto a vida do leitor comum — leigo ou iniciante em
assuntos políticos e técnicas filosóficas — quanto este, do qual só não se pode
dizer que o pega pela mão porque seria mais correto dizer que o pega pela
orelha, não sem lhe dar umas boas e merecidas palmadas por ter vivido tanto
tempo como um bichinho, sem saber que diabos está acontecendo.
Se “a suprema alegria de um professor (...) é a de poder abrir a seus alunos
um horizonte bem maior que a circunferência de um prato de lentilhas”,***** a
do organizador de sua obra é torná-la ainda mais atraente e acessível ao grande
público, em prol da formação de uma elite pensante não apenas capaz de
distinguir um prato de lentilhas de todo o legado da cultura universal, mas
também de perceber que a absorção deste último pode ser bem mais nutritiva.
Em busca deste resultado, nada mais natural do que recorrer aos artigos
jornalísticos de Olavo de Carvalho, chamarizes instigantes de uma obra quase
inabarcável e sob o impacto dos quais muitos de seus leitores — os menos
frouxos, modéstia à parte — saem em busca de suas aulas, descobrindo, então, as
dimensões infinitamente maiores da sabedoria do filósofo — para muito além, é
claro, da caricatura que dele fazem seus adversários políticos e do próprio rótulo
de “polemista”, quase sempre usado no Brasil para rebaixar quem exibe provas,
documentos e análises lógicas irrefutáveis a um nível igual ou inferior ao
daqueles que fazem discurso histérico-militante. Na maior parte dos casos, a
polêmica está nos olhos de quem não lê.
Este livro, no entanto, não é uma simples compilação de artigos, mas sim uma
compilação de temas essenciais — todos eles renegados à obscuridade no país
—, sobre os quais os artigos vêm lançar luz, importando para a seleção menos a
data e o veículo em que foram publicados do que o potencial de cada um em
iluminar esses temas, ainda que, em favor da abrangência, eu tenha priorizado os
mais sintéticos entre os milhares que reli ou descobri durante este trabalho,
enquanto me perdia, como tantos leitores, ouvintes e alunos, nas páginas virtuais
do site de Olavo de Carvalho.
Tratei, pois, não apenas de organizar aquele empilhamento sem fim de textos,
mas de resgatar na obra jornalística recente e antiga do autor o que ela tem de
atemporal, de ferramenta útil à compreensão da realidade em outras
circunstâncias para além daquelas das quais cada texto emergiu, não sem a
intenção de exemplificar o quanto o jornal também é, ou deveria ser, um espaço
para análises capazes de sobreviver ao tempo — e até de prever, com acerto,
uma infinidade de acontecimentos —, sendo bem mais do que o simples
comentário das notícias da semana. Não é porque a notícia envelhece, afinal, que
a reflexão correspondente deve envelhecer junto.
Se há (e garanto: como há!) uma dificuldade em agrupar textos de Olavo de
Carvalho por temas para fins editorais, isto se deve não à obsolescência deles,
mas, pelo contrário, ao fato de o autor buscar sempre a unidade por trás das
manifestações isoladas e os fundamentos por trás das discussões públicas, o que
torna cada texto seu um amálgama (duradouro) dos elementos mais díspares,
entre os quais só um organizador irresponsável (ou obsessivo) como eu ousaria
procurar um fio condutor interno e comum a outros textos, capaz de justificar o
nome e a composição de capítulos e seções — uma raridade compreensível,
aliás, em seus livros, cujas seleções costumam ser justificadas apenas pelo título
geral da obra e limitadas aos artigos recentes.
De todo modo, como os textos de Olavo de Carvalho são sobre tudo e mais
alguma coisa, cada capítulo deste livro contém um tanto dos temas de outros; e,
portanto, nenhum se esgota em si mesmo, mas sim fornece a base mínima para
a compreensão dos demais. Por exemplo: como falar de Cultura sem falar de
Conhecimento? Pior: como falar de Obama sem falar de Mídia, Ocultação e
Manipulação? No entanto, há seções ou capítulos isolados com cada um (ou dois)
desses nomes, podendo o leitor recorrer às suas especificidades para entender
melhor o todo, sem deixar de ter alguma visão do todo dentro de cada um.
Se seguir a ordem é importante? Sim e não. Ela tem decerto um propósito,
qual seja, o de guiar o leitor a partir das questões individuais de formação da
personalidade, de busca da sinceridade, do sentido da vida e do conhecimento, de
obtenção enfim das ferramentas mentais e morais necessárias para não ser um
idiota, para depois introduzi-lo gradativamente (ou violentamente, dependendo do
caso) em problemas culturais, sociais,...

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