O que é necessário para que uma escola se torne inclusiva?

Garantir condições mínimas para que alunos com e sem deficiência possam frequentar a escola e aprender são maneiras de tornar o ambiente mais inclusivo. Confira mais sobre esse assunto no texto a seguir!

A inclusão social na educação é um tema debatido há tempos e que ainda gera muitas dúvidas em toda a comunidade escolar. Conviver com alunos com algum tipo de deficiência, transtorno ou condição exige da instituição uma série de posturas para deixar o ambiente mais acolhedor e acessível para todos.

Porém, não é preciso fazer adaptações às pressas só quando sua escola for receber alguém com deficiência. Sua equipe pedagógica e o espaço físico já podem se transformar para a sua instituição estar sempre de braços e portas abertas para todos os alunos, independentemente da condição física ou mental deles. Para isso, no texto de hoje vamos te mostrar algumas formas de criar um ambiente inclusivo. Acompanhe!

O que é educação interativa?

Tenha um time preparado

Há muito tempo as pessoas com deficiências ou transtornos (como o autismo) batalham para conseguir direitos mínimos à educação, por isso esse é um tema delicado. Dessa forma, os profissionais que trabalham na sua escola precisam ser preparados para incluir e dar o apoio necessário aos alunos que necessitarem de alguma ajuda.

Esse cuidado vai desde os monitores até o corpo pedagógico. Afinal, os estudantes têm contato com vários colaboradores no dia a dia, então, a preparação de todos é necessária. 

Uma forma de fazer isso é conversando sobre cada tipo de deficiência e quais as suas implicações no cotidiano de uma pessoa que a possui, para que, assim, os funcionários da sua escola percebam como podem contribuir para deixar o ambiente mais acolhedor e inclusivo.

Além disso, é preciso acabar com o preconceito que muitos têm em relação às pessoas com deficiência. Ensinar termos politicamente corretos e que não as ofendem é o pilar para criar uma boa relação entre estudantes, colaboradores e escola.

Outra maneira de ter um time preparado é contando com profissionais que tenham um conhecimento mais profundo sobre como ajudar um aluno em caso de uma crise ou emergência.

Converse com os alunos

É natural que muitas crianças e adolescentes tenham dúvidas sobre alguns tipos de deficiências físicas e mentais. Por isso, é importante que a escola saiba responder aos seus questionamentos, mostrando a eles que essas condições não diferem ninguém e que todos devem ser igualmente respeitados. 

Tratar desse assunto também não deve ser um tabu ou algo excepcional, pois ao se fazer isso, o tema ganha um aspecto de exclusão ou de raridade, o que contribui ainda mais para o distanciamento dos jovens, em detrimento da prática do acolhimento e do respeito.

Além disso, é fundamental que a escola seja um exemplo para os estudantes no trato com as diferentes deficiências e maneiras de incluir os alunos dentro da escola, proporcionando uma experiência satisfatória para todos.

Adapte a escola

A sua instituição deve estar preparada para receber pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja motora, seja física ou mental. Dessa forma, o espaço físico também deve ser inclusivo, por isso se faz necessária a construção de rampas de acesso, a adaptação de banheiros e salas de aulas, a instalação de piso tátil e outras ferramentas que facilitem a rotina desses estudantes.

Crie também um espaço de acolhimento separado para onde os alunos possam ser levados em caso de emergência. A instituição pode, por exemplo, ter um aluno com autismo, que, embora não seja considerado uma deficiência, é um transtorno que exige uma abordagem diferente para que a pessoa se sinta à vontade e segura no ambiente. 

Nesse espectro podem acontecer situações em que a criança ou o adolescente precise ficar em um espaço reservado e acolhedor para que se acalme. Por isso, é muito importante pensar nisso quando fizer adaptações na escola.

Conclusão

De nada adianta implementar um discurso inclusivo se, na prática, faltam recursos apropriados para receber os alunos com deficiência ou transtornos. Para ser realmente acolhedora, muitas coisas precisam mudar, desde a abordagem do material didático até o comportamento de toda a comunidade, por isso é essencial que tudo seja feito com um planejamento e com o auxílio de profissionais que entendam sobre o assunto.

Essas pessoas buscam ser tratadas como iguais aos demais, e a escola pode contribuir com a formação de adultos menos preconceituosos e mais empáticos com os outros. Sendo assim, invista em uma mudança geral na sua instituição.

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Habilidades do futuro: como preparar os seus alunos?

Garantir a equidade e a qualidade na educação depende que gestores e educadores defendam e adotem os princípios de uma educação inclusiva. Através dela, cada criança é vista como um ser único, e as diferentes formas de se aprender são levadas em consideração.

Mas, se hoje ela tem ganhado força e espaço nas escolas de todo o país, em um passado não tão distante essa realidade sempre pareceu difícil de ser aplicada. O que se via era um modelo predominantemente excludente e discriminatório, que associava deficiência à incapacidade.

No Brasil, a inclusão escolar foi formalizada em 2008 por meio da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Em 2015, com a Lei Brasileira de Inclusão, foram estabelecidas legalmente as condições de implementação do sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades. De acordo com o Censo Escolar, o número de matrículas da educação especial chegou a 1,3 milhão em 2019, um aumento de 34,4% em relação a 2015.

Apesar dos números, o Brasil ainda passa por desafios ao oferecer uma educação que seja realmente inclusiva, principalmente quando falamos sobre o espaço físico, segundo dados do Censo Escolar de 2018, apenas 31% das escolas públicas e privadas possuíam dependências acessíveis aos portadores de deficiência.

Atualmente, para além da presença física, é preciso se preocupar também em tornar o digital um ambiente inclusivo. Para entender como acolher os estudantes em um cenário pós pandemia, conversamos com a consultora pedagógica do Espaço de SER, Heloise Costa:

1) Como preparar professores e equipes escolares para promover a educação inclusiva depois de um ano letivo em que alunos ficaram distantes da escola e dos colegas?
Heloise Costa –
Mais do que nunca, é imprescindível um trabalho colaborativo entre professores, os profissionais do AEE (Atendimento Educacional Especializado), coordenação pedagógica e demais equipes para a construção coletiva das estratégias pedagógicas a serem adotadas na escola. Os profissionais de educação precisam garantir que uma atividade pensada para a turma possa desenvolver as potencialidades de todos os estudantes, tendo como base os recursos disponíveis para auxiliar o processo.

Outro caminho é a escuta ativa. Ouvir as famílias que dependem da inclusão na educação, saber o que mudou na rotina dos estudantes com deficiência; o que os cuidadores passaram a adotar como práticas para encaminhar suas necessidades. Para além de compreender o conteúdo teórico sobre educação inclusiva, as leituras diversas, é a prática cotidiana de quem vivencia que facilita o processo e supera qualquer leitura.

Saber o que mudou na rotina dos estudantes, entender como, pedagogicamente e coletivamente, é possível atuar faz muita diferença na maneira como a escola os recebe e possibilita que o momento do retorno não seja ainda mais violento e doloroso quanto já foi o ano de distanciamento.

2) Como preparar o acolhimento de todos, inclusive daqueles com deficiência?
Heloise Costa –
Pensar no retorno presencial à escola passa, primeiramente, por pensar em como construir pontes de afeto e acolhimento aos estudantes e aos profissionais, de modo geral. Precisamos nos questionar se estamos preocupados apenas em retornar ao currículo ou se queremos ir além, e estruturar novas relações dentro do espaço escolar. Esta é uma questão que precisa ser pensada e levada em consideração.

Quando falamos das pessoas com deficiência, para além do acolhimento emocional, precisamos também repensar as formas de exclusão que já existiam antes mesmo da pandemia. Elas estavam lá, mas foram agravadas pela impossibilidade de contato físico e acompanhamento presencial. Assim, é importante que educadores e equipe empreendam estudos e esforços anteriores ao início das aulas para compreenderem como as necessidades dos estudantes com deficiência se alteraram. Um exemplo disso é o uso de máscaras – que atinge de forma bastante expressiva os que possuem deficiência auditiva.

Outro ponto é garantir a segurança com relação aos protocolos sanitários. A escola precisa ter claramente delimitados os processos a serem adotados, no intuito de garantir que o retorno presencial não seja um perigo à saúde ou sinônimo de aumento do contágio. Os profissionais precisam ser treinados para se adequarem às medidas de prevenção.

 3) Como se preparar para o modelo híbrido sem deixar de lado o caráter inclusivo da educação? O presencial será ainda mais importante para alunos com deficiência?
Heloise Costa –
Sabemos que o modelo de atividades escolares presenciais, a convivência e a interação pessoal são benéficos para todos os estudantes, não apenas para os com deficiência. No caso dos estudantes com deficiência, os processos inclusivos e interativos atuam diretamente na maneira como construímos seu senso de pertencimento e as possibilidades de desenvolvimento de suas habilidades e potencialidades.

A pandemia acelerou o movimento já esperado de aumento do uso da tecnologia nas práticas pedagógicas cotidianas. Assim, o modelo híbrido pode também representar uma possibilidade de diminuir as lacunas que as estruturas educacionais apresentam, afinal a tecnologia, se usada de forma intencional e responsável, cria pontes e não um recurso de exclusão. Além disso, os estudantes de hoje,  principalmente os de centros urbanos, – considerando-se todas as proporções e realidades de desigualdades existentes -, já dialogam com a linguagem tecnológica. Então, o exercício deve ser  pensar sobre a pergunta: como aproveitar esses recursos para potencializar a aprendizagem?

Quando falamos em inclusão de estudantes com deficiência no modelo híbrido, podemos pensar em diversos recursos, como  aplicativos, portais e outros. Também já existem diversas ferramentas, como traduções em libras, métodos de leitura para deficientes visuais, braile, compatíveis com as necessidades de pessoas com deficiências físicas. Esses mecanismos podem ser incorporados ao próprio planejamento de atividades dos professores, inclusive para que os educandos que não possuem deficiência possam compreender melhor sobre as necessidades e realidades dos seus colegas.

4) Depois de um ano como o de 2020, de que maneira manter uma boa relação entre escolas e famílias pode colaborar para promover um diagnóstico do que foi aprendido e também uma educação mais inclusiva?
Heloise Costa –
Escola e família são pilares da comunidade escolar que precisam estar juntos não apenas após o ano de 2020, mas em todos os momentos. Uma educação integral é estabelecida não apenas por aquilo que se aprende na escola, mas também pelo desenvolvimento em outros espaços e, por isso , entendemos que o espaço familiar é de extrema importância para que se possa  cumprir um ciclo de desenvolvimento mais completo pelo estudante.

Não se trata de pensar no núcleo familiar apenas como a função de cuidador ou procurador das tarefas dos estudantes, mas como um forte aliado no seu processo de desenvolvimento. A família também possibilita a construção de um diagnóstico mais completo, já que é ela quem conhece as necessidades específicas, as dificuldades, potencialidades, e, principalmente, os anseios e avanços conquistados ao longo do ano.

Sendo assim, um bom relacionamento entre escola e família possibilita que as ações pedagógicas empreendidas não sejam apenas pensadas dentro de uma perspectiva que se limita ao desenvolvimento escolar como algo que se daria apenas em um registro cognitivo, mas que levem em consideração a complexidade de campos que compõem o estudante:, emocional, social, e histórico.


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