O que e o que e bilinguismo?

O que e o que e bilinguismo?

O bilinguismo é um fenômeno existente desde o começo da linguagem da humanidade. A história das línguas associa-se profundamente à existência do povo que a fala. Há muito para ser discutido acerca deste assunto; apesar de o tema estar em alta, diferente do que se pensa, definir o que é bilinguismo ainda pode ser uma tarefa árdua, devido às diversas definições literárias que se encontram sobre o assunto. Segundo o dicionário Macmillan English (2014), bilíngue é definido como: “bilíngue é aquele capaz de falar duas línguas extremamente bem” (Someone who is bilingual is able to speak two languages extremely well). Bloomfield (1933), citado por Marcelino (2009, p. 03), também compartilha desta visão de bilinguismo ao afirmar que:

[...] No caso extremo de aprendizagem de línguas estrangeiras, o sujeito torna-se tão eficiente como o falante nativo em volta dele. [...] Nos casos de aprendizagem perfeita, de línguas estrangeiras, não é acompanhada da perda da língua nativa, resulta em bilinguismo, controle nativo das duas línguas[1] (tradução nossa).

O indivíduo bilíngue deve administrar de maneira igual e perfeita as duas línguas que domina, ou seja, deverá haver a junção de dois monolíngues em um único ser (BLOOMFIELD,1933, apud MARCELINO, 2009, p.03).

Em uma crítica categórica a essa definição de bilinguismo, Grosjean (1985, 1994, 2001, apud BAKER, 2006), acredita que tanto para bilíngues como para multilíngues a fluência em duas línguas é o fator mais importante na descrição de um indivíduo bilíngue. Outros autores discordam da definição dada por Bloomfield (1933), como por exemplo Bhatia e Ritchie (1996), que asseguram ser irreal o controle nativo em duas línguas, afirmando que o bilinguismo em sua forma ideal raramente é conquistado.

Procurando um conceito mais próximo da nossa realidade podemos citar Marcelino (2009, p.03), que argumenta que essa definição de bilíngue não agrada os brasileiros que acreditam que ser bilíngue está relacionado com crescer falando duas línguas, parece não haver uma distinção entre crescer bilíngue e nascer bilíngue e ser um bilíngue fluente.

De acordo com Baker (2006):

A distinção fundamental é entre a habilidade bilíngue e o uso bilíngue. Alguns bilíngues talvez sejam fluentes em duas línguas, mas raramente usam as duas. Outros talvez sejam menos fluentes, mas usam suas duas línguas regularmente em diferentes contextos[2]. (tradução nossa).

É possível mencionar diversas outras definições para o que é bilinguismo, mas daremos continuidade a este trabalho com base no que Baker (2006) apresenta como “Some Dimensions of Bilingualism”, ou Algumas Dimensões de Bilinguismo. Por meio de uma visão conjunta dessas dimensões é possível analisar os bilíngues. Apresentaremos resumidamente algumas dimensões propostas por Baker (2006):

1. Habilidade: alguns bilíngues habilidosamente falam e escrevem em ambas as línguas (competência produtiva), outros são bilíngues passivos e tem habilidade receptiva (entendimento e leitura). Habilidade é uma consequência contínua com domínio e desenvolvimento variando de pessoa para pessoa.

2. Uso: os locais onde a aquisição de cada língua ocorre varia (exemplos: casa, escola, trabalho, viagens). Os diferentes idiomas que um sujeito fala normalmente é utilizado para diferentes propósitos.

3. Balanço entre os dois idiomas: raramente bilíngues e multilíngues possuem habilidades iguais em ambas as línguas. Normalmente um idioma é predominante.

4. Idade: quando uma criança aprende dois idiomas desde o nascimento, isso é normalmente chamado de bilinguismo simultâneo ou infantil. Se uma criança aprende uma segunda língua depois, com cerca de três anos de idade, é chamado de bilinguismo consecutivo ou sequencial.

5. Cultura: é possível que bilíngues tornem-se bilculturais/multiculturais, quando a aprendizagem do idioma vem acompanhada de uma abordagem cultural, estreitando laços e trocas culturais.

6. Contexto: alguns bilíngues moram em regiões onde têm a oportunidade de utilizar dois ou mais idiomas em seu dia a dia. Outros moram em regiões onde não há essa oportunidade de troca cultural e utilizam com menor frequência algum de seus idiomas.

Concepções multidimensionais não são somente embasadas nas teorias de comportamento linguístico, mas levam em consideração também a transdisciplinaridade, utilizando noções de diversas áreas do conhecimento como: sociologia, sociolinguística, política, geografia, educação e psicologia social.

Concordando com Baker, Gupta (2007, apud PERSON, 2008) afirma que o multilinguismo é um fato da vida que deve ser visto como benéfico, já que em países menos desenvolvidos, como Índia e Singapura, são raros os casos de crianças que chegam a idade escolar monolíngues.

Marcelino (2009, p. 06) aproxima-se da classificação de bilíngues e multilíngues defendida por Baker (2006), dispondo-os da seguinte maneira:

· Bilíngues simultâneos: crescem em contato com duas línguas desde a primeira infância, e têm maior chance de se tornarem falantes nativos em duas línguas;

· Bilíngues consecutivos: os que aprendem o segundo idioma em um contexto diferente de escola bilíngue, possivelmente em escola de idiomas, com aulas duas vezes por semana.

· Bilíngues consecutivos de infância: o mais provável de surgir como resultado da educação bilíngue do Brasil, o aprendiz desenvolve o segundo idioma em um contexto onde a língua é utilizada como veículo de comunicação, forma de constituição e de obtenção de conhecimento. Não é apenas utilizada como o objeto de estudo em si, mas passa a ser, em grande parte, a língua de instrução também.

Pode-se dizer, então, que o bilinguismo é um fenômeno complexo, que demanda pesquisas na área, que levem em consideração aspectos individuais, interpessoais e sociais.

[1] […] In the cases where this perfect foreign-language learning is not accompanied by loss of the native language, it results in bilingualism, the native-like control of two languages. (BLOOMFIELD, 1933, apud MARCELINO, 2009, p.3). [2] The fundamental distinction is between bilingual ability and bilingual usage. Some bilinguals may be fluent in two languages but rarely use both. Others may be such less fluent but use their two languages regularly in different contexts. Many other patterns are possibile.

(Esse texto faz parte do meu artigo de conclusão de curso em Pedagogia, Educação Infantil Bilíngue: um estudo sobre o perfil dos profissionais que atuam na área, 2014)

O que e o que e bilinguismo?

O bilinguismo, tal como entendemos, é mais do que o uso de duas línguas. É uma filosofia educacional que implica em profundas mudanças em todo o sistema educacional para surdos. A educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da língua de sinais, sua língua materna.

O que e bilinguismo na educação?

O bilinguismo, entendido como capacidade de alguém se comunicar em duas línguas, traz reflexões acerca do ato de pensar na medida em que a comunicação passa, necessariamente, pelo ato de pensar, pela constituição da identidade e pela cultura do indivíduo.

O que e o bilinguismo na libras?

Bilinguismo e surdez Quando se fala de surdez, o termo bilíngue significa que a pessoa sabe português e Libras, a Língua Brasileira de Sinais, que é utilizada por uma parcela de surdos, conhecidos como surdos sinalizados ou não oralizados.

O que e o bilinguismo na educação dos surdos?

A proposta bilíngüe possibilita ao leitor surdo fazer uso das duas línguas, escolhendo a qual irá utilizar em cada situação lingüística. As línguas de sinais são um sistema lingüístico usado para a comunicação entre pessoas surdas.