Os imigrantes italianos que se instalaram em São Paulo contribuíram para

Era o dia 21 de fevereiro de 1881 quando as primeiras famílias italianas desembarcaram no Brasil. O fim do tráfico negreiro, importação da mão de obra negra da África ao Brasil por meio da Lei Eusébio de Queiroz, foi fundamental para que o governo imperial de Dom Pedro II atraísse outros povos. Os italianos foram os primeiros interessados na propaganda do governo imperial em começar uma nova vida longe da Europa.

Enquanto isto, na então província de São Paulo, as plantações de café prosperavam e necessitavam cada vez mais de mão de obra em quantidade muito superior à existente e os italianos preenchiam essa necessidade.

Pouco antes, o Reino de Itália havia passado pelas guerraspela Unificação Italiana. Com o fim destas guerras, a economia italiana se encontrava debilitada, com altas taxas de crescimento demográfico e de desemprego.

Os Estados Unidos (maior receptor de imigrantes) passaram a criar barreiras para a entrada de estrangeiros. Tais fatores levaram, a partir da década de 1870, ao início da maciça imigração de italianos para o Brasil.

Neste contexto, o imigrante italiano era considerado um dos melhores, pois além de ser branco, também era católico. Deste modo, sua assimilação seria fácil na sociedade brasileira e ele colaboraria para o "branqueamento" da população em geral.

Deve-se ressaltar não foi apenas o Brasil que implantou políticas de imigração que privilegiavam os grupos de imigrantes conforme as características raciais ou religiosas desejadas.

Entre 1880 e 1924, entraram no Brasil mais de 3,6 milhões de imigrantes, dos quais 38% eram italianos. Considerando-se a faixa de tempo entre 1880 e 1904, os italianos representaram 57,4% dos imigrantes. Em um distante segundo lugar apareciam os portugueses, seguidos dos espanhóis e dos alemães. O Brasil posicionou-se, assim, como o terceiro maior país receptor de imigrantes italianos entre os anos 1880 e a Primeira Guerra Mundial, atrás apenas dos Estados Unidos (5 milhões de italianos entre 1875 e 1913) e da Argentina (2,4 milhões).

A imigração italiana para o Brasil atingiu seu ápice no final do século XIX. Porém, por volta de 1900, aparecem na imprensa italiana notícias de péssimas condições de vida de emigrantes italianos que não podiam abandonar as fazendas de café onde trabalhavam, pois tinham dívidas principalmente relativas ao pagamento dos custos de suas viagens. Isto faz com que, em 1902, o governo da Itália emita o decreto Prinetti proibindo a imigração subsidiada de cidadãos italianos para o Brasil. O fluxo de imigrantes diminui bruscamente já que, a partir de então, cada cidadão italiano que quisesse emigrar para o Brasil deveria ter dinheiro para pagar a própria passagem.

Carta do Banco Mauá ao conselheiro Inácio da Cunha Galvão comunicando a chegada de 35 italianos ao porto do Rio de Janeiro, em conformidade com o contrato estabelecido pelo governo imperial em 1874. O vapor Rivadavia foi o primeiro a transportar imigrantes subsidiados. Arquivo Nacional.

Uma vez dentro do navio, os imigrantes tinham que enfrentar uma viagem naval terrível, com duração entre 21-30 dias, amontoados no navio como passageiros de terceira classe. Não eram raros os envenenamentos por comida estragada, mortes por epidemias e ondas de furtos. Em 1888, em dois navios que transportavam imigrantes para o Brasil, o Matteo Bruzzo e o Carlo Raggio, 52 pessoas morreram de fome e, em 1899, no Frisca, 24 morreram por asfixia

Ao chegarem ao porto brasileiro, se encantavam com o verde intenso da natureza exuberante do país e estranhavam os homens e mulheres de pele escura que perambulavam pelo porto, os quais os italianos nunca tinham visto em seu país de origem. Encaminhados para as fazendas, muitos imigrantes tiveram que enfrentar uma vida de semiescravidão nas plantações de café, bem diferente dos relatos de paraíso vendido pelos agentes que os persuadiram a abandonar a Itália. Em consequência, um número elevado de imigrantes retornou para a Itália ou reemigrou para outros países. Entre 1882 e 1914, entraram no estado de São Paulo 1 553 000 imigrantes e saíram 695 000, ou seja, 45% do total. Entre aqueles que voltaram para a Itália, ficaram na lembrança histórias trágicas que ainda hoje permanecem na memória dos filhos e netos desses imigrantes retornados. Mas também ficou na lembrança memórias positivas do Brasil, das plantações de café, das frutas tropicais que nunca mais iriam provar e, de certo modo, um agradecimento à terra que os havia permitido viver por algum tempo.

Os imigrantes que se dirigiram para o Sul do Brasil eram quase todos do Norte da Itália. Isto porque a imigração de italianos do Sul da Itália para o Brasil só se intensificou a partir de 1895, quando a imigração italiana para o Sul do Brasil já estava em plena decadência, pois o fluxo migratório estava se dirigindo maciçamente para o estado de São Paulo. No Rio Grande do Sul, vênetos e lombardos corresponderam a 87% dos imigrantes. Em Santa Catarina, trentinos, vênetos e lombardos formavam a maioria, além de um número reduzido de emilianos. No Paraná, no início da imigração, os vênetos corresponderam a 90% dos imigrantes, caindo para 70% mais tarde. Em 1908, dos 52 núcleos coloniais habitados por italianos no Paraná, 46 eram habitados por vênetos, 3 por meridionais, 1 por friulanos e 1 por imigrantes de várias regiões.

Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a Região Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isto se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo (e, em menor medida, também em Minas Gerais). Com o fim do tráfico negreiro e o sucesso da colonização italiana no Sul, os próprios donos das fazendas de café tratavam de atrair imigrantes italianos para as suas propriedades. Em 1871, foi criado o subsídio federal à imigração. Também na década de 1870, os proprietários de terras pagavam diretamente a viagem e o imigrante tinha que trabalhar nas fazendas com um contrato de cinco anos, devolvendo o valor da passagem paga.

A partir da década de 1880, o governo paulista, controlado politicamente pelos fazendeiros, passou a incentivar a imigração italiana com destino aos cafezais, subsidiando 50% das despesas da viagem, mantendo-se o contrato de cinco anos e o ressarcimento.A pressão do principal grupo interessado na mão de obra de trabalhadores livres estrangeiros, os cafeicultores paulistas, reorganizou a política de imigração ao longo dessa década, criando um sistema de subvenções para atrair essa mão de obra. Entre 1889 e 1930 (Primeira República Brasileira), ingressaram no país mais de 3,5 milhões de estrangeiros.

O estado de São Paulo absorveu a maioria dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil. Este estado foi o destino de 44% da imigração italiana para o Brasil entre os anos de 1820 e 1888, de 67% entre 1889 e 1919, com ênfase entre 1900 e 1909, quando atraiu 79%. O peso demográfico italiano no estado foi enorme: em 1934, italianos e seus filhos representavam 50% da população de São Paulo.

Além dos vultosos recursos federais destinados à imigração subvencionada, havia as vantagens oferecidas pelo governo estadual para quem quisesse imigrar: pagava-se 75 mil réis por adulto, a metade por meninos de 7 a 12 anos e 20% pelas crianças de 3 a 7 anos. A Sociedade Promotora de Imigração foi criada com o intuito de incentivar a imigração. Não era difícil atrair imigrantes: os jornais paulistas publicavam anúncios convidando os estrangeiros já residentes a chamar parentes para o Brasil, que teriam passagem gratuita.

Na sede europeia na Itália, somavam-se milhares de pedidos de pessoas dispostas a ir para o Brasil.Em 1887, foi edificada a Hospedaria de Imigrantes no bairro do Brás, onde os imigrantes permaneciam por no máximo oito dias. Lá, eles eram visitados por fazendeiros que lhes ofereciam contratos de trabalho. O contrato era estipulado de forma verbal, sem nenhuma garantia de que fosse integralmente cumprido conforme o combinado. Uma vez aceito o acordo, os imigrantes eram transportados de trem, custeado pelo estado, até a fazenda.

Embora a imigração italiana no Brasil fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo, muitos dos imigrantes começaram a sair das zonas rurais. Nas fazendas de café, a situação de semiescravidão culminou, em 1902, num decreto do governo italiano proibindo a imigração subsidiada para o Brasil. Muitos imigrantes voltaram para a Itália, enquanto muitos se instalaram nos centros urbanos brasileiros. O imigrante italiano no meio urbano brasileiro foi de extrema importância, participando ativamente no desenvolvimento do comércio e de atividades urbanas. Em 1901, 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos. Foram um dos protagonistas no desenvolvimento dos maiores centros urbanos do Brasil.

Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam pelo País. Os salários eram muito baixos, o que forçava os imigrantes a viverem amontoados em cortiços, podendo viver em uma única casa diversas famílias. Surgem então, em São Paulo, bairros como o Brás, a Moóca e o Bixiga, ainda hoje ligados ao passado operário italiano.

O trabalho não era exclusivo dos homens: crianças e mulheres italianas formavam parte significativa dos trabalhadores. Com o passar do tempo, o setor terciário das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurante.

Surgiram então pessoas que se destacaram. Exemplos notáveis foram Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX, tendo sido um dos marcos da modernização no Brasil e Rodolfo Crespi, que construiu um dos maiores grupos industriais do Brasil na mesma época. Desta forma, membros da comunidade italiana passaram a compor a elite paulista. A maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vinham da colônia italiana.

Dia 21 de fevereiro é a data escolhida para homenagear todos os imigrantes italianos que deixaram sua Terra Natal para construir um novo Brasil que tem o maior número de italianos fora da Itália, seguido dos Estados Unidos (descendentes diretos).

Quais foram as contribuições dos imigrantes italianos?

Das inúmeras contribuições dos imigrantes, podemos citar: O enraizamento do catolicismo, incorporando elementos italianos na religião brasileira, etc. (festas, santos de devoção, práticas religiosas).

Quais as contribuições dos imigrantes para o estado de São Paulo?

Em São Paulo é possível comer, por exemplo, diferentes alimentos típicos dos migrantes, como um doce feito com frutas da Amazônia, um acarajé preparado por uma autêntica baiana, doce de leite com queijo mineiro ou até mesmo erva mate para o preparo de chimarrão.

Qual a importância dos italianos na cidade de São Paulo?

Famílias como os Martinelli e os Matarazzo fizeram fortunas em negócios de navegação e na indústria. Grande parte do poderio industrial, tanto dos proprietários como dos operários, vem da força italiana. E não podemos nos esquecer do seu maior legado: a PIZZA!

O que os imigrantes italianos produzem?

Os primeiros plantios dos imigrantes italianos foram produtos tais como o milho, o trigo e as videiras. Estes produtos têm relação com os alimentos prediletos deste grupo étnico e derivados do milho e trigo como o pão, as massas e a polenta (TROMBINI, 2016).