Por que os gêneros textuais podem contribuir para o ensino da produção textual e para o desenvolvimento dos Multiletramentos?

Introdu��o

O manuscrito publiciza resultados de uma pesquisa-a��o de abordagem qualitativa, realizada no �mbito do Programa de P�s-Gradua��o em Letras (Profletras), ofertado na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Sinop, que teve como objeto de estudo, o desdobramento de um projeto de letramento, planejado a partir de quatro Sequ�ncias Did�ticas (SD), realizado em uma escola estadual de Mato Grosso, com uma turma de 9� ano. A pesquisa foi aprovada pelo Comit� de �tica em Pesquisa (CEP), da Universidade do Estado de Mato Grosso, conforme CAAE: 81913717.9.0000.5166, parecer n. 2.474.720 (2018).

O objetivo da pesquisa foi publicizar possibilidades de planejamentos e interven��es docentes com g�neros textuais da esfera jornal�stica em pr�ticas educacionais de incentivo � leitura e � produ��o de textos a partir da criticidade dos estudantes acerca da realidade social. Desta feita, o projeto de letramento desenvolvido nas aulas de l�ngua portuguesa, incluiu atividades com foco na intera��o entre os envolvidos, por meio da utiliza��o dos recursos digitais que contribu�ssem com a aprendizagem da l�ngua, a fim de oportunizar o desenvolvimento cognitivo e o protagonismo juvenil dos estudantes.

Como destacam os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), o fracasso escolar, tanto no ensino fundamental, quanto m�dio, reside no fato da n�o apropria��o da leitura, interpreta��o e produ��o escrita. Os resultados mostrados nas avalia��es externas realizadas nas escolas p�blicas, nos �ltimos anos, tais como o Sistema Nacional de Avalia��o da Educa��o B�sica (SAEB) e o Programa Internacional de Avalia��o (PISA), confirmaram esse fracasso e advertiram que h� lacunas no ensino de l�ngua portuguesa em todo o Brasil.

Nesse contexto, surgiu a inten��o de desenvolver um projeto de letramento que utilizasse os g�neros textuais da esfera jornal�stica, tomando por base os pressupostos te�ricos de que “frequentemente o jornal tem sido um grande aliado na reformula��o de alguns valores did�ticos da atualidade” (CAVALCANTI, 1999, p. 42), e contribui para fortalecer a educa��o em uma perspectiva de forma��o integral dos estudantes.

A utiliza��o do jornal enquanto recurso did�tico propiciar� ao estudante uma maior intera��o com o mundo que o cerca ao despertar o interesse em ler e escrever textos da realidade social. Destaca-se ainda, que a m�dia exerce uma forte influ�ncia na vida das pessoas e da sociedade em geral, como afirma Cavalcanti (1999, p. 31), “muitos at� dizem que a imprensa representa o quarto poder e, na realidade, isso tem fundamento, pois ela orienta e redimensiona o entendimento da realidade. Ela est� por toda a parte e o que diz parece absolutamente verdade”. Por isso, o jornal torna-se um suporte de g�neros textuais que muito pode contribuir com o trabalho docente, mesmo porque “[...] � um meio de comunica��o social que informa e opina, possibilitando aos leitores o contato com um conjunto de informa��es acerca dos acontecimentos mundiais [...], um grande formador de significado.” (LOZZA, 2009, p. 33).

Desta feita, compreende-se que o desenvolvimento da compet�ncia lingu�stico-discursiva, amplia o senso cr�tico ao sensibilizar o estudante com rela��o aos acontecimentos, bem como permite a realiza��o de diferentes leituras. A produ��o de g�neros textuais jornal�sticos possibilita, tamb�m, o trabalho no ambiente digital a partir do uso das tecnologias para a produ��o dos textos, formata��o e manuseio de imagens. Esses recursos tecnol�gicos quando utilizados adequadamente, poder�o favorecer a leitura, a criatividade e despertar nos estudantes o interesse pela busca de informa��o. Por sua vez, as informa��es quando problematizadas e articuladas aos contextos pol�ticos, socioculturais e econ�micos reais, favorecem o dom�nio da oralidade e o desenvolvimento de posicionamentos cr�ticos e reflexivos dos estudantes.

Destaca-se ainda que, ao idealizar um trabalho utilizando-se g�neros textuais jornal�sticos como base para as propostas de interven��es pedag�gicas, refletiu-se como esses g�neros poderiam influenciar as concep��es de leitura, compreens�o e produ��o de textos nas aulas de L�ngua Portuguesa, por meio de um trabalho articulado aos acontecimentos que cerceiam as diferentes pr�ticas sociais na din�mica da vida do estudante.

Diante do contexto observado, a escolha do jornal justificou-se por tratar-se de um suporte de textos que comporta uma grande diversidade de g�neros, e poderia proporcionar leitura de mundo e vis�o ampla de fatos e acontecimentos presentes na esfera social, ou seja, uma leitura que vai al�m das palavras, pois o jornal traz, ainda, imagens, cores e figuras que permitem leituras din�micas e n�o lineares. Vale ressaltar que, o jornal � um ve�culo de comunica��o de massa, sua abrang�ncia extrapola o interior da sala de aula e sua utiliza��o pode trazer subs�dios para ampliar o aprendizado dos estudantes a partir de novas experi�ncias de leitura.

Pode-se observar que o jornal como instrumento para o trabalho pedag�gico, possibilita ao estudante o acesso a diferentes g�neros textuais, condi��o que corrobora para a amplia��o dos conhecimentos sociais e culturais. Com isso, aumenta o poder de reflex�o e, consequentemente, a capacidade intelectual e possibilita, ainda, o acesso �s novas tecnologias digitais ao oportunizar o manuseio de imagens, �udios e v�deos necess�rios para a constru��o dos textos, o que poder� incentivar os estudantes � cria��o e produ��o de materiais. Assim, o trabalho com os g�neros presentes no jornal corrobora que o letramento em sala de aula seja din�mico e interativo.

Esta condi��o possibilita o acesso �s m�ltiplas linguagens e formas de express�o, bem como a utiliza��o de tecnologias digitais que contribuam significativamente para a forma��o cidad� do estudante e seu desempenho como leitor e/ou produtor de textos. Como Lozza (2009, p. 35) afirma, “o jornal � uma mercadoria especial, pois ao mesmo tempo em que � noticioso, tamb�m dissemina ideias, valores, interpreta��es por meio das not�cias que o comp�em”.

Abordagem metodol�gica de um estudo pautado nos princ�pios da pesquisa-a��o

Com vistas a alcan�ar os objetivos propostos, realizou-se uma pesquisa a��o (THIOLLENT, 2008, p. 14) que, fundamentada na abordagem qualitativa em que a an�lise das informa��es e epis�dios registrados, interpretou “como os atores sociais envolvidos nesse processo o percebem [...].” (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 32). Nesse sentido, registrou-se que no decorrer do projeto de pesquisa-a��o realizado, os envolvidos tiveram a oportunidade de refletir, discutir e opinar sobre as atividades planejadas e trabalhadas coletiva e individualmente. Tamb�m sugeriram, sempre que necess�rio, o redimensionamento das a��es planejadas.

Para desenvolver as etapas necess�rias, adotou-se o Projeto de Letramento (PL), fundamentado em Kleiman (1999). O PL foi organizado em quatro Sequ�ncias Did�ticas (SD), pautadas nos pressupostos de Dolz e Schenewly (2004), uma vez que o jornal produzido pelos estudantes se comp�s de diferentes g�neros textuais desta esfera de produ��o.

O di�rio de campo foi um instrumento adotado que possibilitou registrar as observa��es e demais pondera��es em rela��o �s atividades pedag�gicas trabalhadas. Segundo os pressupostos de Zabalza (2004), o di�rio � um importante instrumento para os registros de informa��es observadas no decorrer de um processo de interven��o. Ao sensibilizar o educador/pesquisador para a pr�tica do registro, incentiva-o a observar as a��es pedag�gicas trabalhadas no projeto, de modo que as experi�ncias vividas em sala de aula, os resultados obtidos com a realiza��o de cada SD, os sucessos e insucessos ocorridos no desdobramento de todas as etapas da pesquisa-a��o, fossem detalhadamente descritas.

A interven��o docente ocorreu num per�odo de aproximadamente seis meses. Foram disponibilizadas quatro aulas de l�ngua portuguesa, duas vezes por semana, que somaram trinta e tr�s encontros e totalizaram sessenta e seis horas-aula, acrescidas dos encontros realizados em contra turno, que aconteceram de acordo com as necessidades de corre��es e refazeres dos g�neros textuais trabalhados, bem como as atividades realizadas no laborat�rio de inform�tica e on-line, que aconteceram a partir do grupo de WhatsApp criado para intera��es, discuss�es de atividades, sugest�es de temas, al�m dos e-mails trocados no momento de edi��o e organiza��o dos textos para a publica��o do jornal digital lan�ado como produto final do projeto.

Projeto de letramento: uma proposi��o planejada a partir de sequ�ncias did�ticas

O projeto envolveu vinte e nove estudantes na faixa entre 13 e 14 anos, matriculados no 9� ano do per�odo matutino, de uma escola da rede p�blica estadual, oriundos das localidades pr�ximas � escola e demais bairros do munic�pio.

O desenvolvimento da pesquisa-a��o teve como principal objetivo realizar interven��es desdobradas a partir da utiliza��o dos g�neros da esfera jornal�stica, com a finalidade de desenvolver as habilidades de leitura, interpreta��o e produ��o textual, por meio da explora��o dos g�neros diversificados que comp�em o jornal.

A discuss�o das an�lises vinculou-se ao campo da lingu�stica aplicada e teve como fundamenta��o te�rica os estudos de Kleiman (1999; 2005), Rojo (2009; 2012), Marcuschi (2005; 2008), Bakhtin (2003), Bazerman (2006), bem como outros autores que dialogam entre si e deram sustenta��o � pesquisa.

O trabalho em sala de aula teve como base te�rica os conceitos do planejamento pautados nos pressupostos da SD de Dolz e Schneuwly (2004). Essa proposi��o did�tica possibilitou aos estudantes conhecerem g�neros discursivos que n�o dominavam ou dominavam de forma insuficiente e que dificilmente teriam acesso espontaneamente na sala de aula. Os desdobramentos das SD permitiram-lhes o reconhecimento de novas pr�ticas de linguagem, ajudando-os a identificar a fun��o social dos diversos g�neros textuais, presentes nas diferentes esferas sociais, que potencializam as capacidades de ler e escrever.

Tomando como base a estrutura da SD, na apresenta��o do projeto, o professor descreve de maneira detalhada a atividade que os estudantes desenvolver�o, seja na modalidade oral, ou escrita. Assim, a conversa sobre o g�nero textual a ser produzido, apresentar� a situa��o de comunica��o e o contexto de produ��o em que estar�o envolvidos, preparando-os para a primeira produ��o do g�nero textual a ser trabalhado. Esse � um momento importante em que o professor deve adotar uma metodologia adequada � turma, assegurando-se de que suas escolhas lingu�sticas poder�o definir o resultado do trabalho. Como destacam Dolz e Schneuwly (2004, p. 97):

O trabalho escolar realizado, evidentemente, se desdobra a partir dos g�neros que os estudantes n�o dominam ainda, ou o fazem de maneira insuficiente; sobre aqueles dificilmente acess�veis, espontaneamente, pela maioria dos alunos; e sobre g�neros p�blicos e n�o privados [...]. Desse modo, as sequ�ncias did�ticas servem, portanto, para dar acesso aos alunos a pr�ticas de linguagem novas ou dificilmente domin�veis.

Segundo os autores, uma atividade escolar satisfat�ria ser� considerada aquela que se baseia nos estudos dos g�neros textuais. Como afirma Bakhtin (2003, p. 301), “[...] para falar, utilizamos sempre os g�neros do discurso, em outras palavras, todos os nossos enunciados disp�em de uma forma padr�o e relativamente est�vel de estrutura��o de um todo”.

Portanto, � necess�rio considerar que as atividades propostas em sala de aula a partir de g�neros, contribuem para o desenvolvimento da compet�ncia textual dos estudantes, pois propiciam a eles a oportunidade de ampliar seus conhecimentos n�o s� por meio da observa��o das caracter�sticas presentes em cada g�nero, como tamb�m a partir da interpreta��o dos fatos, da divulga��o de opini�es, bem como da reflex�o sobre temas atuais. Com isso, poder�o desenvolver suas habilidades de leitura e escrita, como protagonistas de seu trabalho de produ��o oral ou escrita.

A partir dessas considera��es, com o suporte do projeto de letramento, planejou-se quatro SD que foram trabalhadas com o objetivo de propiciar aos estudantes condi��es de elabora��o de diferentes g�neros textuais que comp�em a esfera jornal�stica, e, com isso, produzir material suficiente para a organiza��o do primeiro jornal digital da escola.3

Para come�o de conversa: apresentando a situa��o

Inicialmente, realizou-se uma conversa interativa com a turma sobre o jornal impresso e as finalidades da realiza��o do projeto de interven��o pedag�gica com aquela turma de estudantes. Para as a��es iniciais que englobaram seis aulas, tomaram-se por base pressupostos te�ricos de Freire (1996) que valorizam o di�logo como forma de intera��o entre estudantes e professores de modo que o educando se perceba sujeito na constru��o do seu conhecimento, enquanto o professor privilegia a autonomia desses com vistas a conduzir a aprendizagem como um processo social.

Para o primeiro encontro, organizou-se uma roda de conversa permitindo aos estudantes sanarem suas d�vidas sobre o projeto, e abrindo espa�o para a professora conhecer melhor a realidade da turma. Observou-se que um expressivo n�mero de estudantes possu�a poucos h�bitos de leitura em geral e, relacionado � leitura de g�neros da esfera jornal�stica, afirmaram n�o ler, al�m de a maioria nunca ter visto um exemplar de jornal.

Apesar de os PCNs (BRASIL, 1998, p. 54) destacarem que “um leitor competente � algu�m que compreende o que l�” e sugerirem leituras por meio de jornais, revistas, fotos de fam�lia, enfatizarem a import�ncia de ler imagens, uma vez que estas, al�m de serem textos, comp�em-se como unidade significativa. Sugerem, ainda, que o professor desenvolva pr�ticas leitoras com textos de g�neros variados, mas priorize os que circulam socialmente, infelizmente, nas salas de aula, o livro did�tico tem sido basicamente o �nico material utilizado nas aulas de leitura.

Todavia, para que melhores resultados possam ser alcan�ados na forma��o de leitores proficientes, orienta-se planejamentos que oportunizem aos estudantes a leitura de textos diversificados, que possam contribuir para a forma��o do repert�rio do leitor quanto � diversidade de g�neros, dos recursos lingu�sticos, da organiza��o textual. Haja vista que para levar os estudantes a ler com frequ�ncia e ajud�-los a gostar de ler, o professor precisa mostrar-lhes que a leitura pode ser prazerosa e, ao mesmo tempo, �til. Os aprendizados da leitura e da escrita iniciam-se na alfabetiza��o e configuram-se, ou deveriam configurar-se como um processo constante e motivador. Nesse processo, � fundamental que as aulas oportunizem o acesso a materiais que tornem o exerc�cio da leitura uma pr�tica significativa.

Contudo, o desafio da escola contempor�nea � oportunizar aos estudantes, pr�ticas criativas de leitura e escrita, despertando-lhes a curiosidade e o gosto, por�m o que acontece muitas vezes � que o ato de ler � imposto como uma atividade obrigat�ria, realizada em voz alta com fim apenas de cumprir uma atividade pedag�gica. Diante desta realidade, Lerner (2002, p. 17) afirma que “para formar todos os alunos como praticantes da cultura escrita, � necess�rio conceitualizar o objeto de ensino e constru�-lo tomando como refer�ncia fundamental as pr�ticas sociais de leitura e escrita.”

No segundo momento os estudantes foram direcionados ao laborat�rio de inform�tica, onde assistiram ao v�deo intitulado “A evolu��o tecnol�gica do jornalismo no Brasil”4. Ap�s a exibi��o do filme, retornaram � sala e receberam da professora exemplares impressos do jornal “A Gazeta de Cuiab�”. O material foi conseguido por meio de doa��o, uma vez que no munic�pio n�o havia assinantes desse e de nenhum outro jornal impresso. Ressalta-se, por�m, que a disponibiliza��o de exemplares de jornais impressos aos estudantes � uma importante prerrogativa quando se trabalha com g�neros textuais da esfera jornal�stica, uma vez que:

Oferecer o jornal como um todo: cuidar para que os alunos tenham em m�os todo o jornal. Mesmo que “precisemos” apenas de uma parte dele para debater/estudar algum assunto em sala de aula, os alunos devem ter a oportunidade de saber de que parte aquela mat�ria jornal�stica foi retirada (editorial, caderno etc.) (LOZZA, 2009, p. 59).

Prosseguiu-se com a atividade distribuindo exemplares do jornal para todos os estudantes, orientou-se que observassem todo o material, folheassem, explorassem e lessem apenas aquilo que fosse do interesse de cada um, sem roteiro previamente estabelecido. Os estudantes se entusiasmaram e se surpreenderam com tantas cores e imagens, como tamb�m com a quantidade de textos, de diferentes g�neros, com fun��es sociais distintas, em um �nico suporte.

Na aula seguinte o trabalho foi retomado a partir da redistribui��o dos exemplares do jornal e, dessa vez, conduziu-se a leitura, explorando os cadernos, orientando os estudantes a observar atenciosamente as imagens e a rela��o delas com o texto, explorando a capa do jornal e seu layout. A professora destacou a forma como os assuntos s�o abordados, levando-se em conta o grau de relev�ncia, intencionalidade, e demais aspectos t�picos do jornal. A explora��o desses aspectos possibilitou destacar algumas caracter�sticas dos g�neros, pois como afirma Alves Filho (2011, p. 31), “aprender g�neros pode ser uma forma de aprender a fazer escolhas respons�veis e deliberadas entre possibilidades existentes de combina��o entre forma, conte�do e valores expressos”.

Na pr�xima aula os estudantes foram levados ao laborat�rio de inform�tica, para uma visita ao site do Jornal A Gazeta Digital5. A p�gina foi projetada no tel�o por meio do projetor multim�dia. Embora a orienta��o inicial fosse que cada grupo de no m�ximo tr�s estudantes utilizassem um computador para visitar o site e explorar o jornal da maneira desejada, n�o foi poss�vel porque o laborat�rio de inform�tica possui apenas tr�s computadores em funcionamento e na turma havia, neste dia, vinte e oito estudantes, ainda assim foi poss�vel explorar o site e dialogar acerca das diferen�as e semelhan�as entre o jornal digital e jornal impresso.

A leitura e a navega��o em sites, blogs e redes sociais diversas s�o algumas das possibilidades para trabalhos com textos no ambiente digital. Explorar suas potencialidades e usabilidade significa leva em conta n�o s� a forma de organizar os discursos verbais, como os �cones, a estrutura da interface, o leiaute, dentre outros aspectos (COSCARELLI, 2016, p. 25).

No encontro seguinte retomou-se o trabalho com o conceito de g�neros textuais e, novamente, com os exemplares do jornal impresso em m�os, iniciaram-se as discuss�es acerca dos g�neros que comporiam o jornal escolar. A professora solicitou que sugerissem os g�neros que acreditavam ser relevantes para o trabalho da turma e justificassem sua escolha. O g�nero not�cia foi o primeiro a ser sugerido, essa escolha foi importante, pois “[...] a not�cia � um dos g�neros aos quais as pessoas est�o mais intensamente expostas [...]. [...] chegam at� n�s sem “pedir licen�a” e, [...] exibem-se para n�s como que chamando para serem lidas” (ALVES FILHO, 2011, p. 90).

Posteriormente, a professora problematizou a import�ncia de o estudante expor o que pensa a respeito do mundo que o cerca e das quest�es di�rias da escola e da comunidade. Assim, por meio do di�logo e da argumenta��o da professora, os estudantes entenderem a import�ncia dos textos de opini�o, como a carta do leitor e o artigo de opini�o fazerem parte de um jornal escolar.

Para finalizar essa etapa de escolhas de g�neros, abordou-se a import�ncia de o jornal abrir espa�o para a presen�a de pessoas da sociedade rioclarense que se destacam como cidad�os engajados em tornar a comunidade melhor, sejam em suas profiss�es ou a��es sociais. Com isso, a entrevista jornal�stica foi escolhida como mais um g�nero de relev�ncia para o jornal escolar. O trabalho com esse g�nero destacou-se tendo em vista que “a entrevista, nas suas diferentes aplica��es, � uma t�cnica de intera��o social, de interpenetra��o informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode tamb�m servir � pluraliza��o de vozes e � distribui��o democr�tica da informa��o” (MEDINA, 1990, p. 08).

Ao concluir a primeira fase do trabalho para a escolha dos g�neros textuais que comporiam o jornal escolar, observou-se que a realiza��o desta etapa foi de suma import�ncia para que os estudantes percebessem a relev�ncia que cada g�nero textual apresentado no contexto de produ��o de um jornal e compreendessem a contribui��o que o acesso aos textos de diferentes g�neros pode trazer para o processo de aprendizagem dentro e fora da escola.

Ap�s a escolha dos g�neros textuais pelos estudantes, a professora planejou as 4 SD e desenvolveu-a na turma do 9� ano, como se observa nos quadros 1, 2, 3 e 4.

Quadro 1

SD 1-Not�cia

SEQU�NCIA DID�TICA 1 – NOT�CIA HORAS AULA: 08 horas aula OBJETIVOS: Apresentar o g�nero textual not�cia, seus aspectos estruturais, a linguagem utilizada e a relev�ncia deste g�nero para a sociedade de leitores. Bem como tratar quest�es de intencionalidade quando se produz uma not�cia, a import�ncia das imagens e da escolha do t�tulo para o texto.
SITUA��O INICIAL: Levantar questionamentos na sala sobre quest�es que poderiam se tornar not�cias na escola em que estudam e como abordariam os temas apresentados (com muita ou pouca �nfase, dando destaque a que aspecto etc.). Anotar os temas sugeridos no quadro;Perguntar que tipo de jornal noticiaria aquele fato.Importar lista
PRODU��O INICIAL: Pedir que os estudantes, sentados em duplas, escolham um tema que est� anotado no quadro e produzam, de maneira bem objetiva, uma not�cia, dando destaque ao que eles quiserem.Recolher os textos e realizar as corre��es, dando destaque as quest�es da escolha da linguagem, t�tulo do texto, objetividade das informa��es e demais quest�es de lingu�stica.Importar lista
M�DULO I: Levar o caderno de not�cias do Jornal A Gazeta para a sala e pedir que cada dupla escolha uma not�cia e destaque dela o que � comum: t�tulo, estrutura do texto, informa��es etc.; e anotem no caderno.Falar com a turma sobre os aspectos estruturais comuns a toda not�cia e que n�o pode faltar quando se trata desse g�nero textual: Onde? Como? Quando? Por qu�? Quem? Destacar a import�ncia de um bom t�tulo, da lide que apresenta o assunto ao leitor e a da linha fina;Enfatizar a linguagem utilizada pelo jornalista e o que ele pretende destacar em seu texto, intencionalidade.Importar lista
M�DULO II: Apresentar a partir da utiliza��o do projetor multim�dia tr�s imagens retiradas de not�cias da internet e pedir que cada dupla escolha uma imagem e produza uma not�cia, pautadas nas caracter�sticas j� trabalhadas sobre o g�nero not�cia;Proposta de produ��o de not�cia para apresenta��o na sala na aula seguinte.Importar lista
M�DULO III: Com o aux�lio do projetor multim�dia cada dupla apresentar� sua not�cia para a sala;Depois de finalizadas as apresenta��es, a professora mostrar� aos estudantes as tr�s not�cias originais que acompanhavam as imagens retiradas da internet;Discutir sobre o poder das imagens e a quantidade de suposi��es que podemos ter em uma �nica imagem, dependendo de quem a observa, a import�ncia do t�tulo do texto e da linha fina.Importar lista
PRODUTO FINAL: Entregar as not�cias produzidas no in�cio da SD e pedir que cada dupla observe os aspectos que est�o falhos e refa�am seus textos agora seguindo o roteiro estrutural de uma not�cia.Importar lista

Fonte: Elaborado pelas autoras

Quadro 2

SD 2 – Cartas do Leitor

SEQU�NCIA DID�TICA 2 – Cartas do Leitor HORAS AULA: 06 horas/aula OBJETIVOS: Mostrar aos estudantes que eles podem realizar a��es sociais por meio de cartas do leitor, ao explicitar a sua opini�o diante de fatos p�blicos e de interesse coletivo, podem elogiar, dar sugest�es e mostrar que sua voz pode ser ouvida mesmo nos grandes ve�culos de comunica��o, distantes da realidade em que vivem: como revistas, jornais, sites etc.
SITUA��O INICIAL: Iniciar um di�logo em sala com o intuito de explanar aos estudantes a import�ncia das cartas do leitor para a intera��o entre o leitor e os ve�culos de comunica��o de massa.Importar listaLevantar questionamentos de assuntos relacionados ao ambiente escolar que os estudantes gostariam de ter a oportunidade de opinar, questionar, criticar ou sugerir. Organizar t�picos no quadro relacionado aos temas sugeridos pelos estudantes.Importar lista
PRODU��O INICIAL:Organizar a sala em duplas de estudantes e sugerir que cada dupla escolha um tema e produza uma carta do leitor destinada a gest�o da escola, para posterior exposi��o em um mural colocado no p�tio, intitulado “Espa�o do Aluno”.Importar lista
M�DULO I: Apresentar por meio do projetor multim�dia as cartas produzidas pelos estudantes na aula anterior com o intuito de provoc�-los quanto aos argumentos utilizados e a forma de defenderem o seu ponto de vista;Apontar os argumentos falhos e a aus�ncia de operadores argumentativos;Destacar a falta de um t�tulo interessante e atrativo.Apresentar lista de operadores argumentativos e falar sobre estrutura dos textos.Propor atividade de refac��o.Importar lista
M�DULO II: Realizar a leitura de uma carta de leitor de uma revista conceituada, destacando para a sala sua intencionalidade ao produzir uma carta do leitor;Interpretar e discutir o texto apresentado;Criar um mural para a exposi��o dos textos no p�tio da escola.Importar lista
M�DULO III: Pesquisar temas na comunidade que poderiam se tornar cartas do leitor;Analisar o foco argumentativo de cada tema e produzir uma carta direcionada ao �rg�o respons�vel pelo assunto em nossa cidade: secretaria de sa�de, de educa��o, prefeitura etc.Importar lista
PRODU��O FINAL: Propor a produ��o de duas cartas do leitor: uma com foco em uma cr�tica e outra em um elogio a algo de interesse p�blico e coletivo da cidade;Digitar o texto e enviar no e-mail da professora ;Editar imagem que acompanha o texto.Importar lista

Fonte: Elaborado pelas autoras

Quadro 3

SD 3 – Artigo de Opini�o

SEQU�NCIA DID�TICA 3 – Artigo de Opini�o HORAS AULA: 08 horas aula OBJETIVOS: Trabalhar com estudantes a capacidade de se posicionarem de maneira cr�tica e coerente frente aos assuntos que circulam na sociedade que requer do cidad�o uma tomada de posi��o, bem como capacidades de estruturarem textos de opini�o de maneira clara e objetiva, com argumentos bem fundamentados.
SITUA��O INICIAL: Leitura em duplas do caderno Opini�o do Jornal A Gazeta de Cuiab�;Cada dupla escolher� um texto e ler� para a sala; Destacar a forma com que os autores se posicionam frente a cada tema apresentado pelos estudantes no momento da leitura.Importar lista
PRODU��O INICIAL:Proposta de produ��o de texto, tema: “O papel da internet na comunica��o entre as pessoas”.Orienta��es: o texto dever� ter, no m�nimo, tr�s par�grafos e ser escrito em 3� pessoa.Importar lista
M�DULO I: Organizar duplas de estudantes que receber�o um exemplar do Jornal A Gazeta de Cuiab�, escolher�o um texto e destacar�o nele: os argumentos, a tese e o ponto de vista defendido pelo autor;Analisar a liga��o do t�tulo do texto e do conte�do apresentado e compreender a import�ncia da escolha do t�tulo para textos de opini�o.Discutir aspectos relacionados a argumenta��o e estrutura��o do texto.Importar lista
M�DULO II: Leitura do Artigo de Opini�o intitulado: Dismorfia de Snapchat, extra�do do Jornal A Gazeta Digital.Interpreta��o e An�lise do texto: estrutura, posicionamento do autor, linguagem utilizada, operadores argumentativos;Importar lista
M�DULO III: Levantamento de temas de interesse coletivo presentes na sociedade rio-clarense;Em grupos organizar argumentos e contra-argumentos sobre os temas sugeridos para posterior debate em sala.Importar lista
M�DULO IV: Realiza��o do debate sobre os temas da aula anterior;Proposta de produ��o coletiva de artigos de opini�o.Importar lista
M�DULO V: Trabalho de refac��o coletiva de dois textos escolhidos pela professora com a utiliza��o do projetor multim�dia;Destaque para os aspectos relacionados a argumenta��o, aus�ncia de operadores argumentativos e estrutura��o dos par�grafos.Importar lista
M�DULO VI: Trabalho com o google dicion�rio de sin�nimos a partir da utiliza��o dos celulares em sala de aula, foco na varia��o lexical;Proposta de refac��o de textos a partir de consulta no dicion�rio de sin�nimos.Importar lista
PRODU��O FINAL: Proposta de refac��o do texto: “O papel da internet na comunica��o entre as pessoas”.Importar listaDigita��o e envio no e-mail: Importar lista

Fonte: Elaborado pelas autoras

Quadro 4

SD 4 – Entrevista Jornal�stica

SEQU�NCIA DID�TICA 4 – Entrevista Jornal�stica HORAS AULA: 08 horas aula OBJETIVOS: Viabilizar a participa��o de pessoas influentes da comunidade nas edi��es do Jornal Digital. Conhecer as experi�ncias pessoais e/ou profissionais de algumas personalidades rio-clarenses bem como trabalhar com a linguagem oral, a intera��o dial�gica e atividades de retextualiza��o, importantes no processo de ensino aprendizagem de L�ngua Portuguesa.
SITUA��O INICIAL: Dialogar com a turma sobre a import�ncia das entrevistas jornal�sticas nos meios de comunica��o de massa;Pedir sugest�es de personalidade rio-clarenses que poderiam ser entrevistadas pela equipe do jornal da escola;foco da entrevista com a pessoa sugerida.Importar lista
PRODU��O INICIAL:Escolher entre as sugest�es de nomes uma pessoa para ser entrevistada pelo Jornal Digital;Organizar duplas e propor que casa dupla produza duas perguntas a serem dirigidas ao entrevistado;Importar lista
M�DULO I: Ler uma entrevista com o cartunista Laerte realizada pelo jornal Folha de S�o Paulo dispon�vel no livro did�tico Projeto Tel�ris – 9� ano, p. 166;Interpretar a entrevista, discutir sobre o foco das perguntas, a linguagem utilizada e a situa��o comunicativa;Trabalhar aspectos relacionados a retextualiza��o das entrevistasImportar lista
M�DULO II: Organizados em grupos os estudantes escolheram uma personalidade rio-clarense para uma suposta entrevista;Elabora��o de perguntas e destaque para o foco da entrevista: pessoal, profissional etc.Importar lista
M�DULO III: Entrevista surpresa com o professor Edson Douglas da Silva;Trabalho com grava��o de �udio, v�deo.Importar lista
M�DULO IV: Retextualiza��o coletiva das respostas do professor, por meio da utiliza��o de projetor multim�dia;Digita��o e edi��o das imagens para a organiza��o da entrevista que seria publicada na primeira edi��o do jornal digital da escola.Importar lista
M�DULO V: Realiza��o das entrevistas produzidas na sala pelos grupos de estudantes;Atividades de retextualiza��o em hor�rio extraclasse;Importar lista
PRODU��O FINAL: Digita��o e edi��o de imagens para organiza��o das entrevistas de cada grupo.Importar listaEnvio das entrevistas prontas para o e-mail da professora: Importar lista

Fonte: Elaborado pelas autoras

Considera��es finais

Os resultados alcan�ados trouxeram contribui��es te�rico-metodol�gicas que poder�o auxiliar outros profissionais que tiverem interesse em utilizar os g�neros textuais da esfera jornal�stica como instrumento pedag�gico, uma vez que se observou ao longo das atividades trabalhadas, que os estudantes se empenharam e promoveram em sala de aula discuss�es acerca de assuntos reais e presentes, n�o s� no ambiente escolar, mas tamb�m em sua comunidade, e, com isso, demonstraram criticidade e reflexibilidade frente as diferentes abordagens propiciadas por cada assunto discutidos.

Os resultados do desdobramento dessa pesquisa-a��o, reeditou que os g�neros textuais da esfera jornal�stica muito contribuem para se trabalhar os conte�dos da l�ngua portuguesa, com vistas a implementa��o de proposi��es pedag�gicas centradas em uma perspectiva dial�gica, democr�tica e cr�tica. Ou seja, o jornal pode e deve ser explorado em sala de aula com vistas a atualidade e autenticidade curricular. Como afirma Cortella apud Silva (2007, p. 20), “O Jornal � uma ferramenta que possui o poder imenso em ser ele a fazer o convite para as pessoas navegarem pelo presente e assim poderem caminhar no processo hist�rico passado e viajarem tamb�m em dire��o ao desejo e, portanto, ao futuro.”

Ressalta-se que todas as etapas realizadas foram necess�rias para a elabora��o do produto final. Al�m disso, estas etapas contribu�ram para despertar nos estudantes o interesse pela leitura, bem como pela pesquisa de assuntos atuais que poderiam fazer parte do jornal. Ao entrevistar pessoas, buscar informa��es, investigar fatos e trazer para a sala de aula possibilidades de produ��es textuais que atendessem algumas necessidades dos poss�veis leitores, o processo de aprendizagem ganhou vida e sentido, condi��es fundamentais para o envolvimento dos estudantes.

A realiza��o das atividades trouxe informa��o, reflex�o e entretenimento aos estudantes e comunidade escolar. Assim, reafirmou os pressupostos te�ricos defendidos por Kleiman (1999, p. 383) de que “Os projetos de letramento requerem um movimento pedag�gico que vai da pr�tica social para o ‘conte�do’ (seja ele uma informa��o sobre um tema, uma regra, uma estrat�gia ou procedimento), nunca o contr�rio”.

O processo de produ��o do jornal digital ajudou n�o s� no desempenho e melhoria das compet�ncias em leitura e escrita dos estudantes, como sensibilizou e despertou neles o senso cr�tico, pois as atividades realizadas de coletas de informa��es, de produ��es textuais de diferentes g�neros, de apresenta��o gr�fica das mat�rias, da edi��o das imagens, digita��o e envio dos textos oportunizou a utiliza��o de conceitos te�ricos aprendidos em sala de aula. Essas atividades trouxeram para a escola pr�ticas que os estudantes realizam fora dela enquanto adolescentes que est�o sempre conectados � internet, possuem o h�bito de lidar com as tecnologias, e us�-las em suas atividades escolares, por isso foi prazeroso e significativo para eles. Assim, as pr�ticas multiletradas possibilitaram o protagonismo e o desenvolvimento de atitudes cr�ticas frente ao contexto social.

Desse modo, as atividades realizadas promoveram o laborat�rio de inform�tica como parte do processo de ensino aprendizagem da l�ngua. Para Coscarelli (2012, p. 21) este espa�o exige tanto a apropria��o das tecnologias, “[...] quanto o desenvolvimento das habilidades para produzir associa��es e compreens�es nos espa�os multimidi�ticos”, e essa foi uma das caracter�sticas das a��es pedag�gicas realizadas.

O interesse pela leitura e escrita aumentou gradativamente no decorrer da realiza��o de todas as etapas desta pesquisa a��o/interven��o, a partir do momento em que os estudantes entenderam que todos os textos que comporiam o jornal partiriam de temas extra�dos do cotidiano deles e que as mat�rias retratariam a realidade da escola e da comunidade. A esse respeito argumenta-se que:

Se desejamos que nossos alunos queiram prestar aten��o aos textos e queiram fazer sentidos deles, precisamos despertar o seu interesse pelos textos. Somente depois de termos evocado neles, os mecanismos de fazer-sentido, � que ser�o capazes de trabalhar as habilidades e t�cnicas que dar�o precis�o e profundidade a suas leituras (BAZERMAN, 2006, p. 46).

Todavia, no decorrer do desdobramento das a��es planejadas, registrou-se algumas dificuldades, como, por exemplo, o n�mero de m�quinas dispon�veis no laborat�rio de inform�tica da escola, al�m de n�o serem suficientes para todos os estudantes estavam ultrapassadas, o que dificultou a utiliza��o. Al�m disso, nesta escola, o acesso � internet n�o estava liberado em todas as m�quinas. Este problema foi parcialmente superado com a utiliza��o de aparelhos celulares e de notebooks dos pr�prios estudantes que realizaram as atividades on-line em hor�rios extraclasse e as enviaram para a professora para corre��es e apontamentos. Desta forma, muitas atividades foram realizadas. Estas atividades, provocaram intera��o e envolvimento da equipe que, com muito esfor�o, interesse e dedica��o se empenharam para que os objetivos propostos em cada SD trabalhada fossem alcan�ados.

� importante deixar claro que as tecnologias por si s�, n�o resolver�o os problemas de aprendizagem da L�ngua Portuguesa. Contudo, estes recursos, associados e articulados com interven��es bem planejadas, poder�o despertar maior interesse dos estudantes em leitura e escrita. Os conte�dos quando trabalhados de forma contextualizada e articulada aos fatos atuais e reais, certamente dar�o vida e sentido aos temas estudados nas aulas e resultar�o na melhor aprendizagem dos estudantes.

Para tanto, faz-se necess�rio que o docente cumpra com sua fun��o social n�o s� de trabalhar conhecimento em sala de aula, mas de ser um agente de letramento, levando-se em conta o perfil dos estudantes envolvidos no processo e o que pode ser significativo para atingir determinados objetivos naquele contexto espec�fico, mesmo porque:

[...] os letramentos s�o pr�ticas sociais e culturais que t�m sentidos espec�ficos e finalidades espec�ficas dentro de um grupo social, ajudam a manter a coes�o e a identidade do grupo, s�o aprendidas em eventos coletivos de uso da leitura e da escrita, e por isso s�o diferentes em diferentes contextos socioculturais (BUZATO, 2016, p. 5).

No que se refere ao desenvolvimento das a��es planejadas, analisou-se que num trabalho que objetive levar o estudante a ser protagonista no processo de aprendizagem, � fundamental que ele participe de todas as etapas, principalmente na elabora��o do planejamento. O fato de o planejamento das a��es, que culminou na publiciza��o de um jornal escolar digital, ter sido desenvolvido de forma colaborativa, foi o primeiro passo que envolveu os estudantes a se responsabilizarem com o resultado deste trabalho.

� importante reiterar o fato de que, nas atividades escolares de modo geral, especificamente na quest�o do trabalho com leitura e produ��o de textos, � necess�rio que se leve em considera��o o envolvimento do estudante no processo e n�o a sua participa��o como um mero coadjuvante, que apenas contempla algo que n�o pode e n�o deve interferir. Tal observa��o justifica-se por que a participa��o ativa possibilita tomadas de decis�es, diante das a��es, bem como de compromissos assumidos junto � turma e ao professor com os resultados alcan�ados ao final do trabalho.

Outro aspecto que merece destaque se refere �s aulas que aconteceram fora do espa�o escolar. Com estas aulas os estudantes realiza��o entrevistas junto aos moradores da comunidade e pesquisaram fatos atuais para comporem o primeiro exemplar do jornal publicado na p�gina da escola. A inclus�o dessas atividades permitiu aos estudantes pensarem os usos da l�ngua para al�m dos muros escolares e oportunizou reflex�es acerca da necessidade de se ter uma vis�o cr�tica e conhecimento de mundo para que se possa ser protagonista de suas ideias.

Para finalizar estas reflex�es destaca-se a import�ncia de propiciar momentos de intera��o e afetividade junto aos estudantes, haja vista que essa aproxima��o permite que as atividades planejadas resultem na aprendizagem de l�ngua portuguesa ou de qualquer outra disciplina. Visto que um ambiente de aprendizagem pautado em parceria, aten��o e valoriza��o pessoal pode gerar ganhos significativos e permitir que o projeto inicial do docente seja adotado por todos os envolvidos n�o por imposi��o do professor, mas pelo compromisso assumido por todos.

Neste sentido, apreende-se que as interven��es docentes, pautadas na perspectiva te�rica dos multiletramentos, planejadas por meio de projeto de letramento e SD trazem dinamicidade ao processo de escolariza��o formal, pois viabiliza o envolvimento e a participa��o efetiva dos estudantes. Estas demandam iniciativa e boa vontade do professor que precisa contar tamb�m com o apoio da comunidade escolar e equipe gestora. O primeiro passo � envolver os estudantes, pois com o apoio deles, os obst�culos que surgirem ser�o mais f�ceis de serem superados.

Agradecimentos

Coordenadoria de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (CAPES).

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Notas

3 Os planejamentos integrais das 4 SD, bem como os seus desdobramentos. Dispon�vel em: https://drive.google.com/file/d/1ApbGx5cwISGILJEIRy4lwFYx2_aK1wrP/view. Acesso em: 16 fev 2021.

4 Dispon�vel em https://www.youtube.com/watch. Acesso em: 08 mar 2018.

5 Dispon�vel em: www.gazetadigital.com.br. Acesso em: 08 mar 2018.

Notas de autor

1 Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Sinop – MT – Brasil. Mestrado pelo Programa de P�s-Gradua��o em Letras, Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS).

2 Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Juara – MT – Brasil. Professora do curso de pedagogia, do Programa de P�s-Gradua��o Stricto Sensu em Educa��o (PPGEDU), e do Programa de P�s-Gradua��o em Letras, Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS). L�der do Grupo de Pesquisa de Forma��o Docente, Gest�o e Pr�tica Educacional (GEFOPE/CNPq). Doutorado em Educa��o (UNIMEP).

Informaci�n adicional

Como referenciar este artigo: PARRE�O, M. R. C.; MELLO, � R. C. G�neros textuais, multiletramento e produ��o de jornal digital. Revista on line de Pol�tica e Gest�o Educacional, Araraquara, v. 25, n. 2, p. 1346-1363, maio/ago. 2021. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25i2.14793

Qual a importância dos gêneros textuais para o desenvolvimento do indivíduo?

Trabalhar com gêneros textuais permite ainda a articulação das atividades entre as áreas de conhecimento, contribuindo diretamente para o aprendizado significativo de prática de leitura, produção e compreensão.

Como o uso de gêneros textuais em sala de aula pode contribuir para o desenvolvimento da leitura e da escrita de alunos?

Os gêneros textuais são infindáveis pois as práticas sociocomunicativas são dinâmicas e variáveis. Ao utilizar o trabalho com os diversos gêneros textuais, a escola contribuirá para uma nova perspectiva no processo de leitura, de escrita e de produção textual, tornando o aluno um leitor e escritor competente e crítico.

Qual a importância dos estudos de gêneros textuais para a formação do professor?

Tomando como base a formação do professor, os gêneros textuais são essenciais, já que podem manifestar no professor em formação a compreensão de conceitos gerais e técnico-científicos, bem como registrar seu processo de formação e difundem conhecimentos relevantes para sua área, construindo a partir daí sua identidade ...

Qual é a importância dos gêneros textuais?

Os gêneros textuais apresentam uma função social em uma determinada situação comunicativa, ou seja, a cada texto produzido, seleciono, ainda que inconscientemente, um gênero em função daquilo que desejo comunicar e em função do efeito que espero produzir em meu interlocutor.