Publicidade Publicidade Em uma atualização dos dados sobre uso e cobertura de terras de 1985 a 2021, o
Mapbiomas descobriu que a Amazônia perdeu 12% da sua área de floresta ao longo de 37 anos. É o equivalente a 44 milhões de hectares ou 440 mil metros quadrados, dez vezes a porção territorial ocupada pelo estado do Rio de Janeiro. Até o ano passado, a área de floresta ocupava 78,7% do bioma. O Mapbiomas é uma iniciativa multi-institucional que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no
Brasil No período estudado, a atividade agropecuária, que se tornou, no ano passado, o principal vetor do desmatamento local, converteu 44,5 milhões de hectares de vegetação nativa – florestas, savanas e campos, áreas úmidas e mangue. As pastagens triplicaram, passando a ocupar 13% do bioma. Dos nove estados da Amazônia, o
mais afetado foi o Pará: 35,2% das florestas foram apropriadas pelo agronegócio. Com relação à cobertura de água, o levantamento do Mapbiomas detectou que, em 20 anos, a Amazônia perdeu 1,7 milhão de hectares de superfície líquida, uma diminuição de 14,5% no período. O estado mais afetado foi Roraima: em 25 anos, foram 317 mil hectares perdidos, redução da ordem de 53%. Em 2021, o garimpo respondeu por 3 em cada 4 hectares mapeados como mineração na Amazônia – 74%. Dos pouco mais de
217 mil hectares de área minerada, 64% estão no estado do Pará. É também onde se registrou maior expansão urbana nos últimos 37 anos. Em toda a Amazônia, as áreas urbanas continuam se expandindo e, no ano passado, já ocupavam 339 mil hectares. Para Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas, o atual modelo de desenvolvimento econômico, baseado na conversão descontrolada de áreas de vegetação natural, coloca o Brasil diante de graves problemas no atual cenário de mudanças do clima. “Não se trata apenas de implementar ações de comando e controle: o Brasil precisa de políticas públicas e modelos de negócio que compatibilizem a conservação dos biomas com o desenvolvimento do país ao mesmo tempo que cooperam com o enfrentamento da crise climática”, diz ele. Continua após a publicidade Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.Receba os novos posts desta coluna no seu e-mailO Brasil perdeu, entre 2019 e 2021, uma área de 42 mil km² de vegetação nativa, o que equivale a quase um estado inteiro do Rio de Janeiro. O dado está no Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, do MapBiomas, divulgado hoje. Segundo o documento, em 2021 houve um aumento de 20% em relação ao ano anterior, com 16.557 km² destruídos. De cada quatro km² desmatados no Brasil no ano passado, um foi no estado do Pará (veja dados detalhados abaixo). Relacionadas"Com uma média diária de 191 novos eventos, a área de desmatamento por dia em 2021 foi de 4.536 hectares —ou 189 hectares por hora", diz o resumo do relatório. O estudo usou como base os 69.796 alertas de desmatamento em 2021 feitos pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em todo o país. Ao cruzar os dados com as áreas protegidas, autorizações e CARs (cadastro ambiental rural), o MapBiomas achou irregularidades em 98,6% dos casos de desmatamento. A análise apontou que 77% da área total desmatada está em imóveis rurais cadastrados no CAR. "Isso significa que, em pelo menos 3/4 dos desmatamentos, é possível encontrar um responsável", diz o MapBiomas. Ao todo, foram 59.181 imóveis com desmatamento detectado no país em 2021 —0,9% dos imóveis rurais cadastrados no CAR até o ano passado. Destes, 19 mil são reincidentes. Sobre atividades que mais desmatam, pela primeira vez o relatório traz a especificação de setores, que confirma a agropecuária como a que mais destrói vegetação nativa no no país. Setores responsáveis pelo desmatamento em 2019-2021:
Gado é visto perto de um incêndio ilegal na Amazônia em Lábrea, no Amazonas, em 15 de setembro de 2021 Imagem: MAURO PIMENTEL / AFPUm dado que chama atenção é que, nos últimos três anos, houve crescimento do desmatamento em todas as categorias fundiárias, exceto em Terras Indígenas. Para os pesquisadores do MapBiomas, isso "reforça a importância desses territórios para a preservação ambiental". Em 2021:
Amazônia continua como a mais afetadaOs números do relatório apontam que a Amazônia foi a que mais perdeu vegetação nativa no Brasil nos últimos três anos. Ao todo, foram 977 mil hectares de mata destruídos no ano passado, 15% a mais que os 851 mil desmatados em 2020 —que já haviam representado um aumento de 10% em relação a 2019. Somente na Amazônia, 1,9 hectare foi desmatado por minuto —o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo. Ranking de biomas com mais desmatamento (2019-2021):
Desmatamento é uma das marcas do Cerrado hoje Imagem: Agência BrasilApesar de ser metade do total destruído em comparação com a Amazônia, o caso do Cerrado foi visto pelos pesquisadores como fora da curva. "Embora o Cerrado tenha uma participação de apenas 9,9% no número total de alertas, a área total desmatada representa quase um terço do total (30,2%)", diz. Os picos de desmatamento ocorrem em períodos diferentes, de acordo com a vegetação, diz o relatório: no Cerrado, aconteceu na primeira quinzena de maio; na Amazônia, na segunda semana de julho; na mata atlântica e no Pantanal, em agosto; e nos pampas, em outubro. Em relação aos estados, o Pará foi o mais afetado em números absolutos. Os cinco estados com mais desmatamento responderam por 55% de toda a vegetação destruída em 2021. São eles:
Integrantes da Prevfogo, do Ibama, combatem fogo em Novo Progresso, Pará Imagem: Gustavo Basso/NurPhoto via Getty ImagesO documento diz ainda que, no período analisado, os órgãos de controle ambiental para conter o desmatamento ilegal (Ibama e ICMBio) só atingiram, até maio deste ano, apenas 2,4% dos desmatamentos e 10,5% da área desmatada identificada entre 2019 e 2021. "Para resolver o problema da ilegalidade é necessário atacar a impunidade. O risco de ser penalizado e responsabilizado pela destruição ilegal da vegetação nativa precisa ser real e devidamente percebido pelos infratores ambientais", diz, em nota, Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas. Para isso, ressalta que seria preciso atuar em três frentes. "É necessário assegurar que todo desmatamento seja detectado e reportado; que todo desmatamento ilegal receba ação de responsabilização e punição dos infratores; e que o infrator não se beneficie da área desmatada ilegalmente e receba algum tipo de penalização", finaliza. Quais atividades que causaram algum tipo de alteração nas vegetações naturais do Brasil?As principais causas do desmatamento no Brasil estão ligadas à exploração madeireira ilegal, pecuária, agricultura, extrativismo vegetal, animal e mineral. Desastres naturais também podem alterar o clima e vegetação, porém não se comparam à atividade humana.
O que causaram algum tipo de alteração nas vegetações?O uso da terra para a agropecuária foi responsável por 90% da perda de vegetação natural do Brasil. Os dados, contabilizados entre os anos 1985 e 2019, foram divulgados nesta sexta-feira (28) e são monitorados pelo Mapbiomas, um projeto que envolve ONGs, universidades e empresas de tecnologia.
Quais atividades econômicas foram responsáveis pela substituição da vegetação original do Brasil?A agropecuária é a atividade que mais alterou o cenário geográfico do bioma.
O que aconteceu com a vegetação nativa do Brasil?Brasil perdeu vegetação nativa equivalente a 10% do território nacional nos últimos 35 anos. Segundo novo levantamento do MapBiomas, 87,2 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa foram destruídos de 1985 a 2019. Mais da metade dessa destruição aconteceu na Amazônia.
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