Quais foram as teorias desenvolvidas por Aaron Beck?

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Se você atua em alguma das diversas áreas da Psicologia, é muito provável que, em algum momento, já tenha ouvido falar — ou lido — sobre Aaron Temkin Beck.

Nascido nos Estados Unidos da América (EUA), no dia 18 de julho do ano de 1921, mas filho de um casal de judeus imigrantes da Rússia, o psiquiatra e professor da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia foi responsável por gerar uma verdadeira revolução nos estudos relacionados à saúde mental no início da década de 1960.

Conhecido como o pai da terapia cognitiva, Beck iniciou uma sequência de experimentos entre os anos de 1960 e 1970 com o objetivo de testar a premissa psicanalítica de que o quadro de depressão é o resultado de uma hostilidade do próprio indivíduo para consigo. Hoje, neste conteúdo, falaremos um pouco acerca da sua trajetória e dos marcos de sua carreira. Boa leitura!

Como foi a sua infância?

Beck nasceu em Rhode Island, Providence. Era o mais novo entre quatro irmãos. Os pais, como introduzido, eram judeus imigrantes da Rússia e o seu nascimento se deu após a perda de uma irmã que ocorreu durante a epidemia de influenza. 

Depois de uma enfermidade potencialmente fatal, proveniente de uma infecção originária de uma fratura no braço, Beck passou por um período bastante turbulento, sofrendo com sentimentos de incompetência. No entanto, ele buscou aprender a trabalhar os seus próprios medos e os seus problemas de forma cognitiva. Acredita-se que, inclusive, esse foi o evento que possivelmente deu início ao desenvolvimento da sua teoria e de sua terapia anos mais tarde.

Como se deu a sua trajetória na Psicologia?

Beck estudou na Brown University, uma instituição de Ensino Superior norte-americana privada, graduando-se, em 1942, em Ciência Política e Inglês. Posteriormente, se formou em Medicina, no ano de 1946, na Yale Medical School, em New Haven, Connecticut.

Aaron Temkin Beck, após a formação, passou, então, a lecionar sobre Psiquiatria na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, na qual começou uma pesquisa clínica acerca da depressão. O seu estudo foi, principalmente, focado no tratamento da condição e, durante esse período, Beck passou a questionar o processo exclusivamente medicamentoso. 

Ele acreditava que a doença era causada em razão de visões negativas e que não condizem com a realidade acerca do mundo. Assim, o pai da terapia cognitivo-comportamental, como dito, elaborou a sua teoria após notar que as metodologias até então empregadas não apresentavam a eficácia esperada no tratamento da depressão. 

“Se nosso pensamento fica atolado de significados simbólicos distorcidos, pensamentos ilógicos e interpretações erradas, nos tornamos, de verdade, cegos e surdos”.

Com base nessa ideia, Beck defendia que os sintomas da depressão iniciavam com uma espécie de “ativação” de esquemas cognitivos negativos e com as distorções que os sucediam.

Os estudos de Aaron Temkin Beck e o surgimento da terapia cognitivo-comportamental

Durante a sua atuação na Universidade da Pensilvânia, Beck teve a percepção de que enfrentava dificuldades para auxiliar indivíduos depressivos a perceberem melhor as suas próprias emoções. Ele notou que muitos pacientes apresentavam pensamentos negativos de modo bastante recorrente e que, sem a interrupção dessa situação, os sintomas da doença persistiriam. Esse discernimento originou a terapia cognitivo-comportamental.

Beck passou a entender que, em vez de trabalhar os sintomas desses pacientes, os seus pensamentos distorcidos é que deveriam, na verdade, ser tratados. A base da terapia cognitivo-comportamental (TCC) é justamente esta: evitar que as pessoas revivam continuamente os seus traumas experienciados e os problemas enfrentados na infância.

A premissa é fazer com que o paciente compreenda a forma como o que foi vivido anteriormente permanece afetando e gerando reflexos sobre os seus pensamentos e sobre as suas condutas.

O seu raciocínio tinha como elemento básico a ideia de que os indivíduos em depressão sofrem pela própria interpretação que têm a respeito das situações que vivenciam, e não somente pelos atos. Ou seja, grande parte da dor tem relação com a importância e com o sentido que são dados ao que acontece e não em razão do que realmente acontece em si.

A reestruturação cognitiva

Aaron Temkin Beck considera que é, então, papel do psicoterapeuta auxiliar os pacientes na identificação das suas crenças deturpadas, de modo a modificá-las. O seu propósito é conhecer os esquemas cognitivos que são empregados pelos indivíduos com o intuito de alterá-los e diminuir a rigidez.

Podemos entender esse processo como uma “reestruturação cognitiva”. Ela permite que as pessoas mudem a sua maneira de avaliar e de interpretar, no plano subjetivo, o que acontece ao seu redor. 

“A terapia cognitiva busca aliviar as tensões psicológicas por meio da correção das concepções errôneas. Ao corrigir as crenças errôneas, podemos acabar com as reações excessivas”.

Em suma, a terapia cognitivo-comportamental age na modificação dos padrões de pensamentos, transformando os negativos em saudáveis. Não é preciso que o paciente tratado necessariamente identifique as razões por trás daquele padrão, mas, sim, que seja capaz de reconhecer e compreender esse processo cognitivo, impedindo a formação desse tipo de pensamento.

As contribuições de Beck para a Psicologia

Para além da TCC, Beck ainda foi responsável pela elaboração de dois questionários para a avaliação da gravidade dos quadros de depressão e ansiedade — o Beck’s Depression Inventory (Inventário de Depressão de Beck ou Escala de Depressão de Beck – BDI) e o Beck’s Anxiety Inventory (Inventário de Ansiedade de Beck ou Escala de Ansiedade de Beck – BAI).

O primeiro apresenta três versões, sendo a mais recente, já atualizada, a publicada no ano de 1996, conhecida como BDI-II. Basicamente, é um questionário, como dito, composto por 21 questões de múltipla escolha que permitem avaliar o quão grave o quadro de depressão de um paciente é.

Atualmente, esse é um dos testes mais empregados para o diagnóstico da doença e são avaliados tanto os fatores cognitivos quanto os elementos somáticos — como dores ou perda de apetite. Já o segundo, seguindo o mesmo modelo, avalia o quadro de ansiedade de um indivíduo.

A escala considera não apenas os sinais físicos da ansiedade, como a dificuldade para respirar, mas também os psicológicos, como o medo e o nervosismo. Embora tenha os seus limitantes — do mesmo modo que o primeiro — e não seja empregado como uma metodologia de avaliação única, é um instrumento amplamente utilizado.

Beck Institute

Por fim, ainda é válido dar destaque ao Beck Institute, que é uma organização que não tem fins lucrativos, criada em 1994, por Aaron Beck e sua filha, Judith Beck. No estado da Pensilvânia, mais precisamente na Filadélfia, ela tem como missão ensinar e disseminar os conceitos relativos à TCC por todo o mundo, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas como um todo.

Como é possível concluir, a contribuição de Aaron Temkin Beck para o campo da Psicologia é muito grandiosa e revolucionou a área em diversos aspectos. Por essa razão, independentemente da sua atuação clínica, é recomendável que você, como profissional do meio, conheça as teorias e os estudos elaborados por Beck, que, sem dúvida alguma, poderão auxiliá-lo significativamente no exercício como psicólogo.

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Quais as teorias desenvolvidas por Aaron Beck?

Ele acreditava que a doença era causada em razão de visões negativas e que não condizem com a realidade acerca do mundo. Assim, o pai da terapia cognitivo-comportamental, como dito, elaborou a sua teoria após notar que as metodologias até então empregadas não apresentavam a eficácia esperada no tratamento da depressão.

Quais foram as teorias desenvolvidas por Aaron Beck e qual a sua importância para a psicologia?

Beck (1964) desenvolveu a terapia cognitiva para o tratamento da depressão como um método estruturado, de curto prazo, orientado para o presente e dirigido para a resolução de problemas atuais, por meio da modificação do pensamento e do comportamento disfuncional.

Quais os fundamentos da terapia cognitivo

Estabelecendo as bases para a teoria e terapia cognitivas, Beck passou a diferenciar a abordagem cognitiva da psicanalítica, focando o tratamento em problemas presentes, em oposição a desvelar traumas escondidos do passado, e na análise de experiências psicológicas acessíveis, ao invés de inconscientes.

Quais são os fundamentos teóricos da terapia cognitiva?

A principal fundamentação teórica para a prática da terapia cognitiva, por sua vez, está em um modelo que propõe que o pensamento distorcido (ou disfuncional) é um elemento comum a todos os transtornos psicológicos. Esta distorção cognitiva influenciaria o humor e o comportamento do paciente.