Quais os problemas que ocorreram com a construção de Brasília?

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

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No dia 21 de abril de 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK) foi inaugurada Brasília. Com o Plano Urbano de Lucio Costa – o Plano Piloto – e tendo como chefe da divisão de arquitetura Oscar Niemeyer, a realização de Brasília botava em prática inovações no campo de planejamento urbano e arquitetura. O Rio de Janeiro, um grande e movimentado centro urbano, deixava de ser a sede do governo federal que foi deslocado para o Planalto Central no chamado “Retângulo Cruls” em referência ao engenheiro Luiz Cruls, responsável pela demarcação da área durante a Comissão Exploradora do Planalto Central (1892-1893) ainda no governo de Floriano Peixoto (1891-1894).

Conforme a data da expedição indica, o projeto de transferência da capital era bem anterior à inauguração. Quando Floriano Peixoto organiza esse mapeamento da região, tomava as primeiras medidas para cumprir a “meta mudancista” presente na constituição de 1891, a primeira do período republicano. A carta de 1946 mantém também como projeto a mudança de capital, mas essa ideia não era implementada pois não parecia sensato a transferência da capital da republica para o Centro-Oeste, uma região ainda desconhecida para grande parte dos brasileiros. Só no governo de JK esse projeto saiu do papel virando realidade.

JK tinha como slogam de campanha “50 anos em 5”, isto é, o Brasil atingiria em 5 anos, um crescimento correspondente ao período de 50 anos. Esse slogam sintetizava seu objetivo maior de acelerar o desenvolvimento nacional. A “linguagem do desenvolvimento” estaria expresso em seu Plano de Metas, um documento essencialmente econômico que tinha como alguns de seus objetivos a integração nacional através das construção de Brasília e estradas que ligassem as cidades próximas à mais recente capital. Propunha-se, assim, 2 resultados:

  1. Aceleração do desenvolvimento nacional ao promover a interiorização;
  2. Fomento à industrialização promovido pelo crescimento do mercado interno.

A construção de Brasília foi um projeto que só foi incorporado ao Plano de Metas durante a campanha presidencial, mas tornou-se rapidamente em prioridade de Juscelino que a situava com lugar de destaque. Seria a construção da nova capital a “grande meta de integração nacional”, a “meta síntese” da sua administração. Procurava-se romper com a velha concepção da “vocação essencialmente agrícola do Brasil”, ao por em prática um programa de desenvolvimento industrial de tipo capitalista. O governo de JK ficou conhecido como “anos dourados”, e o Plano de Metas como “revolução industrial brasileira” decorrente dos sucessos obtidos com o seu planeamento nacional-desenvolvimentista.

Alguns setores da esquerda denunciavam que a construção de Brasília era uma medida do governo para mudar o foco da opinião pública que debatia sobre reforma agrária. De fato o governo procurou evitar conflitos com a oligarquia latifundiária ao não promover a reforma agrária e nem uma legislação sobre as fronteiras agrícolas que estavam se abrindo com a construção de Brasília e o cruzeiro rodoviário.

Brasília tornou-se então um monumento controvertido da memória política brasileira, pois o símbolo da modernização e integração nacional trouxe como consequência um aumento da desigualdade regional e também favoreceu a formação de novos latifúndios, pois posseiros, camponeses, e índios representavam o lado mais fraco na luta pela terra no Brasil. E se antes, a população estava perto do centro de decisões políticas facilitando a manifestação das insatisfações, agora o poder tinha se deslocado para o interior do país.

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  • Povoamento e ocupação do território brasileiro

Bibliografia:

Revista Nossa História. Editora Vera Cruz. Ano 2/n°23 – setembro 2005

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/construcao-de-brasilia/

Quais os problemas que ocorreram com a construção de Brasília?

Brasília, aos 58 anos, já é tão complexa quanto grandes metrópoles do País e ao mesmo tempo engatinha como criança em diversos outros quesitos. Projetada para ter 500 mil habitantes em 2000, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2017 já ultrapassava 3 milhões de habitantes (Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística – IBGE). Isso coloca Brasília como a terceira maior capital em termos populacionais, atrás apenas do Rio de Janeiro e São Paulo. Esse boom trouxe benefícios, mas também dificuldades e problemas, e a cidade se tornou um desafio, tanto para os moradores quanto para os governantes.

No modelo urbano de Brasília, a principal ideia era ter um crescimento organizado, o que, na teoria, era muito bom. Por ter sido planejada utopicamente, Brasília se diferencia de outras capitais do mundo. Mas como toda cidade brasileira, com a desproporção do crescimento urbano, Brasília não conseguiu manter o seu principal propósito. Apesar de ser uma cidade planejada, sofre com uma questão: a superpopulação. Devido a isso, novos problemas surgiram, como a poluição, falta de empregos, trânsito, problemas de infraestrutura, mobilidade, segurança e racionamento de água.

É o que explica o urbanista e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), José Carlos Coutinho. Ele chegou à cidade em 1968 para participar da reestruturação do Instituto de Artes da UnB. Quase 50 anos depois, se incomoda quando anda pela cidade e vê algumas deformações da proposta original. “Queriam uma capital, mas talvez não quisessem uma metrópole. E foi isso o que aconteceu. O futuro chegou muito rápido e a cidade não foi planejada para tanta gente”.

Para ele, o projeto inicial foi deturpado pelo crescimento desordenado e pela própria realidade da sociedade brasileira, que, geralmente, distingue as pessoas pelo poder aquisitivo. “Eram poucos prédios, insuficientes para a quantidade de pessoas que chegavam à cidade, e não dava para construir mais apartamentos com a velocidade necessária. Foi quando o centro foi invadido pelo luxo, a grandiosidade, a ostentação. Chegaram os novos ricos. Começaram os prédios monumentais. Brasília se tornou uma cidade planejada que não tinha nada disso planejado”, contou.

Para ele, havia uma percepção monumental da cidade, que no fundo não tinha nem um plano de habitação para a população comum. “Não se previu que a cidade era habitável, acharam que seria puramente administrativa. As superquadras, esses imensos caixotes, eram bonitas por fora e completamente inadequadas por dentro”, completou.

Ele destaca ainda que a cidade foi pensada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, sabidamente comunista, para ser igualitária, mas na prática isso não aconteceu. “Houve um movimento muito intenso de imigrantes que tornou o projeto inviável e aconteceu o que sempre acontece nas cidades, com o centro elitizado e as periferias pobres. Brasília é uma cidade capitalista e não poderia ser diferente”. Dessa forma, fenômenos como Águas Claras e os condomínios do Jardim Botânico são, para ele, uma triste realidade. “Os preços dos imóveis e do custo de vida ficam tão elevados nos centros privilegiados que antigos moradores são obrigados a encarar opções mais baratas e cada vez mais distantes de seus locais de trabalho”.

A arquiteta e designer Gabriela Bilá é autora do Novo Guia de Brasília, que tem a proposta de compartilhar um pouco da cidade como se estivesse a apresentando aos próprios amigos, fora do clichê arquitetônico da capital do Brasil já tão conhecido. Mas, para ela, existe uma falta de diversidade no Plano Piloto. “Essa segregação incomoda um pouco, pois milhares vêm das cidades para trabalhar e depois voltam para suas casas para dormir, perdendo muito tempo nesse trajeto”. Bilá enxerga o transporte de qualidade e acessível como solução para boa parte dos problemas de Brasília. Se os últimos anos enalteceram o carro, está na hora de as próximas décadas darem lugar ao ônibus, metrô e bicicleta. “O verdadeiro problema é a falta de transporte público e a segregação em relação às cidades satélites. Se conseguíssemos vencê-lo, conseguiríamos dar um salto cultural forte, porque iríamos realmente misturar todo mundo”, garante. “Agora, falta o interesse de focar nisso com políticas públicas. Toda vez que se fala em incrementar o transporte sempre é para aumentar via, criar mais estacionamentos, o tipo de coisa que só favorece mesmo o carro.”

Já o fato de Brasília ter nascido de um projeto, de alguém ter pensado na cidade como um local no qual pessoas iriam morar e trabalhar encantava o empresário Rodrigo Moraesdesde pequeno. Filho de cearenses, donos de uma padaria na Asa Norte, ele viu a cidade crescer por trás do balcão do negócio do seus pais, que hoje ele gerencia. De lá para cá, viu a cidade mudar com seu olhar. “Fico triste porque acho que estamos muito aquém de dar a Brasília o respeito que ela deveria ter. Em especial, nas partes comerciais da cidade. Vemos muito descaso e falta de compreensão de qual era a ideia que Lucio Costa tinha para a cidade”, lamenta.

O Plano Piloto pode ser uma ilha, mas Moraes acredita que o DNA urbanístico contaminou cidades como Ceilândia, Taguatinga e Sobradinho, com preocupação de manter canteiros centrais grandes e faixas largas. No entanto, regiões mais recentes perderam essa preocupação. “Em Águas Claras, o plano urbanístico já foi feito de forma a especular o valor imobiliário de forma tão agressiva que não tem esse olhar da vivência da cidade, com a vegetação, por exemplo”, afirma.

Entre 2012 e 2014, a iniciativa da Fecomércio-DF, o Brasília 2015, já destrinchava vários desses problemas e sugeria soluções. O projeto resultou em um livro depois de debates entre especialistas convidados pela Federação para discutir os principais problemas e soluções para o DF. Sem conotação partidária ou ideológica, foram ouvidos urbanistas, arquitetos, geógrafos, economistas, policiais, professores, médicos, cientistas sociais e entre outros. Também participaram das discussões os empresários, diretores, presidentes de sindicatos, assessores e dirigentes do Sistema Fecomércio-DF. O documento, entregue ao governador Rodrigo Rollemberg assim que tomou posse, tem como objetivo apresentar soluções para os atuais e mais antigos problemas estruturais do DF, alguns desses, apresentados nesta matéria.

// Falta de manutenção

Brasília tem passado por vários problemas estruturais. A cidade, que é teoricamente jovem se comparada a outras capitais, sofre com a falta de manutenção. Um exemplo recente é o do viaduto que desabou na Galeria dos Estados, na Asa Sul. O Conselho Regional de Engenharia do Distrito Federal (Crea-DF) trata o desabamento de parte do viaduto  como uma tragédia anunciada. A presidente do órgão, Fátima Có, afirmou que pedidos de vistorias no local foram ignorados pelas autoridades. “Solicitamos diversas vistorias em áreas críticas do plano piloto, mas não fomos atendidos. E essa certamente era uma delas. As vistorias foram negligenciadas”, critica Fátima.

Já o GDF explica que das 12 obras de infraestrutura viária, entre pontes e viadutos, vistoriados pelo GDF, nenhuma apresenta risco iminente de queda. Duas estruturas estão em condições ideais para uso, cinco já apresentam sinais do tempo e quatro estão listadas como prioritárias para manutenção e monitoramento. “Faremos monitoramento permanente e buscaremos recursos onde for possível, caso os R$ 50 milhões da reserva de contingência não sejam suficientes”.

Ícone da cidade, o Teatro Nacional Cláudio Santoro está fechado para reforma desde janeiro de 2014. Com mais de 45 mil metros construídos, o maior conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer na capital federal — destinado exclusivamente às artes — foi fechado depois de uma recomendação do Ministério Público sobre uma vistoria do Corpo de Bombeiros. Esse fechamento teve impactos graves na cena cultural do Distrito Federal.

A revitalização e reforma do Teatro Nacional está sendo realizada em etapas devido à magnitude da obra. A primeira fase concluída refere-se ao Foyer da Sala Villa-Lobos, reaberto em dezembro de 2017, após reparos para garantir a segurança dos visitantes (sinalização de incêndio e segurança, troca de vidros, entre outros), no valor de R$ 41,5 mil. O espaço já está disponível para visitação e realização de eventos culturais, como mostras, saraus e lançamentos de livros.

// Informalidade

Há 11 anos, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) dividiu a área próxima à Ponte JK e a vendeu para 45 empresários. Restaurantes e bares foram instalados em uma das regiões mais nobres da capital, porém nem mesmo a vista privilegiada conseguiu impedir que grande parte acabasse falindo. Hoje, apenas sete empreendimentos permanecem abertos. “A área foi invadida pelo comércio informal. Em fins de semana, até 60 vendedores dividiam lugar na orla, e muitos lucravam alto por mês”, explica Daniel Romão, proprietário do Mormai Surf Bar, que faz parte da Associação Empresarial do Centro de Lazer Beira Lago (Aebl).

Daniel conta que a Orla estava uma bagunça antes da intervenção e fiscalização por parte da administração pública, além de uma concorrência desonesta, já que ele pagava seus impostos e os ambulantes não. “No local havia falta de vagas, furtos a carros, música alta e muita baderna”, relembra. O empresário conta que eles estão restaurando a praça, e acrescenta que isso também trará vantagens aos investidores. “Desejamos que essa revitalização traga de volta o público para os nossos empreendimentos, de forma organizada e sem invasão do espaço”, explica.

A orla da Ponte JK é só um, dentre tantos casos de informalidade. Empresários com pontos no Setor Comercial Sul, Rodoviária, Taguatinga, Asa Sul, Ceilândia, pagam seus impostos em dia, mas perdem espaço diariamente para a concorrência desleal. Segundo o secretário Valdir Oliveira, da Secretaria de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia do DF (Sedict), o governo está empenhado em diminuir esse problema. De acordo com Valdir, a informalidade é uma reação natural do mercado à crise.

“Toda vez que temos uma crise com um grau de profundidade como a que tivemos, é natural que se cresça o número da informalidade, por conta dos desempregados e por conta daqueles que não tem condição de se manter na formalidade. O estado precisa criar um ambiente em condições favoráveis para que os empreendedores se mantenham na formalidade e temos que combater energicamente o comércio ilegal que tanto atrapalha aqueles que de forma muito difícil se mantêm pagando impostos e gerando emprega e renda para o DF”. O secretário destaca ainda que há um ano realiza constantes operações em parceria com o setor produtivo. “Nós temos feito um grande esforço para proteger os nossos empresários formais, de forma que o Estado dê garantias para que eles possam trabalhar de forma digna e sem concorrência desleal”, avalia.

// Faça chuva ou faça sol

Problemas quando não chove, problemas quando chove demais. Começando pelas dificuldades estruturais que Brasília passa devido ao excesso de chuva, a cidade parece que não está preparada. Mesmo a Novacap investindo R$ 5 milhões/ano no preparo da cidade para o enfrentamento do período de chuvas, ao evitar entupimentos e obstrução das áreas de escoamento das águas. O trabalho é constante e é realizado durante todo o ano. “Em todo o DF, 6.475 bocas de lobo foram desobstruídas em 2017. Dessas, 3.472 em uma operação coordenada pela Secretaria das Cidades que teve início em outubro, ainda antes do período chuvoso. A limpeza das outras 3.003 foi feita dentro do programa Cidades Limpas, ao longo do ano. No total, as equipes retiraram dos bueiros 302 toneladas de lixo que impediam o fluxo da água”.

Mas para a brasiliense Gabriela Schineider, 39 anos, a realidade foi outra. Moradora do Lago Norte, ela decidiu visitar seus avós que moram na 415 Norte. Foi quando começou a chover forte e precisou fazer a tesourinha da 215 Norte para chegar ao seu destino. “Quando desci do Eixão para a tesourinha, o local já estava alagado. Mas em poucos minutos a água chegou na altura da porta do carro e tive que sair do mesmo, que ficou bioando no local”. Passado o susto, Gabriela conta que teve perda total do seu carro, em função da quantidade de água que atingiu o veículo. “Assim que chamei o guincho e parou de chover, eles foram ver a boca de lobo e observaram que a mesma estava obstruída por conta do excesso de lixo. Eu enxergo isso como um descaso por parte do governo.” Para Gabriela, essa manutenção não é feita corretamente, pois mesmo depois do episódio, já presenciou outros casos parecidos em vários pontos do DF. “Com medo de que acontecesse novamente isso comigo, até troquei meu carro para um mais alto, estilo SUV. Mas essa não deveria ser uma preocupação para quem mora numa cidade tão nova como Brasília.”, finaliza.

O Distrito Federal também está sofrendo devido à escassez de chuva. Choveu menos que o esperado, os reservatórios que abastecem a região caíram vertiginosamente e há um ano o governo distrital decretou rodízio de água. Mas as causas do racionamento estão longe de ser meramente climáticas. Como o DF chegou a essa situação? Segundo Julio Sampaio, coordenador do programa Cerrado Pantanal da ONG WWF-Brasil, a equação é simples. A população cresceu, mas o sistema de abastecimento não. “O caso de Brasília é muito parecido com o de São Paulo, são vários fatores similares. O principal deles é o crescimento urbano. A densidade populacional aumentou muito em Brasília, especialmente nas regiões administrativas, e a capacidade para fornecer água não acompanhou na mesma proporção”, diz.

Outro fator, na opinião de Salgado, é a integridade das bacias hidrográficas. Áreas que antes eram agrícolas e que mantinham relativa integridade de nascentes e rios foram engolidas pelo conglomerado urbano. Desmatamento de matas ciliares pode secar as nascentes e diminuir a capacidade de absorção da água que vem da chuva. “Boa parte dos reservatórios e captação de água estão localizados em áreas de intenso uso do solo e isso fez com que a capacidade dos rios em alimentar esses reservatórios diminuísse ao longo dos anos. Isso, junto com a redução da precipitação, se tornou um dos principais motivos dessa crise”.

Em 2015, a Caesb retomou as obras de captação de Corumbá IV, que estavam paradas. A previsão de início de abastecimento é para o final deste ano. “Novas licitações como a captação de água do Bananal e estação de tratamento do Lago Norte foram efetuadas, além da Caesb viabilizar a transferência de água entre os sistemas Santa Maria e Descoberto, dando mais flexibilidade para a companhia administrar seus reservatórios”, afirmou a assessoria em nota.

// Gastronomia e Lei do Silêncio

Dentre os destaques positivos de Brasília nos últimos anos, a gastronomia tem alcançado grandes proporções, colocando a cidade em terceiro lugar no ranking de polos gastronômicos do País, perdendo, novamente, apenas para Rio e São Paulo. A capital evoluiu muito nos últimos 20 anos, segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Rodrigo Freire. Ele explica que a escolha das posições ainda é uma medida um pouco subjetiva. “Avaliamos os números das associações, das empresas que participam de festivais, da venda de pratos, participação dos restaurantes em eventos. Levamos em conta números que registram a alimentação fora do lar, a participação da gastronomia no Produto Interno Bruto (PIB), pela participação do setor na geração de emprego e renda” explica o presidente.

Rodrigo conta que a colocação de terceiro lugar de Brasília leva em consideração todos esses pontos, inclusive o número de franquias de grandes redes na cidade, o crescimento do faturamento no setor e destaca a expressiva geração de empregos envolvendo a gastronomia. “Temos uma grande fatia de chefs em ascendência que fizeram bons trabalhos e viraram referência”. Freire destacou também a evolução do próprio produto e matérias primas. “Antigamente, era muito difícil produtos de qualidade chegarem em Brasília e isso foi mudando. Hoje, a capital perde somente para Recife, Belo Horizonte e até Belém, na identidade e cultura gastronômica. Por ser uma cidade muito nova, ainda estamos trabalhando para formar a nossa. Temos uma diversidade muito grande e é fonte do trabalho muito bem feito dos representantes do setor”, comemora Rodrigo.

Não é por acaso que Brasília tem alcançado tanta visibilidade na gastronomia. Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), Jael Antônio da Silva, o setor é o segundo maior empregador da cidade, perdendo apenas para o serviço público. “Os bares e restaurantes hoje somam mais de 100 mil empregados em 10 mil empresas. Somos um dos grandes contribuintes para economia para o DF. É um setor muito importante, que precisa ser respeitado, não só pela empregabilidade, pelo aspecto social e tributário”, explica o presidente.

Jael destaca que bares e restaurantes não são importantes só economicamente, mas também culturalmente. “Eles são os celeiros da oportunidade daquele que está se projetando musicalmente. Grandes músicos nasceram desses locais. Vejo a cidade crescendo e se desenvolvendo, inclusive no aspecto cultural e musical” relembra.

A contraponto desse crescimento, o presidente do Sindhobar-DF fala de retrocesso quanto as algumas leis aprovadas pela Câmara Legislativa, se referindo principalmente à conhecida Lei do Silêncio (Lei Distrital 4092/2008). “O estado precisa parar de interferir nas questões de empreendedorismo. Essa lei gera uma insegurança jurídica para nós, empresários, que não sabemos que instante seremos multados e quanto será essa multa. Não queremos uma lei que aumente o barulho da cidade. Estamos buscando o bom senso, a boa convivência e critérios transparentes para todo mundo de aferição dessas medições, da reincidência. Sugerimos que as medições sejam feitas próximas a residência da pessoa que fez a denúncia, comprovando assim que o barulho está acima do permitido. Os problemas assim praticamente podem acabar”, pondera Jael.

//Elefante branco

O estádio Nacional de Brasília, com capacidade para 72 mil pessoas, foi o mais caro da Copa do Mundo, chegando quase a R$ 2 bilhões. Com um custo mensal de R$ 700 mil, o estádio tem sobrevivido de shows nacionais, eventos sociais, festas e jogos. Segundo a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer desde sua inauguração, em 2013, já passaram pela arena mais 4 milhões de pessoas que puderam presenciar 118 jogos e 175 eventos. A Secretaria informou ainda que para reduzir o deficit de custos com o estádio, o governo levou três secretarias estaduais para o local, o que representou uma economia de R$ 10 milhões para o DF em aluguel.

// Tomando a rua

Os eventos gratuitos e voltados para todos os públicos estão ocupando a cidade. Desde outubro de 2012, por exemplo, o Picnik tem como lema resignificar os espaços públicos do DF com o encontro de empresários de vários setores, com muita música, gastronomia, moda, jogos, palestras, entre outras atividades. Em sua 29ª edição, o evento vem se desenvolvendo para proporcionar ponto de encontro de diversos públicos, consumidores de novas tendências e artistas de variados nichos, movimentando e consolidando a rede de economia criativa local. Segundo o organizador, Miguel Galvão.

Os eventos segmentados estão ocupando a cidade. Os produtores e sócios da Invento Produções, Maurício Rodrigues e Ygor Brito, integram uma geração de empresários que enxergam Brasília com potencial para grandes eventos em áreas públicas e que envolvam as empresas da cidade. “Foi justamente com a vontade de movimentar a cidade que pensamos em buscar algo que não existe e criamos o conceito de festivais segmentados. O conceito é esse: tirar todo mundo das lojas e levar para a rua”, conta Maurício. A empresa começou com o Festival da Pizza no Parque da Cidade e em seguida já ocuparam o Eixão, a Torre de TV, entre outros lugares. “Sou sócio de pizzaria, e o movimento estava muito fraco. Vi que todos estavam com muita dificuldade. Montamos o projeto, tínhamos uma previsão de 7 mil pessoas e deu mais 15 mil”, comemora.

Maurício relembra a ocupação desses espaços por foodtrucks e que vê a competição como positiva para que os empresários de lojas se movimentem. “Com a febre de foodtrucks sentimos bastante. Eles estão em eventos e as lojas não. Pensei que do mesmo jeito que eles estão fazendo eventos, nós também podemos e assim, vamos ficar mais conhecidos e ter contato direto com o público”, explica. Os eventos da empresa são sempre gratuitos e com uma grande diversidade de produtos. Maurício diz não ter dificuldade com a burocracia necessária para ocupar os espaços públicos.  “Não é fácil fazer esses eventos gratuitos, mas somente por não conseguir prever a quantidade de pessoas que poderão aparecer. Temos que pensar no público e no expositor, pois tem que achar o equilíbrio e conforto para todos, mesmo sem bilheteria”, conclui.

Segundo a Secretaria de Estado de Cultura, não há como contabilizar todos os eventos que acontecem na cidade, pois são muitas iniciativas e nem todas passam obrigatoriamente pela Secretaria, sendo de competência a liberação ou fiscalização das Administrações Regionais. Pela pasta, passam projetos culturais advindos das subsecretarias de Cidadania e Diversidade Cultural, Políticas de Difusão e Promoção Cultural, Fomento e Incentivo Cultural (Lei de Incentivo à Cultura e Fundo de Apoio à Cultura – FAC).

// Mobilidade

Não se pode negar que o metrô de Brasília faz parte de uma história de evolução da mobilidade urbana da cidade. Com obras iniciadas em janeiro de 1992, as primeiras operações aconteceram em definitivo em 2001, com a inauguração dos trechos que ligam Samambaia a Taguatinga, Águas Claras, Guará e Plano Piloto. Atualmente, a via completa possui 42,38km e atende também Ceilândia, com um alcance de 180 mil usuários por dia.

O presidente Metrô-DF, Marcelo Dourado, conta a expansão do metrô tem sido constante. “Ela nunca vai acabar. Teremos novas estações para Samambaia, uma expansão paraCeilândia. Assinamos contratos com o governo federal e até julho ou agosto teremos a licitação de duas novas estações, que somarão 3,7 quilômetros novos. Estamos continuando as obras das estações da 110 Sul, 103 Sul e Estrada Parque, em Taguatinga, com previsão para o segundo semestre de 2018”, conta.

Marcelo explicou ainda que foi contratado um plano de desenvolvimento de transporte sob trilho para melhorar os serviços. “A previsão é que os relatórios sejam entregues este mês e a ideia é que tenhamos um estudo de toda a malha ferroviária para os próximos 20 anos. Esse é o primeiro plano no Brasil para corrigir questões ferroviários e que Brasília precisa muito”, conclui. Sobre o comportamento do usuário, o presidente diz que há um comportamento diferenciado em Brasília. “Os usuários são muito fidelizados, pois para eles o tempo conta muito. Quando ele entra em uma estação indo para casa ou para o trabalho, sabe exatamente o horário que vai chegar. Se ele estivesse nesse percurso de carro ou ônibus, ele demoraria até três vezes mais do tempo”, concluiu.

A fiscal contadora e moradora de Sobradinho, Tereza Raquel Moraes Alves, coordena um grupo de motoristas nas redes sociais, organiza encontros para se conhecerem e realizam ações solidárias. A motorista fala sobre os problemas no trânsito e comenta também sobre o Metrô atender somente moradores do lado sul de Brasília. “Infelizmente, na minha região quase não tem ônibus e eu, se tivesse um transporte coletivo que prestasse, não usaria carro. Eu levo uma hora e meia para chegar no meu trabalho. O ruim é estar sempre presa ao carro, não só para trabalhar, como para passear. O ideal seria que o metrô chegasse pelo menos até o final da Asa Norte e fizesse uma integração com os ônibus”, sugere.

O estudante e estagiário, João Paulo Mota (22) circula pela cidade diariamente, há quatro anos, utilizando duas formas de transporte público, os ônibus e o metrô. “Preciso sair de casa as 9h45 para pegar um ônibus circular e depois o metrô para chegar ao meu trabalho, no Setor Hoteleiro Norte, às 11h30. Do estágio vou para a faculdade, na Asa Norte, de ônibus e por volta das 22h45 retorno para minha casa novamente de ônibus”, conta. João Paulo conta que o pior problema é não saber que horas vai conseguir embarcar e chegar em casa. “A parada vazia é perigosa. Não vou esperar sozinho e correr o risco de ser assaltado”, pondera.

Para realizar todo o trajeto, o estudante elogia a criação do cartão que dá direito viagens integradas, que pelo valor de R$ 5 pode fazer até três viagens no intervalo de duas horas, mas reclama da segurança nos ônibus. “A integração foi muito boa, mas Samambaia está horrível de ônibus. Além dos horários bagunçados, poucos ônibus em cada linha, não termos segurança: já fui assaltado dentro do ônibus”, conta. João lembra que o GDF lançou um aplicativo para celular que permite ao passageiro consultar os horários dos ônibus em tempo real e traçar destinos. “Ele não funciona. Seria a solução pois os passageiros ficariam menos tempo esperando em paradas, diminuiria os assaltos, evitaria perda tempo, menos estresse também”, completa.

Os motoristas do Distrito Federal se habituaram à missão de encarar congestionamentos diários para chegar ao centro de Brasília. O professor Hartmut Gunther, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (PST), da Universidade de Brasília, é autor de diversas pesquisas sobre compotamento no trânsito. Ele explica o porquê de muitas vias registraram longas filas, mesmo sem o registro de acidentes: o excesso de veículos. “É simples, existe uma demanda muito alta de carros querendo passar pelo mesmo lugar ao mesmo tempo”, explica.

Segundo o professor, uma das razões dos congestionamentos é que o brasilense, por não ter onde estacionar, pára em vias públicas, interditando faixas que fariam o trânsito fluir melhor. “O sistema viário do Distrito Federal é bastante generoso. A questão não é falta de vias, e sim ter uma dependência menor do uso do automóvel, além de uma educação melhor por parte do motorista e uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes”, recomenda. Ele destaca ainda que o fato de o transporte público não ser eficiente no DF faz com que as pessoas optem pelo automóvel particular, o que acaba travando o trânsito. “Se as pessoas tiverem de andar dois km para chegar ao transporte, elas vão acabar usando o carro para chegar ao destino”. O especialista alerta que é preciso que cada plataforma do sistema esteja integrada entre si para dar mais opções ao usuário. “O metrô, por exemplo, é um sistema ótimo, mas pouca gente mora ou trabalha perto de uma estação. O ideal é que quando chegasse ao Plano Piloto houvesse um sistema complementar que levasse a pessoa até o destino final. Uma integração eficiente é o segredo”, avalia.

// Motorista educado

Segundo o Detran-DF, Brasília tem uma frota que aumenta de 80 mil a 100 mil veículos por ano e já possui 1,7 milhão condutores habilitados, sendo 40% mulheres e 11% da frota é de motociclistas. Apesar de uma cidade planejada, o diretor-geral do Detran-DF, Silvain Fonseca, relembra que a previsão era ter no máximo 200 mil carros em 2000, mas naquele ano já haviam 500 mil. “Temos boas vias e como o trânsito está sempre crescente, temos um trabalho permanente. Buscamos novas tecnologias e a expansão é continua em um espaço curto de tempo. A cidade vai envelhecendo e adquirindo veículos, mas comparados com outras grandes cidades, os congestionamentos são pontuais. O DF ainda é um bom lugar para se viver e cabe ao estado fazer seu papel e a população em colaborar em benefício próprio”, pondera.

O diretor conta que, em 2017, Brasília teve a maior redução de mortes em trânsito, desde 1995. “Acredito que seja por conta das ações do projeto Brasília Segura, envolvendo a segurança pública, entre outras secretarias. Entre janeiro e novembro de 2017, houve uma economia em hospitais de R$ 144 milhões, com pacientes vindos do trânsito”, conta. Silvain aponta como positivos outros comportamentos particulares dos brasilienses, como o hábito de não buzinar. “A buzina estressa muito e não faz parte da nossa cultura. Mas tem outro ponto que temos que melhorar: a cultura de parar na porta em qualquer lugar, favorecer a mim mesmo, sem pensar no coletivo”, pontua.

Entre outros costumes típicos no trânsito, o brasiliense obedece às faixas de pedestres e já é uma referência mundial. “Temos muita coisa boa que pode ser expandida. A faixa é um exemplo e são poucos municípios que conseguiram implantar. Também somos mais corretos nas nomenclaturas, estamos mais antenados às informações. A lei aqui é cumprida pela grande maioria, e assim temos uma cidade respeitosa, com foco em cuidado aos motociclistas e ciclistas”, conclui o diretor.

Em 2017, dezenove ciclistas morreram nas vias da capital federal, segundo dados do Departamento de Trânsito (Detran). Para Renata Florentino, da Ong Rodas da Paz, esses números são alarmantes. Ela insiste que o motorista no DF deve ter mais civilidade ao dirigir. “Tanto o ciclista quanto o pedestre devem ser respeitados pelo motorista, e isso pode ser alcançado começando pela educação mesmo”, defende.

Renata acredita na premissa “sem pressa, todo mundo chega bem”. Ela explica que é preciso muita compreensão e parceria nas ruas brasilienses. “As vias urbanas do Distrito Federal não podem ter velocidades tão altas. Isso reduz drasticamente as chances de sobrevivência do ciclista caso ocorra algum acidente. Queremos um trânsito calmo, com mais paz”, afirmou.

//Funcionalismo público

Em pesquisa apresentada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) o setor de serviços é responsável por 94,3% da economia em 2017 do DF, sendo assim o setor com a maior representatividade em Brasília. No total do ano, o crescimento foi de 0,3%. Esse cálculo é referente a participação do setor de serviços no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo a gerente de contas e estudos setoriais da Codeplan, Clarissa Jahns Schlabitz, dentro do setor de serviços, a participação da administração pública é de 44,7% do PIB. “Por si só, os serviços têm um peso de quase a metade da economia do DF por tem suas raízes no setor público. Em termos diretos ou indiretos, a cidade ainda vive em função da administração pública. Por exemplo, o governo federal é um dos maiores compradores de tecnologias para escritório do país, além das consultorias, agências de publicidades, entre outras empresas que se instalam no DF só para suprir as necessidades dele”, explica.

Clarissa destaca que o DF tem uma particularidade que mantem o peso do setor. “Aqui funciona não só o governo federal, mas uma cidade que acumula também outras duas funções: a de estado e município”, conclui. O economista do Conselho Regional de Economia da 11ª Região-DF (Corecom), Jandir Feitosa, concorda com a gerente e lembra que na cidade também não existem parques industriais. “Olhando a economia como um todo, direta ou indiretamente, o DF ainda é dependente do setor. Praticamente não temos industrias na cidade, o que mudaria esse quadro. Além disso, a cidade é planejada e parte de serviços nasceram e giram ao redor da administração pública”, acrescenta. Jandir ressalta ainda que Brasília não encarou crises muito fortes, por conta dessa ligação, mas que a crise econômica de três anos para cá, com quase 8% de queda, foi mais difícil. “Vimos restaurantes tradicionais fechando, por exemplo, mas mesmo assim, nossa situação é menos pior que os demais estados. E na recuperação, vamos demorar um pouco mais. Os estados que tem atividade privada mais robusta, se recupera mais rápido”, pondera.

// Enaltecendo Brasília

Com objetivo de enaltecer e fortalecer a imagem de Brasília diante da sociedade e dos setores do comércio de bens, serviços e turismo nacionais e até mundialmente, a Fecomércio-DF vem realizando estudos e projetos em parceria com grupos que mobilizam esse trabalho.

Em 2017, com foco maior no turismo de Brasília, a Câmara Temática de Turismo da Fecomércio-DF lançou um concurso Marca Brasília, com parceria de diversas instituições e universidades. O presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, explica a necessidade de um símbolo para a cidade. “Brasília precisava de uma marca que fosse além da política. Uma identidade visual que não seja substituída de quatro em quatro anos e que represente realmente a essência da capital. Seu maior símbolo não pode ser uma sigla de governo. Antes de tudo, essa é uma terra de gente honesta e trabalhadora, vinda de todos os recantos do Brasil e do mundo, um lugar de arquitetura e natureza exuberantes, repleto de cultura, gastronomia e lazer”, conta.

A marca foi escolhida por voto popular e depois de passar por especialistas, com 46% dos votos, o público escolheu a marca batizada de Skyline, dos estudantes de design gráfico Igor Guimarães Borges e Matheus Gomes de Vasconcelos. O design vencedor apresenta traços que remetem às principais obras do arquiteto Oscar Niemeyer. O azul do céu, referência de Brasília, se destaca na imagem, e está disponível para visualização no site (www.marcabrasilia.com.br).

As ações deste ano, a Fecomércio-DF realizou uma parceria com o site Olhar Brasília para fortalecer a campanha Mexeu Com Brasília, Mexeu Comigo e promover ações de defesa para a cidade. Também, entre as ações, foi apresentado o Portal de Brasília, que deve ser lançado em junho, para fomentar o setor e reunir conteúdo de entretenimento e informações, além de parcerias com entusiastas da cidade. Será lançado em julho um calendário dos principais eventos da cidade, com o objetivo de divulgar com antecedência as principais atrações para o turista se programar.

Para fechar 2018, está na programação da Câmara Temática de Turismo da Fecomércio-DF realizar o evento Um Natal Monumental. Trata-se de um projeto natalino que mudará a cara e a estrutura da cidade. O Natal é uma das datas comemorativas de maior relevância para o comércio e para os brasileiros. É o momento de confraternizar, de valorizar a vida, a família e as amizades. Dessa forma, a proposta é trazer para o Eixo Monumental uma megaestrutura com o objetivo de criar um mundo de novas descobertas, grandes experiências e novos sentidos. Também haverá um globo de neve cenográfico, em escala humana, que permitirá uma diversão especial para o público de todas as idades.

// Educação e saúde

Em 2016, o ano letivo começou com 460 mil estudantes da rede pública do DF – 45 mil em escolas integrais, segundo dados da Secretaria de Educação do DF. Ficaram de fora 21 mil crianças de até três anos e 1,6 mil com idade entre quatro e cinco anos. Problemas como falta de merenda escolar também são recorrentes. Isso tudo se deve ao fato de Brasília ter crescido rápido demais, sem planejamento. Outro problema é que ainda existem regiões do Distrito Federal sem nenhuma escola pública. Entre elas, a Estrutural, o Itapoã e o Paranoá Parque.

O GDF afirma que de 2015 até agora, foram realizadas reformas em 585 escolas do DF. Também foram inaugurados sete novos centros interescolares de línguas (CILs), ampliando em 16 mil o número de vagas ofertadas em relação a 2014. “Em 2017, o Governo de Brasília universalizou o atendimento para todas as crianças de quatro e cinco anos. Os pais ou responsáveis que solicitaram vagas pelo telematrícula tiveram as vagas garantidas. Ao todo, na rede pública de ensino são atendidas 48.579 crianças de 0 a 5 anos”.

Mas outros números comprovam que o GDF investe cada vez menos na compra de alimentos para estudantes. Em 2014, foram empenhados R$ 74,2 milhões para a aquisição de refeições para crianças e adolescentes. Ao final de 2016, o empenho diminuiu para R$ 55,8 milhões. Ou seja, R$ 18,4 milhões deixaram de reforçar a alimentação de 460 mil alunos. A diminuição de gastos preocupa a professora de Pedagogia, Feranada Albuquerque. Para ela, alimentação escolar é um investimento básico para a formação dos estudantes e jamais pode ser encarada pelos gestores como uma despesa sujeita a tesouradas em busca de economia.

Para Fernanda, considerando que grande parte dos alunos da rede pública vem de famílias carentes, sem capacidade financeira de garantir alimentação de qualidade em casa, a merenda torna-se ainda mais necessária. Segundo a pedagoga, fome ou má alimentação atrapalham consideravelmente o aprendizado de pequenos e jovens. “Saco vazio não para em pé. Se está deixando de investir em merenda, o governo precisa explicar para onde estão indo os recursos da diferença para a melhoria da educação das crianças”, cobra.

O Governo de Brasília afirma que tem quase 30 mil crianças atendidas com refeições extras em 88 escolas públicas do Distrito Federal. O reforço na alimentação é destinado a estudantes que vivem em condições de grave vulnerabilidade social. A rede pública oferece 560 mil refeições diárias para 460 mil alunos. São atendidas 663 escolas. Dessas, 200 escolas são de educação integral, onde são servidas três refeições por dia. Outras 88 atendem alunos em situação de vulnerabilidade social (nesses casos, são servidos dois lanches por turno). Nessas 88 escolas há 28.811 estudantes atendidos com dois lanches.

Já no sistema de Saúde a situação também é precária. Na porta dos hospitais, o que não falta é reclamação das mais variadas: falta medicamento, equipamentos quebrados, ausência de profissionais, demora no atendimento, sujeira nas instalações, longas esperas para cirurgias e exames mais complexos.

Os números da última pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), em 2016, dão a dimensão exata do drama dos brasilienses que precisam da rede pública de saúde. De acordo com o estudo, 96,76% dos entrevistados que buscaram os hospitais públicos avaliaram a qualidade do serviço como péssima (58,89%), ruim (22,43%) ou regular (21,75%). Nos postos de saúde, a reprovação não ficou muito atrás: 91,22% dos usuários estão insatisfeitos.

O GDF rebate essa pesquisa informando que a Estratégia Saúde da Família (ESF) atingiu no Distrito Federal a marca de 69,1% de cobertura populacional, um ano após a conversão do modelo tradicional de atenção primária. O percentual equivale a um aumento de 100% do índice registrado no início das mudanças, em janeiro de 2017, quando o DF tinha apenas 34% de cobertura. No início de 2015, era de 25%. Com a ampliação, a população total assistida pela Estratégia Saúde da Família no DF passou de 1.038.750 para 2.058.750 habitantes e a expectativa é atingir 75% da população até o final de 2018. Além disso, só no último trimestre de 2017, a Secretaria de Saúde mantinha disponibilidade de estoque de medicamentos padronizados da Atenção Primária: 98,5%; medicamentos padronizados de média e alta complexidade: 90.5%; e estoque de materiais médico-hospitalares: 92,0 %.

//Segurança

Não é difícil andar pelas quadras da Asa Sul e perceber os sinais da violência. As grades estão cada vez mais reforçadas e o monitoramento por câmeras é uma constante, independentemente do tipo de estabelecimento. Comerciantes relatam casos recorrentes de arrombamentos e a insegurança é diária.

A quadra 308/309 Sul é um exemplo de problemas relacionados à segurança. Quem está na quadra há mais tempo acredita que a escalada de violência se intensificou após a remoção do posto da Polícia Militar. Na loja oficial do Flamengo, as portas foram arrombadas e grande parte do estoque, levado. Já na Ótica Brasiliense, cerca de 50 itens foram furtados após uma invasão no período noturno.

Outros problemas aconteceram na loja Free Corner, de artigos esportivos,  que sofreu dois arrombamentos. Em uma oportunidade, a porta da frente foi destruída e foram levadas pelo menos 120 peças. Já na outra, o vidro lateral da loja foi quebrado. Em casos mais graves, o comércio sofreu dois assaltos à mão armada, em momentos de abertura e fechamento da loja. Com furtos recorrentes na quadra, a providência tomada pelo proprietário foi a instalação de uma porta metálica mais reforçada, que custou R$ 25 mil.

“Se não fôssemos uma rede de lojas, provavelmente teríamos fechado as portas”, disse o gerente Ranílson Barros de Lima, que trabalha no mesmo endereço há cinco anos e já presenciou inúmeros relatos de violência. “Antes, havia pelo menos o posto policial. Sem ele, as ocorrências aumentaram”, explicou.

Apesar das reclamações dos comerciantes, a Secretaria de Segurança Pública do DF informa que no ano de 2017 houve o menor registro de roubos em comércios, em números absolutos, desde o ano de 2005. Comparando o ano de 2017 com o ano de 2014, a redução foi de 43,5%. Outra medida tomada foi o deslocamento de 1,7 mil policiais militares para as rondas ostensivas e operações de enfrentamento à criminalidade.

//Por dentro do sistema 

Aniversário de Brasília no Sesc

Em comemoração ao aniversário de Brasília, serão desenvolvidas atividades recreativas e culturais em três unidades do Sesc-DF. A programação contará com animação musical, oficinas manuais, pintura de rosto, brincadeiras recreativas, apresentações culturais, banho de piscina, cama elástica, exposições e pintura livre. Além disso, o Sesc Presidente Dutra vai realizar o encontro literário Brasília que escrevo.

Sesc Gama

Data: 21/4

Horário: das 9h às 16h

Informações: 3484-9110

Sesc Guará

Data: 21/4
Horário: das 8h às 16h30

Informações: 3383-9101

Sesc Presidente Dutra

Data: 23/4

Horário: 10h e 15h30

Informações: 3319-4410

Quais foram os problemas que ocorreram durante a construção de Brasília?

Houve falta de planejamento financeiro, recursos mal administrados, gastos desenfreados e verba desviada. Como consequência, nos anos seguintes, a inflação disparou, a população empobreceu e a desigualdade social cresceu. Outra consequência foi a desigualdade regional.

Quais foram as consequências da construção de Brasília para região Centro

Consequência da construção de Brasília: De acordo com o professor Álvaro de Geografia, a construção influenciou fortemente os fluxos migratórios e a desconcentração econômica. “Houve um deslocamento de pessoas não só na construção de Brasília, mas na pós-construção, porque a economia foi integrada.

Qual é o maior impacto da construção de Brasília na população nacional?

Além disso, a Capital Federal é polo de atração para milhares de migrantes, o que causa um grande fluxo migratório e consequente explosão demográfica acima da média nacional. O crescimento populacional acima do planejado vem causando forte pressão sobre os recursos naturais desta área.

Quais foram as consequências da construção de Brasília no interior do território brasileiro?

Esse planejamento fomentou a construção de estradas e usinas hidrelétricas e contribuiu significativamente para o crescimento industrial do Brasil. Do ponto de vista econômico, o Plano foi um sucesso, mas isso aconteceu, principalmente, graças à construção da nova capital, a cidade de Brasília.