Qual a importância do café para a economia brasileira e quais acordos resultaram na política de valorização do café?

Política do café com leite” é o nome que se dá ao processo de alternância de poder entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, que ocorreu durante a chamada “República Oligárquica”, a fase da “República Velha” (1889-1930) que teve início em 1898, sob a presidência de Campos Sales.

  • República Oligárquica: sistema federativo e poder regional

Sabemos que, com o advento do regime republicano no Brasil, em 15 de novembro de 1889, todo o quadro político foi alterado, o que resultou em impactos significativos na forma de condução da economia e no modo de organização da sociedade. Uma das características que definiram o período da Primeira República(1889-1930) foi o fato de ela ter sido comandada por oligarquias regionais. Isso foi possível por causa da adoção do sistema federativo de governo, que dá autonomia aos estados, descentralizando o poder. O problema é que, no Brasil, essa autonomia acabou sendo convertida no estabelecimento de “feudos” eleitorais, nos quais prevaleceram práticas como o coronelismo,que resultavam no exercício do poder a nível local de forma completamente arbitrária.

  • Campos Sales e a “política dos governadores”

Tudo isso contribuiu para a formação de articulações políticas entre as próprias oligarquias regionais a fim de garantir a permanência no poder e a manutenção de seus privilégios. Essas articulações eram feitas diretamente com o poder da União, isto é, com a presidência da República, formando aquilo que foi definido como “Política dos governadores”, na qual o poder real era transferido para os estados da federação. Entre esses estados, os mais poderosos política e economicamente eram São Paulo e Minas Gerais.

Esse tipo de política começou efetivamente com oGoverno Campos Sales, a partir de 1898. Segundo o historiador Raymundo Faoro, a “política dos governadores”:

[…] O sistema, previsto para entregar o poder político aos Estados, poderia levar a alianças interestaduais, com a anulação do presidente da República, convertido em agente, representante de tais blocos. Na verdade, subjacente ao império presidencial, vibra essa realidade, articulada pelos dois grandes Estados, São Paulo e Minas Gerais, com os desafios de outras contestações, discretamente coordenadas pela terceira força, logo assumida pelo Rio Grande do Sul. [1]

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  • Alternância no poder: “política do café com leite”

Esse fenômeno de alternância no poder logo recebeu a denominação de “política do café com leite”, exatamente porque o café representava a oligarquia paulista, e o leite, a mineira. Entretanto, é importante ponderar a respeito dessa alternância.

De fato, esses dois estados do Sudeste eram mais poderosos e com capacidade de articulação maior, mas isso não significava que outros estados não tivessem também força política e econômica e que dependessem totalmente desses dois. Como o próprio Faoro ressaltou, havia nesse contexto o estado do Rio Grande do Sul, cuja tradição positivista resultou em Getúlio Vargas, e também o estado da Bahia, ambos com pujança econômica com a pecuária, no primeiro caso, e com o cacau, no segundo.

A despeito dessas exceções, a política da República Oligárquica de fato ficava centrada nos acordos entre Minas e São Paulo. Os estados sem a mesma representatividade ficavam orbitando em torno desses dois, com vistas a receber alguma concessão ou regalia. Como diz, mais uma vez, Raymundo Faoro:

[…] O aparelho fiscal e financeiro, concentrado na União, permitia sufocar essa reação, dada a permanente penúria dos Estados para proverem às suas necessidades. Só os grandes estariam ao abrigo da ajuda federal direta, impondo seus interesses na formulação da política econômica. Os pequenos estados obedecem porque são pobres e continuam pobres porque não participam dos estímulos comandados pela União. [2]

NOTAS

[1] FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: a formação do patronato político brasileiro.(vol. 2). São Paulo: Globo: Publifolha, 2000. p. 185.

[2] Ibid. p. 185.

Qual a importância do café para a economia brasileira e quais acordos resultaram da política de valorização do café

Lista de comentários


Qual a importância do café para a economia brasileira e quais acordos resultaram na política de valorização do café?

claudiano567 Atrelada ao contexto histórico do Brasil, a atividade cafeeira pode ser considerada "a primeira atividade mercantil não colonial" , implantada no seio de um Estado nacional recém-criado. Essa atividade assistiu o processo de diversificação da estrutura social, acompanhada do surgimento da vida urbana em razão do desenvolvimento, bem como as transições nas relações de trabalho e impetração de leis.

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Qual a importância do café para a economia brasileira e quais acordos resultados?

A cadeia produtiva do café gera mais de 8 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que explica a dimensão desse cultivo na economia brasileira.

Quais acordos resultaram da política de valorização do café?

O convênio de Taubaté foi um acordo estabelecido entre os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais no ano de 1906. Seu propósito era garantir a valorização dos preços do café, pois o produto assegurava a movimentação e desenvolvimento da economia.

Qual a importância do café para a economia brasileira?

Hoje, o café continua sendo um importante gerador de divisas (US$ 2 bilhões anuais, ou 26 milhões de sacas exportadas ao ano), contribuindo com mais de 2% do valor total das exportações brasileiras, e respondendo por mais de um terço da produção mundial.

Qual é a importância do café?

O café é uma bebida rica em ácido clorogênico, ácido cafeico e kahweol, compostos bioativos com propriedades antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres e previnem o envelhecimento precoce.