Qual dos três elementos centrais que nos permite a compreensão da desigualdade?

Por que é importante discutir desigualdade

Resumo

O artigo destaca três motivos para explicar a crescente importância do tema da desigualdade no debate acadêmico e político das últimas décadas nos países desenvolvidos. Estes motivos são discutidos respectivamente em cada uma das três sessões em que se divide o texto. A primeira sessão destaca a dimensão econômica da desigualdade, mostrando que a ampliação da concentração da renda, desde os anos 1980, e também, ainda com mais intensidade, nos anos 2000, já tem sido motivo suficiente para a retomada do tema. A segunda argumenta que, nos anos 2000, a concentração da renda tem beneficiado o “1% do topo” da distribuição. A explicação acerca dos determinantes desse fenômeno é importante para abrir espaço para uma interpretação mais abrangente da desigualdade, incorporando aspectos políticos, sociais e institucionais ao tema, e destacando as contradições relacionadas ao fato de que a desigualdade vem se ampliando em contexto de vigência de Democracia formal nos diferentes países. A terceira sessão mostra que a interpretação da trajetória da desigualdade sob um ponto de vista multidimensional, conforme proposto anteriormente, permite compreender a natureza dos diversos aspectos de deterioração dos mercados de trabalho nas décadas recentes. A articulação dos três motivos mencionados revela a necessidade de que a desigualdade tenha uma abordagem multidisciplinar e multidimensional.  As conclusões ressaltam que a compreensão acerca dos determinantes da trajetória da desigualdade, em todas as suas dimensões, permite reunir elementos para subsidiar informações para a construção de políticas públicas destinadas a enfrentar as crescentes mazelas sociais e também para discutir formas de combater a desigualdade extrema e seus eventuais efeitos deletérios sobre a própria acumulação capitalista.


Palavras-chave

desigualdade; distribuição de renda; 1% mais ricos; ordem financeira internacional; concentração da riqueza; concentração de poder político; Democracia


Índice

Introdução

Estratificação social é um conceito sociológico utilizado para classificar os indivíduos ou grupos a partir da análise das condições socioeconômicas. A estratificação social serve também como base para entender a configuração da sociedade em hierarquias e na formação das desigualdades sociais.

O que é a estratificação social?

Estratificação social é um conceito sociológico utilizado para classificar, analisar e interpretar as diferenças entre indivíduos ou grupos a partir da análise das condições socioeconômicas que tais agrupamentos tem em comum.A definição mais simples de estratificação social é entendê-la como o conjunto das inúmeras desigualdades que podem atingir as pessoas que vivem em sociedade.

É possível observar a forma como a estratificação  separa grupos sociais dentro de uma cidade ou de um espaço, por exemplo. As camadas mais ricas viventes em uma determinada cidade, frequentam determinados locais e bairros, nos quais, geralmente, há melhores condições de segurançailuminação e mais variedade de serviços, além dos preços serem mais elevados. As camadas menos abastadas, por sua vez, costumam  viver em áreas mais afastadas da região central, locais onde há menor disponibilidade de produtos e serviços, menos atenção à segurança ou conservação dos espaços públicos.

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Dinheiro

Estratificação social é um conceito sociológico utilizado para classificar, analisar e interpretar as diferenças entre indivíduos ou grupos a partir da análise das condições socioeconômicas que tais agrupamentos tem em comum.A definição mais simples de estratificação social é entendê-la como o conjunto das inúmeras desigualdades que podem atingir as pessoas que vivem em sociedade.

É possível observar a forma como a estratificação  separa grupos sociais dentro de uma cidade ou de um espaço, por exemplo. As camadas mais ricas viventes em uma determinada cidade, frequentam determinados locais e bairros, nos quais, geralmente, há melhores condições de segurançailuminação e mais variedade de serviços, além dos preços serem mais elevados. As camadas menos abastadas, por sua vez, costumam  viver em áreas mais afastadas da região central, locais onde há menor disponibilidade de produtos e serviços, menos atenção à segurança ou conservação dos espaços públicos.

Usos da estratificação na sociologia

conceito de estratificação social serve para que os sociólogos, cientistas humanos e outros estudiosos, a partir da análise dos dados, consigam compreender quais os motivos da existência de faixas de renda e condições de vida tão distintas dentro de uma mesma sociedade. Os motivos pelos quais há em um mesmo espaço territorial grupos que tem acesso a melhores condições de vida, saúde e serviços, enquanto outros, não conseguem ter acesso a itens e serviços básicos.

O conceito de estratificação e desigualdades sociais só passa a ser utilizado pelos sociólogos a partir do momento que nomes como Émile Durkheim passaram a estudar a divisão social do trabalho. Antes disso, em sociedades primitivas os conceitos ainda não podiam ser aplicados. Outros termos e conceitos são necessários para explicar as sociedades pouco complexas. 

Características da estratificação social

A estratificação teve algumas de suas características definidas, principalmente, no decorrer dos séculos XIX e XX, por uma série de sociólogos, dentre eles, Karl Marx e Max Weber.

Merecem destaque as características a seguir:

  • A estratificação é geral e variável;
  • Está presente em todas as sociedades complexas;
  • Há divisão de recursos materiais e culturais de maneira desigual;
  • Ultrapassa as gerações;
  • Deve ser encarada como uma particularidade das sociedades;
  • Não deve ser encarada como reflexo das diferenças individuais existentes na sociedade.

O que é Desigualdade Social?

Pode-se definir desigualdade social como sendo as diferenças dentro de uma sociedade e que, em grande parte dos casos, são causadas por fatores econômicos, culturais e educacionais. A desigualdade social é, portanto, uma condição que afeta os indivíduos de uma sociedade e acontece, principalmente, por conta da má distribuição de renda e falta de investimentos em áreas sociais, especialmente em saúde e educação

Um dos índices utilizados para medir o grau de concentração de renda de um país é o Índice Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini em 1912. Os cálculos apontam a variação de renda entre os mais pobres e os mais ricos de um país. Os números variam de 0 a 1 ou de 0 a 100, com o zero representando os países com menos desigualdade, enquanto o 1 ou 100 representam os países mais desiguais.

Definição de Mobilidade Social

Define-se mobilidade social como o deslocamento de indivíduos entre classes sociais com posições socioeconômicas diferentes.Em sociedades onde existe o regime de estamentos ou castas, a mobilidade de indivíduos entre as diferentes classes sociais é, praticamente, inexistente. 

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Estratificação e mobilidade social.

mobilidade social pode ser de dois tipos: vertical ou horizontal. Se vertical, ela pode ser ainda crescente ou decrescente. A mobilidade social crescente  ocorre quando um grupo ou indivíduo vai para uma classe superior à que se encontrava, a partir de melhores condições financeiras que tinha anteriormente. Na mobilidade decrescente, o indivíduo ou grupo vai para uma classe social inferior à que estava anteriormente. Desemprego e altos índices de inflação, no geral, colaboram para a mobilidade vertical decrescente.

A mobilidade social horizontal está ligada à posição que o indivíduo ocupa na sociedade, sem que existam mudanças na classe social. Por exemplo, um indivíduo que passa a ocupar outro cargo na mesma empresa que trabalha, sem que haja mudança salarial efetiva, está passando por uma mobilidade social horizontal, uma vez que continua na mesma classe social e está apenas ocupando um outro cargo.

Três formas de estratificação social.

1. Castas

No decorrer dos séculos, as civilizações adotaram alguns modelos que impediam a mobilidade social de determinados grupos e indivíduos, as três formas mais comuns de estratificação são: o sistema de castas, o feudalismo e as mudanças ocorridas no contexto da Revolução Industrial.

A sociedade indiana é um exemplo de sociedade que funcionou por muito tempo com o sistema de castas, com mobilidade social quase inexistente. No sistema indiano, a casta à qual o indivíduo pertence é determinada no nascimento e é hereditária, por isso, a dificuldade de passar de uma casta a outra.

As castas tem sua origem ligada a religião hindu e a divisão faz uma analogia ao corpo do deus Brahma. Nas castas superiores estão os brâmanes, que são os líderes religiosos e representam a cabeça do deus. Abaixo dos brâmanes estão os xáritas, que representam os braços do deus e na sociedade são os governantes e guerreiros. As pernas dos deuses são representadas pelos vaixás, os comerciantes. Nas castas mais baixas, que formam os pés, estão os trabalhadores, chamados de shudras. Por fim, existem ainda os sem castas, chamados de párias.

Na década de 1950, a constituição indiana foi reformada e a discriminação baseada em castas  foi proibida. No entanto, mesmo com a proibição, o sistema ainda tem força cultural e segue funcionando em algumas partes do país. Por conta da cultura, as castas ainda impedem que as classes mais baixas tenham acesso à educação e ao sistema de saúde.

2. Feudalismo

Na França da Idade Média, a sociedade era dividida em ordens ou estamentos. Nas áreas rurais, os feudos, a sociedade era formada por uma sociedade bem rígida e delimitada. O clero exercia funções religiosas, os nobres, no geral, exerciam funções militares e por fim, os servos trabalhavam e pagavam tributos. Por ter estruturas bem rígidas, era quase impossível a possibilidade de ascensão social.

3. Pós Revolução Industrial

Por fim, após a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, a estrutura social baseou-se na ideia de que, só os que realmente se esforçassem ou tivessem mérito, poderiam aumentar a renda e consequentemente, ter melhores condições de vida. No entanto, na realidade, os mais pobres continuam sem ter acesso a itens e serviços básicos, enquanto que os mais ricos já possuem o acesso garantido e facilitado pelo dinheiro. Em uma corrida meritocrática, os de maior renda sempre começam mais à frente daqueles que tem condições menos favoráveis.

Estratificação social de acordo com Durkheim

Para o pai da sociologia Émile Durkheim, a estratificação de uma sociedade está ligada à importância do trabalho exercido pelos indivíduos. É um critério moral excludente que divide a sociedade de acordo com suas profissões e seus ganhos. Profissões tidas como importantes, são melhor remuneradas, enquanto as consideradas pela sociedade como menos importantes, recebem remuneração menor. 

A importância das profissões está também ligada as condições de acesso à educação, por exemplo. Indivíduos com mais acesso a cultura e educação, ocuparão os cargos de maior importância e assim, irão garantir a manutenção das desigualdades e da pouca mobilidade social.

Estratificação Social de acordo com Karl Marx

Para o sociólogo Karl Marx, a estratificação social está diretamente relacionada ao modelo de produção e divisão social do trabalho da sociedade. A burguesia, dona dos meios de produção, emprega a classe proletária, que tem apenas sua força de trabalho para vender ao mercado, no caso.

A exploração das classes proletárias pela burguesia marca a desigualdade social e acentua a estratificação. Marx também aponta que a estratificação e as desigualdades produzidas pelo modelo capitalista de produção e influenciam diretamente na luta de classes.

A desigualdade nos meios de produção industrial se estabelece com o surgimento da mais-valia, que na visão de Marx atua de maneira intensa na construção e manutenção de um sistema pautado pela exploração.

Estratificação Social de acordo com Max Weber

Para Max Weber, o processo de estratificação acontece a partir das relações de produção, do status social, dos poderes político e econômico e das oportunidades que os indivíduos ou grupos sociais têm para adquirirem bens. Para ele, as oportunidades de ascensão social estão diretamente ligadas às variações econômicas do mercado.

Na teoria weberiana, o uso do termo “status” torna-se mais importante que o conceito de classes sociais, utilizado por Marx. O reconhecimento dos grupos que ocupam o topo das pirâmides sociais se dá através do reconhecimento do status, do padrão de vida, das oportunidades e dos fatores econômicos. A renda, portanto, torna-se importante, mas não é essencial.

O status, na explicação weberiana da estratificação social, das distinções e da mobilidade social, também sofre influência do gênero, condições de saúde, cor e idade.

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Exercício de fixação

UFUB/2006

De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social explica-se:

A Pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.

B Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção.

C Pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.

D Pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.

Quais são os 3 elementos centrais da desigualdade social?

Para compreendermos a existência e persistência da desigualdade social nos dias de hoje temos que levar em consideração três elementos fundamentais, a estrutura social, a estratificação e a mobilidade.

Qual dos três elementos centrais que nos permitiram a compreensão da desigualdade?

Para estudar a desigualdade social, é importante estar atento a três elementos centrais: a estrutura, a estratificação e a mobilidade social. A estrutura social é determinada pelo modo como se organizam os aspectos econômicos, cultural, social, político e histórico de uma sociedade.

Quais são os três elementos centrais?

Os três elementos centrais compreendem a estrutura, estratificação e mobilidade social. Dessa forma, a estrutura compreende a forma como a sociedade está organizada no que tange a economia, política, cultura, social e histórica.

Quais os elementos usados para os estudos das desigualdades sociais?

Como é medida a desigualdade social? Existe um padrão de medida criado pelo matemático e estatístico italiano Conrado Gini, chamado coeficiente de Gini (ou índice de Gini), que mede a desigualdade em um determinado local e é comumente utilizado para medir a desigualdade de renda.