Qual é o elemento 113 da tabela periodica

Vários foram os elementos químicos descobertos após a montagem da Tabela Periódica por Dimitri Mendeleev no século XIX e a organização proposta por Moseley no século XX. No final de 2016, foram dados os nomes dos novos elementos da Tabela Periódica, os quais haviam sido adicionados no início de 2016.

Esses quatro novos elementos químicos apresentam em comum diversas características, a saber:

  • Não existem na natureza;

  • São artificiais;

  • São radioativos;

  • São instáveis;

  • Apresentam curto tempo de existência em virtude do decaimento radioativo que sofrem.

Vale ressaltar que já faz um bom tempo que a União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC) vem estabelecendo regras para a aplicação de nomes para novos elementos químicos, ou seja, o elemento só recebe o nome que ela autoriza.

Os novos elementos adicionados à tabela em 2016 completaram o sétimo período e eram chamados da seguinte forma:

  • Ununtrium (Z=113)

  • Ununpentium (Z=115)

  • Ununseptium (Z=117)

  • Ununoctium (Z=118)

    Agora, cada um deles recebeu um nome, o qual foi reconhecido pela IUPAC:

a) Nihônio (nome original: Nihonium)

O nome nihônio foi dado ao elemento de número atômico 113, o qual foi descoberto no laboratório de Riken, no Japão. O nome sugerido pelo grupo foi Nihonium, em referência à palavra Nihon, que significa Japão ou terra do sol nascente, sendo, então, uma homenagem ao país no qual ele foi descoberto.

O nihônio pertence à família do boro (família IIIA ou grupo 13) e é um metal, assim como a maioria dos elementos do grupo. Veja a distribuição eletrônica desse elemento:

Qual é o elemento 113 da tabela periodica

Sua camada de valência apresenta dois elétrons no subnível s e 1 elétron no subnível p.

b) Moscóvio (nome original: Moscovium)

O nome moscóvio foi dado ao elemento de número atômico 115 porque foi descoberto no instituto de pesquisa nuclear de Dubna (Rússia), cidade próxima da capital Moscou. Esse elemento foi descoberto com a colaboração dos pesquisadores do Laboratório Nacional Oak Ridge, a Universidade de Vanderbilt e a Universidade de Knoxville, no estado do Tennessee (Estados Unidos).

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Esse elemento químico pertence à família do nitrogênio (família VA ou grupo 15). Veja a sua distribuição eletrônica:

Qual é o elemento 113 da tabela periodica

Sua camada de valência apresenta dois elétrons no subnível s e três elétrons no subnível p.

c) Tennessino (nome original: Tennessine)

O nome Tenessino foi dado ao elemento de número atômico 117 porque foi descoberto no estado do Tennessse, em um trabalho entre pesquisadores do Laboratório Nacional Oak Ridge, a Universidade de Vanderbilt e a Universidade de Knoxville, bem como pesquisadores do Instituto de Pesquisa Nuclear de Dubna (Rússia).

Trata-se de um elemento químico que pertence à família dos halogênios e é, portanto, um ametal. Veja a distribuição eletrônica desse elemento:

Qual é o elemento 113 da tabela periodica

Sua camada de valência apresenta dois elétrons no subnível s e cinco elétrons no subnível p.

d) Oganessono (nome original: Oganosesson)

O nome Oganosseno foi proposto pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Nuclear de Dubna e do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, em homenagem ao pesquisador e professor Yuri Oganessian, que foi pioneiro no estudo dos elementos transactinoides.

OBS.: Elementos transactinoides são aqueles que apresentam número atômico maior do que o dos actinídeos, ou seja, maior do que 103.

O Oganosseno pertence à família dos gases nobres. Veja sua distribuição eletrônica:

Qual é o elemento 113 da tabela periodica

Sua camada de valência apresenta dois elétrons no subnível s e seis elétrons no subnível p.


Por Me. Diogo Lopes Dias

Os novos elementos químicos 113, 115, 117 e 118

O presente documento responde ao pedido de parecer sobre a grafia dos novos elementos químicos acrescentados à tabela periódica, o 113, 115, 117 e 118, feito, em 22 de setembro de 2017, pela Sociedade Portuguesa de Química (SPQ).

Qual a melhor grafia em português para os novos quatro elementos químicos acrescentados ao quadro periódico, o 113, 115, 117 e 118?

A IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), a 28 de novembro de 2016, publicou uma atualização do quadro periódico dos 118 elementos químicos, incluindo quatro novos, que já tiveram nomes provisórios. Em inglês, nihonium (Nh – 113), moscovium (Mc – 115), tennessine (Ts – 117) e oganesson (Og – 118). Em espanhol, foram aprovados os nomes1 nihonio, moscovio, teneso e oganesón. Na língua francesa2, nihonium, moscovium, tennesse e oganesson.

A SPQ (Sociedade Portuguesa da Química) tem uma comissão de tradução de nomenclatura de química inorgânica para português que a levou a apresentar a seguinte proposta de aportuguesamento: nipónio, moscóvio, tenesso e oganésson.

Os novos elementos químicos rendem homenagem a três regiões geográficas (Japão, Moscóvia e Tenessi) e a um físico nuclear russo (Iuri Oganessian).

Relativamente ao emprego de sufixos, caberá ressaltar o seguinte: a IUPAC (2002) recomendava que os nomes de todos os novos elementos terminassem em -io (-ium em inglês). No entanto, este ponto foi alterado e, segundo a IUPAC (2016) e a sua adaptação à língua portuguesa, as terminações devem obedecer às seguintes regras:

– -io (-ium em inglês) para os elementos dos grupos 1 a 16;

– -o (-ine em inglês) para os elementos do grupo 17 (halogénios);

– -on (-on em inglês) para os elementos do grupo 18 (gases nobres).

NIPÓNIO3

Em português, o nome nipónio evidencia a homenagem ao Japão, país onde o elemento foi descoberto, nomeadamente às vítimas da catástrofe nuclear de Fucoxima, em 2011. A IUPAC tinha optado pelo nome nihonium em inglês (de Nihon, outra grafia do nome do Japão em japonês), em vez de nipponium (de Nippon), por razões alheias à língua portuguesa. A grafia niónio, teria a desvantagem de não permitir uma associação direta ao país homenageado. Quanto à forma nihónio, o h intervocálico é uma sequência estranha ao sistema ortográfico português (problema inexistente na grande maioria das línguas utilizadas na comunicação de ciência). Havendo na língua portuguesa uma série de palavras formadas pelo elemento de formação nipo- (do topónimo japonês Nippon), a grafia preferível é nipónio. Já no português do Brasil, a forma niônio poderia ser confundida com o homófono neônio (néon). O sufixo -io está conforme as novas recomendações da IUPAC.

MOSCÓVIO4

O nome moscóvio homenageia a Moscóvia (topónimo da antiga região de Moscovo e designação vernácula desta cidade), onde se situa o Laboratório Flerov de Reações Nucleares do Instituto Unificado da Investigação Nuclear, local em que se realizaram as experiências que levaram à descoberta. O sufixo -io respeita as novas recomendações da IUPAC.

TENESSO5

A homenagem é dirigida ao estado norte-americano do Tenessi (equivalente vernáculo de Tennessee), onde se situam o Laboratório Nacional de Oak Ridge, a Universidade de Vanderbilt e a Universidade do Tenessi em Knoxville. O uso do sufixo inglês -ine está conforme as novas recomendações da IUPAC. A tradição portuguesa, no presente caso, é a de não utilizar sufixo (terminação em -o, não em -ina, em português); cf. cloro/chlorine; iodo/iodine. Propostas como tenessina ou tenessino pecam por serem decalques do inglês.6

OGANÉSSON7

Uma homenagem ao professor russo Iuri Oganessian (Юрий Оганесян). O uso do sufixo inglês -on (forma de palavras do grego antigo) está conforme as novas recomendações da IUPAC. A opção por esta terminação é justificada pela analogia com grafias como árgon ou rádon que, apesar de ter havido uma proposta de aportuguesamento para -ão ou -ónio, que não tem vingado na terminologia científica. Assim, grafias como oganessónio, oganéssono, oganéssio ou oganéssão serão facilmente refutadas.

Importa ainda realçar que os nomes destes novos elementos químicos já deram entradas nos dois dicionários de língua portuguesa disponíveis em suporte digital, nomeadamente no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa e no Dicionário da Língua Portuguesa do serviço Infopédia. Embora este último apenas atesta as quatro propostas aqui apresentadas, o dicionário da Priberam dá conta da variação em torno de nipónio, registando também niónio e nihónio.

Após consulta das páginas portuguesas do Google, o número de ocorrências é o seguinte:

nipónio: Cerca de 63 resultados

niónio: Cerca de 58 resultados

nihónio: Cerca de 9 resultados

moscóvio: Cerca de 70 resultados

tenesso: Cerca de 41 resultados

oganésson: Cerca de 46 resultados

Embora o número de ocorrências ainda seja reduzido, o ILLLP apela à eliminação de variantes e à fixação definitiva de uma só grafia para cada um dos elementos químicos.

Segundo o nosso parecer final, as propostas de tradução sugeridas pela SPQ foram bem ponderadas: nipónio, moscóvio, tenesso e oganésson.

Bernardo Jerosch Herold e Ana Salgado

[Aprovado pela Comissão do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa]

Bernardo Jerosch Herold, sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, membro do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa. Professor catedrático jubilado do Instituto Superior Técnico foi de 2000 a 2010, secretário do Comité Interdivisional de Terminologia, nomenclatura e símbolos da IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry.

Ana Salgado, sócia correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, membro do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa. Lexicógrafa, gestora do Pórtico da Língua Portuguesa, atual coordenadora do novo Dicionário e Vocabulário da Academia.

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Referências

Claude Andrieux, Daniel Thévenot, Jean-Pierre Foulon, Collège d’experts de terminologie de la chimie et des matériaux de la Commission d’enrichissement de la langue française, « Le tennesse : nom préconisé en français pour l’élément 117 », Actualité chimique, no 416, 14 mars 2017, Société chimique de France (acedido em 27.09.2017).

Correia, P. & Costa, L. M. «Nipónio, Moscóvio, Tenesso e Oganésson», in Química, Boletim da Sociedade Portuguesa de Química, vol. 41, n.º 144, jan-mar 2017, http://www.spq.pt/magazines/BSPQ/679/article/30002067/pdf (acedido em 27.09.2017).

Correia, P., «Nipónio, moscóvio, tenesso e oganésson», in «a folha», n.º 51 — verão de 2016 http://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha51_pt.pdf (acedido em 27.09.2017).

IUPAC, Elements 113, 115, 117, and 118 are now formally named nihonium (Nh), moscovium (Mc), tennessine (Ts), and oganesson (Og), 30.11.2016 https://iupac.org/iupac-announces-the-names-of-the-elements-113-115-117-and-118/ (acedido em 27.09.2017).

IUPAC, IUPAC is naming the four new elements nihonium, moscovium, tennessine, and oganesson, 08.06.2016 https://iupac.org/iupac-is-naming-the-four-new-elements-nihonium-moscovium-tennessine-and-oganesson/ (acedido em 27.09.2017).

IUPAC, Naming of New Elements (IUPAC Recommendations 2002), https://iupac.org/iupac-is-naming-the-four-new-elements-nihonium-moscovium-tennessine-and-oganesson/(acedido em 27.09.2017).

Porto Editora, Infopédia – Dicionário da Língua Portuguesa, https://www.infopedia.pt (acedido em 27.09.2017).

Priberam, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, https://www.priberam.pt/dlpo (acedido em 27.09.2017).

Real Sociedad Española de Química (2017). «Nombres y símbolos en español de los elementos aceptados por la IUPAC el 28 de noviembre de 2016 acordados por la RAC, la RAE, la RSEQ y la Fundéu». In Anales de Química, 113(1), pp. 65-67.

1 Pela Real Academia Espanhola, a Real Academia de Ciências Exatas, Físicas e Naturais, a Real Sociedade Espanhola de Química e a Fundação do Espanhol Urgente BBVA.

2 Pelo Governo do Canadá e pela Sociedade Química de França.

3 Designação anterior provisória ecatálio (eka-Tl) ou unúntrio (Uut).

4 Designação anterior provisória ecabismuto (eka-Bi) ou unumpêntio (Uup).

5 Designação anterior provisória eca-ástato (eka-At) ou ununséptio (Uus).

6 Por razões análogas, foi recusada a aprovação pelo governo do Canadá e pela Sociedade Química de França da designação largamente usada pela imprensa diária de tennessine e substituída por tennesse.

7 Designação anterior provisória ecarrádon (eka-Rn) ou ununóctio (Uuo).