Qual fator auxiliou os Estados Unidos a ser a principal economia no Pós

O New Deal foi um pacote de medidas econômicas e sociais adotadas nos EUA para retirar o país da Crise de 1929.

Qual fator auxiliou os Estados Unidos a ser a principal economia no Pós
As medidas do New Deal pretendiam acabar principalmente com o grande número de desempregados surgidos com a Crise de 1929

A Crise de 1929 colocou em xeque a viabilidade das medidas econômicas liberais, que apontava o mercado capitalista como o instrumento ideal para se alcançar o equilíbrio econômico e social, sem a intervenção maciça do Estado. A resposta à crise foi encontrada nos Estados Unidos e depois nos demais países do capitalismo ocidental na ampliação da intervenção do Estado, com o planejamento econômico. Nos EUA, essas medidas foram implantadas no governo do presidente democrata Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) e receberam o nome de New Deal (Novo Acordo).

O New Deal foi influenciado pela teoria econômica de John Maynard Keynes, economista britânico que apontava a necessidade da mediação econômica do Estado para garantir o bem-estar da população, ação que o liberalismo seria incapaz de realizar. A estratégia de planejamento econômico estatal aproximava o New Deal dos planos quinquenais adotados na URSS, que intensificaram a industrialização soviética em um período de profunda crise econômica do capitalismo ocidental. 

Para enfrentar a crise econômica e social nos EUA, Roosevelt utilizou os trabalhos de um grupo de renomados economistas inspirados em Keynes para elaborar o New Deal, cujo principal objetivo era criar condições para a diminuição do desemprego, através da articulação de investimentos estatais e privados. As principais medidas foram:

  • desvalorização do dólar para tornar as exportações mais competitivas;
  • empréstimos aos bancos para evitar falências no sistema financeiro;
  • criação do sistema de seguridade social, com destaque para o seguro desemprego e a Lei de Seguridade de 1935;
  • direito de organização sindical;
  • estímulo à produção agrícola;
  • construção de uma grande quantidade de obras públicas, com destaque às hidrelétricas e rodovias.

O estimulo à contratação de trabalhadores, buscando uma situação de pleno emprego da população economicamente ativa e as ações de seguridade social estimulariam o consumo da população, aquecendo a produção industrial, agrícola e de serviços em todos os níveis. Além disso, a intermediação dos sindicatos nas negociações das reivindicações tentava evitar violentos conflitos, garantindo a ordem social. Essa perspectiva de atuação econômica via o capitalismo como um modo de produção integrado, no qual o aumento do consumo, principalmente dos trabalhadores, estimularia um desenvolvimento em cadeia de todos os setores econômicos.

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As medidas alcançaram êxito, revigorando novamente o capitalismo norte-americano, ao ponto de estudos afirmarem que dez anos após a implantação do New Deal, os EUA se aproximaram dos patamares econômicos em que se encontravam em 1929.

O New Deal influenciou as políticas econômicas na Europa ocidental, no que ficou conhecido como Welfare State, políticas de bem-estar social que proporcionaram o boom econômico do pós-guerra. O Estado garantia uma distribuição menos desigual de renda e criava infraestruturas necessárias a uma vida digna para a maioria da população, investindo em saúde, educação e transporte.

Somente na década de 1970, com as graves crises que assolaram o mundo capitalista, que as medidas keynesianas, como o New Deal, foram sendo substituídas e dando lugar a novas políticas de orientação liberal. Começava a época do neoliberalismo econômico.

Por Tales Pinto

Por Tales Pinto

Geografia

Desde quase o início do século XX, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar entre as maiores economias mundiais. Não foi sempre assim: as guerras mundiais vitimaram as economias da Europa, lançando os EUA como o grande líder mundial no contexto econômico – uma posição apenas ligeiramente rivalizada nos dias de hoje, cem anos depois, por chineses. Com um PIB em torno de 18 bilhões de dólares, está bem acima da segunda colocada, a China, com um PIB em torno de 11 bilhões.

A hegemonia econômica

Vários fatores contribuíram para que o sucesso da economia dos EUA desde a colonização. Diferente do Brasil e de colônias hispânicas, nas colônias norte-americanas houve uma colonização de povoamento. A exploração não era simplesmente predatória. O número de colonos expandiu o mercado interno e os recursos naturais, vastos, permitiram o desenvolvimento do comércio com a Europa.

Entretanto, até o limiar do século XX os Estados Unidos possuíam uma economia forte, porém consideravelmente inferior àquelas da Europa. As guerras mundiais ofereceram aos EUA, sem dúvida, a oportunidade para alçar o primeiro lugar na economia mundial e consolidar sua hegemonia como potência. Durante a Primeira Guerra Mundial e em boa parte da Segunda Guerra Mundial, o envolvimento dos EUA no conflito em termos militares foi mínimo – mas a participação no fornecimento de suprimentos e armas foi enorme.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o acordo de Bretton Woods, o dólar americano passou a ter grande estabilidade e tornou-se a moeda de troca em nível internacional – o lastro-dólar. A captação de dólares passou a ser um interesse mundial e, com ela, o comércio com os Estados Unidos. As potências europeias, endividadas, passaram décadas cumprindo prestações com os EUA relativas aos esforços de recuperação do continente.

O Plano Marshall, elaborado por americanos, permitiu a recuperação da Europa e tornou os EUA o principal credor das antigas metrópoles da Europa. Em termos atuais, o programa envolveu empréstimos da ordem de US$ 150 bilhões concedidos pelos Estados Unidos a países europeus.

A vitória sobre japoneses e alemães ainda na Segunda Guerra também permitiu aos EUA garantir controle territorial sobre o coração da Europa e o Extremo Oriente, beneficiando o estabelecimento de rotas comerciais que durariam até os dias de hoje.

Atualmente, com o fim da Guerra Fria e a multipolarização das relações econômicas, o país recebe maior concorrência comercial dos países europeus e também do bloco asiático, especialmente Japão, China e Tigres Asiáticos.

Os setores econômicos dos EUA

Setor primário

No setor primário, destaque para uma agricultura mecanizada e altamente produtiva e rentável. Os EUA são os maiores produtores mundiais de diversas commodities agrícolas, o segundo maior produtor mundial de soja e maior produtor de milho, carne bovina, leite e derivados e frango. O desenvolvimento sem igual da genética empregada à agricultura torna o país o maior produtor, no geral, de culturas transgênicas.

Ainda no quesito do setor primário, mas em recursos minerais, a verdade é que os EUA são ainda um dos maiores produtores mundiais de petróleo e gás natural. Com reservas vastas de petróleo, gás e carvão em estados como o Texas, no Golfo do México e no norte, no Alaska, os EUA sempre foram uma potência com acesso fácil ao mais desejado insumo industrial: combustível.

A diversidade climática, geomorfológica, pedológica e o extenso território, como ocorre no Brasil e até mais, permitem a plantação e o desenvolvimento de todo tipo de cultura. Ainda assim, o mercado interno é tão grande e rico que em muitos mercados os Estados Unidos estão entre os maiores produtores mundiais – e assim mesmo precisam importar mais volume para abastecer sua população. As várias regiões agropecuárias especializadas, concentradas a leste do meridiano de 100 graus, são denominadas belts(cinturões).

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Os belts americanos.

Setor secundário

O setor industrial de tecnologia de ponta é muito forte, principalmente no estado da Califórnia. As indústrias automobilísticas, química, alimentícia, têxtil, entre outras, também se destacam. A indústria, não apenas bélica, foi o que colocou os EUA na posição de liderança econômica no mundo.

A industrialização tradicional:

Na maior concentração industrial do mundo, no nordeste do país, desde os Grandes Lagos até a costa do Atlântico, estão indústrias tradicionais e historicamente fortes no país. Siderúrgias e metalúrgicas, indústrias madeireiras, montadores, químicas e petroquímicas e toda variedade de indústrias produtoras de bens de consumo.

A oferta de energia elétrica na região – que recebeu, inclusive, as primeiras usinas elétricas do mundo – explica a concentração. Além disso, a costa do Atlântico permitia fácil acesso a portos que comercializavam produtos com a Europa, além de uma malha rodoviária e ferroviária mais madura, para distribuição interna. Os Grandes Lagos, ao lado, facilitavam o comércio com o Canadá.

No oeste e no sul, o século XX trouxe grandes possibilidades. Primeiro, reservas de petróleo fariam de estados como o Texas e a Califórnia cenário de um rápido desenvolvimento. Com a vitória na Segunda Guerra, a Califórnia ainda seria o ponto de comunicação com o promissor mercado asiático, e hoje, 80 anos depois, abriga a nata da tecnologia no país – o chamado sun belt.

No estado da Califórnia, a mão-de-obra altamente qualificada e os volumosos investimentos de capital permitiram o surgimento de vários ramos industriais. Empresas conhecidas de todos pela tecnologia, como Apple, Facebook, Hewlett-Packard e outras cresceram a ganharam fama a partir dali. Outros setores se desenvolveriam ali: biotecnologia, produção de armamentos, indústria aeroespacial e até a indústria cultural, com destaque para a cinematográfica e atualmente de produção de games.

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A distribuição espacial da indústria estadunidense apresenta uma forte ligação com a história econômica: NE – industrialização tradicional e sun belt – industrialização recente.

Setor terciário

No setor terciário, surge o turismo, importante motor econômico dos EUA, já que o país é muito procurado, principalmente Nova York, Miami, Orlando, Washington DC, Los Angeles, São Francisco, New Orleans, Las Vegas, Chicago, Boston, além do estado do Havaí. O sistema de transportes é de boa qualidade – rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos.

Mas o grande poder dos norte-americanos no setor terciário está em seu sistema bancário. O setor financeiro, assim como o imobiliário, são há décadas o motor da economia americana. As bolsas New York Stock Exchange – NYSE (aberta em 1817, em Wall Street) com capitalização atual de mercado acima de US$ 10 trilhões e a Nasdaq (criada em 1971 e que, a partir da década de 2000, passou negociar ações do setor de alta tecnologia, como software, biotecnologia etc.) com capitalização atual de mercado acima de US$ 4 trilhões, movimentam juntas praticamente o mesmo que todas as outras bolsas mundiais juntas.

As regiões geoeconômicas dos EUA

Nordeste

O nordeste é a principal concentração urbano-industrial do país. Na região costeira, há quase a formação de uma única megalópole que se estende de Boston até Washington, passando por Nova Iorque, Nova Jersey e Filadélfia. Na região dos lagos, o mesmo ocorre entre Chicago e Pittsburgh, passando por cidades como Detroit, Cleveland, Cincinatti e Indianápolis.

O Manufacturing Belt apresenta industrialização antiga, utilizando-se do sistema fordista. A descentralização industrial em direção ao sul e oeste, apelidou a área de Rust Belt (Cinturão da Ferrugem) – com destaque para a produção siderúrgica próxima de Pittsburgh, por conta da exploração de minério de ferro na região do Lago Superior (Grandes Lagos) e de carvão mineral nos Apalaches. O setor enfraqueceu na região, com usinas movidas atualmente para regiões mais ao sul, próximas do porto de Saint Louis, para o estado da Califórnia e também para o México.

No setor agropecuário, importantes cinturões, como o de hortifrutigranjeiros – Green Belt e o da pecuária leiteira – Dairy Belt. Estados como Vermont são famosos pela produção de leite e derivados.

O turismo é outra importante atividade econômica da região, destacando a atuação de Nova Iorque, mas também atingindo toda a costa, até Washington, além da região dos Lagos.

Sul e sudeste

O sul e sudeste apresentam grande importância econômica em relação ao setor industrial com a presença do Sun Belt – setor aeroespacial em Houston no Texas (onde está a sede da NASA, por exemplo). O principal porto norte-americano, em Saint Louis, na Louisiana, recebe produtos do mundo todo e exporta para o globo. Indústrias mais tradicionais ao norte, como a automotiva, nos anos recentes instalou-se na região sul, visando lucrar com a mão-de-obra relativamente mais barata, facilidade logística e acesso da novos mercados consumidores, mesmo dentro do país.

A agropecuária apresenta criação de bovinos de corte no Texas é uma das mais renomadas do mundo, beneficiada pelo clima mais quente. Diversificada, a agricultura na região está centrada em dois principais eixos: culturas tropicais como o algodão – Cotton Belt – e a cultura da cana e cítricos – Fruit Belt, com destaque para a laranja.

Exploração de petróleo no Golfo do México e Texas levou ao desenvolvimento dos setores petrolífero e petroquímico. Um vasto parque industrial produz tudo em termos de derivados – desde gasolina e diesel até plásticos, itens de química fina, pneus e outros. Na Flórida, o clima tropical cria o cenário para um dos maiores parques turísticos do mundo.

Meio-oeste

O meio-oeste apresenta-se como a principal área agrícola do país – planície central, solos férteis, bacia Mississipi-Missouri, clima favorável e pradarias, que favoreceram o desenvolvimento dos cinturões do trigo – Wheat Belt e do milho – Corn Belt. Forte presença da agroindústria. O trigo e o milho são a base da indústria alimentícia norte-americana, juntamente com a soja.

Oeste

O oeste apresenta relevo montanhoso – Montanhas Rochosas e os climas árido e semiárido, além do grande potencial hidrelétrico das bacias dos rios Colorado e Colúmbia. Desde os tempos do “Velho Oeste”, a região possui destaque na pecuária, principalmente de bovinos e equinos – é o Ranching Belt, que se desenvolveu na região graças à presença de estepes e pradarias.

A formação rochosa e a hidrografia vasta também criou espaço para a mineração. Nessa região, há quase 200 anos, aconteceu a famosa “Corrida do Ouro”. Além de minérios comerciais, a região é historicamente rica em ouro, prata e outros metais e minérios de grande valor.

Costa oeste

A costa oeste apresenta o Sun Belt, destacando a Califórnia, pela presença de setores de alta tecnologia (informática, aeroespacial, microeletrônica). O Silicon Valley (Vale do Silício) é talvez hoje a região mais rica do mundo – onde estão sediadas algumas das empresas mais valiosas do planeta e ccom uma economia de alta tecnologia, um mercado imobiliário poderoso e um potencial de produção intelectual sem igual no mundo.

Estado mais populoso do país, a Califórnia possui também a economia mais variada. Ali está o centro da indústria cinematográfica do país, e ao mesmo tempo os grandes produtores e vinho, laranja e outros bens agrícolas.

Qual fator auxiliou os Estados Unidos a ser a principal economia no Pós
Regiões geoeconômicas dos EUA

Referências

  • ARAUJO, Regina; MAGNOLI, Demétrio. Projeto de ensino de geografia. São Paulo: Moderna, 2000.
  • GEORGE, Pierre. Geografia dos Estados Unidos. Campinas: Papirus,1990.

Por: Carlos Artur Matos

Veja também:

  • Geografia dos Estados Unidos
  • Economia do Canadá
  • Economia da China
  • Economia da Europa
  • Economia do Brasil

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O New Deal foi um programa de recuperação econômica realizado no governo de Franklin Delano Roosevelt e tinha como principal objetivo reerguer a economia norte-americana após a crise de 1929, por conta da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

Que fatores fizeram com que os Estados Unidos se tornassem uma potência mundial após 1945?

O crescimento da economia norte-americana também foi propiciado por acontecimentos históricos como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) momento em que a Europa se encontrava em reconstrução, então os EUA forneceram empréstimos e mercadorias, resultando num gigantesco crescimento ...

Por que os Estados Unidos são a maior economia do mundo?

Um dos principais motivos que conduziram os Estados Unidos a se despontarem como potência mundial foi o financiamento ou o empréstimo que a nação forneceu aos países europeus para a reconstrução das nações destruídas pela guerra, esse processo foi denominado de plano Marshall.

O que move a economia dos Estados Unidos?

A economia norte-americana funciona totalmente dentro dos parâmetros capitalistas. Com um mercado consumidor interno forte, a produção dos Estados Unidos também visa as exportações. O país produz grande quantidade de gêneros agropecuários, porém se destaca na produção de produtos industrializados e tecnologia.