Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?

Para se compreender a importância de Carlos Drummond de Andrade, é preciso encarar sua obra poética sob dois aspectos distintos, embora complementares. Primeiramente, é preciso considerá-la sob a perspectiva da história da literatura brasileira, compreendendo a contribuição que lhe fez o poeta. Em segundo lugar, pelos valores que ela tem por si só, intrinsecamente, os quais devem comprovar a grandeza do escritor e a excelência de seu modo de usar a língua portuguesa, bem como a universalidade e a atualidade permanente de seus textos.

Do ponto de vista histórico, o Modernismo brasileiro – inaugurado na Semana de Arte Moderna de 1922 – surgiu com a intenção de romper com a tradição literária que vigorava no país desde os tempos coloniais e seguia os modelos clássicos europeus. A vanguarda modernista se insurgiu contra isso de modo crítico e destrutivo, desprezando as formas poéticas convencionais, tais como os versos metrificados, as rimas, os sonetos, os lugares-comuns do lirismo, etc.

Era preciso buscar o novo para falar à sensibilidade do homem moderno. Nessa busca, autores como Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo e Raul Bopp pretenderam ainda expressar a nossa identidade nacional, valorizando, basicamente, a linguagem e a cultura popular. A ideia era provocar a sensibilidade da época, moldada na poesia do Parnasianismo, que cultivava uma língua artificial, erudita e grandiloquente.

É no panorama da 1ª geração modernista, que Drummond desponta como poeta no final da década de 1920. Mas ele pertence a uma nova geração que quer imprimir novos rumos ao Modernismo. Sua poesia, em termos formais, também se alinha à ruptura com o passado. Entretanto, em termos de conteúdo, ela vai além, não se limitando à necessidade de inovar e de afirmar a identidade nacional.

Em seus poemas, Drummond desenvolve uma reflexão de caráter existencial, questionando a posição do indivíduo num mundo que se tornava cada vez mais artificial e tecnológico, assolado por guerras e pelo surgimento de armas como a bomba atômica. Nesse sentido, ele deu densidade e universalidade à poesia moderna brasileira.

Além disso, sua obra abrange grande multiplicidade de temas e de situações do cotidiano, que o poeta apresenta por meio do filtro da sua subjetividade. As circunstâncias – ou a ausência delas – são recriadas em poesia, mas sempre de maneira inesperada, como se o poeta conseguisse extrair certa beleza melancólica das coisas mais improváveis e dos fatos mais banais.

Ao mesmo tempo, seus poemas não deixam de apresentar um certo desencanto com a vida, traduzido sob a forma de humor e ironia, mostrando que a existência humana oscila entre a tragédia e a comédia. Contudo, como sua carreira literária se estendeu por mais de 30 anos, é verdadeiramente impossível caracterizá-la de um modo breve.

Drummond foi um escritor extremamente versátil, que, em termos de conteúdo, acompanhou os problemas individuais e sociais que sua época lhe apresentou, mas mostrando-os por uma perspectiva pessoal e humana, que a mantém sempre atual. Afinal, desde a Antiguidade, são temas universais, por exemplo, a perplexidade do indivíduo diante de um mundo quase sempre hostil, seus sentimentos pelas pessoas e pelas coisas, o amor, a solidão e a morte.

Em termos de linguagem, Drummond escreveu em versos livres, sem preocupação com métrica e rima, manejando o idioma português com elegância e precisão. Seu estilo é, ao mesmo tempo, sofisticado e simples ou até mesmo popular. Traduzia para o português do Brasil, sem nenhum preciosismo ou pedantismo linguístico, os temas que punha em foco, fossem eles triviais ou metafísicos.

Se escreveu poemas alinhados com a vanguarda modernista, também compôs textos que se enquadram no Concretismo, uma das últimas tendências da poesia brasileira no século 20. Se abordou temas do cotidiano, também os deixou de lado para atingir questionamentos filosóficos ou reflexões metalinguísticas. Reflexões que muitas vezes estão expressas numa simples quadrinha ou mesmo num soneto, mas que têm a profundidade de um tratado de metafísica ou de estética.

Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, no período entre 11 de fevereiro e 18 de fevereiro no Teatro Municipal de São Paulo, na mesma cidade. Durante os sete dias que de exposição, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano. Foram expostos quadros e artes consideradas modernista, em relação a época, foram apresentadas poesia, música e palestras sobre a modernidade, que deixou alguns ilustres escritores e artistas de renome indignados.

1. Modernismo pelo mundo

A industrialização, os avanços tecnológicos do final do século XIX e início do XX, contribuíram para a urbanização de muitas nações. As populações das grandes cidades mudaram seus costumes e as artes acompanharam estas mudanças.

As inovações da II Revolução Industrial, estimularam o consumo capitalista ainda mais. A fabricação em série diminuiu os custos do produto final, estimulando o comércio. Inventos como como o telégrafo, telefone, rádio, cinema, navio a vapor, estradas de ferro e automóvel aproximaram as pessoas. A fotografia, substituía os quadros de retrato. Além de ser novidade, mais barata representava uma realidade maior que a pintura. Neste contexto, os pintores tiveram que inovar, pararam de tentar imitar a realidade e sim interpretara a realidade, um grande exemplo é o pintor espanhol Pablo Picasso.

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?
Em Guernica, Pablo Picasso demonstra os horrores do bombardeio de sua cidade durante a Guerra Civil Espanhola, ao mesmo tempo  que expõe os avanços tecnológicos do período.

Picasso é um pintor que adotou o estilo chamado de cubismo, devido suas formas geométricas. Contudo surgiram outras formas de expressão de arte, como o impressionismo e o dadaísmo. Estas novos estilos, são chamados de vanguardistas, pois trouxeram uma nova forma de representar a realidade.

O surgimento das grandes cidades, com suas características, juntamente com o contato entre as diversas classes sociais, foram um prato cheio para os artistas da época. Estes novos modos de vida, trouxeram novas percepções da realidade, muito bem captada pelos artistas. Os artistas da época se interessavam pelo presente, descrevendo as mudanças sociais e pelo futuro, por aquilo que era moderno, por isto ficaram conhecidos como modernistas.

Outro fato inovador, do movimento modernista, foi a forma com que trataram a cultura "periférica", produzida fora do eixo Europa-EUA. O que antes era tratado como  arte primitiva, recebeu atenção especial pelos vanguardistas.

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?

2. Modernismo brasileiro

O movimento modernista surgiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
Anita Malfatti, que chegara da Europa, vivenciou no velho continente experiências vanguardistas que marcaram intensamente seu trabalho. Em 1917, ela realizou, o que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de grandes críticas de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna, que se realizaria 5 anos depois.

Uma nova forma de arte
Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas brasileiros. Tarsila do Amaral juntou-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, formando o "Grupo dos Cinco", que lançou a Semana de Arte Moderna e demostrou toda esta inovação ao público brasileiro. 

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?
Abaporu, de Tarcila do Amaral

A Semana representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora na ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com “a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual”, como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922.

A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade artística brasileira própria e de uma maneira mais livre de expressão. Sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura. Contudo, como toda inovação, não foi bem aceita pela elite econômica da época.

Uma semana de exposições
A Semana de Arte Moderna, foi realizada  no Theatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Cada dia correspondia a um festival: pintura e escultura; literatura e poesia; música.

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?
Operários, de Tarcila do Amaral

Pintura e escultura

No dia 13, Graça Aranha proferiu a conferência A emoção estética na arte, elogiando os trabalhos expostos, ao mesmo tempo que criticava a Academia Brasileira de Letras e exaltava os artistas expositores, como agentes atuantes na "libertação da arte".
Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?
Daisy , de Victor Brecheret 

Entre os pintores e desenhistas, encontravam-se: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros. Entre os arquitetos, encontravam-se:  Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel. Entre os escultores, encontravam-se: Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg.


Literatura e poesia

No dia 15, Oswald de Andrade leu alguns de seus poemas e Mário de Andrade fez uma palestra, chamada de A escrava que não é Isaura, onde se evocava o "belo horrível" e evocava a necessidade do abrasileiramento da língua portuguesa e a volta ao nativismo. Contudo, as maiores emoções ocorrem quando Ronald de Carvalho lê um poema de Manuel Bandeira, o qual não comparecera ao teatro por motivos de saúde, estava com tuberculose, Os sapos, gerando várias manifestações manifestação contrárias do público. Trata-se de uma ironia corrosiva aos parnasianos, que ainda dominavam o gosto do público que reagiu com vaias e gritos interrompendo a sessão. 
Entre os escritores encontravam-se: Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX. 

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
'- Meu pai foi à guerra
- Não foi! - Foi! - Não foi!' O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado
Diz: - 'Meu cancioneiro
É bem martelado*.'

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento* sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinqüenta anos
Que lhe dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma. Clame a sapataria
Em críticas céticas:
'Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...'

Brada de um assomo
O sapo-tanoeiro:
'A grande arte é como
Lavor de Joalheiro'

Urra o sapo-boi:
'- Meu pai foi rei - Foi!
- Não foi! - Foi! - não foi!'
               Os sapos, de Manuel Bandeira

Música

Qual foi a intenção dos artistas modernistas em inovar a arte brasileira?
No dia 17, a reação hostil não poupou nem mesmo Villa-Lobos. A música estava representada por autores consagrados. Entre os músicos, encontravam-se: Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.

Qual a intenção dos artistas modernistas em inovação a arte brasileira?

O objetivo do movimento modernista era romper com o tradicionalismo e se livrar dos paradigmas e das regras sobre como fazer arte que prevaleciam no momento. O Modernismo no Brasil apareceu como um movimento que prezava pela independência e valorização da cultura cotidiana brasileira.

Qual o principal objetivo da arte no Modernismo?

O seu objetivo era renovar o ambiente artístico-cultural e mostrar o que havia na escultura, arquitetura, música e literatura brasileira do momento.

Qual foi a intenção dos modernistas com a Semana da Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Música, poesia, pintura, dança, entre outros foram apresentados durante o período. Apesar de inspirações europeias, a proposta foi explorar a brasilidade e valorizar o território nacional como berço de inspiração cultural.

O que os artistas modernistas defendiam para a criação das obras?

Os artistas dessa fase defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; o fim do nosso complexo de colonizados; uma crítica ao nosso passado histórico; e o fim do apego aos valores estrangeiros. Logo, tudo está relacionado ao nacionalismo, mas com uma visão crítica da realidade brasileira.