Qual foi a obra máxima de Aleijadinho realizadas entre 1.800 e 1805 na escadaria externado Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Congonhas MG?

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Qual foi a obra máxima de Aleijadinho realizadas entre 1.800 e 1805 na escadaria externado Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Congonhas MG?

Histórico
Entre os anos de 1800 e 1805, sexagenário e bastante enfermo, o artista mineiro Aleijadinho (1730-1814), realiza o conjunto de esculturas monumentais que marcaria definitivamente sua obra. Seu último projeto de vulto, os 12 profetas em pedra-sabão de tamanho quase natural, feitos para o adro dianteiro do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas Gerais, são um dos exemplos mais contundentes do desenvolvimento do barroco no Brasil, e talvez a sua última grande manifestação.

O santuário mineiro começa a ser construído como pagamento de uma promessa feita pelo fiel português Feliciano Mendes em 1757. Espelhando-se no Santuário do Bom Jesus de Braga, Mendes, o primeiro ermitão,1 escolhe o Morro do Maranhão para edificação da nova igreja com o objetivo de transformá-lo em local de devoção à via-sacra de Cristo. Somente em 1796, na administração de Vicente Freire de Andrade, Aleijadinho é chamado a colaborar na obra. Com a assistência de auxiliares, executa até 1799 as 64 figuras em madeira, em tamanho natural, destinadas às seis capelas dos Passos da Paixão. Nesse ano solicitam-lhe as 12 esculturas em pedra-sabão, representando os profetas, destinadas à ornamentação do adro do santuário. Aleijadinho é responsável apenas pela parte escultórica do pátio, sendo o projeto arquitetônico de responsabilidade de Tomás de Maia Brito. Análises técnicas revelam que pela concepção arquitetônica original do adro as estátuas deveriam ter dimensões menores e serem colocadas em posição frontal. Aleijadinho transcende os dados previstos na arquitetura e cria um novo espaço subordinado à movimentação e ao tamanho de suas esculturas.

O conjunto de 12 profetas de Congonhas configura-se como uma das séries mais completas, da arte cristã ocidental, representando profetas. Estão presentes os quatro principais profetas do Antigo Testamento - Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, em posição de destaque na ala central da escadaria - e oito profetas menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida na ordem do cânon bíblico. Nos três planos do átrio, esculturas ordenam seus gestos simetricamente em relação ao eixo principal da composição. Abrindo a representação, estão Jeremias e Isaías de frente e atrás deles, no primeiro patamar, Baruc e Ezequiel. No terraço do adro encontram-se Daniel e Oséias, de perfil. Mais além, Jonas e Joel dão-se as costas e, finalmente, nos ângulos curvilíneos do pátio, Abdias e Habacuc erguem um dos braços, e nas extremidades do arco Amós e Naum apresentam-se de frente. Organizado segundo um jogo de correspondências, os profetas formam um conjunto unitário e ao mesmo tempo diversificado em suas partes, em perfeita organização cenográfica. Apesar da força expressiva de cada peça, é na comunicação estabelecida pela visão do grupo que a eloqüência de cada gesto atinge sua plenitude, como num ato de balé.

Analisadas individualmente, as figuras dos Profetas em Congonhas apresentam deformações anatômicas ou acabamentos desiguais que indicam a colaboração do ateliê de Aleijadinho. No entanto, a força do conjunto e seu poder de integração superam as avaliações individuais das obras. Sobre a iconografia das imagens, o historiador francês German Bazin aponta uma série de gravuras florentinas anônimas do quattrocento como fonte do artista mineiro. Em suas esculturas encontram-se o mesmo traço goticizante, como os panejamentos quebrados e em ângulos retos, e os elementos exóticos, como os barretes em forma de turbante "à moda turca". No entanto, é preciso ter em vista que a iconografia profética é cunhada na Idade Média, momento em que a representação dos profetas aparece sempre com o filactério (faixa de pergaminho com passagens bíblicas) e com a gesticulação eloqüente e vivaz. A pintura flamenga, em fins da era medieval, introduz os elementos "orientais" nessa iconografia. São comuns profetas com vestimentas exóticas na arte portuguesa entre 1500 e 1800, como é o caso das figuras no Santuário de Braga.2

Pelo menos dez dentre os 12 profetas apresentam o mesmo tipo fisionômico jovem de traços elegantes com rostos estreitos, bochechas encovadas e maçãs do rosto salientes, barbas aparadas e longos bigodes.  Apenas Isaías e Naum são envelhecidos e de bardas longas. Também no que diz respeito às vestes, todos trajam túnicas longas ou curtas cobertas com pesados mantos bordados nas bordas - à exceção de Amós, o profeta-pastor que traz manto semelhante aos casacos de pele de carneiro e gorro usado por camponeses da região do Alentejo. A escultura de Daniel com o leão a seus pés destaca-se do grupo. Muitos acreditam que, pela perfeição de seu acabamento, é uma das únicas esculturas inteiramente realizada pelo mestre mineiro.

Notas
1 Indivíduo que cuida de uma ermida (pequena igreja ou capela em lugar ermo ou fora de uma povoação).
2 Na tentativa de buscar novas fontes para os profetas de Congonhas, o estudioso Robert Chester Smith observa que em Portugal, nos séculos XVII e XVIII, há numerosos exemplos de figuras orientais do Velho Testamento em azulejos policromados e em escultura, possivelmente conhecidos pelo Aleijadinho.

Fontes de pesquisa 4

  • BAZIN, Germain. O Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1971.
  • DAVENPORT, Nancy. Fontes européias para os Profetas de Congonhas do Campo. In: ÁVILA, Affonso (org.). Barroco: teoria e análise. Tradução Sérgio Coelho, Pérola de Carvalho, Elza Cunha doe Vincenzo. São Paulo: Perspectiva. 556 p., il. p&b foto. (Styllus, 10).
  • OLIVEIRA, Myriam Andrade R de. Escultura colonial brasileira: um estudo preliminar. In: ÁVILA, Affonso (org.). Barroco: teoria e análise. Tradução Sérgio Coelho, Pérola de Carvalho, Elza Cunha doe Vincenzo. São Paulo: Perspectiva. 556 p., il. p&b foto. (Styllus, 10).
  • OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. Aleijadinho: passos e profetas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1985. 71 p. (Coleção Reconquista do Brasil. 3ª Série Especial; v. 2).

Como citar

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:

  • PROFETAS do Aleijadinho. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra53449/profetas-do-aleijadinho. Acesso em: 07 de outubro de 2022. Verbete da Enciclopédia.
    ISBN: 978-85-7979-060-7

Qual foi a obra máxima de Aleijadinho realizadas entre 1800 e 1805 na escadaria externado Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Congonhas MG 5 pontos?

“Doze profetas” no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, foi construído por Aleijadinho entre 1800 e 1805.

Quais obras Aleijadinho fazem parte do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos?

Batismo de Cristo (painel lateral da nave), 1777. ... .
Ceia, 1795 Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural. ... .
Colocação na Cruz, 1796 Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini. ... .
Coroação de Espinhos, 1796 Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini. ... .
Cristo carrega a cruz (painel lateral da nave), 1777..

Qual foi a obra mais importante de Aleijadinho?

As principais Obras de Aleijadinho.
Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei..
Projeto para a fachada da Igreja de São Francisco em São João del-Rei..
Cena do carregamento da cruz, na Via Sacra de Congonhas..
Detalhe do Cristo carregando a Cruz, naVia Sacra de Congonhas..

Quem construiu o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos?

Aleijadinho deixou a sua marca em Congonhas e o trabalho é absolutamente emocionante. O Santuário foi fundado pelo português Feliciano Mendes em pagamento a uma graça alcançada.