Qual o agente etiológico da tuberculose bovina?

A tuberculose bovina é uma doença de caráter crônico, de notificação obrigatória, que infecta ruminantes, suínos, aves, animais silvestres e humanos. É causada pelo Mycobacterium bovis e Mycobacterium avium acarretando em perdas econômicas significativas além de ser uma das mais importantes zoonoses de relevância para a saúde pública, por isso órgãos oficiais lançam mão de programas de controle e erradicação visando reduzir a prevalência deste problema em todo o país.

É uma doença de evolução muito lenta, com sinais clínicos pouco frequentes. Quando estão presentes são variáveis e inespecíficos. Em estágios avançados, os bovinos podem apresentar caquexia progressiva, hiperplasia de linfonodos superficiais e/ou profundos, dispneia, tosse, mastite, infertilidade, entre outros, dependendo do local das lesões.

As lesões frequentemente encontradas em quadros de tuberculose são o saco pericárdico espesso com acúmulo de material granulomatoso, aderido ou não, a tecidos adjacentes. No pulmão pode-se evidenciar aumento de volume pulmonar, espessamento da pleura e presença de nódulos de diferentes tamanhos. Esses nódulos apresentam necrose caseosa, com áreas de calcificação ao corte, podendo estar localizados nos pulmões, linfonodos, no fígado e rins.

Bovino, saco pericárdico, recoberto por tecido fibrinoso, aderido ao pulmão e as costelas.

Bovino, linfonodos, granulomas amarelo esbranquiçadas, ao corte, duros com ranger de faca.

Para diagnóstico o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) relata que amostras do tecido frescas podem ser fixadas em lâmina e coradas pelo método de Ziehl-Neelsen, para observação de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR). Entretanto, a sensibilidade do método é baixa. O resultado positivo sugere fortemente tratar-se de Mycobacterium, mas não é possível identificar a espécie, necessitando de testes mais apurados, como isolamento bacteriano ou técnicas moleculares.

A única forma eficiente de diagnosticar é mediante a tuberculinização, esta consiste em inocular, intradermicamente, tuberculina que é uma proteína extraída da cultura do Mycobacterium spp.. Se o animal estiver infectado se produz uma reação de hipersensibilidade do tipo IV no local da inoculação, evidenciada por edema e aumento de volume.

Bovino, fígado, nodulações amarelo esbranquiçadas, firmes ao corte.

Bovino, omento, aderência fibrinosa ao fígado.

O controle é baseado na erradicação, na realização periódica do teste de tuberculina e abata de animais dos animais que reagirem posteriormente. A legislação Brasileira não prevê tratamento dos animais reagentes. O controle da doença se baseia no objetivo do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, que se baseiam nas estratégias: certificar propriedades livres, certificar propriedades monitoradas, controle de transito de animais, credenciamento de médicos veterinários e educação sanitária, todos estes acompanhados pelo serviço oficial.

Referências

MAPA – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal – PNCEBT. Manual Técnico, 2006. McGAVIN, M. D. Bases da patologia em veterinária. Rio de Janeiro. Elsevier, 2013.

OLIVEIRA, L. E. D.; NONATO, I. A.; NASCIMENTO, G. A. M.; NASCIMENTO, A. A. T.; SERRANO, M. T. L.; CARVALHO, G. D. Tuberculose bovina: Relato de caso. JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal, 2012.

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