Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

Por: Prof. Renato G. Martini

Está mais do que comprovado que a atividade física constitui um importante fator de interferência no controle do peso corporal. No entanto, percebe-se pouca aderência aos programas de exercícios por parte da população obesa, que hoje, devido ao sedentarismo e aos hábitos alimentares incorretos, representam um percentual cada vez maior de nossa população.

Inúmeros fatores físicos, sociais e ambientais afetam o comportamento do obeso em relação a prática de atividade física. Experiências anteriores negativas, como sentimento de inadequação; baixa performance; dificuldade de sociabilizar-se com os demais participantes quando a atividade é realizada em grupo; oscilações de ânimo dos obesos, que muitas vezes passam despercebidas, são fatores que podem justificar a recaída nos programas de atividade física.

A descoberta de alguma habilidade física pessoal e a escolha de uma atividade prazerosa, podem favorecer a adaptação do obeso à prática de exercícios físicos.

Além da atividade física regular, adotar um comportamento mais ativo diante de algumas situações do dia-dia como, utilizar com mais freqüência as escadas, andar a pé quando não for necessário o uso de automóvel, lavar o carro, cuidar do jardim, contribui e muito, para aumentar a demanda energética. Esta mudança de comportamento é fator preponderante no tratamento da obesidade.

Seria interessante alertar que embora a prática de atividade física não consiga tornar todos os indivíduos magros, ser ativo pode representar um ganho de diversos benefícios extremamente importantes à saúde.

É necessário ter em mente que para tornar-se um indivíduo ativo, não é necessário tornar-se um atleta. A prática da atividade física, com o objetivo de melhorar os níveis de saúde, requer apenas alguns minutos diários. O mínimo de 20 minutos e o máximo de 60 minutos dependendo do condicionamento do praticante, já é o bastante!

Principais benefícios da atividade física no tratamento da obesidade:

• Melhora a condição física, contribuindo para melhorar os níveis de saúde. A prática da atividade física regular pode reduzir os índices de morbidade e de mortalidade auxiliando no controle de outras patologias associadas a obesidade, como diabetes e hipertensão

• Melhora o estado psicológico, elevando a auto-estima e a autoconfiança, controlando ainda os níveis de ansiedade e depressão.

• Promove o aumento da taxa metabólica de repouso. O consumo energético relacionado com o metabolismo de repouso refere-se à energia necessária para realizar as funções orgânicas básicas e essencias. Um indivíduo ativo, por ativar diversos sistemas do organismo tem aumentada essa demanda energética.

Atividades aeróbias:

Nas atividades de características aeróbias (caminhada, corrida, ciclismo, natação etc… ) ocorre um aumento da utilização de lipídios como fonte de energia, auxiliando assim a redução dos depósitos de gordura e consequentemente na redução do peso corporal.

Atividades anaeróbias:

As atividades que exigem força e resistência muscular, como a musculação, também auxiliam no emagrecimento. Por haver uma solicitação maior da musculatura, estas atividades favorecem de forma significativa o aumento do metabolismo basal e, acompanhadas de algumas restrições alimentares, contribuem ainda mais, na redução da gordura corporal.

Como podemos observar, a atividade física exerce um papel fundamental no tratamento da obesidade e no combate ao sedentarismo, sendo que para se obter sucesso com qualquer que seja a atividade, é necessário que sua prática seja de forma regular e de intensidade moderada, para que não provoque danos à saúde.

A mudança de comportamento, juntamente com a adoção de novos hábitos é sem dúvida o caminho mais seguro para o emagrecimento

Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?
Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

Educa��o F�sica escolar como preven��o e tratamento

para o sobrepeso e obesidade infantil: uma revis�o

Educaci�n F�sica escolar como prevenci�n y tratamiento para el sobrepeso y la obesidad infantil: una revisi�n

Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

 

Mestre em Educa��o

Universidade Cat�lica de Bras�lia

(Brasil)

Marcelo Guido

Jos� Fernando Moraes

 

Resumo

          A obesidade � uma doen�a de etiologia complexa e multifatorial que envolve a intera��o de fatores fisiol�gicos, comportamentais e sociais (SABIA et al., 2004). Esta patologia vem se tornando um problema de sa�de p�blica, pois se trata de uma doen�a com crescente preval�ncia. Pessoas com sobrepeso e obesidade quando comparados aos indiv�duos com peso normal, possuem maior risco de desenvolver diabetes mellitus, dislipidemia e hipertens�o arterial, condi��es que favorecem o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares. J� na inf�ncia, a obesidade, est� relacionada a v�rias complica��es, como tamb�m a uma maior taxa de mortalidade. E, quanto mais tempo o indiv�duo se mant�m obeso, maior � a chance das complica��es ocorrerem, assim como mais precocemente. Esta situa��o fisiol�gica est� associada ao estilo de vida que cada pessoa se insere. Comportamentos, como h�bitos alimentares desregulados, com ingest�o de alimentos com autos teores de gordura, �ndices excessivos de prote�na e carboidratos, e a aus�ncia de pr�ticas de exerc�cios f�sicos regulares que sejam capazes de superar o controle cal�rico, s�o respons�veis pelo surgimento da obesidade, independente da idade. Em crian�as o mundo atual tem oferecido uma s�rie de op��es que facilitariam esse resultado: alimentos industrializados, �fast-foods�, televis�es, videogames, computadores, entre outros, podem constituir um ambiente bastante favor�vel ao aumento da preval�ncia da obesidade. Entretanto, programas educacionais para ampliar o conhecimento da crian�a sobre nutri��o e sa�de, bem como para influenciar de modo positivo a dieta, a atividade f�sica est�o sendo criados e parecem ter um maior efeito para reduzir problemas de sa�de relacionados � obesidade. As iniciativas de preven��o do sobrepeso e obesidade devem ser iniciadas antes da idade escolar e mantidas durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, para que se tornem mais eficazes. Nesse sentido, o conte�do das aulas educa��o f�sica escolar n�o devem estar voltados, exclusivamente, para o aprendizado de pr�ticas esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcan�arem metas voltadas � educa��o para a sa�de, mediante sele��o, organiza��o e desenvolvimento de experi�ncias que possam propiciar aos educandos n�o apenas situa��es que os tornem crian�as e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saud�vel ao longo de toda a vida.

          Unitermos

: Obesidade. Estilo de vida. Educa��o f�sica escolar.  
Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 15 - N� 146 - Julio de 2010

Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

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Introdu��o

    A obesidade � uma condi��o cr�nica que aumenta a morbidade muitas doen�as e a mortalidade por todas as causas. � caracterizada pelo excesso de tecido adiposo que ocorre pelo balan�o energ�tico positivo de forma cr�nica, neste caso a ingest�o cal�rica ultrapassa o gasto cal�rico. � uma doen�a de etiologia complexa e multifatorial que envolve a intera��o de fatores fisiol�gicos, comportamentais e sociais. De acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), esta patologia est� em crescente preval�ncia, o que a faz ser encarada como um problema de sa�de p�blica, (ROMERO; ZANESCO, 2006). Contudo, � uma doen�a que deve ser combatida, n�o somente pelos seus altos �ndices de incid�ncia, mas principalmente pelas suas conseq��ncias � sa�de.

    Pessoas com sobrepeso e obesidade quando comparados aos indiv�duos com peso normal, possuem maior risco de desenvolver diabetes mellitus, dislipidemia e hipertens�o arterial, condi��es que favorecem o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares (COLDITZ et al.,1995; VAN GAAL et al., 1999; KAPLAN, 1998; GARRISON et al., 1996 ). A obesidade, j� na inf�ncia, est� relacionada a v�rias complica��es, como tamb�m a uma maior taxa de mortalidade. E, quanto mais tempo o indiv�duo se mant�m obeso, maior � a chance das complica��es ocorrerem, assim como mais precocemente (SERDULA et al., 1993).

    Em rela��o � obesidade, um estilo de vida n�o saud�vel parece ser um dos principais fatores para a causa e suas conseq��ncias relacionadas. A aus�ncia de atividade f�sica e a dieta inadequada est�o fortemente associadas � obesidade (SICHIERI, 1998). No caso das crian�as, o mundo atual tem oferecido uma s�rie de op��es que facilitariam esse resultado: alimentos industrializados, �fast-foods�, televis�es, videogames, computadores, entre outros, podem constituir um ambiente bastante favor�vel ao aumento da preval�ncia da obesidade (ROBINSON, 1999).

    As iniciativas de preven��o do sobrepeso e obesidade devem ser iniciadas antes da idade escolar e mantidas durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, para que se tornem mais eficazes. Portanto a fun��o proposta aos professores de educa��o f�sica � a de incorporarem nova postura frente � estrutura educacional, procurando adotar em suas aulas, n�o mais uma vis�o de exclusividade � pr�tica de atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcan�arem metas voltadas � educa��o para a sa�de, mediante sele��o, organiza��o e desenvolvimento de experi�ncias que possam propiciar aos educandos n�o apenas situa��es que os tornem crian�as e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saud�vel ao longo de toda a vida.

    Entretanto h� na literatura conclus�es adversas sobre o real papel da educa��o f�sica na forma��o da educa��o para a sa�de, assim como, diverg�ncias sobre o conte�do adequado para este fim, qual seria a melhor estrat�gia fora e dentro de sala para se alcan�ar um estilo de vida saud�vel que perdure por toda a vida do indiv�duo. Nesse sentido o estudo teve por objetivo verificar o papel da educa��o f�sica na preven��o e tratamento do sobrepeso e obesidade causados por um estilo de vida n�o saud�vel.

Obesidade: conceito, preval�ncia e conseq��ncias

    A obesidade � definida como ac�mulo excessivo de gordura em regi�es espec�ficas ou no corpo como um todo. � uma doen�a de etiologia complexa e multifatorial que envolve a intera��o de fatores fisiol�gicos, comportamentais e sociais (SABIA et al., 2004). Esta patologia vem se tornando um problema de sa�de p�blica, pois se trata de uma doen�a com crescente preval�ncia. De acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) o n�mero de obesos entre os anos de 1995 e 2000 passou de 200 milh�es para 300 milh�es, perfazendo cerca de 5% da popula��o mundial (ROMERO e ZANESCO, 2006).

    Nos Estados Unidos � obesidade atinge cerca de 28% das mulheres e 24% dos homens. Na Inglaterra esses valores s�o respectivamente, 21% e 17%, enquanto, na Alemanha, 19% e 18%. Comparando-se os dados de quatro estudos realizados entre os anos de 1963 a 1980, envolvendo crian�as e adolescentes dos EUA, na faixa de 6 a 17 anos, chegou-se � conclus�o de que a obesidade cresceu aproximadamente 18 a 30% nos meninos entre 6 e 11 anos; de 17 a 25% nas meninas da mesma faixa; de 15 a 18% nos meninos de 12 a 17 anos; e 16 a 25% nas meninas da mesma faixa et�ria (DIETZ, 1986). No Jap�o, a obesidade, em crian�as de 10 anos, cresceu de 3-3,5%, em 1968, para 8-9%, em 1992 (KANDA et al., 1997).

    No Brasil, assim como na maioria dos pa�ses em desenvolvimento, a preval�ncia de sobrepeso e obesidade na popula��o em geral e em crian�as em particular, ainda � maior na popula��o economicamente mais favorecida, ao contr�rio do que ocorre nos pa�ses desenvolvidos, onde a maioria das crian�as com sobrepeso ou obesas pertencem �s fam�lias de classe econ�mica mais baixa (RONQUE et al., 2005).

    No Nordeste brasileiro, mesmo com sua tend�ncia secular de desnutri��o, nota-se aumento do sobrepeso e obesidade. Numa an�lise considerando estratos sociais no Nordeste e Sudeste do Brasil, observou-se aumento uniforme da obesidade em adultos nas duas regi�es at� 1989. Em 1997 a freq��ncia da obesidade foi maior nas classes m�dia e alta na regi�o Nordeste, enquanto no Sudeste a eleva��o no n�mero de obesos foi maior nas classes menos favorecidas e menor nas classes m�dia e alta, mostrando a influ�ncia do n�vel s�cio-econ�mico na expans�o da obesidade (LE�O et al., 2003).

    H� cerca de 10 anos, acontece uma transi��o da condi��o de maior desnutri��o para maior sobrepeso e obesidade em crian�as, principalmente nas regi�es de melhor desenvolvimento s�cio-econ�mico. Dados de Post et al. (1996) mostraram que em Pelotas, no Rio Grande do Sul, a preval�ncia de d�ficit peso/idade caiu de 5,4% para 3,8% entre os anos de 1982 e 1993, contrastando com a preval�ncia de obesidade (determinada pela rela��o peso/estatura acima de 2 desvios padr�o), que passou de 4% para 6,7% no mesmo per�odo.

    Monteiro et al. (2004) mostraram que, na compara��o dos anos de 1974/75 e 1995/96 na cidade de S�o Paulo, houve queda na preval�ncia de d�ficit de peso/estatura de 5,5% para 0,6%, ao passo que a obesidade teve aumento em sua preval�ncia de 3,2% para 3,8%. Na cidade de Ribeir�o Preto, em 1996, num bairro de classe m�dia baixa havia preval�ncia de d�ficit de peso/idade de 4,2%, do d�ficit peso/estatura de 1,8% e do d�ficit estatura/idade de 5,9%. No Brasil, no mesmo ano, a preval�ncia de d�ficit peso/idade era de 5,7%, de d�ficit peso/estatura era de 2,3%, de d�ficit estatura/idade era de 10,5% e de obesidade era de 4,1% (ALMEIDA et al., 2004).

    Mais recentemente, as observa��es das conseq��ncias da obesidade infantil est�o deixando claro que os problemas causados � sa�de podem surgir t�o precocemente quanto o ac�mulo excessivo de peso, podendo tamb�m influenciar na longevidade do adulto. A resist�ncia � insulina, freq�ente na obesidade, resulta em diminui��o na capta��o de glicose e, conseq�entemente, na diminui��o dos estoques de glicose no m�sculo esquel�tico. Isto provoca bloqueio da termog�nese facultativa como resposta � alimenta��o.

    Pessoas com sobrepeso e obesidade quando comparados aos indiv�duos com peso normal, possuem maior risco de desenvolver diabetes mellitus, dislipidemia e hipertens�o arterial, condi��es que favorecem o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares (COLDITZ et al.,1995; VAN GAAL et al., 1999; KAPLAN, 1998; GARRISON et al., 1996 ). Hubert et al. (1983), mostraram no estudo de Framingham que a obesidade � um fator de risco independente dos demais fatores para a ocorr�ncia de doen�a isqu�mica coronariana e morte s�bita, especialmente em homens abaixo de 50 anos. A maior preval�ncia de hipertens�o na obesidade tem sido atribu�da � hiperinsulinemia decorrente d a resist�ncia � insulina presente em indiv�duos obesos, principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na regi�o do tronco (SELBY et al., 1989)

    Dados mostram que complica��es com a obesidade se manifestam tamb�m na inf�ncia. Wright et al. (2001) apresentaram um estudo que visou verificar se a obesidade na inf�ncia aumentava o risco de obesidade na vida adulta e os fatores de risco associados. Conclu�ram que esse risco existe, mas que a magreza na inf�ncia n�o � um fator protetor para a ocorr�ncia de obesidade na vida adulta. Assim, afirmam que o �ndice de massa corporal (IMC) na inf�ncia correlaciona-se positivamente com o IMC do adulto, e que crian�as obesas t�m maior risco de �bito quando adultos.

    A obesidade, j� na inf�ncia, est� relacionada a v�rias complica��es, como tamb�m a uma maior taxa de mortalidade. E, quanto mais tempo o indiv�duo se mant�m obeso, maior � a chance das complica��es ocorrerem, assim como mais precocemente (SERDULA et al., 1993).

Estilo de vida e obesidade: sedentarismo e h�bitos alimentares

    Estilo de vida � a forma na qual um grupo convive em sociedade e o papel de cada indiv�duo dentro desse grupo. Pessoas possuem necessidades b�sicas como comer, dormir, moradia e etc., no entanto, a maneira com que se realiza estas necessidades � indicadora de valores que constituem estrat�gias de distin��o no meio social.

    Atrav�s desta manifesta��o social criam-se determinados h�bitos e valores que ditam regras e condutas com reflexo direto na forma de viver de cada um. Esse estilo de vida tem �ntima liga��o com a percep��o de o que � sa�de e o que fazer para alcan��-la.

    Nesse sentido Sutherland e Fultan (1992) conceituam sa�de como o produto de um amplo espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida, incluindo um padr�o adequado de alimenta��o e nutri��o, e de habita��o e saneamento, boas condi��es de trabalho; oportunidades de educa��o ao longo de toda a vida; ambiente f�sico limpo; apoio social para fam�lias e indiv�duos; estilo de vida respons�vel; e um espectro adequado de cuidados de sa�de.

    No entanto para a promo��o da sa�de deve-se abranger um conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania, orientados a propiciar a melhoria das condi��es de bem-estar e acesso a bens e servi�os sociais, que favore�am o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favor�veis ao cuidado da sa�de e o desenvolvimento de estrat�gias que permitam � popula��o maior controle sobre sua sa�de e suas condi��es de vida, a n�veis individual e coletivo.

    Em rela��o � obesidade, um estilo de vida n�o saud�vel parece ser um dos principais fatores para a causa e suas conseq��ncias relacionadas. A aus�ncia de atividade f�sica e a dieta inadequada est�o fortemente associadas � obesidade, j� que energia ingerida e n�o gasta, normalmente implica ac�mulo de energia, sob a forma de gordura, traduzindo a obesidade (SICHIERI, 1998). No caso das crian�as, o mundo atual tem oferecido uma s�rie de op��es que facilitariam esse resultado: alimentos industrializados, �fast-foods�, televis�es, videogames, computadores, entre outros, podem constituir um ambiente bastante favor�vel ao aumento da preval�ncia da obesidade (ROBINSON, 1999).

    Amaral e Palma (2001) observaram uma associa��o entre o tempo dedicado � televis�o (TV) com a preval�ncia de obesidade em crian�as com idade entre 10 a 11,9 anos. Tanto meninos quanto meninas relataram dedicar mais de duas horas por dia, a esse passatempo, somando uma carga semanal superior � dedicada a pr�tica de atividades f�sicas. E ainda quando se assiste � TV h� a vontade comer e os alimentos escolhidos costumam ser de alto teor cal�rico e gordurosos.

    O h�bito da pr�tica de atividade f�sica � influenciado na crian�a pelos pais, e quando desenvolvidos nesta fase, tendem a se manter do mesmo modo at� a fase adulta (STRAUSS, 1999). Al�m disso, uma redu��o natural no gasto energ�tico � observada com a moderniza��o, ocasionando estilo de vida mais sedent�rio com transporte motorizado, equipamentos mecanizados que diminuem o esfor�o f�sico de homens e mulheres tanto no trabalho como em casa. De fato, poucas atividades hoje em dia s�o classificadas como muito ativas, enquanto h� algumas d�cadas atr�s, v�rias atividades tinham esta caracter�stica (OMS, 1998).

    � fundamental que crian�as submetidas a uma orienta��o diet�tica sejam capazes ap�s esta interven��o mantenham estes h�bitos alimentares corretos e modifiquem os inadequados. Uma boa orienta��o nutricional deve preconizar uma perda de peso controlada ou a manuten��o do mesmo, ingest�o de nutrientes em quantidades adequadas para a idade e sexo e manuten��o da massa muscular, para que n�o comprometa o crescimento e desenvolvimento destas (EDMUNDS, 2001).

    Com respeito � atividade f�sica, muitos estudos t�m utilizado prescri��es de exerc�cios convencionalmente programados, embora aumentar a atividade como estilo de vida ou reduzir comportamentos sedent�rios possam ser mais efetivos para o controle do peso a longo prazo (EDMUNDS, 2001).

    Programas educacionais para ampliar o conhecimento da crian�a sobre nutri��o e sa�de, bem como para influenciar de modo positivo a dieta, a atividade f�sica e a redu��o da inatividade, est�o sendo criados e parecem ter um maior efeito para reduzir problemas de sa�de p�blica cr�nica relacionados com estilo de vida sedent�rio e padr�o alimentar err�neo.

Educa��o F�sica: estrat�gias de preven��o e tratamento

    As iniciativas de preven��o do sobrepeso e obesidade devem ser iniciadas antes da idade escolar e mantidas durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, para que se tornem mais eficazes. Deve haver um esfor�o significativo no sentido de direcion�-las � preven��o j� na primeira d�cada de vida, pois neste momento � que pode come�ar o interesse, o entendimento e mesmo a mudan�a dos h�bitos dos adultos, por interm�dio das crian�as e adolescentes (SAHOTA, et al., 2001) .

    A pol�tica da escola pode promover ou desencorajar dietas saud�veis e atividades f�sicas, pois se situa no centro das preocupa��es com a educa��o para sa�de. A escola � um local importante onde esse trabalho de preven��o pose ser realizado j� que as crian�as fazem pelo menos uma refei��o possibilitando assim um trabalho de educa��o nutricional, al�m de nela participarem das aulas de educa��o f�sica sendo que se constitui na �nica oportunidade de acesso �s pr�ticas de atividades f�sicas, principalmente para as crian�as de classes sociais mais baixas.

    A educa��o f�sica sendo uma disciplina do componente curricular no sistema educacional brasileiro tem sido justificada com base na abrang�ncia e pseudo-efetividade da pr�tica esportiva no desenvolvimento biopsicossocial e cultural do jovem. Com esta justificativa, n�o restam d�vidas que a maior �nfase nas aulas de educa��o f�sica venha a ser os esportes competitivos, iniciando logo na 5� s�rie, sen�o mais precocemente, e permanecendo durante todo o per�odo de escolariza��o. Contudo verifica-se que este enfoque n�o consegue atender, em toda sua plenitude, as expectativas dos programas de ensino voltados a uma forma��o educacional mais efetiva de nossos jovens.

    Sobretudo na tentativa de modificar esta situa��o, o professor de educa��o f�sica � posicionado como um simples coadjuvante do processo educacional, respons�vel simplesmente por entreter as crian�as e os jovens mediante as chamadas atividades recreativas e orientar exerc�cios f�sicos, onde poderiam desenvolver conjunto de conte�dos que possam verdadeiramente contribuir, em contexto educacional mais amplo, na forma��o dos educandos.

    Nesse sentido, a fun��o proposta aos professores de educa��o f�sica � a de incorporarem nova postura frente � estrutura educacional, procurando adotar em suas aulas, n�o mais uma vis�o de exclusividade � pr�tica de atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcan�arem metas voltadas � educa��o para a sa�de, mediante sele��o, organiza��o e desenvolvimento de experi�ncias que possam propiciar aos educandos n�o apenas situa��es que os tornem crian�as e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saud�vel ao longo de toda a vida.

    A principal meta dos programas de educa��o para a sa�de atrav�s da educa��o f�sica escolar � proporcionar fundamenta��o te�rica e pr�tica que possa levar os educandos a incorporarem conhecimentos, de tal forma que os credencie a praticar atividade f�sica relacionada � sa�de n�o apenas durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, mas tamb�m, futuramente na idade adulta. Neste sentido, as aulas de Educa��o F�sica podem ter um papel que vai al�m das pistas, quadras, piscinas ou gin�sios, sendo o de conscientizar o aluno sobre a import�ncia da pr�tica regular de atividades f�sicas que n�o apenas previnam a obesidade, como tamb�m lhe proporcionem prazer e bem-estar, motiva��o e autoconfian�a.

    No entanto n�o h� necessidade que o professor exponha toda a teoria sobre essa rela��o, mas sim que ensine a pr�tica de atividades que possam beneficiar os alunos em sua atual fase da vida e tamb�m nas fases futuras da adolesc�ncia e da vida adulta. N�o haveria muita dificuldade para um professor de Educa��o F�sica, com um m�nimo de conhecimento e compet�ncia, ensinar durante as pr�ticas de corridas, exerc�cios localizados e outros, o �por que fazer�, o �como fazer�, o �quando fazer�, o �onde fazer� e o �com que freq��ncia fazer�.

    Nahas e Corbin (1992) afirma que para a educa��o f�sica escolar cabe a responsabilidade de prestar servi�os relacionados com a atividade f�sica e desenvolvimento humano. Com uma variedade de objetivos a curto e longo prazo, a educa��o f�sica deve estabelecer prioridades para cada faixa et�ria ou s�rie. O autor prop�e um curr�culo vertical ou desenvolvimentista, onde o primeiro e segundo graus devem ser vistos como uma cadeia de experi�ncias seq�enciais e progressivas. Nos primeiros anos escolares d�-se prioridade ao desenvolvimento motor, sendo os objetivos da aptid�o f�sica considerados secund�rios. Posteriormente, torna-se necess�rio priorizar a educa��o para a aptid�o f�sica e sa�de atrav�s de um bloco s�lido de instru��o te�rico-pr�tica, onde a primeira s�rie do segundo grau parece ser o per�odo apropriado para iniciar esta a��o.

    Em rela��o � natureza das tarefas nos programas de educa��o f�sica, Carlos Neto (1994) defende a generaliza��o de programas recreativos e desportivos na promo��o de estilos de vida ativos. Guedes & Guedes (1993), sugerem pr�ticas relacionadas �s atividades r�tmicas, aos jogos motores e sensoriais, pr�ticas relacionadas � sa�de e � inicia��o desportivas. Horta & Barata (1995) prop�em �s crian�as atividades de car�ter l�dico, tais como marcha, corrida, gin�stica, andar de bicicleta, jogos tradicionais, que contrariem os jogos e atividades com a tend�ncia para o sedentarismo, como jogos de computador e de v�deo.

    J� para os adolescentes, Horta e Barata (1995) sugerem a utiliza��o de atividades com car�ter competitivo, com incid�ncias sobre o aumento da freq��ncia, intensidade e dura��o para garantir maiores repercuss�es cardiovasculares. Horta e Barata (1995), Santos (1998), Gaya et al (1997), por outro lado, sublinham que o aumento da ades�o da popula��o aos programas de exerc�cios, independente da maior ou menor conscientiza��o sobre seus efeitos positivos, passa pela efetiva capacidade de profici�ncia nas atividades f�sicas e desportivas preferidas.

    Assim, Santos (1998) sugere que as atividades das aulas de educa��o f�sica, necessariamente, n�o devem explicitar objetivos referentes � promo��o da sa�de, mas sim objetivos no �mbito do adequado desenvolvimento da cultura esportiva. Segundo o autor uma adequada forma��o desportiva pressup�e m estilo de vida ativo que, por conseq��ncia, acarretaria em n�veis de aptid�o f�sica referenciada � sa�de. Nessa linha Sobral (1988) coloca que uma educa��o desportiva corretamente orientada pode estabelecer h�bitos positivos de vida para todo o sempre. Para isso, a escola tem de transmitir aos jovens as compet�ncias b�sicas, garantir a cada educando m repert�rio de atividades que lhes permita gerir a sua aptid�o f�sica e seu bem-estar geral.

Considera��es finais

    Assim como j� ocorreu com outras doen�as, as pessoas passam a considerar a obesidade como problema apenas quando j� desenvolvida, procurando ent�o terapias de efeito r�pido. N�o h� uma vis�o perspectiva de cuidados e preven��o. Trata-se, sem d�vida, de uma quest�o educacional, de responsabilidade da fam�lia e da escola. Sendo j� um consenso que as formas mais eficientes de preven��o e tratamento s�o dieta e atividade f�sica, cabe principalmente aos pais e educadores f�sicos oferecerem as informa��es e incentivar o consumo de dietas saud�veis e a pr�tica regular de atividades f�sicas.

    A principal meta dos programas de educa��o para a sa�de atrav�s da educa��o f�sica escolar � proporcionar fundamenta��o te�rica e pr�tica que possa levar os educandos a incorporarem conhecimentos, de tal forma que os credencie a praticar atividade f�sica relacionada � sa�de n�o apenas durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, mas tamb�m, futuramente na idade adulta. Informa��es sobre a rela��o da atividade f�sica com as doen�as cr�nico-degenerativas e incentivos mais ostensivos sobre a pr�tica regular de atividades f�sicas deveriam estar entre as prioridades nas aulas de Educa��o F�sica escolar, ao lado da constru��o do conhecimento e desenvolvimento psicomotor.

Referencias

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Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

Qual o papel do profissional de educação física no combate e controle da obesidade?

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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, A�o 15, N� 146, Julio de 2010
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Qual o papel da educação física na prevenção e controle da obesidade?

WILMORE e COSTILL (2001) afirmam que a atividade física é importante tanto para a prevenção como para o controle da obesidade. Além das calorias gastas durante a atividade física, ocorre um gasto substancial de calorias durante o período pós-exercício.

Qual o papel do educador físico na obesidade?

O Educador Físico tem um papel fundamental no combate à obesidade, uma vez que as Atividades de Vida Diárias (AVD's) contribuem cada vez menos para o gasto calórico geral do indivíduo, pelo estilo de vida adquirido e as facilidades ofertadas pelas tecnologias do nosso dia-a-dia.

Como a atividade física e o profissional de educação física contribui para o tratamento da obesidade?

Segundo Reis (2009) o exercício acelera a perda de gordura no corpo, favorecendo a manutenção de massa magra através de exercícios físicos que trabalhem o envolvimento de grandes grupos musculares, combinado com atividade aeróbica, uma alimentação saudável, contribuindo na prevenção e tratamento da obesidade (SANTANA, ...

Quais ações você como professor de educação física pode realizar para combater o sobrepeso e obesidade dos seus alunos?

Sendo já um consenso que as formas mais eficientes de prevenção e tratamento são educação alimentar e atividade física. Cabe principalmente aos pais e educadores físicos oferecerem as informações e incentivar o consumo de alimentos saudáveis e a prática regular de atividades físicas.