Que fatores explicam a maior participação da mulher no mercado de trabalho Quais as dificuldades enfrentadas por elas?

Com o passar dos anos e uma série de transformações na sociedade, algumas prioridades se adaptaram para as mulheres. Se antes, elas pensavam e/ou eram limitadas a apenas constituir uma família e serem mães, hoje firmar-se profissionalmente e conquistar a independência financeira também estão entre seus sonhos. Porém, assim como em um passado não tão distante, as mulheres ainda precisam enfrentar batalhas, como a tripla jornada (trabalhar, cuidar da família e de si), lidar com os assédios, a desigualdade de cargos e salários e a garantia de seus direitos.

Em pleno 2022, conseguir a inserção no mercado de trabalho, consolidar-se e ter perspectivas de crescimento profissional ainda são obstáculos enfrentados pelas mulheres, em níveis mais acentuados que os homens, e que foram intensificados ao longo da pandemia de Covid-19. Por isso, personalidades femininas, como Cecília Meireles, Chiquinha Gonzaga, Chica da Silva, Maria da Penha e Clarice Lispector são algumas fontes de inspiração.

Dados

Segundo o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil - 2ª edição, lançado em 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, em 2019, as mulheres, principalmente as pretas ou pardas, dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas contra 11,0 horas).

A Taxa de Participação, que tem como objetivo medir a parcela da População em Idade de Trabalhar (PIT) que está na força de trabalho, ou seja, trabalhando ou procurando trabalho e disponível para trabalhar, é um dos indicadores que também merecem destaque, pois aponta a maior dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho. Em 2019, a taxa de participação das mulheres com 15 anos ou mais de idade foi de 54,5%, enquanto entre os homens esta taxa chegou a 73,7%, uma diferença de 19,2 pontos percentuais, o que evidencia uma desigualdade expressiva entre gêneros.

O IBGE observa que a ampliação de políticas sociais ao longo do tempo, incrementando as condições de vida da população em geral, fomenta a melhora de alguns indicadores sociais das mulheres, como na área de saúde e educação. “No entanto, não é suficiente para colocá-las em situação de igualdade com os homens em outras esferas, em especial no mercado de trabalho e em espaços de tomada de decisão”.

Que fatores explicam a maior participação da mulher no mercado de trabalho Quais as dificuldades enfrentadas por elas?

Estudo mostra desigualdade de gênero no mercado de trabalho: ter filhos pequenos e o maior envolvimento no trabalho não remunerado são fatores que contribuem para explicar a menor participação das mulheres no mercado de trabalho (Fonte: IBGE 2019)

Ainda de acordo com o IBGE, os dados do informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, de 2019, revelam que uma mulher negra recebe em média cerca de 44,4% da renda média dos homens brancos, que estão no topo da escala de remuneração no Brasil. Nesse contexto, o Global Gender Gap Report 2020 (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero), do Fórum Econômico Mundial, divulgou que o Brasil figura a 130ª posição em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking com 153 países.

Um outro tema alarmante é o trazido pela pesquisa Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho, realizada, em 2020, pelo Instituto Patrícia Galvão. A pesquisa informa que na percepção de 92% dos entrevistados, mulheres sofrem mais situações de constrangimento e assédio no ambiente de trabalho que os homens. Conforme os dados, 40% delas dizem que já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, contra 13% dos homens que vivenciaram a mesma situação. Dentre os trabalhadores que tiveram seu trabalho excessivamente supervisionado, 40% também são mulheres e 16% são homens.

Por conta dessas e de outras questões, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil é o Objetivo 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Este ano, em mensagem no Dia Internacional da Mulher, 8/3, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou. “Não podemos sair da pandemia com o relógio a girar para trás na igualdade de gênero. Precisamos de avançar o relógio dos direitos das mulheres. Chegou a hora!".

Mulheres que inspiram

Entrevista com a coordenadora de Gestão de Pessoas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Verena Maciel Novaes Khazrik

1 - Quais pontos destaca em relação a atuação do RH do IFF/Fiocruz ao longo da pandemia?

Verena: A Gestão de Pessoas teve um papel importante durante a pandemia. Principalmente em relação à saúde de nossos trabalhadores e nas orientações no processo de trabalho, onde tivemos mudanças e muitos desses processos passaram a ser executados de forma virtual. Acredito que atuarmos de forma presencial durante a pandemia também foi um grande diferencial, pois dessa forma conseguimos estar mais perto de nossos trabalhadores, entender as suas necessidades e fazer o acolhimento necessário.

2 - Quais os principais desafios enfrentados na Gestão de Pessoas hospitalar, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Verena: Lidar com as subjetividades dos nossos trabalhadores durante a pandemia, compreender suas necessidades e conciliá-las aos objetivos organizacionais foi um grande desafio. A pandemia chegou, mas o nosso trabalho continuou. Não fechamos as portas e tivemos que aprender a lidar com as novas demandas e desafios. O trabalho extrapolou os muros do IFF/Fiocruz e tivemos que levá-lo para dentro de nossas casas, sendo necessário encontrar o equilíbrio entre a nossa vida profissional e a familiar.

Entrevista com a Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) da Fiocruz, Andréa da Luz Carvalho

3 - O que representa para você estar no cargo de Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz?

Andréa: Representa uma honra e uma oportunidade de elaborar políticas para que os trabalhadores possam de forma segura cumprir sua missão como uma instituição de ciência e tecnologia em saúde.

4 - Quais os principais desafios enfrentados na Gestão de Pessoas da Fiocruz, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Andréa: O principal desafio em toda a pandemia foi implantar ações que garantam a segurança de condições de trabalho para toda a Fiocruz.

Entrevista com a reitora e professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho

5 - Como é a sua relação com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)?

Denise: Tive a honra de participar da banca de trabalho de final de curso dos residentes há alguns anos, além de ter vários colegas e amigos que trabalham no IFF/Fiocruz.

6 - Quais os principais desafios de liderar a maior Universidade Federal do Brasil, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Denise: Liderar a UFRJ é um enorme desafio que eu decidi enfrentar quando me candidatei à Reitoria em 2019. Nunca imaginávamos, no entanto, que enfrentaríamos uma crise sanitária sem precedentes no último século, associada à crise econômica e política no nosso país. Tem sido muito difícil, mas o trabalho tem nos recompensado. Temos certeza de que as instituições públicas de saúde e de ensino e pesquisa foram fundamentais para o enfrentamento da Covid-19 no Brasil. A sociedade reconhece nosso esforço, dedicação e os resultados alcançados.
 

Quais fatores explicam a maior participação feminina no mercado de trabalho?

Acúmulo de tarefas Um dos fatores preponderantes para a conservação desse quadro desigual envolve aspectos históricos, culturais e sociais. As mulheres continuam sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, cuidado com os filhos e demais responsabilidades familiares.

Quais os fatores que dificultam a inserção feminina no mercado de trabalho formal brasileiro?

3 fatores que impedem a ascensão das mulheres na carreira.
Conciliar vida pessoal e profissional. Quase metade (45%) dos entrevistados apontaram o “conflito de prioridades” como o principal fator para que as mulheres não cheguem ao topo da carreira. ... .
Diferença de estilos. ... .
Viés organizacional..

Por que as mulheres enfrentam desigualdades no mercado de trabalho?

As mulheres estudam mais e têm maior nível de instrução, mas possuem formação em áreas que pagam menores salários e ocupam postos de trabalho com menor remuneração. É recorrente ainda observar salários menores para mulheres que ocupam funções idênticas às dos homens.

Quais são as principais barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho para alcançar cargos de liderança?

Em sua visão, isso afeta inclusive o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional..
Resistência à liderança feminina..
Lenta evolução..
'Lidar com homens é diferente'.
Exemplo feminino..
Autoconfiança..
Exemplo feminino..