Que produto foi escolhido por Portugal para dar início à colonização do Brasil?

Atualizado em 10/04/2012, às 16h22.

O período compreendido de 1500 a 1530 é denominado período pré-colonial e se caracteriza pelo desinteresse português em realizar a ocupação do território brasileiro. Isso se explica pelo fato de o comércio com as Índias Orientais estar se desenvolvendo de modo lucrativo. Não se justificava, portanto, investimento de vultosos recursos na dificil exploração de um território além do Atlântico.

No entanto, em 1530, Portugal passou a ser pressionado por outras nações que questionaram o Tratado de Tordesilhas, acordo entre os países ibéricos que determinou a divisão de territórios reconquistados ou descobertos. Tal questionamento teve por objetivo considerar dono da terra o país que efetivamente a ocupasse.

Para Portugal, portanto, era preciso ocupar a terra para não perdê-la, empregando um meio que fosse economicamente viável. A solução encontrada foi o sistema de Capitanias Hereditárias, que dividia a faixa litorânea em lotes horizontais. Cada capitania era entregue a um donatário, pessoa com recursos para assumir o ônus do empreendimento. Esse donatário assumia os riscos da empresa colonizadora e submetia-se às restrições monopolistas que a metrópole reservava para si.

O pacto colonial que determinou o monopólio político de Portugal sobre o Brasil se desdobrou em monopólio produtivo e comercial. A produção que o donatário passou a ser obrigado a desenvolver denominava-se plantation e baseava-se no latifúndio, monocultura, trabalho escravo e produção para o mercado externo.

O produto que iniciou a colonização foi a cana-de-açúcar, considerada uma especiaria na Europa. Portugal detinha a exclusividade comercial sobre o Brasil, tornando-se em pouco tempo o principal produtor mundial de açúcar de cana.

Apesar das restrições a que os donatários se submetiam, esses representantes da coroa no Brasil tornaram-se a elite econômica, usufruindo de status no universo das relações coloniais. Esse status se traduziu também em poder que retornou para as relações familiares dos latifundiários.

O patriarcalismo foi a base da sociedade colonial, onde o pai exercia poder absoluto sobre os membros da família e todos os seus agregados. Sua mulher era submissa às suas ordens, como filhos e escravos. A educação era um privilégio masculino, e as mulheres tinham educação para o lar. Quando se casavam, saíam do domínio paterno para o marital, reproduzindo, assim, o modelo familiar e social que caracterizou o Brasil por vários séculos.

Índice

Introdução

O ciclo da cana-de-açúcar teve início no Brasil no ano de 1530. Durou até 1700 e foi a atividade econômica mais densa e consistente do Brasil Colônia.

Sem dúvida, definiu os rumos da economia e da política brasileira e portuguesa entre os séculos XVI e XVIII, principalmente por ter acompanhado o processo de colonização efetiva da América portuguesa.

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Contexto Histórico

Período Pré-Colonial

Durante o Período Pré-Colonial, o relativo desinteresse português por colonizar o Brasil se deu pela sua atenção total à exploração do comércio com as Índias. Por isso, esse período foi marcado por intensas invasões estrangeiras e por uma atividade econômica extrativista, a exploração do pau-brasil.

Com o declínio do comércio de especiarias, as atenções portuguesas voltaram-se para a América portuguesa, e as constantes tentativas de invasão tornaram-se uma preocupação.

É nesse contexto que, em 1534, o então Rei Dom João III inaugura o sistema das capitanias hereditárias, na intenção de começar o processo de povoamento na colônia.

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Capitanias hereditárias

As capitanias hereditárias já haviam sido implementadas pelos portugueses em outros territórios coloniais, como a Ilha da Madeira e Cabo Verde.

No Brasil, o rei dividiu a faixa litorânea em 15 lotes, 14 capitanias e entregou-as a 12 donatários, nobres portugueses que tinham a posse útil das terras.

A posse das capitanias era passada aos descendentes dos donatários e estes donatários podiam entregar pedaços de terras - as chamadas sesmarias - para terceiros.

O sistema das capitanias hereditárias foi uma estratégia interessante para o governo português, uma vez que povoou a colônia sem grandes custos para o Estado.

Pouco mais de 10 anos depois da doação das terras por parte do rei, o sistema das capitanias hereditárias ainda não funcionava muito bem. Isso porque, a maioria dos donatários não veio para o Brasil imediatamente, deixando buracos vazios no litoral, o que enfraquecia sua função de defesa.

As capitanias viviam, até então, em um regime extremamente desorganizado, com falhas na comunicação entre os donatários e falta de recursos. Mediante a esse cenário, Dom João III acreditou que a solução viria da centralização da administração em uma autoridade real. Foi fundado, assim, em 1548, o chamado Governo-Geral.

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Justificativas para o plantio de cana-de-açúcar

Junto com as capitanias hereditárias e seus donatários, começa o plantio de cana-de-açúcar no Brasil

Os portugueses esperavam que, ao introduzir o cultivo da cana, conseguissem firmar a colonização, garantir a presença portuguesa e, com isso, impedir as invasões externas e ameaças estrangeiras.

Os motivos que levaram os portugueses a optarem pela cana foram:

  • experiência anterior no cultivo;
  • clima e solo favoráveis no Brasil - solo massapê e clima quente e úmido quase que o ano todo;
  • domínio das técnicas;
  • alta lucratividades - o açúcar era considerado uma especiaria fina na Europa e, por isso, altamente lucrativa.

Sendo assim, a cana chegou pelas mãos da expedição de Martim Afonso de Souza e o primeiro engenho da colônia localizou-se na cidade São Vicente, no litoral da atual São Paulo.

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Características

Sistema de cultivo

A cana-de-açúcar era plantada em larga escala em grandes extensões de terra, os chamados latifúndios.

O sistema agrícola era o chamado plantation, presente também na América espanhola. As características fundamentais do plantation são:

  • grandes latifúndios (extensões de terra);
  • mão-de-obra escrava;
  • monocultura (plantio de um mesmo produto em larga escala.

A cana era plantada nos engenhos, que eram pertencentes a senhores que viviam nas chamadas casas grandes. Dentro dos engenhos havia ainda:

  • as senzalas, local onde moravam os escravizados;
  • o senzalas, onde a cana era plantada;
  • a casa da moenda;
  • uma fornalha
  • uma capela.  

Mercado

O pacto colonial determinava que todo açúcar que saísse do Brasil fosse diretamente para Portugal. Sendo assim, a produção de cana era voltada para o mercado externo.

Entretanto, Portugal quase não agregava nenhum lucro no repasse do produto, que era majoritariamente vendido para a Holanda, a quem cabia o trabalho de refinar e passar ao consumidor final.

A Holanda também participou efetivamente desse contexto, uma vez que fazia empréstimos a nobres decadentes portugueses, para que estes pudessem começar suas plantações no Brasil.

Trabalho

A primeira forma de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar foram de indígenas escravizados.

Entretanto, esse sistema não conseguiu se desenvolver. Ao contrário do que o senso comum gosta de afirmar, não foi a fragilidade dos indígenas que não permitiu sua escravização.

Na verdade, por serem povos nativos, a escravização dos indígenas não era rentável para o Estado. Uma vez que não havia comércio, não havia também tributos a serem cobrados.

Além disso, os padres jesuítas - que trabalhavam na catequização dessa população - também eram contra. Uma das justificativas para a escravidão de um indivíduo era justamente o paganismo.

É por isso que, gradativamente, a mão-de-obra indígena foi sendo substituída pela africana, já que:

  • o comércio de escravizados africanos viria a aferir alta receita ao governo português;
  • os grupos étnicos africanos eram considerados povos pagãos;
  • os portugueses já tinham alguma experiência com o plantio da cana em algumas colônias portuguesas, como a Ilha da Madeira. Lá, usavam mão-de-obra africana também.

O fim do ciclo da cana-de-açúcar

Os holandeses desempenhavam papel importante no ciclo da cana no Brasil. Primeiro, faziam empréstimos para que portugueses cultivassem a cana na América Espanhola. Além disso, eram eles quem compravam a maior parte da matéria-prima, refinavam e vendiam o açúcar.

Quando, em meados do Século XVII, foram expulsos do litoral do nordeste brasileiro e, depois de algumas tentativas frustradas de invadir o Brasil, os Holandeses conquistam a região do Caribe.

É nesse momento que começam a plantar sua própria cana-de-açúcar e, entre os anos de 1680 e 1700, param de comprar a cana dos portugueses.

Além disso, passaram a controlar o transporte e comércio do produto e dominaram o mercado consumidor europeu, levando à crise do ciclo da cana-de-açúcar no Brasil.

Com a descoberta do ouro no final do Século XVII, a economia passou a se voltar para a extração do minério, principalmente na região de Minas Gerais.

Exercício de fixação

ENEM/2011

O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.

(CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996)

Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de

A o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso.

B os árabes serem aliados históricos dos portugueses

C a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.

D as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto.

E os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.

Qual foi o produto escolhido pelos portugueses para dar início à colonização do Brasil?

Dessa maneira, o cultivo de cana foi eleito como atividade que impulsionaria a colonização permanecendo como principal produto por mais de dois séculos.

Qual foi o produto escolhido pela Coroa portuguesa?

Antes da efetiva colonização do Brasil, que começou, de fato, na década de 1530 com a montagem do sistema mercantilista, o produto que trouxe maior rentabilidade aos aventureiros, navegantes e primeiros colonos que aqui se instalaram foi o pau-brasil.