Quem ganhou o Estandarte de 2022?

A Grande Rio foi eleita a melhor escola do Grupo Especial, pelo júri do Estandarte de Ouro deste ano. Ao levar para a Avenida a história de Exu, a escola também ganhou melhor bateria, a categoria Fernando Pamplona e enredo. Na última edição do prêmio, em 2020, a agremiação de Duque de Caxias foi vitoriosa em cinco categorias. O Estandarte de Ouro é realizado pelos jornais O Globo e EXTRA com apresentação da Refinaria Refit e patrocínio de Invest.Rio. Desde 1972, o prêmio contempla a renovação, a criatividade e a emoção.

Tradição renovada: Estandarte de Ouro completa 50 edições no ano da volta do desfile das escolas na Sapucaí

A vitória veio não só no ano que marca a volta do carnaval após mais de um ano de Avenida vazia dada a pandemia de Covid-19. Em 2022 o Estandarte de Ouro, prêmio dos jornais O Globo e EXTRA, completa a marca histórica de 50 edições.

— A Grande Rio foi a única que começou a apresentação da escola com bateria. O comando foi da bateria — resumiu Luis Filipe de Lima, violonista, arranjador, produtor musical e pesquisador, que integra o júri.

Reconstrução

O terceiro prêmio para a Grande Rio foi na categoria Fernando Pamplona, criada na última edição, que remete ao carnavalesco pioneiro na criatividade de adaptar materiais baratos para fazer fantasias e alegorias de grande efeito. A alegoria responsável pelo título foi do último carro, a “Fala, Majeté”.

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A escultura sintetiza a ideia de que Exu é um articulador, mediador de mundos. O carro foi totalmente composto por lixo de antigos carnavais — como pedaços de esculturas de outras esculturas, sobras de tecidos e é até oriundo da "destruição" do abre-alas de 2020, usado por estudantes da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ainda foi recolhido material pela Associação de Catadores do Jardim Gramacho. Bruno Chateaubriand defendeu a escolha:

— Alunos da Escola de Belas Artes reaproveitaram o material de outros carnavais. Eles foram aos barracões, inclusive de agremiações da Intendente Magalhães.

A ideia da categoria, segundo o jornalista Marcelo Mello, é pensar nos conceitos de sustentabilidade.

— É agregar material reaproveitável. Reciclar. Pensar em sustentabilidade, ajudar o planeta — diz o jornalista.

Resistência e história

Com o tema "Resistência", o Salgueiro apresentou o carnaval preto e antirracista a partir de espaços representativos da cultura negra carioca. O racismo ruiu, ainda na Avenida, no último carro. No chão, a ala de passistas conquistou o júri do estandarte.

— Teve interação com o público. Havia um sentido de coletividade e espontaneidade — salientou Juliana Barbosa.

O primeiro mestre-sala da agremiação, Sidclei Santos, conquistou seu quarto prêmio. Ainda assim, foi um momento de muita emoção ao receber a notícia. Depois de passar por um período difícil na pandemia, onde engordou 20kg e temeu pelo o que podia significar o afastamento da Avenida. Com o anúncio da volta da folia, foi o momento de entrar no ritmo novamente. Cuidado redobrado com a saúde e dedicação na preparação.

— Eu fiquei muito triste em relação ao carnaval de não poder fazer uma coisa que faço desde os 7 anos de idade. Parecia que não ia mais ter. Criei meus filhos pela arte que eu faço. Abdiquei de muitas coisas na vida pelo carnaval. Independente de prêmio é uma conquista de vida. Me sinto vitorioso por ter chegado onde cheguei e estar há tanto tempo — disse Sidclei. — Na pandemia, eu fiquei muito triste por tudo, engordei mais de 20kg, fiquei muito depressivo. Quando anunciaram que ia ter carnaval, tive que me reinventar, perdi 19 kg, comecei a treinar, parei de tomar cerveja, parei de comer rabada, feijoada, que adoro.

Tanta mudança para entrar na Sapucaí no segundo dia do Grupo Especial foi possível, afirma, graças ao apoio da equipe da escola e da família, além da parceria sólida com a porta-bandeira Marcella Alves.

— Eu tinha certeza que iria fazer um grande desfile. Não danço para o estandarte ou para jurados, mas para o público. Ali para mim é minha casa. Eu tive grandes emoções na minha vida, emoção de pisar no solo sagrado, é um dos lugares mais felizes. Eu quero dividir com todo mundo do samba, com minha porta-bandeira que está ali comigo, porque eu não faço nada sozinho, são 9 anos dessa parceira, não só de dança, mas da vida.

Inspiração em orixá

A Mocidade cantou sobre o orixá das matas e da caça, no enredo dedicado a Oxóssi. O samba-enredo, "Batuque Ao Caçador", resultado de uma parceria liderada por Carlinhos Brown, deu o título a escola no estandarte. O ator, produtor e escritor Haroldo Costa falou da importância de levar o tema para o carnaval:

— Estamos vivendo um momento político raro. Percebemos o candomblé, a umbanda, a quimbanda. Devolvemos à África tudo que nós recebemos. A qualidade dos sambas-enredo foi de uma riqueza muito grande.

Bruno Chateaubriand complementou:

— A Mocidade trouxe um samba-enredo que é de terreiro. Foi de arrepiar. Mocidade trouxe um samba que tinha uma magia quando a gente ouve comparável ao que sentimos ao ver uma obra de arte. As pessoas cantaram com brilho no olhar, embora a letra não fosse simples.

Troca rápida

Quem piscasse perdia a troca de roupa acelerada da comissão de frente da Mangueira. Em meio segundo, os componentes passavam dos tons claros da vestimenta ao vibrante verde e rosa da agremiação. Sob o comando de Rodrigo Negri e Priscila Motta, três integrantes davam vida aos homenageados da noite: "Angenor, José & Laurindo", ou apenas Cartola, Jamelão e Delegado.

— Cabe destacar a singeleza de passar o chapéu. Foi tocante — destacou a professora Maria Augusta.

A professora, pesquisadora, escritora e ritmista Rachel Valença não esconde a emoção:

— O que eu vi me deixou deslumbrada. Comissão de frente para lidar com a emoção. Foi de arrepiar.

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Durante a discussão, a professora Maria Augusta falou sobre os efeitos da nova iluminação cenográfica no Sambódromo. As luzes, segundo ela, interferiram na visão do público quanto a detalhes:

— A Prefeitura chamou os carnavalescos 10 dias antes para ver a nova iluminação. Não houve o maior respeito pelo visual da escola, pois os carnavalescos não puderam avaliar em tempo hábil. A nossa leitura, assim como a de quem viu pela TV, acredito, ficou prejudicada — apontou.

O ator Demerson Dalvaro, que interpretou o Exu da Grande Rio, foi o destaque do público do Estandarte de Ouro.

— Eu não sei descrever. Sabe aquele sonho que você sabe que nunca será realizado? Caraca, ganhei um Estandarte de Ouro. Já chorei, to chorando agora. Quero agradecer de coração a todo mundo que votou. Meu Deus, realizei um sonho — disse Dalvaro.

Prêmio especial para Hélio Turco

Quem ganhou o Estandarte de 2022?
O compositor Hélio Turco no desfile da Mangueira: prêmio especial do Estandarte de Ouro Foto: Reprodução

Este ano, nos 50 anos do Estandarte de Ouro, será concedido ao compositor Hélio Turco, da Mangueira, um prêmio especial por sua contribuição para o carnaval carioca. A trajetória de Hélio Turco, que também é presidente de honra da escola, se confunde com a das cinco décadas do prêmio.

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Confira a lista de vencedores, até o momento, do Estandarte de Ouro de 2022:

Escola: Grande Rio

Bateria: Grande Rio, do mestre Fafá

Ala de passistas: Salgueiro

Fernando Pamplona: Grande Rio, com a alegoria "Fala, Majeté”

Samba-enredo: Mocidade, com "Batuque Ao Caçador"

Enredo: Grande Rio, com "Fala Majeté! Sete Chaves de Exu"

Comissão de frente: Mangueira

Mestre-sala: Sidclei Santos, do Salgueiro

Porta-bandeira: Lucinha, da Portela

Inovação: Viradouro, com a letra do samba-enredo em forma de carta

Personalidade: Carlos Reis, destaque da Portela

Ala: Portela, com a Ala Tia Ciata

Baianas: Imperatriz

Puxador: Gilsinho, da Portela

Revelação: Wic Tavares, da Unidos da Tijuca

Destaque do público: Demerson Dalvaro, que interpretou o Exu da Grande Rio

Prêmio especial 50 anos do Estandarte de Ouro: Hélio Turco

Quem são os jurados

Os jurados desta edição são: Juliana Barbosa (recém-chegada, dá aula na Universidade Federal do Paraná); Adorina Guimarães Barros (Dorina, seu nome artístico, é cantora, sambista e radialista); Bruno Chateaubriand (amante do carnaval, ele é empresário, jornalista e apresentador); Haroldo Costa (ator de cinema e de TV, produtor e escritor); Luis Filipe de Lima (violonista, arranjador, produtor musical e pesquisador); Marcelo de Mello (escritor e jornalista do GLOBO, é o presidente do júri); Odilon Costa (Mestre Odilon foi mestre de bateria de escolas do Grupo Especial); Angélica Ferrarez de Almeida (estreante, ela é historiadora, pesquisadora e professora); Alberto Baeta Neves Mussa (escritor, autor de “A biblioteca elementar", entre outros livros); Felipe Ferreira (professor da Uerj e autor de livros sobre o carnaval); Leonardo Bruno (jornalista, escritor e roteirista); Luiz Antonio Simas (escritor, professor de história e compositor); Maria Augusta (professora foi carnavalesca de diferentes escolas); e Rachel Valença (professora, pesquisadora, escritora e ritmista).

Quem ganhou o Estandarte 2022?

Com o enredo “Resistência”, o Salgueiro, por exemplo, conquistou o Estandarte de melhor ala de passistas. E o primeiro mestre-sala da agremiação, Sidclei Santos, levou seu quarto prêmio. Já Lucinha Nobre, da Portela, foi escolhida a melhor porta-bandeira. Foi o sexto prêmio da carreira dela.

Quem ganhou o estandarte?

Saiu na manhã deste domingo(24), os vencedores do prêmio Estandarte de Ouro. O prêmio, oferecido pelo jornal O Globo, contou com um júri de especialistas que visam premiar quem se destacou durante os desfiles das Escolas de Samba.

Quem ganhou desfile do Rio 2022?

"Barca dos Exus", abre-alas da Grande Rio no desfile de 2022. Escola de Duque de Caxias foi campeã do carnaval carioca pela primeira vez.

Qual escola ganhou 2022?

Teve sofrimento na apuração de 2022: a Grande Rio não liderou de ponta a ponta e viu a Beija-Flor de Nilópolis passar à frente durante dois quesitos. Da metade para o fim, só deu Caxias. O merecido título veio com 269,9 pontos, ou quase um desfile gabaritado — o único décimo perdido foi em samba-enredo.