Quem são os Tigres Asiáticos e qual o papel do Japão nesta área econômica?

INFORMAÇÃO

RESENHAS

Camila Matheus

VIZENTINI, Paulo Fagundes; RODRIGUES, Gabriela. O Dragão Chinês e os Tigres Asiáticos. Porto Alegre: Novo Século, 2000. 166p.

Não à toa os autores se propõem a falar da China e dos Tigres Asiáticos. O tema que por si só chama a atenção se torna cada vez mais necessário quando se trata de refletirmos sobre a nova ordem mundial.

Desse modo, além de fornecer um panorama introdutório acerca da história da Ásia, região pouco conhecida e estudada, trata-se de sugerir reflexões que dizem respeito à inserção dos países orientais na economia mundial e suas já sentidas e possíveis conseqüências para a organização, principalmente econômica, internacional.

A emergência dos Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura ...) no cenário econômico mundial e da China, que "emerge como um novo pólo de poder mundial, capaz de influenciar os rumos da globalização e do reordenamento internacional" (p. 11), impõe a necessidade de nos debruçarmos sobre a história destes países, levando em conta suas relações com o Ocidente.

O Leste asiático causou espanto com o crescimento econômico que apresentou aos olhos do Ocidente. Mesmo a crise decorrente desse impulso, frágil em certos aspectos, não abalou significativamente os indicadores de crescimento e desenvolvimento tecnológico. Conforme demonstram os autores, a sustentação dessa arrancada econômica tem uma contrapartida social cara à população. O "custo social" é, no entanto, a condição necessária para o bom desempenho destes países. A "modernização acelerada" provocou entre outras coisas o êxodo rural e os conseqüentes problemas de infra-estrutura daí decorrentes de um lado e, de outro, a deterioração das relações de trabalho efetivada sob a justificativa da necessidade da competitividade no mercado. Ou nas palavras dos autores que sintetizam o tom das transformações: "a construção desse novo modelo ainda implicou, nesses países, a estreita dependência dos capitais externos (resultando muitas vezes, em um alto endividamento) e do mercado internacional. Internamente, evidenciam uma forte geração e concentração de riqueza, um processo de urbanização descontrolada, além de uma forte poluição ambiental" (p. 47).

Por isso, a Guerra Fria teve papel fundamental no reordenamento de países como o Japão, a China e os Tigres Asiáticos. As disputas em torno de áreas de influência e a interferência direta das duas potências (EUA e URSS) neste período marcaram o desenvolvimento posterior daquelas economias, seja pelo investimento de capitais ou pela intervenção militar direta, fomentando e sustentando com armamentos os conflitos da região. Exemplos não faltam: Coréia, Indonésia, Filipinas etc. Da mesma, forma a queda da União Soviética implicou em profundas alterações nesse cenário, uma vez que as relações com os Estados Unidos, país então hegemônico, tornaram-se menos favoráveis, pois não era mais necessário conter o "avanço soviético".

As divisões internas à região não são menos significativas. As disputas entre China e Japão em torno do controle político-econômico regional, além de expressarem a instabilidade das fronteiras e da organização sócio-política dos países que aí se situam, demonstram também o poderio destas economias que constituem uma real ameaça aos olhos dos norte-americanos. Com efeito, no que concerne à "nova ordem mundial", os países asiáticos orientados pelos Estados Unidos que se consolidarão como hegemônicos na região, apontam para a possibilidade plausível de formação de um bloco regional forte o suficiente para questionar aquela hegemonia. Vários países asiáticos, inclusive o próprio Japão, tiveram seu desenvolvimento sustentado pelo capital norte-americano e mantiveram relações de dependência deste mercado consumidor. Contudo, o que se notou foi a diminuição dessa dependência, paralela ao fortalecimento das relações comerciais intracontinente e, mais atualmente, nos mercados do terceiro mundo e Oriente Médio.

Nesse sentido, a China apresenta uma forma de desenvolvimento singular que combina socialismo com economia de mercado e constitui o centro dinamizador do "crescimento econômico asiático". Ela permite vislumbrar uma alternativa possível ao modelo norte-americano. Resta saber se isso não passará de uma esperança vã, ou se, de fato, o país conseguirá imprimir novos rumos às relações internacionais.

Assim, esboçando a história de cada país e sugerindo reflexões de maior envergadura, o livro não só incita ao aprofundamento da história dos países asiáticos, como também nos faz pensar acerca das conseqüências e perspectivas da globalização que, com a entrada em cena da Ásia, faz cada vez mais jus ao nome.

Tigres Asiáticos e o cordão sanitário

O contexto de surgimento dos Tigres Asiáticos é a Guerra Fria. Preocupados com o avanço do comunismo no Sudeste Asiático e Extremo Oriente, os Estados Unidos buscaram investir em diversos países da região para construir fortes economias capitalistas que pudessem representar tal ideologia e conter o avanço do comunismo.

Assim, para aumentar sua influência na porção asiática, os Estados Unidos fizeram diversos acordos de investimento com Hong Kong, Coreia do Sul, Taiwan e Singapura. Esses quatro países correspondem aos primeiros Tigres Asiáticos. Inicialmente agrárias, essas economias passaram por grande processo de modernização, com o apoio da já desenvolvida economia japonesa, modernizando sua produção industrial, além de criarem um amplo programa de qualificação da mão de obra, com grandes investimentos educacionais. Nesse sentido, elas também serviam para limitar o avanço comunista na região, formando um cordão no “entorno” da União Soviética e da China.

Mapa da localização dos Tigres Asiáticos

 

Quem são os Tigres Asiáticos e qual o papel do Japão nesta área econômica?

Fonte: http://www.clebinho.pro.br/

Modelo de plataforma de exportação

Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, o Japão foi ocupado pelos americanos, que, preocupados com o avanço comunista, buscaram reconstruir o país e fortalecer sua economia. O Japão passa por seu milagre econômico, isto é, período de grande crescimento da sua economia, com apoio americano.

Esse grande crescimento da economia japonesa permitiu ao país se inserir no contexto da Terceira Revolução Industrial, já produzindo eletrônicos e microprocessadores para atender ao mercado externo. Com a contínua qualificação e encarecimento da mão de obra japonesa, houve a necessidade de transferir as indústrias tradicionais (alimentícia e têxtil) para lugares mais baratos.

Assim, foi realizado um acordo para que os Tigres Asiáticos começassem a receber essas indústrias. Esses países iniciaram sua industrialização com base no modelo de plataforma de exportação, que consiste em produzir de acordo com a demanda do mercado externo. A principal crítica a esse modelo é a dependência do mercado.

Todavia, devido ao forte papel do Estado, com grandes investimentos na educação, contínua qualificação de mão de obra, incentivos fiscais e desvalorização de suas moedas, esses países se tornaram altamente competitivos. Tal condição possibilitou a atração de grandes indústrias e o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, como computadores e eletrônicos, já na década de 1980 e final da década de 1990.

Novos e Novíssimos Tigres

Nesse mesmo contexto em que ocorreu o desenvolvimento dos Tigres Asiáticos, com a transferência de indústrias mais simples, esse processo se repetiu com os Novos Tigres. Com a contínua qualificação da mão de obra dos Tigres Asiáticos e seu encarecimento, as indústrias têxtil, alimentícia e de brinquedos foram transferidas para a Malásia, Indonésia, Tailândia, Filipinas e Vietnã. Devido a essa contínua marcha de indústrias mais tradicionais para países com mão de obra mais barata, é que se desenvolveu os Novos e Novíssimos Tigres Asiáticos. Esse último termo geralmente é usado apenas para Filipinas e Vietnã.

Coreia do Sul

É o maior dos Tigres Asiáticos. O apoio americano a esse país já vem logo depois da Segunda Guerra Mundial, em 1949, com a divisão das Coreias e a respectiva Guerra da Coreia. Hoje, a Coreia do Sul é considerada um país desenvolvido com elevado índice de desenvolvimento humano, mas, até pouco tempo, era considerada uma economia emergente. O Estado fez grandes investimentos na educação, seguidos da qualificação dos professores, possibilitando que o país, em pouco tempo, fosse capaz de desenvolver novas tecnologias e passasse a liderar algumas pontas desse setor, como no caso da LG e da Samsung, que são empresas transnacionais líderes na produção de tecnologias associadas à comunicação, internet e entretenimento. Isso só foi possível devido a grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento por essas empresas, como no caso da Samsung, que chegou a construir um complexo industrial que é praticamente uma cidade. O país também se destaca na produção automobilística, com a Hyundai e Kia.

Complexo industrial e desenvolvimento tecnológico da Samsung

 

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Fonte: https://www.google.com/maps?ll=37.257489,127.054422&z=15&t=h&hl=pt-BR&gl=BR&mapclient=embed

Hong Kong

Hong Kong é uma zona administrativa especial no território chinês. Até 1997, era território do Reino Unido e foi devolvido para a China com um acordo de que, por 50 anos, ou seja, até 2047, nada poderia ser modificado na economia, estilo de vida ou política da região.

Durante as décadas de 1970 a 1990, o território recebeu grandes investimentos americanos, se tornando um importante centro financeiro. Atualmente, Hong Kong emerge como uma das principais bolsas financeiras do mundo, movimentando grandes volumes de capital.

A ascensão de uma classe média e o maior intercâmbio de ideias, devido ao menor isolamento da economia de Hong Kong, se comparada à economia chinesa, fez com que houvesse uma maior pressão por um governo mais democrático em Hong Kong. Em 2019, o governo local queria implementar a “Lei da Extradição” de Hong Kong para a China continental. Acontece que o regime chinês é extremamente fechado. Com isso, a população foi para as ruas manifestar, pedindo a renúncia de Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong.

Singapura e Taiwan

Singapura é um país que se destaca no setor portuário, bem como no setor financeiro. É caracterizada por um grande processo de verticalização urbana de seu espaço devido à limitação territorial. Seu crescimento é bem similar ao de Hong Kong, sendo, hoje, um importante centro de trocas comerciais e financeiras.

Marina Bay Sands – Complexo de cassino, hotel e shopping de Singapura

 

Quem são os Tigres Asiáticos e qual o papel do Japão nesta área econômica?

Fonte: https://apureguria.com/

No passado, com a fuga dos Kuomintang para Taiwan, devido à Revolução Chinesa de 1949, os Estados Unidos ajudaram a legitimar um governo autônomo e capitalista na respectiva ilha, ou Ilha de Formosa. A partir disso, Chiang Kai-shek se tornou presidente de Taiwan (1950-1975) e, com apoio americano, o país apresentou um grande crescimento econômico

Todavia, devido à força econômica chinesa, Taiwan é uma república com reconhecimento limitado. Embora tenha governo próprio, instituições independentes, moeda nacional e seja membro do bloco de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, a China continental considera Taiwan uma província rebelde e quem reconhece o país como independente não negocia com a China, que, nos últimos anos, tem lutado pela reunificação da ilha.

Mapa Mental – Tigres Asiáticos

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O que são os Tigres Asiáticos?

Tigres Asiáticos é o nome dado a um conjunto de territórios do leste e sudeste da Ásia que experimentaram um rápido processo de crescimento econômico e industrial a partir da segunda metade do século XX. São eles: Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan.

Qual o papel dos Tigres Asiáticos?

A importância dos Tigres Asiáticos está atrelada à relevância dessas economias na produção e comercialização de bens diversos em nível internacional. Os chamados Novos Tigres Asiáticos (Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã) buscam implantar o modelo de sucesso econômico dos Tigres Asiáticos.

Qual é a economia dos Tigres Asiáticos?

Economia. Os Tigres asiáticos alcançaram o desenvolvimento com um modelo econômico exportador; esses territórios e nações produzem todo tipo de produto para exportá-los a países industrializados. O consumo doméstico é desestimulado por altas tarifas governamentais.

O que são os Tigres Asiáticos e os Novos Tigres Asiáticos?

Resumo sobre Novos Tigres Asiáticos Os Novos Tigres Asiáticos são um conjunto de países do sudeste da Ásia que experimentaram um processo recente de modernização e industrialização. O grupo é formado pelos seguintes países: Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnã.