Sobre a economia política clássica, assinale o pensador que não fez parte desse grupo

            Da mesma forma como o dia a dia das pessoas está diretamente ligado com as questões políticas (os serviços de saúde que são oferecidos à população, a qualidade de ensino etc) o mesmo podemos dizer em relação à economia, quando lidamos com as necessidades diárias de alimentação, pagamento da escola ou faculdade dos filhos, a utilização de um meio de transporte para ir trabalhar, a inflação que influencia no preço do combustível etc. Para poder pagar os bens que consome, os serviços que contrata ou mesmo para poder ir a um shopping center desfrutar de alguns momentos de lazer com a família (e fazer compras) precisamos de uma renda que advém do nosso trabalho. E a ciência que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços é a economia. Etimologicamente economia vem do grego οικονομία (οἶκος = 'casa' + νόμος = 'costume ou lei': daí "regras da casa" ou "administração doméstica").

            Como ciência atribui-se ao filósofo escocês Adam Smith (1723-1790) a origem da Economia. Sua obra, A Riqueza das Nações (1776), é considerada um marco na história do pensamento econômico. Antes disso, a Economia não passava de um pequeno ramo da filosofia social.

            Seguindo o modelo das demais ciências sociais, a Economia enquanto ciência deriva da vontade de usar métodos mais empíricos à semelhança das ciências naturais, com a exigência de estabelecer hipóteses e fazer predições que possam ser testadas com dados empíricos, onde os resultados são passíveis de serem demonstrados e repetidos, através da reprodução das mesmas condições da experiência. No entanto, à semelhança das outras ciências sociais, pode ser difícil os economistas conduzirem certos experimentos formais devido a questões práticas envolvendo a subjetividade humana.

            É preciso considerar, contudo, que as mesmas dificuldades de constituir as Ciências Sociais a partir do modelo experimental das ciências naturais também aparecem na constituição da Economia enquanto ciência e este debate está longe de ser encerrado. O campo da economia experimental tem feito esforços para testar pelo menos algumas das predições de teorias econômicas em ambientes simulados em laboratório – um esforço que rendeu a Vernon Smith e Daniel Kahneman o Prêmio Nobel em Economia em 2002. Por outro lado, alguns economistas, como o ganhador do Prêmio Nobel Friedrich Hayek, são da opinião que a tendência para a economia imitar os métodos e procedimentos das ciências físicas leva a resultados não-científicos, por se tratar da aplicação mecânica e não-crítica de hábitos de pensamento vindos de áreas sem as especificidades das ciências sociais.

Em sua discussão sobre as origens da economia política clássica, Coutinho (1989) sugere a necessidade de ver o surgimento da Economia como ciência (efetivado com Adam Smith) sobre três ângulos principais, distintos, mas interdependentes: (a) como um desenvolvimento das principais questões suscitadas com o progresso econômico, que colocava a dimensão econômica no ceme da vida humana em sociedade; (b) como um desdobramento da tradição filosófica do jusnaturalísmo modemo, com o aprofundamento da noção de natureza humana, e (c) como uma discussão sistemática que surge acoplada às causas do liberalismo (GUIMARÃES, 1995, p. 156).

Sobre a economia política clássica, assinale o pensador que não fez parte desse grupo

Disponível em: “escuelas económicas”

Acessado em 29/10/2015

            Como em toda e qualquer ciência, a questão do método é fundamental para que o conhecimento ultrapasse as fronteiras do senso comum. Uma metodologia científica é fundamental para se fazer pesquisa e ampliar o conhecimento que temos sobre uma determinada área do saber orientando o processo de investigação, tomada de decisões, seleção de conceitos, técnicas e dados adequados em uma tentativa de resolução de problemas através de hipóteses que possam ser testadas através de observações e experiências para explicar um fato ou dado sobre o real. No caso da economia, para aprofundar a discussão sobre o método, sugerimos a leitura de algumas obras antigas como:

  • Introductory Lecture of Political Economy (1827) de Nassau William Senior
  • System of Deductive Logic (1843) de John Stuart Mill
  • The nature and significance of Economic Science (1932), de Lionel Robbins
  • The Significance and Basic Postulates of Economic Theory (1938), de Terence Hutchison.
  • Um marco na história da metodologia em economia é a obra Scope and Method of Political Economy (1891) de John Neville Keynes (pai de John Maynard Keynes).
  • A obra The Methodology of Positive Economic (1953) de Milton Friedman é considerada referência na aplicação do método positivista na economia, partindo do princípio de que uma teoria científica deve ser avaliada por sua capacidade preditiva e não pela realidade de suas suposições.
  • On the Logic of the Social Sciences (1967) de Jürgen Habermas

            Também sugerimos a leitura de obras mais recentes como:

BLAUG, M. A metodologia da economia. 2. ed. rev. São Paulo: USP, 1993.

CORRAZA, G. (org) Método da Ciência Econômica. Porto Alegre: UFRGS, 2003.

RUIZ, João Álvaro. Métodos, economia e eficiência nos estudos. In: ____. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo, Atlas, 1977. Cap 1.p.19-33.

ECONOMIA POLÍTICA

            A expressão Economia Política tem origem no grego: oikonomika e politeia. Antonie Montchrétien foi quem primeiro utilizou a expressão em 1615, em sua obra "Tracté de l'Economie Politique", se referindo ao estudo das relações de produção, especialmente entre as três classes principais da sociedade capitalista ou burguesa: capitalistas, proletários e latifundiários e onde ele afirma que: "a ciência da aquisição da riqueza é comum ao Estado e a família" e entendia que não deveria ser separado o adjetivo política do substantivo economia.

            No final do século XIX, o termo economia política foi paulatinamente trocado por economia, usado por aqueles que buscavam abandonar a visão classista da sociedade, repensando-a pelo enfoque matemático, axiomático e valorizador dos estudos econômicos atuais e que concebiam o valor originado na utilidade que o bem gerava no indivíduo.

            Atualmente o termo economia política é utilizado comumente para referir-se a estudos interdisciplinares que se apoiam na economia, sociologia, direito e ciências políticas para entender como as instituições e os contornos políticos influenciam a conduta dos mercados. Dentro da ciência política, o termo se refere principalmente às teorias liberais e marxistas, que estudam as relações entre a economia e o poder político dentro dos Estados.

ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA

            Os maiores representantes da Economia Política Clássica foram Adam Smith e David Ricardo. A despeito das diferenças entre suas concepções teóricas, encontram-se nitidamente duas características centrais da teoria que vinha se elaborando há quase duzentos anos.

            A primeira delas refere-se à natureza dessa teoria: “não se tratava de uma disciplina particular, especializada, que procurava “recortar” da realidade social um “objeto” específico (o “econômico”) e analisá-lo de forma autônoma. À Economia Política interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo na crise do Antigo Regime”; por isso, em suas mãos, a Economia Política se erguia como fundante de uma teoria social, um elemento articulado de ideias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social.

            A segunda característica da Economia Política clássica relaciona-se ao modo como seus autores mais significativos trataram as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucro, salário, mercado, propriedade privada etc.): eles se entenderam como categorias e instituições naturais que, uma vez descobertas pela razão humana e instauradas na vida social, permaneciam eternas e invariáveis na sua estrutura fundamental.

            “A Economia Política Clássica expressou o ideário da burguesia no período em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o Antigo Regime” – e não foi por outra razão, que o filósofo húngaro Georg Lukács (1885-1971) considerou-a a “maior e mais típica ciência nova da sociedade burguesa”.

A crise da Economia Política Clássica

            Entre os anos vinte e quarenta do século XIX, desenha-se a crise da dissolução da Economia Política Clássica. Essa crise insere-se num contexto bem determinado: nessas décadas, altera-se profundamente a relação da burguesia com a cultura ilustrada de que se valera no seu período revolucionário.

            A cultura ilustrada condensa um projeto de emancipação humana que a foi conduzido pela burguesia revolucionária, resumido nos ideias de liberdade, igualdade, fraternidade. Entretanto, a emancipação possível sob o regime burguês, que se consolida nos países da Europa Ocidental na primeira metade do século XIX, não é uma emancipação humana, mas somente a emancipação política. Com efeito, o regime burguês emancipou os homens de dependência pessoal, vigentes na feudalidade; mas a liberdade política, ela mesma essencial, esbarrou sempre num limite absoluto, que é próprio do regime burguês: nele a igualdade jurídica (todos são iguais perante a lei) nunca pode se traduzir em liberdade econômico-social, sem esta, a emancipação humana é impossível.

            Portanto a Revolução Burguesa, realizada, não conduziu ao prometido reino da liberdade: conduziu a uma ordem social sem dúvida muito mais livre que a anterior, mas que continha limites insuperáveis a emancipação da humanidade. Tais limites desviam-se ao fato de a revolução resultar numa nova dominação de classe – o domínio da classe burguesa. A burguesia a abandona os principais valores da cultura ilustrada e ingressa no ciclo da sua decadência ideológica, caracterizado por sua incapacidade de classe para propor alternativas emancipadoras; a herança ilustrada passa as mãos do proletariado, que se situa, então, como sujeito revolucionário.

            É nesse contexto que se compreende a crise da Economia Política clássica – sua crise parte daquela inflexão, ocasionada pela conversão da burguesia em classe conservadora. Na medida em que se expressa os ideais da burguesia revolucionária, a Economia Política clássica torna-se incompatível com os interesses da burguesia conservadora. De fato, o que resulta da dissolução da Economia Política são duas linhas de desenvolvimento teórico mutuamente excludente: a investigação conduzida pelos pensadores vinculados à ordem burguesa e a investigação conduzida pelos intelectuais vinculados ao proletariado. Nos dois casos, a antiga expressão é deslocada: no primeiro, é abandonada e substituída pela nominação mais simples de Economia; quanto a Marx, ele sempre se refere a sua pesquisa como crítica da Economia Política.

            A Economia vai se desenvolver no sentido de uma disciplina científica estritamente especializada, depurando-se de preocupações históricas, sociais e políticas. Tais preocupações serão postas a conta das outras ciências sociais que se articulam na sequência de 1848: a História, a Sociologia e a Teoria (ou Ciência) Política. No marco dessa “divisão intelectual do trabalho cientifico”, a Economia se especializa, institucionaliza-se como disciplina particular, específica, marcadamente técnica, que ganha estatuto cientifico-acadêmico. Adequada à ordem social da burguesia conservadora, torna-se basicamente instrumental e desenvolve um enorme arsenal técnico. Ela renuncia a qualquer pretensão de fornecer as bases para a compreensão do conjunto da vida social e, principalmente, deixa de lado procedimentos analíticos que partem da produção – analisa preferencialmente a superfície imediata da vida econômica (os fenômenos da circulação), privilegiando o estudo da distribuição dos bens produzidos entre os agentes econômicos e quando, excepcionalmente, atenta para a produção, aborda-a de modo a ladear a teoria do valor-trabalho.

            A constituição dessa “ciência econômica” marca uma verdadeira ruptura em face da Economia Política clássica, a “ciência econômica” abandonou resolutamente as ideias que, formuladas pela Economia Política clássica, poderiam constituir elementos de crítica ao regime burguês ( por exemplo a teoria do valor trabalho, que foi substituída pela teoria da “utilidade marginal”) e, com esse procedimento de princípio, tornou-se um importante instrumento de administração, manipulação e legitimação da ordem comandada pela burguesia.

A crítica da Economia Política

            Karl Marx (1844) concentrou boa parte dos seus esforços para contribuir na organização do proletariado para que este, rompendo com a dominação de classe da burguesia, realizasse a emancipação humana.

            Para Marx, o êxito do protagonismo revolucionário do proletariado dependia, em larga medida, do conhecimento rigoroso da realidade social. Ele considerava que a ação revolucionária seria tanto mais eficaz quanto mais estivesse fundada não em concepções utópicas, mas numa teoria social que reproduzisse idealmente o movimento real e objetivo da sociedade capitalista. Marx articulou em sua pesquisa a teoria social que esclarece o surgimento, o processo de consolidação e desenvolvimento e as condições de crise da sociedade capitalista: a sociedade não é uma organização social “natural”, destinada a constituir o ponto final da evolução humana; mas é o resultado de uma forma de organização social histórica, transitória, que contém no seu próprio interior contradições e tendências, que devem inclusive possibilitar a sua superação, dando lugar a outro tipo de sociedade – precisamente a sociedade comunista, que também não marca o “fim da história”.

            A crítica marxiana à Economia Política não significou a negação teórica dos clássicos; significou a sua superação, incorporando as suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus equívocos. Antes de mais, Marx historicizou as categorias manejadas pelos clássicos, rompendo com a naturalização que as pressupunha como eternas; e pôde fazê-lo porque empregou na sua análise um método novo (o método crítico-dialético, conhecido como materialismo histórico). Realizando uma autêntica revolução teórica, Marx jogou toda a força da sua preparação científica, da sua cultura e das suas energias intelectuais numa pesquisa determinada: a análise das leis do movimento do capital; essa análise constitui a base para apreender a dinâmica da sociedade burguesa (capitalista), já que, nessa sociedade, o conjunto das relações sociais está subordinado ao comando do capital.

Referência Bibliográfica

GUIMARÃES, Alexandre Queiroz. John Locke e o surgimento da Economia Política. Ensaios FEE, Porto Alegre, vol. 16, n. 1, p. 155-168, 1995. Acessado em 03/11/2015.

PAULO NETTO, José; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

 O texto sobre Economia Política Clássica foi escrito baseado sobretudo no livro de Paulo Netto e Marcelo Braz: Economia Política: uma introdução crítica. Algumas passagens são citações extraídas diretamente do livro

Qual pensador não fez parte da economia política clássica?

Resposta verificada por especialistas. O pensador que não faz parte da economia política clássica é Karl Marx.

Quais são os principais autores da economia clássica?

Os principais economistas clássicos incluem Adam Smith, Jean-Baptiste Say, Thomas Malthus, David Ricardo, John Stuart Mill, Johann Heinrich von Thünen e Anne Robert Jacques Turgot.

São autores da economia política clássica?

Os maiores representantes da Economia Política Clássica foram Adam Smith e David Ricardo. A despeito das diferenças entre suas concepções teóricas, encontram-se nitidamente duas características centrais da teoria que vinha se elaborando há quase duzentos anos.

O que defendia Adam Smith e David Ricardo?

A teoria das vantagens absolutas, proposta pelo filósofo Adam Smith e a teoria das vantagens comparativas, formulada pelo economista David Ricardo. Elas tratam sobre como o comércio internacional, importação e exportação, impacta na economia de um determinado país, gerando ganhos -superávit ou perdas – déficit.